domingo, 15 de fevereiro de 2015

"BANDIDO GIULIANO" NO CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA

CINECLUBE DA ACCPA APRESENTA:


Cineclube Alexandrino Moreira (ao lado Basílica de Nazaré) 
Dia 23/02 – “Bandido Giuliano”(1962) de Francesco Rosi 
Sinopse : Partidário do separatismo e controvertido herói do povo siciliano, Giuliano foi acusado de assassinar um "carabiniere" e então se oculta na árida campina da ilha, onde organiza um bando de foragidos. Quando os ideais políticos amadurecem logo depois da libertação da Sicilia, alista-se no Exército Separatista, e comete ferozes atrocidades em nome da liberdade. Em 1950, aos 28 anos, o bandido Salvatore Giuliano é encontrado morto a tiros na Sicilia.
Homenagem ao diretor Francesco Rosi.
Sessão às 19 h.
Entrada Franca.
Debate após a exibição

A TEORIA DE TUDO



A biografia é um tema que obedece ao clamor do cinema transformando-se num gênero. Em “Olhos Grandes” Tim Burton penetra na odisseia da pintora Margaret Keane e aponta para a maneira de ela submeter-se à imposição do marido isolando-se para criar seus quadros, mas deixando que ele vivesse a popularidade da arte dela. “O Jogo da Imitação” é baseado na vida de Alan Mathison Turing, matemático, lógico, criptoanalista e cientista britânico, considerado um dos precursores da invenção dos computadores, filme realizado pelo diretor noruegues Morten Tyldun. “Invencível” é a biografia de Louis Zamperini (1917-2014), atleta olímpico, campeão de corrida livre com direção de Angelina Jolie. Embora cada um desses exemplares tenha recebido um tratamento linear em sua narrativa foram tratados, por certos críticos, de forma diferenciada, inclusive alguns destes trabahos sendo execrados por receberem esse tipo de tratamento. Ao lado desses filmes citados, alguns ainda em exibição entre nós, está “A Teoria de Tudo” (Theory of Everething, UK, EUA, 2014), outro exemplar cinebiográfico, focalizando o cosmólogo (ele criou esse nome para a sua profissão de estudante do cosmo) e astrofísico Stephen Hawking (Eddie Redmayne ) sendo acompanhado desde sua juventude em Cambridge. Suas pesquisas científicas, que fazem parte do livro “Uma Breve História do Tempo”, editado no Brasil, não são, contudo, a base do roteiro de Anthony McCarten. Privilegia-se o seu relacionamento com Jane Wide (Felicity Jones), jovem que ele conhece numa festa de amigos. O romance enaltece a figura de Jane ao aceita-lo como namorado e, depois, marido que aos poucos entra num processo de paralisia quando declarado portador de Esclerose Lateral Amiotrofica (ELA), simplificando a separação que viria quando Stephen já não podia mover a musculatura. Vencedor do Oscar pelo documentário “O Equilibrista” (2008), o diretor James Marsh ainda se ressentia de criar um filme de ficção ambicioso, desconhecendo-se por aqui seu papel em “The King” (2006) e “Agente C – Dupla Identidade” (2012). Mostra-se seguro na dinâmica narrativa da odisséia de Hawking e certamente deve muito da credibilidade da reconstuição da historia ao ator principal, Eddie Redmayne, que apresenta rara semelhança fisica com o biografado. “A Teoria de Tudo” sacrifica um pouco o trabalho cientifico de Stephen Hawking pela proposta romântica que certamente dá ao filme um tom mais emotivo. Mesmo assim não assinala a separaçao de Jane Wide como uma “ingratidão” ou uma carencia afetiva. Tudo é visto de uma forma linear como se os fatos fizessem parte de uma historia pousada entre a realidade e a lenda. Afinal, Hawking é considerado hoje um dos nomes proeminentes da fisica & astronomia. Suas teorias sobre a origem do universo e do tempo, aludindo à fisica quântica, estão na ordem do dia mesmo quando contestadas por outros pesquisadores. O titulo do livro da propria Jane (Wide) Hawking diz bem da abrangencia do estudo do ex-marido. Desconhecendo esse livro fica-se com o que escreveu o roteirista do filme. E o diretor não demonstra vontade de ir dentro do trabalho do biografado ou de mergulhar mais fundo em sua personalidade. O interessante de “A Teoria de Tudo” é caminhar pela fórmula de um gênero muito abordado pela indústria cinematografica ao longo dos anos sem se conformar com os clichés e sem exagerar no acabamento ficcional para tornar o tema mais acessivel ao grande público. Para valorizar o trabalho de James Marsh (e ele não está entre os candidatos a Oscar) basta uma ligeira comparação com biografias consideradas clássicas como a de Marie Curie, de Alexander Graham Bell, de Louis Pasteur ou de Thomas Edison. Há muito mais consistência e uma preocupação em mostrar um Hawking como esteve e está garantindo o realismo de um drama pessoal de grande dimensão. O filme concorre aos Oscar de melhor filme, ator, atriz (Felicity Jones), roteiro de música (de Johan Johannsson). Pode não ganhar em nenhuma das categorias a começar por não ser o favorito das principais. Contudo, a aposta no ator, certamente o ponto alto do filme, tem uma forte concorrencia em Michael Keaton (Birdman), Steve Carrel (Foxcatcher) e Benedict Cumberbach (O Jogo da Imitação).(Luzia Álvares)

O JOGO DA IMITAÇÃO



Alan Mathison Turing, matemático, lógico, criptoanalista e cientista britânico é considerado um dos precursores da invenção dos computadores. Durante a 2ª Guerra Mundial foi convocado a desvendar o segredo da senha Enigma do nazismo, responsável por missões bélicas fatais a navios aliados. Muitos foram céticos diante das investidas minuciosas e demoradas de Turing, mas ele conseguiu decodificar o Enigma e isto foi considerado como um fator importante no avanço inglês contra os alemães. É o que diz a História e acrescenta o fato de um processo contra esse inventor quando foi revelada a sua homossexualidade (opção proibida pelas leis inglesas por décadas). O filme “Jogo da Imitação” (Imitation Game, UK, EUA,2014) biografa o personagem de forma tradicional, seguindo a linha narrativa de muitas cinebiografias como as de Zola, Pasteur, Marie Curie, Gaham Bell etc. Isto vale dizer que o filme é intrinsecamente popular, ganhando a simpatia da indústria e certamente uma das causas de estar concorrendo a 5 Oscar, inclusive os de melhor filme, diretor, ator e roteiro, Um fator salta bem forte no sucesso de “Jogo...”: o desempenho de Benedict Cumberbatch. O ator já é veterano, com 50 filmes no currículo (incluindo-se séries de TV), mas sempre em papeis secundários. Agora ele se dedica ao protagonismo do técnico que se propõe a desvendar um grande mistério que pode decidir a guerra (embora se saiba que, historicamente, o fato não é bem assim e houve mudanças na senha alemã depois de decifrado o Enigma pelos ingleses), e repassa muito bem o preconceito que se apresentou à sua pessoa quando revelada a sua homossexualidade, chegando a ser indiciado e quase preso pela policia inglesa (só não foi por optar pelo “tratamento hormonal”, usado como um meio de mudar a preferencia sexual do ser humano, uma aberração que chegou a ser pensada em outros países e épocas inclusive aqui no Brasil há poucos meses). Alan Turing suicidou-se, embora o fato ainda esteja sendo contestado. O desempenho do ator é um dos fatores que dinamizam o filme. E o roteiro de Graham Moore com base no livro de Andrew Hodges deixa campo para a narrativa artesanalmente correta do norueguês Morten Tyldun. Quem nunca ouviu falar do personagem, nem o coloca entre os inventores do computador, ganha a informação romântica de um homem inteligente e persistente no seu trabalho que chega a pedir em casamento uma assistente do projeto em que atua, mesmo sabendo de sua inclinação homoafetiva (e a narrativa deixa espaços de flashback revelando isso), como motivação para que ela permaneça na sua equipe de trabalho. O filme delineia os tipos de forma que se pode chamar de tradicional em cinebiografias. O comandante Denniston com desempenho do veterano ator Charles Dance é visto como um homem intolerante que expõe a todo o momento sua antipatia por Alan, o contratado para desvendar o segredo da senha Enigma e afinal ganhando a confiança do ministro Winston Churchill a quem se dirige quando as porta para seus inventos permanecem fechadas. Keira Knightley, veterana de 52 titulos incluindo-se o romance baseado em Jane Austen (“Orgulho e Preconceito”) acomoda-se na figura da jovem Joan Clarke, mulher inteligente que busca um marido no companheiro de trabalho chegando a aceitar a sua preferencia sexual. Embora se possa pensar que não há traços mais profundos na construção das figuras históricas que se delineiam no filme, percebe-se, uma sequencia inicial em que Alan sofre bulling na escola masculina onde estuda, sendo trancado em uma espécie de urna sob o chão e deixado pelos colegas. Apenas um deles que se tornará seu amigo pelo qual se apaixona tira-o daquela situação. Christopher será o amigo querido por quem Alan se alia, embora este tenha falecido em um período de férias e não retornando à escola. Esta sequencia se propõe a retratar o humor acido do inventor e suas crises histéricas contra os membros de sua equipe. Mas a linearidade da narrativa favorece a linha que o cinema industrial aprecia desde a época dos “tycoons” ou donos de grandes estúdios produtores. Mesmo assim é bom salientar que o filme está acima da média que se exibe nos cinemas comerciais. Não o vejo como favorito de Oscar, mas nesse ponto, surpresas fazem parte do jogo.(Luzia Álvares)

CINEMA CASEIRO

Lançados e circulando nas lojas exclusivas do produto, cópias em DVD de filmes inéditos e, também, dos já exibidos nas salas de cinema. Fico pensando no tempo em que essas obras só chegavam por aqui através de celuloide, para a exibição doméstica na bitola de 16 mm. Ou seja, a produção dessas cópias tendia a ser para contemplar aquelas pessoas que tinham projetores nessa medida e que sabiam mexer nesses aparelhos vendo-se, dessa forma, um proceso seletivo na aquisição dessa mercadoria cultural. Em Belém havia algumas casas comerciais que alugavam esses filmes, acondicionados geralmente em latas ou caixas, cuja distribuição contemplava os cinemas do interior do Estado que utilizavam esses projetores domésticos. Os usuários desses filmes na capital se resumiam a pessoas que tinham esses projetores e, também as associações culturais e clubes. Hoje creio que houve um processo de democratização tanto do aluguel desses videos (todo mundo tem um aparelho de DVD) como do consumo gratuito (há os downloads free). E vamos ver o que há nessa tecnologia para alugar. “Era Uma Vez em Nova York” é inédito nas salas de cinema. Esse título foi dado no Brasil a “The Imigrant” (A Imigrante, EUA, 2013). O roteiro de Ric Menelo e do diretor James Gray trata de Ewa (Marion Cotillard) uma jovem polonesa que imigra para os EUA nos anos 20 junto com a irmã, Magda (Maja Wanpuszic), esta considerada tuberculosa ao chegar ao porto norte-americano e logo levada para um hospital de isolamento. Começa o drama de Ewa que desencontra dos tios e é assediada por um aliciador de mulheres passando a morar numa pensão do meretrício e logo atendendo aos “clientes” do aparente benfeitor (Bruno/Joaquim Phoenix). A situação piora quando surge o magico primo dele, Orlando (Jeremy Renner). Este demonstra especial atenção a Ewa e propõe que ela fuja com ele. Mas há muitas controvérsias e um final dramático de acento shakespeariano. James Gray é um cineasta de poucos filmes, mas de um estilo marcante. Nas mãos menos hábeis a história da imigrante daria um melodrama lacrimoso. Gray se esmara em cada fotograma. Há enquadramentos notáveis e uma iluminação que dosa a cor (especialmente o vermelho) sublinhando o que é narrado. Além desse preciosismo há uma correta noção de timing e excelentes desempenhos. O filme é desses que se vê com muita atenção, embora apresente quuase duas horas de duração. Um bom programa para qualquer público. “A Fita Azul” (Eletric Children, EUA, 2013) ganhou prêmios nas mostras de filmes independentes (os chamados “indies”). Trata de uma garota da religião mormom que se diz grávida depois de ouvir uma fita de rock. Ela se baseia na Conceição de Maria e acha que vai ter um filho de Deus. Quem acredita nela é um rapaz ligado a musica que lhe demonstra afeto sem tocá-la, como se fosse um novo José. O roteiro original da diretora Roberta Thomas apoia-se numa concepção de ingenuidade juvenil e ganha força na interpretação de Julia Garner como Rachel, a principal personagem. Uma linguagem simples parece apoiar uma fantasia sem despertar uma realidade. Curioso, mas nem por isso suficiente para o tema. “Violette” (Belgica, França, 2013) trata da escritora Violette Leduc, detendo-se no seu relacionamento com a filósofa Simone de Beauvoir. O filme tem roteiro do diretor Martin Provost e além de apresentar uma direção de arte excelente que reproduz a época dos acontecimentos conta com desempenhos primorosos de Emanuelle Devos (Violette) e Sandrine Kiberland (Simone). Veja sem falta. “Até que Provem a Inocência” (Until Proven Inocence, EUA, 2009) reporta o caso real de um jovem empregado no cais do porto da Nova Zelândia que é incriminado por uma menina de 11 anos como o estuprador que a levou de casa, defronte de onde ele morava, numa noite escura. O rapaz é condenado, mas uma jornalista se interessa por seu caso, pois ele sempre negou o fato. Esta jornalista dedica-se inteiramente ao trabalho de pedir novo julgamento, tendo ao lado o advogado dele. Na verdade acontece mais de um novo julgamento e só depois de muito tempo o preso é considerado inocente. Muito bem narrado este filme neozelandês realizado para a TV e conseguindo chegar também aos cinemas (menos aqui) é dinâmico e conta com atores capazes como Cohen Holloway e Jodie Rimmer. Direção de Peter Burger.(Luzia Álvares)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Sniper Americano

“Sniper Americano” é daquele tipo de filme que exalta o nascido nos EUA. No caso é o atirador de elite Chris Kyle(Bradley Cooper), ás dos esportes guinado a militar atuante no Iraque depois do 11 de setembro de 2001. Começa o filme com ele mirando na sua teleobjetiva de rifle mulher e criança saindo de um galpão e ela entregando ao menino uma arma. O atirador fala com a base e recebe ordens de “saber bem que se trata de ofensiva para não acabar em prisão de quartel”. A mulher não escapa de bala, mas o garoto deixa a espingarda e corre. Com esta sequencia o roteiro indica de quem se trata. Chris faz parte de 4 missões que o filme detalha. Vê colegas morrerem mas liquida muitos inimigos. No fim das contas volta para casa recebendo carinhos da mulher e casal de filhos.
               Qualquer critica à sanha sanguinária do “mariner”passa pelos reclamos da esposa dele. Mas ela não deixa a casa como dizia.E o atirador que volta do campo de batalha parece deprimido. Não demora nisso nem preocupa um psicologo. O que parece amenizar a “mensagem”bélica é que ele vai morrer pelas mãos de um amigo. Num momento ele fala aos familiares que há 3 tipos de pessoas,comparando-as com  animais. Há o lobo predador, há cordeiro covarde e há quem mate para não morrer (cabe qualquer bicho).O filme advogaria a Pena de Talião em termos bem amplos. Justifica a guerra. Chris é um herói.Ele diz que luta “pelo maior país do mundo”.
               Clint Eastwood, aos 83 anos, volta a endeusar o comportamento republicano(ele é do partido). Um bom diretor, um ator que admiramos em muitos filmes, não deixa de ser um dos mais reacionários membros da elite de Hollywood.  E este “Sniper”que tanto sucesso de publico fez por lá, pelos EUA, é bem um exemplo de como muita gente reza na cartilha dele.

               Ah sim:o filme é candidato a Oscar. Não vai ganhar,mas só o fato de ser candidato mostra como a Academia de Hollywood preza seu conteúdo.(Pedro Veriano)

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