sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

OS MELHORES FILMES DE 2015 –ACCPA




OS MELHORES FILMES DE 2015 –ACCPA
Luzia Miranda Álvares

Em mais uma edição da celebração de um ano de atividades agregando a festa natalina, os membros da ACCPA – Associação de Críticos de Cinema do Pará – apresentaram, no dia 23/12, suas listas individuais dos filmes que consideraram os melhores neste 2015 e, do registro de 12 listas foram selecionados os melhores. Ressalve-se que houve dois empates e, dessa forma, a lista contém 11 filmes. Os membros da ACCPA que participaram da escolha foram: Pedro Veriano, Marco Antonio Moreira, Luzia Álvares, Arnaldo Prado Jr., Dedé Mesquita, Fernando Segtovich, José Otávio Pinto, José Augusto Pacheco, Ismaelino Pinto, Francisco Cardoso, Elias Gonçalves. Maiolino Miranda enviou sua lista.

1º Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância (EUA, 2015) de Alejandro Gonzáles Iñarritu – 94 pts;

2º O Sal da Terra (Brasil/Alemanha, 2014) de Win Wenders e Juliano Ribeiro Salgado – 62 pts.

3ª Leviatã (Rússia, 2014), de Andrey Zvyagintsev - 57 pts.

4º Vicio Inerente” de Paul Thomas Anderson – 42 pts.

5º Relatos Selvagens (Argentina, Espanha, 2014) de Damián Szifron – 38 pts.
Mad Max -Estrada da Fúria (Mad Max Fury Road/Austrália, EUA, 2015) de George Miller – 38 pts.

7ª Dois Dias e uma Noite de Jean Pierre e Luc Dardenne – 37 pts.

8º Acima das Nuvens. (França/EUA,2014) de Olivier Assayas – 29 pts.

9ª Que Horas Ela Volta? (Brasil, 2015) de Anna Muyalert – 26pts.

10º Homem Irracional (Irrational Man, EUA, 2015), de Woody Allen – 24 pts
DivertidaMente (Inside Out, EUA) de Pete Docter – 24 pts.

Outras categorias: ·
Diretor : de Alejandro Gonzáles Iñarritu em “Birdman” ·
Ator: Michael Keaton em “Birdman” ·
Atriz: Regina Casé em “Que Horas Ela Volta?”
Ator Coadjuvante: Edward Norton em “Birdman”
Atriz Coadjuvante: Kristen Stewart em “Acima das Nuvens”,de Olivier Assayas ·
Montagem: Margaret Sixel em “Mad Max - Estrada da Fúria”
Cenografia: Shira Hockmman e Jacinta Leong em “Mad Max—Estrada da Fúria”
Fotografia: Emmanuel Lubezki em “Birdman”
Trilha Sonora: Joe Hisaishi em “O Conto da Princesa Kaguya”
Roteiro Original: Alejandro Gonzáles Iñarritu e outros em “ Birdman”; · e Oleg Neguin e Andrey Zvyagintsev em “Leviatã”
Roteiro Adaptado: Anthony McCarten em “A Teoria de Tudo”; e Paul Thomas Anderson em “Vício Inerente”
Figurino: Mark Bridges em “Vício Inerente”
Efeitos Especiais: Vincent Abbot e outros em “Star Wars- O Despertar da Força”
Animação : Misato Aida e equipe em “O Conto da Princesa Kaguya”
Documentário Sal da Terra
Reprise: “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman e “A Doce Vida” de Federico Fellini.

domingo, 6 de dezembro de 2015

PROGRAMAÇÃO CINECLUBE DA ACCPA - DEZEMBRO/2015




Cineclube da ACCPA - Programação Dezembro/2015

Cineclube Alexandrino Moreira (Casa das Artes) - 19 h*
Dia 07 - "Manhattan"(1979) de Woody Allen (Homenagem aos 80 anos do diretor)
Dia 21 - "Interlúdio"(Notorius) (1946) de Alfred Hitchcock - 18 h* (Homenagem - Ingrid Bergman)



Cine Líbero Luxardo - Sessão Cult - 14:30 h*
Dia 05 - "Fanny e Alexander"(1982) de Ingmar Bergman



Cine Olympia - Sessão Especial - 16 h
Dia 20 - "A Felicidade não se Compra"(1946) de Frank Capra

Cine FIBRA - 19 h
Dia 19 - "A Felicidade não se Compra" de Frank Capra

Entrada franca
*Debate após a exibição

"FANNY E ALEXANDER" DE INGMAR BERGMAN

“Fanny e Alexander”, de Ingmar Bergman
Augusto Pachêco

É dezembro de 1907. Como num conto barroco de Natal, “Fanny e Alexander”, de Ingmar Bergman, é prova concreta de que o cinema, enquanto obra de arte atemporal, é capaz de avalizar a existência de outros mundos, novos modos de entender o homem e Deus. O filme será exibido neste sábado, às 14h30, na Sessão Cult promovida pela ACCPA no Cine Libero Luxardo. A entrada é franca, com debate após a exibição. Realizado em 1982, (ou seja, depois do perturbador “Da Vida de Marionetes”, e antes de “Depois do Ensaio” e “Saraband”), “Fanny e Alexander” concentra as obsessões estéticas e temáticas do cineasta, como o uso do vermelho que estabelece desde o início o jogo lúdico que está por vir, o fascínio pelo teatro de marionetes e a ignorância nada confortável de não saber ao certo o que há depois da vida, depois da morte.
 Na encenação que convoca patrões e empregados em alegre coreografia que celebra o nascimento de Cristo, uma galeria de personagens com nuances já exploradas em outros filmes do cineasta, aqui representados pelos filhos e esposas dos Ekdhal: a paixão pelo teatro por Oscar e Emily, as dívidas e empréstimos eternos de Carl e sua esposa alemã subjugada, e o conveniente triângulo formado Gustav, Alma e Mag.
 O fantasma que toca piano e que parecia ser uma espécie de narrador do conto do terror que se instala depois de 1h de filme, é indiferente aos sangramentos dos castigos do bispo, este então representante de Deus na Terra, com irmãs e serviçais de rostos duros. Para Bergman, só o poder da imaginação para enfrentar a prisão do bispo Eduard, a severidade que oprime em nome da religião, e tortura psicológica e física como relação de poder. Para Alexander, deixar a infância é deixar de acreditar em anjos, fadas, contos góticos e brinquedos óticos que reproduzem imagens.
 “Fanny e Alexander” pode ser filme sobre a perda da inocência, mas também sobre o poder da magia, do ilusionismo, do amor outonal para toda vida em Isak e Helena. Uma declaração de amor ao teatro através da janela do cinema, como na leitura de “O Sonho”, de August Strindberg, em que sonho e realidade se confundem.

 *jornalista, mestre em Cinema e Literatura e membro da ACCPA – Associação de Críticos de Cinema do Pará.

domingo, 15 de novembro de 2015

NUMA ESCOLA EM HAVANA



A primeira sequencia do filme de Ernesto Serrano Daranas repercute uma visão simbólica do que será dado a conhecer sobre a situação diária de muitas crianças que transitam nas escolas entre a violência, a pobreza e, desta, a ausência de valores: uma pomba que espera levantar voo sendo dificultada a fazê-lo nesse ato. “Numa Escola em Havana” (Conducta, 2014, Cuba, 100min.) expõe a dura realidade de crianças, especialmente na idade de Armando Valdes Freire, 11 anos, que atuou brilhantemente no filme ao lado de outros meninos e meninas e que personaliza Chala, filho de mãe (Yuliet Cruz) viciada em drogas e ajudando nas despesas de casa vendendo pombos e criando cães de briga para uma prática clandestina de enfrentamento em rinhas. Rebelde com causa o menino é simpático à velha mestra Carmela (Alina Rodriguez) sua professora, tendo atitudes de convivência mais humana. À beira de aposentadoria e vitima de um enfarte, ela é quem luta para manter o menino na escola, pois a direção prefere manda-lo para um colégio de conduta, ou seja, o equivalente, no Brasil a um reformatório. Dentre os amigos de Chala está a garota Yeni (Amaly Junco) também com sérios problemas familiares. O filme não pretende avaliar a educação em específico, com o eixo determinante do enfoque considerando dois tipos de tratamento pela escola, a formal e a dinâmica processual quando está em jogo a relevância dos comportamentos levando em conta a vivência total do aluno e não atitudes esporádicas. É de reconhecimento mundial a qualidade do ensino em Cuba, sendo considerado pela ONU como o único país latino-americano a cumprir a meta do Programa Educação Para Todos (EPT). Compara-se, ainda, ao sistema educacional de países como a Finlândia e a França onde a profissão de educador é tratada com grande atenção.
O filme valoriza-se por dar atenção aos problemas sociais e emblemas burocráticos que as crianças cubanas enfrentam, observando-se, também, entre as brasileiras. O enfoque do diretor e roteirista Ernesto Daranas é primoroso não só na abordagem de um fato social dramático como na construção cinematográfica, numa fotografia expressiva de Alejandro Perez (com 10 títulos no currículo) que usa primordialmente a luz ambiente (filmagem durante o dia), fato que procede a uma profundidade de campo a realçar os espaços filmados (nada de construção em set) contrapondo o comportamento de um vasto elenco, especialmente a atuação dos pequenos alunos de Carmela, meninos e meninas com uma expressividade a sugerir a impressão de um documentário. O filme não quer ser um quadro politico e não sugeriu censura do governo Fidel Castro. A preocupação intrínseca é sobre a origem dos problemas sociais acarretando evidencias de marginalização e violência se algumas atitudes formais vierem a se constituir em exclusão como é o caso de Chala que embora expresse agressividade revidando agressões que ele e seus colegas sofrem dos outros é o responsável pela sua família reduzida à mãe que precisa de atenção e de quem coloque o alimento dentro de casa. Mas esse aspecto só é contornado por Carmela que conhece os meandros da potencialidade escolar e de afetos do garoto e investe nisso para acalmar a burocracia da escola seguidora das frias leis que determinam o formato dos comportamentos. Carmela também conhece o drama de Yeni cujo problema familiar é mais grave porque deveria ser matriculada em uma outra escola haja vista que não pertence ao distrito da que frequenta, mas onde o seu pai arranjou emprego. A velha professora enfrenta o Estado representado pela “especialista municipal” Raquel (Silvia Áquila) que está segura de suas atitudes e convicta de que a solução para os dois casos é formal e não de avaliação social. Dai porque ao repreender a atitude da velha mestra Carmela diz-lhe que ela já está há muito tempo em sala de aula e precisa se aposentar, com a educadora retrucando: “E quem governa esse país, também acha que está há tempo demais?”.
Há momentos em que Daranas sintetiza o drama de seu pequeno personagem. O momento em que ele vê retirarem o seu cão de estimação morto na arena de luta entre cães. O roteiro exige muito do pequeno interprete. Há planos próximos dele contendo as lagrimas ao falar com a professora. Como também na ajuda à colega que ama, e ao amigo cujo pai foi preso por questões políticas. Esta aproximação da câmera se dá, também, sobre Carmela/Alina Rodriguez, exigindo da atriz expressões indicativas de sofrimento físico e moral. O bairro pobre de Havana é percorrido também por essa câmera sem que se abuse da filmagem manual. A moda de usar câmeras leves e exigir com isso a ideia de que se grava a realidade é contida por uma direção que soube o que quis e fez. Nós, de Belém, praticamente desconhecemos o cinema cubano. E somente no circuito alternativo ele tem vez. E olhem que nesse país há uma escola de cinema das mais importantes da América Latina e por que não dizer, também, do plano mundial. Filme imperdível. (Luzia Álvares)

A ESCOLA RUSSA DE CINEMA E A CULTURA DOS NOVOS TEMPOS



É praxe uma crítica desinformada na sociedade ocidental deixar de lado os pontos fundantes do cinema russo, um dos mais importantes e mais antigos da História. É praxe, também, tratar das técnicas da montagem e da teoria estética da linguagem do cinema, reconhecendo a importância de dois cineastas-autores (chamo assim) russos que marcaram a revolução nessa arte, Serguei Eisenstein e Dsiga Vertov responsáveis por inscreverem mudanças nos padrões instituídos pelos demais cinemas já circulando mundialmente e que trouxeram marcantes posições. O estudioso dessa arte não pode restringi-los no processo geral da formação da linguagem tão somente porque incorreria em uma negação do que realmente representou, para a história da formação da cultura política, a presença do cinema de massas que vem ao lado da revolução russa. O cinéfilo e o público em geral (até mesmo para mudar a desinformação) devem saber que após a Revolução de 1917 houve uma preocupação dos líderes revolucionários bolcheviques no poder, como Lênin e seus companheiros, em criar na cultura do status quo, outros meios que trouxessem a revolução das ideias do povo soviético intentando reverter o que até ali estava sendo visto como arte de um modo geral, quando outras cinematografias dominavam a circulação de seus meios culturais. Reformular isso e dar ciência do que estava ocorrendo entre a população explorada foi um dos passos principais para instruir a revolução cultural e escancarar a situação social que empobrecia e explorava economicamente aquele povo.
O cinema estava nesse meio (é necessário conhecer as bases da doutrina marxista para reconhecer a tese e antítese que dariam forma à síntese dessa nova previsão para a cultura e a arte). Dessa forma, Lênin procura reunir um grupo principal de realizadores colocando em suas mãos a invenção de nova maneira de “fazer cinema” criando meios a serem reconhecidos pela população sobre o antes tzarista e o hoje bolchevique, em torno da exploração e a pobreza e a provável mudança de hábitos na economia considerando a necessidade do coletivismo para avançar em novos planejamentos para a agricultura e a vivência digna naquela sociedade. Dessa forma, após a Revolução de Outubro de 1917 há grande incentivo às produções cinematográficas com vistas na propaganda ideológica, valorizando-se e exaltando a força do povo em reerguer-se das trevas czaristas, produções que eram financiadas pelo Estado. É preciso entender que a Rússia com a Primeira Grande Guerra, estava sufocada por uma massa de operários e camponeses sobrevivendo de forma degradante de trabalhos pesados e baixos salários, além de um governo opressivo. Com isso, levantam-se intelectuais e os populares e tomam o poder com a renúncia do czar [cf. primeiro a Revolução de fevereiro – março pelo calendário ocidental que derrubou o governo do czar Nicolau II e intentou estabelecer a república liberal; e a Revolução de Outubro – novembro -1917, com o partido bolchevique derrubando o Governo Provisório e instalando o governo socialista soviético]. Assim, ao reorganizar-se a cultura, o cinema é pensado por Lênin como um importante instrumento para levar a essa população o reconhecimento de suas mazelas e o que poderia usufruir com a mudança radical da economia. Cria o Comissariado de Educação que para ele, de todas as artes o cinema é a mais importante naquele momento para refletir a atualidade soviética, e chama alguns diretores para realizar filmes de propaganda ou, no meu entender, panfletos visuais, que possam mostrar com maior ênfase aquela realidade. Kuleshov (considerado o primeiro teórico a buscar uma estética da montagem, tendo ensinado na primeira escola de cinema de Moscou) e seus pupilos Einsenstein, Parajanov, Kalotosov, Pudovikine, Alesandrov começam a trabalhar a imagem dessa realidade subvertendo a fantasia que circulava com os filmes norte-americanos e dai, organizam o novo cinema soviético.
Neste extenso preâmbulo, meu interesse é levar ao público espectador que está participando da MOSTRA MOSFILME 90 ANOS uma perspectiva divorciada de questões ideológicas que julgam esses primeiros filmes dessa escola como um tipo de propaganda comunista, sem peso de uma inovadora narrativa formal que engatinha e será celebrada com outros elementos de uma linguagem que marcará a história do cinema. O filme “O Velho e o Novo” (URSS, 1929, 120 min., documentário) tem a direção de Sergei Eisenstein e Grigori Aleksandrov. Esta obra confronta o novo espírito do campesinato na recente URSS e as novidades que se revelam para a modificação dos antigos padrões da agricultura. No enfoque vê-se a instalação de uma desnatadeira e um trator que procuram estabelecer as novas ideias quebrando o já estabelecido. Diz a Dra. Nanci de Freitas , Doutora em Teatro pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas, e Professora do Departamento de Linguagens Artísticas do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no excelente texto O velho e o novo: tensão entre experimentação artística no cinema de Eisenstein e as demandas ideológicas soviéticas: “A linha geral/O velho e o novo”, de 1929, trata das condições de trabalho numa fazenda comunitária, na União Soviética, em sua luta para a modernização dos meios de produção. A construção da sintaxe dramatúrgica do filme revela a tensão entre a experimentação estética de Eisenstein, com a montagem fragmentária, no auge do “cinema intelectual”, e a abordagem de conteúdos ideológicos, em composição baseada no princípio unificador e na totalidade dos significados da obra, sob a égide da censura do regime stalinista.” (p. 26. http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF22/freitas.pdf ) (...) Não é uma obra que obedece a uma doutrinação externa - também um meio de mostrar uma realidade existente – mas principalmente para criar o olhar do novo num cenário estrutural que procura mudar as relações de poder. E as imagens do filme são contundentes para mostrar, primeiro a miséria, em seguida os aspectos renovadores, depois a burocracia e a crítica aos poucos sendo dispensada para os que não reconhecem o meio de trabalho coletivo. Ainda do texto de Nanci de Freitas este excerto revela o aspecto da trama do filme e a contribuição de Einsestei ao programa da contracultura czarista: “O cineasta produziria, então, o filme A linha geral (em colaboração com Grigori Aleksandrov), apresentando, pela primeira vez, um enredo ficcional, conduzido por uma personagem individualizada. O filme é concebido a partir do olhar e dos sonhos de prosperidade da camponesa Marfa Lapkina, que assume a luta pela organização comunitária do trabalho e pelo acesso aos bens de produção tecnológica.
É significativa a presença de uma mulher à frente dos trabalhos de uma cooperativa agrícola comunista, por representar, dialeticamente, o processo de superação do Estado patriarcal capitalista, apontando para uma forma de organização mais generosa e fraterna, que faz lembrar as antigas gens matriarcais, ligadas aos mitos da fertilidade da terra e da agricultura.” A ênfase na figura feminina, no filme, é simbólica e, aquela altura desenvolve uma assertiva tenaz de fortalecer a relação da mulher-terra, mulher-mudança, mulher-confiança. Os demais filmes dessa excelente Mostra Mosfilme 90 Anos devem ser vistos acompanhando-se não só o contexto histórico, mas o que deixaram de recriações e invenções para a relação entre imagens e ideias da sociedade.(Luzia Álvares).

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

MOSTRA "MOSFILM 90 ANOS" NO CINEMA OLYMPIA



A Mostra “Mosfilm 90 anos” foi inicialmente realizada em novembro de 2014 na Cinemateca Brasileira em São Paulo e finalmente chega a Belém através do cinema Olympia. A mostra traz oito filmes da histórica produtora moscovita, ainda hoje uma das mais ativas da Europa e tem produções de diversas épocas (fases silenciosa e sonora), diferentes estilos e gêneros variados (drama, épico, musical, comédia, documentário), todos assinados por diretores consagrados.
Durante esses 90 anos (1924-2014) foram criados nos estúdios da Mosfilm mais de 2.500 longas metragem de vários cineastas que ajudaram a criar a história do cinema mundial como Sergei Eisenstein, Aleskandr Dovzhenko, VIsevolod Pudovkin, Ivan Pyriev, Grigori Aleksandrov, Mikhail Romm, Gigori Chukhrai, Mikhail Kalatozov, Serguei Bondarchuk, Adrei Tarkovsky, Leonid Gaiday e outros. O Mosfilm ainda hoje é um dos maiores estúdios da Rússia e um dos maiores da Europa, contando com cidades cenográficas e equipamentos de alta tecnologia que lhe permitem realizar o ciclo de produção do cinema em sua totalidade.
Confira a programação completa da mostra que tem entrada franca numa parceria do Cinema Olympia, CPC-UMES, ACCPA(Associação de Críticos de Cinema do Para), UFPA e PROINTER (Pró-reitoria de Relações Internacionais da UFPA)

Dia 12 - 18:30 h
O Velho e o Novo Direção: Sergei Eisenstein/Grigori Aleksandrov O mais aclamado dos cineastas soviéticos toma como pano de fundo a coletivização da agricultura para contar como a chegada de uma desnatadeira e um trator podem modificar antigos e tradicionais padrões de pensamento.

Dia 13 - 18:30 h
Lenin em Outubro Direção: Mikhail Romm Dez anos depois do "Outubro", de Eisenstein, onde o protagonista são as massas trabalhadoras, Romm aceita o desafio de individualizar e dar vida à figura de Lenin.

Dia 14 - 16:00 h
Às Seis da Tarde Depois da Guerra Direção: Ivan Pyryev Musical sobre a saga de dois amantes que, separados pela guerra, prometem reencontrar-se no Dia da Vitória. De 1929 a 1969, Pyriev dirigiu 18 filmes, entre os quais "Tratoristas" (1939) e "Cossacos de Kuban" (1949).

Dia 14 - 18:30 h
"Primavera". Quinta comédia musical estrelada por Liubov Orlova sob a direção de Aleksandrov, cineasta que assina com Eisenstein a direção de "Encouraçado Potemkin" (1925), "Outubro" (1928), "O Velho e o Novo" (1929), "Que Viva México" (1932). A história se passa nos primeiros anos da reconstrução da URSS, após a 2ª Guerra Mundial.

Dia 15 - 16:00 h
“O Retorno de Vassily Bortnikov”(foto). Direção: Vselvolod Pudovkin.Dado como desaparecido na guerra, Vassily Bortnikov regressa ao lar e encontra a mulher casada com outro.
Último filme do lendário diretor dos clássicos "A Mãe" (1926) e "Tempestade Sobre a Ásia" (1928).

Dia 15 - 18:30 h
“O Fascismo de Todos os Dias”.Narrado pelo próprio diretor, que pôs a alma nesse projeto rico em inovações formais, "O Fascismo de Todos os Dias" é, ainda hoje, considerado por muitos como o mais profundo, completo e impactante documentário produzido sobre o tema.

Dia 17 - 17:30 h
“A Mãe”. Direção: Gleb Panfilov .Egresso do VGIK, onde também se formaram Klimov, Tarkovsky, Chukhrai e outros expoentes da sua geração, Panfilov realiza, após Pudovkin (1926), Leonid Lukov (1941) e Mark Donskói (1956), a quarta filmagem do célebre romance de Maksim Gorky.

Dia 18 - 18:30 h
“Tigre Branco”(foto).Direção: Karen Shakhnazarov. O diretor mescla filosofia e mistério nesta batalha fantástica entre o tanquista Naydenov e um “tanque fantasma” alemão, nos dias finais da 2ª Guerra Mundial. Indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (2012), prêmio de Melhor Diretor no 9º Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre.

"A DOCE VIDA": FELLINI E A DESCRENÇA



Roma do final dos anos 50. Numa primeira sequencia “A Doce Vida” capta a estátua de Jesus Cristo suspensa por um helicóptero sobrevoando a cidade de Roma, sendo levada para o Vaticano. Jovens que tomam banho de sol no alto de um prédio acenam para o que veem como um espetáculo fora do comum. Em outra sequencia observa-se uma concorrida apresentação de uma menina que “fala com Nossa Senhora”. Muita gente quer ver de perto a “santinha” como uma nova Bernadette de Soubirous (Lourdes-França). Estes fatos são presenciados por um jornalista que se mostra cada vez mais cético: Marcello Rubini (Marcello Mastroianni). Neste que é seu “alter ego” Federico Fellini representa a sua versão de Roma quando já deixara o jornalismo e se envolvera com o cinema. É o retrato em cinemascope de um desencanto. Não só de uma apreciação de fatos que alimentam a descrença (não só em termos de religião), mas a ideia de que a capital italiana reprisa a sua performance do tempo dos Césares. “A Doce Vida” (La Dolce Vita, Italia, 1960) é um filme capital na filmografia de um dos mais aclamados diretores da cinematografia em qualquer época. Ele deixava a linguagem linear e a compaixão que envolvia suas carismáticas heroínas Gelsomina e Cabíria, como dava uma outra forma aos distantes “vitellonis” que circulavam na noite de Rimini sua terra natal, em “Os Boas-Vidas” (1953). Através de seu Marcello (personagem a interprete) Fellini vê um novo contexto alimentado pelo crescimento da economia e a reconstrução da Itália após o imediato pós-guerra (o conflito terminara em 1945) com os aliados prevendo a formação de um polo eficiente para o combate à ideologia comunista entre os países europeus. Esse foi um momento em que a economia italiana floresceu suscitando um tempo de demandas por maiores benefícios para a população rural – que migrava para a cidade – e a população urbana alimentando-se das melhorias que foram acontecendo no período. Cresce a classe média trazendo a efervescência cultural com evidencia das artes, em especial, o cinema, com a Itália se tornando um polo de circulação de astros e estrelas internacionais. Fellini foi um dos beneficiados, visto que àquela altura já fora agraciado com dois Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (“La Strada”, 1954; e “Noites de Cabíria”, 1957) tendo se tornado, então, um dos nomes de cinema dos mais celebrados. E a pulsão pelo momento que vive fortalece seu interesse em captar o modo como estava vivendo aquele grupo entre os quais se vê incluído. Não sem motivo seu alter-ego é um tipo chamado Marcelo que percorre espaços diversos, convive com figuras de uma sociedade que está com seus valores em decadência. Vive momentos de prazer efêmero, aspirando ser feliz.
O roteiro de “La Dolce Vita”, elaborado pelo próprio Fellini teve o auxilio de Brunelo Rondi, Tullio Pinelli, Ennio Flaiano e, embora sem referência nos créditos, Pier Paolo Pasolini. A estrutura narrativa construída em episódios deixa mais frouxa a composição dos elementos que irão circular em toda a extensão do filme, acronológicos, sem nexo causal, usando Marcelo como narrador/observador participante/corifeu dessa sociedade por onde circula de carro, sendo perseguido por Paparazzo (Walter Santesso), o fotógrafo que o acompanha registrando a presença de celebridades (é o tempo delas) na re-novação de um ambiente preparado para recebe-las. Maddalena(Anouk Aimée) e Emma (Yvonne Forneaux) são as peças-chave de seu envolvimento afetivo. Mas há outras e outros personagens que são introduzidos pelos bastidores, aproveitando-se das entrevistas que coordena entre os quais com pseudo-intelectuais, em busca de definir o que é a felicidade. Da presença da Igreja ao papel do Estado definindo valores e atitudes na sociedade emerge a crítica de Fellini a esse mundo que visita incorporado por Marcello. Há momentos marcantes em “La Dolce Vita”. O banho da estrela norte-americana (a sueca Anita Ekberg) na Fonte de Trevi é um deles. Mas o que me ficou na época em que assisti ao filme pela primeira vez foi a presença de Steiner (Alain Cuny), filosofo que mata a família e se mata demonstrando sua descrença nos valores humanos.
 O filme termina com uma alegórica visão de um pré-final da sociedade com pessoas saídas de uma festa percorrendo a praia e a presença de um estranho peixe (leviatã?). Nesse momento, Marcello vê uma jovem chamando por ele. Mas não a escuta e prossegue andando com os demais festeiros. Sinal de um pessimismo que alguns críticos viram então, na verdade, o endosso de todo o trabalho, um painel de uma cidade e classe social num determinado tempo, de florescimento e de delírios.(Luzia Álvares).

"A DOCE VIDA" EM DIGITAL



“A Doce Vida”(La Dolce Vita)passou em Belém no finado Cine Palácio. Era o carro-chefe da produção da Art Filmes na ocasião. Mas afugentava o grande publico na opção por fatos e não por uma historia. Quem tinha visto “Os Boas Vidas”(I Vitteloni) e os filmes que Fellini fez com Giulietta Masina estranhava o painel da sociedade europeia nos anos 50, quando, num dos últimos planos, uma pessoa fala do futuro, 1959, dizendo que ali estará mais confuso o modo de vida dos citadinos. Isto depois de uma festa com ares de orgia romana (antiga). . Mudando de estilo o cineasta faz um painel de um tempo de mudanças. Já não impressiona uma “Miss Sereia ”gravida (em “Os Boas Vidas”). Nem a tentativa de reanimar Cabiria com os jovens cantando em seu redor. Fica o escritor que mata a família e se mata. E já no começo de quase 3 horas de projeção uma revoada da imagem de Cristo com as pessoas acenando como se fosse uma curiosidade alada.
 O desencanto é a tônica de “La Dolce Vita”. Fellini aproxima seus tipos dos que veria em Roma antiga na sua versão de “Satyricon”. São figuras que se enaltecem com o fugaz, desprezando as coisas de espirito. Na festa que encerra a ronda do jornalista (Mastroianni) pela Roma moderna há um vazio que se espelha na iluminação e no enquadramento do cinemascope. O filme fez sucesso. Especialmente na Itália. O banho de Anita Ekberg na Fonte de Trevi ganhou lugar entre as sequencias emblemáticas do cinema em geral. E a fonte ficou mais conhecida pelo mergulho da loura sueca (morta este ano aos 83). Rever o filme hoje é como ter contato com a Historia. Não só do cinema. Fellini estaria no cenário com o seu posterior “8 e Meio”. E depois desta visão apocalíptica da sociedade romana ele nunca mais visitou a seara de Gelsomina ou Cabiria . Reprise no Cine Libero Luxardo em cópia digital.(Pedro Veriano)

"ALIANÇA DO CRIME"



John Connoly (Joel Edgerton) e James "Whitey" Bulger (Johnny Depp)foram meninos travessos das ruas de Boston dos anos 50. Por volta dos anos 70 eles se reencontraram. Connolly passou a ser um nome de proa do FBI local e Whitney virou protetor da máfia irlandesa. O conhecimento do mafioso com o figurão da politica e da agencia de investigações leva a um plano de sabotar a máfia italiana. Isso é tratado oficialmente pela agencia de governo e Connoly aproveita para, através desse prestigio, enveredar por outras facetas do mundo do crime. Segundo se diz o FBI sabia das articulações do bandido mas virava as costas. O objetivo era acabar com os mafiosos da Itália e paralelamente proteger o “ajudante”. O filme dirigido por Scott Cooper baseia-se na historia real de James Bulger por sua vez tratada em livro de Dick Lehr e Grerard O’Neill, afinal transformado em roteiro de cinema por Mark Molluck e Jezz Butterworth. Nessas transposições fatalmente esvaziou-se a realidade. E por isso não se pense no filme como um docudrama. É ficção e como tal cumpre o seu trabalho, lembrando (e isso é elogio) os filmes de gangster dos anos 30 com James Cagney e Humphrey Bogart com diretores do nível de Michael Curtiz e Raoul Walsh.
Na comparação com os velhos bandidos “Aliança do Crime”(Black Mass) perde feio. Mas a liberdade de expressão serve para mostrar o que a Warner queria no passado e a censura castrava. Havia o chamado “Codigo Hays,vindo do politico protestante William H. Hays, processo que não permitia certas incursões em terrenos tabus e chegava até mesmo a não mostrar sangue quando as pessoas eram atingidas por balas. Livre dessas amarras ridículas o novo filme exibe crueldade hipertrofiada e apesar de claudicar no ritmo(muito lento para uma peça de ação intensa) é capaz de dar uma ideia de como agiam os mafiosos e parceiros na sociedade hipócrita de um passado recente. Mas o interesse maior do filme, ou o que a Warner vende, é o trabalho de Johnny Depp. Eu não conheci o cara debaixo de uma maquilagem que lhe deu bochechas e alongou a face. Se não lesse o nome dele nos créditos não conheceria o interprete de “Edward Mãos de Tesoura” e outros filmes de Tim Burton .E por sinal que há quem esteja pensando em Depp para o próximo Oscar, Se Leonardo di Capri deixar...(Pedro Veriano)

SPECTRE


“007 Contra Spectre” começa com a formula de uma sequencia de ação.Agora é no México, numa festa de Finados (traço folclórico de lá)quando James Bond persegue um vilão. Não se tem informações de quem é o perseguido. 007 pula de telhados, cai de alturas gigantescas e ainda ataca de helicóptero. Esta sequencia como a dos outros filmes da série, dura aproximadamente 10 minutos. Mas não está só. Há outras perseguições homéricas no roteiro e Daniel Craig dá trabalho para o seu (ou os seus) dublê(s). O novo filme com o personagem criado por Ian Fleming aposta firme na bilheteria. Afinal,o anterior, “Skyfall”, deu 1 bi no mundo. Sam Mendes, o diretor, ri para as paredes. Mas os roteiristas começam a mostrar preguiça. Não há qualquer liame de logica na pintura do vilão interpretado pelo excelente Christoph Waltz.
Nada de mais se durante a narrativa o “non sense”é abusado ao extremo. Cito um exemplo: a mocinha Lea Seydoux(Madeleine)muda de roupa como se estivesse num desfile de modas.Onde ela carrega a indumentária ninguém sabe. E nem se pense num avião que aterrissa em cima de arvores e praticamente vira carro atrás dos vilões. Fleming trabalhou durante a 2ªguerra no serviço de informações e criou um tipo que sintetizava suas experiências com o adendo da guerra fria.O cinema moldou o herói daí em diante. O autor morreu há 51 anos e hoje a produção que ainda tem assinatura de Albert Broccoli morto em 1996 aos 87 mas a bola é de sua filha Barbara (55).
 Quem escreve é a equipe do anterior “Sykyfall”:Neal Purvis,John Logan, Robert Wade e agora mais Jez Butterworld. Claro que o roteiro é o que pediu a produção da MGM & Columbia(007 era da finada United Artista que a MGM comprou e hoje nem é citada). Este processo administrativo é a base da coisa. Não vale a pena esmiuçar estética e dizer que a edição é eximia, que a musica é descritiva, que a iluminação é boa e que Waltz, pelo menos, tem bom desempenho. Tudo segue um figurino. O que se precisa saber é até que ponto as plateias vão aplaudir mesmices. Na minha sala pessoas saiam no meio de projeção(longa demais). Enfim, é melhor (re)ver um 007 do que procurar ouro na mina da Marvel.(Pedro Veriano)

"NUMA ESCOLA EM HAVANA"



“Numa Escola em Havana”(Conducta) segue as lições do neorrealismo . Isto nunca foi demérito. Na Itália do pós-guerra, sem estúdios e com aparato técnico sofrível, os cineastas iam às ruas, contratavam artistas amadores, e filmavam o que lhes parecia a realidade. Foi assim que Lamberto Maggiorani(morto aos 73 anos em 1983) fez o operário a quem roubavam a bicicleta (a mim o ícone do movimento deflagrado por Rosselini, Visconti e o próprio De Sica, autor deste “Ladri di Biciclette”). Para contar a historia de Chala, menino de 11 anos filho de mãe drogada e aluno rebelde de uma escola onde uma velha mestra passa seus últimos anos de profissão, o diretor-roteirista Ernesto Daranas usa um jovem que espelha o que se pede, Armando V.Freire. O menino estreava em cinema. E comportava-se como um veterano. Lembra o Enzo Staiola de De Sica, também estreante. A câmera exige muito do garoto. Perseguindo-o pelas ruas de um bairro pobre não se contenta em focaliza-lo em largos e médios planos. Há closes. E se sabe que nesse tipo de tomada há um hiato, com a exigência de que o artista ria ou chora adiante da objetiva. Não é mole. E há uma senhora interprete, Alina Rordiguez, que faz a mestra Carmella, protetora do menino. Por sinal que ela, uma enfartada no papel, morreu este ano. Faz uma bonita despedida na idosa que lutava para antes de se aposentar (ou “a aposentarem”) dar um rumo à vida de uma criança que fora da sala de aula vendia pombos, via cachorros em luta numa rinha patrocinada pelo amante da mãe(seu pai ?) e tentava namorar uma colega que também sofria problemas familiares.
O peso censório de governo não democrático podia ser observado com a censura a uma imagem de santo colocada no mural da escola. Mas há devotos na igreja local. O caso do “santinho” serve apenas para evocar o papel de Carmella,que mesmo assim, mesmo recolocando a estampa no quadro quando uma aluna (a namoradinha de Chala) havia tirado pensando em dar-lhe boas graças da diretora que a detestava, tem atitudes que refletem um temperamento sensível às necessidades da garotada a quem ensina. A Havana do filme está longe de imagens pitorescas que o cinema divulgou anos a fio, do folclórico “Guys and Dolls” onde Marlon Brando chegava a cantar e aquele propagandístico “Yo Soy Cuba” de Mikhail Kalatazov. Um bom filme. Milagre cegar à uma tela grande local. (Pedro Veriano)

“KAGEMUSHA” DE KUROSAWA É LANÇADO EM EDIÇÃO ESPECIAL



 Akira Kurosawa (1910-1998) é um dos maiores cineastas do cinema. Com longa carreira e títulos excepcionais como “Viver” (1951) e “Os Sete Samurais”(1957), Kurosawa viveu distintos momentos na sua trajetória. Além de ser criticado no Japão por ser o mais ocidental dos diretores japoneses (graças à influência do cinema americano), ele enfrentou um grave momento quando lançou “Dodeskaden” em 1970. Este filme (que registrava com sensibilidade a situação de pobreza que o Japão vivia no final dos anos 60) foi um grande fracasso de público (e sucesso de crítica) e com o risco de não conseguir mais financiamento para suas produções, entre outras razões, ele entrou em forte depressão e tentou o suicídio. Felizmente, Kurosawa sobreviveu e, anos depois, foi convidado pelo estúdio Mosfilm (da União Soviética) para dirigir e roteirizar “Derzu Uzala”, uma de suas maiores obras-primas. Com a repercussão positiva de “Derzu Uzala” (que ganhou o “Oscar” de melhor filme estrangeiro em 1976), Kurosawa desenvolveu um projeto que teria novamente a parceria da Toho Filmes, grande produtora japonesa. O ambicioso projeto era “Kagemusha :A Sombra do Samurai”(1980). O filme exigia uma produção de alto investimento e teve colaboração na produção executiva dos diretores americanos George Lucas e Francis Coppola, fãs do diretor e que na época tinha forte influência sobre os estúdios americanos.
A história do filme acontece durante o Japão medieval quando um importante lorde falece em meio à violenta guerra. Como era comum o uso de sósias dos líderes dos clãs como estratégia de guerra, um sósia é usado para substituí-lo e enganar os inimigos e manter o clã de forma intensa e combativa. O sósia, um pobre ladrão, tem que se adaptar as regras do poder para manter o domínio do clã sobre seus inimigos, mas a tarefa é difícil pois ele tem que seguir todo o comportamento do líder morto e reprimir seus sentimentos e reações. É através deste personagem, interpretado com maestria por Tatsuya Nakadai (que trabalhou como protagonista em “Ran” que Kurosawa realizou anos depois) que somos testemunhas da luta pelo poder entre os senhores da guerra. Kurosawa demonstra a falta de humanidade de personagens tão egocêntricos que ao pensar na guerra, não entendem o significado da paz. O personagem mais humano é exatamente o sósia que tem que exercer o poder de líder e por isso, muitas vezes, ele não entende o que deve fazer. Essa dualidade entre um homem e sua sombra (sósia) surge como uma metáfora do diretor nas relações de poder que surgem em diversos períodos da humanidade e que transformam o ser humano em algo que nem ele sabe reconhecer. Este tema foi abordado pelo diretor em diversos filmes como “Ran”(1985), aqui inspirado em Shakespeare e provoca inúmeras reflexões sem estereótipos e tendências políticas e/ou culturais que envolvem o período que a história se passa (século XVI). Ser ou não ser aqui, não é a única questão. Para quer ser e como lidar com esta descoberta, sim, este é o grande desafio do sósia (sombra) que é o protagonista do filme. “
Kagemusha”, além de sua temática envolvente, impressiona desde sua primeira cena. Kurosawa filma com um intimismo arrebatador. A cena inicial quando o líder do clã conhece seu sósia é magistralmente bem filmada com uma mistura de teatro (atuação) e cinema (enquadramento) que causam estranheza e posteriormente aproximação do espectador. O filme tem várias sequências que se apresentam dessa forma: cinema e teatro. Mas acima de tudo, “Kagemusha” é cinema. Cada enquadramento, cada cena montada, cada diálogo, cada utilização de som, cor e música revela um diretor que pensou/sentiu o que queria dizer e como queria dizer. A narrativa do filme é construída de forma a evidenciar todos os elementos da linguagem cinematográfica que convergem para cenas antológicas onde percebemos a mão/coração de um diretor talentoso.
 “Kagemusha” é um filme para se ver/rever e lembrar-se da força do cinema como arte de construção de ideias e reflexões que devem ir além. É uma aula de cinema que merece ser conhecida especialmente nesta versão em DVD com três horas de duração (versão do diretor) e extras que revelam diversas histórias de uma produção magistral. Nos extras do DVD, destaque para o filme “A Vingança de um Samurai” com roteiro de Kurosawa, making of (41 minutos), storyboards (43 minutos), trailers e comerciais exibidos na época do lançamento do filme e o especial “Lucas, Coppola e Kurosawa”. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 1980, “Kagemusha” é um clássico e certamente um dos melhores filmes de Akira Kurosawa, um dos mestres da sétima arte.(Marco Antonio Moreira)

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Programação Cineclube da ACCPA - Novembro/2015

Programação Cineclube da ACCPA - Novembro/2015 


Cineclube Alexandrino Moreira (Casa das Artes) - 19 h*
Dia 09 - "Édipo Rei" (1967) - Homenagem ao diretor Pier Paolo Pasolini
Dia 23 - "A Hora do Lobo" (1967) de Ingmar Bergman


Sessão Cult (Cine Líbero Luxardo) - 14:30 h*
Dia 07 - "2001 : Uma Odisseia no Espaço"(1968) de Stanley Kubrick (à pedidos)


Cineclube da Casa da Linguagem - 18 h*
Dia 26 - "A Máquina do Tempo" (1960)


Cine FIBRA - 19 h
Dia 28 - "Macunaíma"(1969) - Homenagem ao ator Grande Otelo

Entrada Franca
*Debate após a exibição

terça-feira, 6 de outubro de 2015

PROGRAMAÇÃO CINECLUBE DA ACCPA - OUTUBRO/2015

Programação ACCPA - Outubro 2015

Cineclube Alexandrino Moreira - 19 h 
Dia 05 - "Fim de Verão" (Yasujiro Ozu)

Dia 19 - "Alemanha Ano Zero" (Roberto Rosselini)


Cine Líbero Luxardo - Sessão Cult - 15 h 
Dia 03 - "Um Estranho no Ninho" (Milos Forman)
Dia 17 - "O Homem do Sputnik" (Homenagem ao diretor Carlos Manga)


Casa da Linguagem - 18 h 

Dia 29 - "A Hora Final" (Stanley Kramer)
Parceria com a Academia Paraense de Ciências

Cine Fibra - 19 h 
Dia 31 - "Cinema Paradiso" (Giuseppe Tornatore)


Cineclube UEPA - 16 h 
Dia 22 - "As 3 Mascaras de Eva" (com Joanne Woodward)

Entrada Franca 
Debate após a exibição

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

"O SÉTIMO SELO" NO PROJETO CLÁSSICA DO CINE LÍBERO LUXARDO



"O Sétimo Selo "
Um cavaleiro medieval chega das Cruzadas e, fatigado, deita-se numa praia onde se depara com uma figura exótica que se revela como a Morte. Percebendo que ele é o alvo da personagem, lança uma chance de sobrevida: uma partida de xadrez. A Morte (em maiúsculo pois está em figura de gente) diz que sabe jogar e previve que o cavaleiro não tem chance de ganha-la. Mas concede intervalos para que ele “se despeça da vida”. “O Sétimo Selo”(Det sjunde inseglet), filme de ingmar Bergman(1918-2007), reflete uma preocupação dos autores de literatura, teatro e cinema em uma época(a obra é de 1957). Citando um versículo do Apocalipse de S.João diz que ao se quebrar o sétimo selo abre-se espaço para o fim dos tempos. E em 1957 muito se falava das armas nucleares, do que se produzia nos arsenais dos componentes da guerra fria entre EUA e URSS, como as grandes potencias armazenando meios mais destruidores do que a bomba que foi jogada em Hiroshima e em seguida em Nagasaki. Havia, portanto, um clima para associar com a peste negra do século XIII e os mitos de culturas tanto ocidental como oriental. E se outros autores de cinema preferiam o plano realista mostrando o desalento em especial dos jovens, como “Os Trapaceiros”(Les Tricheurs/ 1958)de Marcel Carné,ou adentravam pela “science-fiction” dizendo que a radioatividade criaria monstros(“O Mundo em Perigo”/Them,1954) ou o planeta inteiro queimaria (“Os Ultimo Cinco”/1951),
Bergman ia buscar inspiração em filósofos como Kierkegaard e na Historia com toda a carga mística que surgiu na chegada de um milenio. Max Von Sidow, hoje ainda ativo como ator, faz o cavaleiro que disputa a sua propia vida num jogo de xadrez.Bent Ekerot é a Morte.Nils Poppe é o camponês Joseph que viaja numa carroça com a mulher e o filho menor ,afinal o homem simples que vai subsistir na missão devastadora da criatura sobrenatural. Houve quem chamasse o filme de “balada medieval”.Procede, e não precisa que se ouça o que toca Joseph em sua rabeca. Tambem não se chega ao cantino diabólico que se ouve no “Os Visitantes de Noite”(Les Visiteurs du Soir) de Carné. Em “O Sétimo Selo” está o modo como se trabalha a historia no ambiente. É a época da peste mas só se vê um caso da doença. A camera dá mais evidencia ao que acontece à uma joven chamada de bruxa que é levada à fogueira. Significa que a época focalizada se preocupa primordialmente com Deus e o diabo,adentrando pela ação inquisitorial que faria muitas vitimas em nome da fé.E afinal a fé é o foco da historia, como em outros filmes do cineasta. Filho de um pastor, Bergman escreveu em suas memorias o quanto a religião o marcou na infancia. E em seu último filme para cinema, “Fanny e Alexandre”,tratou disso. Vê-se,portanto, a sinceridade de propósito ao tatar do “sétimo selo”(o que fechava o fim do mundo).
Um filme que só se discute,hoje, pelas tramas paralelas que parecem excessivas (embora não sejam)com relação ao jogo com a Morte que é o elemento básico.Mas uma das obras marcantes de um artista que fazia teatro e cinema com muita sensibilidade.(Pedro Veriano)

"O PROCESSO DO DESEJO"



O PROCESSO DO DESEJO
Luzia Miranda Álvares
O diretor italiano Marco Bellocchio,76, sempre foi visto como irreverente e rebelde não aceitando o tipo de direção escolar em um colégio salesiano de sua terra natal. Seu amor pelo cinema tornou-o um cinéfilo e dai seu interesse em seguir os caminhos da arte, em Londres (1959). Regressou à Itália onde assinou seu primeiro filme, “I Pugni in Tasca” (De Punhos Cerrados, 1965), muito bem recebido pela crítica. Seguem-se outros trabalhos e dai em diante mantém seu modo de tratar os temas na linha inicial. “A Bela que Dorme” (2012) foi exibido em Belém o ano passado, sendo seu último filme, mas já está finalizando outro. Em 1978 conheceu o médico neuropsiquiatra Massimo Fagioli, 84, cuja teoria (com inúmeros livros publicados) está voltada à denúncia da anulação da identidade feminina ao longo do século. Bellocchio fez parceria com Fagioli, em 1991 (e em mais quatro filmes), agora numa historia que os dois imaginaram e que levou à realização do filme “O Processo do Desejo” (La Condanna/Italia). Trata sobre uma jovem estudante, Sandra Celestini (Claire Nebout) que durante uma visita à Farnese Castle Gallery, perto de Viterbo (Italia) não deixa o prédio depois que se encerram as visitas (busca a chave de seu apartamento que teria perdido ali) e uma vez presa no recinto percebe que não está sozinha. Um estranho se apresenta e segue com ela entre os corredores que levam aos quadros onde há imagens sensuais de mulheres. É nesse ambiente que a jovem se vê assediada pelo professor Lorenzo Colajanni (Vittorio Mezzogiorno) com quem mantém um jogo de sedução que ele inicia e ela se envolve. Mas na manhã seguinte ela descobre que ele tinha as chaves da galeria e por isso considera que houve assédio sexual. O fato é mostrado de forma clara, na concepção de que houve um coito forçado, ou seja, estupro. E por isso Sandra leva o caso à justiça. A defesa do réu tem seu argumento centrado em dois fatos: o aceite ao jogo de sedução e o orgasmo demonstrado pela jovem. O promotor aceita o caso na alegação da condução forçada da jovem para o jogo de sedução uma vez que ela desconhece a condição de liberdade que poderia ter, caso soubesse que havia uma possibilidade de sair daquele lugar. O sentir ou não o orgasmo – clímax do prazer sexual - está condicionado à pulsão – dinâmica da supressão do estado de tensão – onde nasce o processo. O filme repousa justamente na discussão se ouve ou não estupro na galeria de arte uma vez que a jovem recebeu “com prazer” o coito revelando a participação nele por ter expressado o gestual da completa sedução naquele momento e ainda participado do jogo. É preciso estar despojado da maneira de o “status quo” desse gestual ser analisado. Há algum tempo, desde a perspectiva feminista, já se observa que as mulheres estão criando uma identidade própria de identificação de seu modo de encarar a sexualidade que comporta a maneira livre de sentir prazer. E isso é visto com preconceito, pois a hierarquia na relação entre os gêneros tende ao masculino. No caso do filme, Sandra, ao se entregar ao jogo do estranho construiu, no cenário onde se acha, um modo próprio de se sentir despojada das hierarquias. Mas ela só entende que foi incluída no processo de sedução ao lhe ser negado o poder de decidir isso, pois, o professor estava com as chaves da porta de saída que poderia muito bem levar a uma decisão dela. Ele decidiu sozinho e secretamente. De quem foi o poder? O filme passa, ainda, pela concepção cultural dos julgadores do caso – o advogado de defesa e o promotor. Eles incorporam matrizes de pensamentos definidos sobre o que é ser homem e ser mulher. E no caso da sexualidade, todos dois recortam a perspectiva patriarcal do processo do domínio e da sujeição. Há muito mais para a discussão.
Veja o filme hoje, às 19 h, no antigo IAP (CineClube Alexandrino Moreira).

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

MEXICANOS

A morte de Ninon Sevilla, aos 85, leva-me a lembrar como o cinema mexicano era querido em Belém. No tempo(1948) em que o Olimpia exibia um filme por 4 dias ele permaneceu 2 semanas em cartaz. A empresa Cardoso & Lopes, dona dos cinemas Modeno, Independencia e Vitoria, colocava em seu anuncio uma frase para atentar os críticos(que normalmente desprezavam as melodramas mexicano): “Dura lex, sed lex, filme bom é da Pelmex.” Pelmex era a distribuidora máxima dos filmes desse pais. De inicio exibiam nas salas de Severiano Ribeiro(Olimpia, Iracema, Guarani,Popular,Iris...). Depois é que passaram para a exibidora concorrente. Mesmo assim, Ribeiro lençava os mexicanos que chegavam pelam Columbia Pictures. O caso de “Pecadora” e de “Palavras de Mulher” além das comédias de Cantinflas. A moda mexicana era alta. Os homens usavam bigodinho e ainda cabelos alisados com laqué. As mulheres vestiam colantes que realçasse a bunda. E se pintavam em excesso. Os boleros minavam as emissoras de radio e gravadoras de discos de cera(antes do LP). Por sinal que cada filme vinha de um bolero. Augustin Lara era um ídolo. Feio como um Dracula sem caninos altos, compunha sua paixão pela bela companheira que o deixou: Maria Feliz. Ela era a Maria Bonita que lhe lembrava Acapulco. E a praia mexicana deu até em hit versado com Emilinha Borba(“Acapulco”), sucesso de venda nas fonotecas. Eu sempre rejeitei os dramalhões mexicanos. Mas vi todos. Tinha Libertad Lamarque em “A Louca”(La Loca) como tinha rumbeiras do tipo Ninon e especializadas em papeis de prostitutas como Emilia Guiu. Engraçado é que a maioria dos filmes era “impropria até 18 anos”. Eu só vi “Pecadora” em DVD através do colecionador Paulo Tardin. Fiquei espantado quando vi o conjunto brasileiro Anjos do Inferno cantando a embolada “ 4 e 400”. O normal era a mocinha (ou putinha) morrer tuberculosa. Quando tossia era sinal de que o filme estava perto do fim. Ninon Sevilla quis levar de Belém um amigo que imitava o Cantinflas. Ele não quis segui-la. Como Cantinflas não quis que seus filmes fossem distribuídos pela Pelmex. Ganhou Globo de Ouro por “A Volta ao Mundo em 80 Dias” mas não foi muito feliz com Hollywood:seu filme posterior, “Pepe”, deu prejuízo. Hoje os mexicanos batem os grandes norte-americanos. Iñarritu e Cuarón que o digam (Pedro Veriano)

PROGRAMAÇÃO - CINECLUBE DA ACCPA - AGOSTO/2015

PROGRAMAÇÃO - CINECLUBE DA ACCPA - AGOSTO/2015 



Cineclube Alexandrino Moreira - Casa das Artes - 19 h 
Dia 03 - "Ao Mestre com Carinho" (1967) com Sidney Poitier 
Dia 17 - "O Processo do Desejo"(1991) de Marco Bellocchio (Parceria com GEPEM)



Cine Líbero Luxardo - Sessão Cult - 15 h 
Dia 08 - "2001 : Uma Odisseia no Espaço"(1968) de Stanley Kubrick
Dia 22 - "Cidadão Kane"(1941) de Orson Welles



Cineclube da UEPA - 16 h 
Dia 20 - "Clube de Compras Dallas"



Cineclube da Casa da Linguagem - 18 h 
Dia 27 - "O Incrível Homem quem Encolheu"(1957) de Jack Arnold
(Parceria com a Academia Paraense de Ciências)



Cine FIBRA - 19 h 
Dia 22 - "O Carteiro e o Poeta"(1994)

* Entrada Franca * Debate após a exibição * Programação sujeita a alterações

sábado, 20 de junho de 2015

O CINEMA EM CASA



Sempre fui contra a deturpação de filmes, seja a colorização seja a dublagem. Hoje a dublagem virou moda. Na Europa isto é comum. Mas lá existe espaços para cópias originais. Aqui é um saco de gatos. E os filmes que eu quero ver (felizmente são poucos) chegam com falas estranhas e espero que cheguem para download ou dvd & bluray. Nos idos de 50, por exemplo, eu ia a cinema mais vezes que os dias do ano. Não havia TV e o recurso do cinemaniaco (é o nome, não apenas cinéfilo) era buscar seu vicio nas telas grandes. Via de tudo. Quando comecei a ler sobre cinema encontrei apenas a técnica. Historia já tinha provado. E como passava filmes (película 16mm)em casa, conhecia o que se filmou antes de meu tempo de vida. Este ano, 2015, ainda não fui 50 vezes a cinema.
Queria ver, por exemplo, “A Espiã que Sabia de Menos”. Mas a dublagem dominou as sessões da tarde. E não vou às da noite por vários motivos.
Bem, do que vi só gostei de “Mad Max” o novo filme da franquia. Gostei pela edição vertiginosa. Planos ligeiros e próximos desfilaram com velocidade. No meu cinema caseiro tenho contato com as mostras europeias das salas especiais. O futebol esteve em “Diamantes Negros” e “O Sol Em Mim”. O primeiro não biografa o brasileiro Leônidas da Silva(apelidado de “Diamante Negro”). Trata de dois africanos que tentam futebol profissional na Espanha e ganham a dor da experiência. Um regressa à terra natal, outro chega a ser preso antes de voltar a um campo. Bom tratamento de um diretor espanhol. O outro filme focaliza dois garotos, um africano e um italiano que também querem jogar futebol com adultos. Ambos percebem que é muito cedo para isso. Voltam a pé para casa. Paralelamente mostra-se a agonia de dois africanos que se metem no bagageiro de um avião e encontram a morte. Caso real.O filme não consegue convencer mas prega um toque humano extremamente valido. Hoje isso é raro.
 “O Amante da Rainha “é o cinema dinamarquês sem Lars Von Triers”. Prefiro o cinema longe desse diretor que acho um rebelde sem causa. Boa narração conta um episódio histórico digno dos livros de Max Du Veuzit ou Michel Zevaco. Boa direção de arte e pelo menos um excelente desempenho(de Mikell Boe Folsgaard) vela e melhor expectativa. Vi ainda “Samba” com o ator e o diretor de “Intocáveis” Omar Sy e Olivier Nakache, que não sambou como aquele filme. Mas consegue que se o acompanhe com interesse dado o emprenho do elenco na historia de um imigrante ilegal na França. A exibição foi na mostra Varilux.(Pedro Veriano)

"VAMPIROS DE ALMAS" EM BLU-RAY


Foi lançado em Blu-ray o filme “Vampiros de Almas”(Invasion of Body Snatchers)de Don Siegel, um dos marcos da ficção-cientifica dos anos 50/60. Em caixa atrativa o lançamento contou com o bônus de um dvd com dois filmes pouco conhecidos: “O Invasor Galactico”e “Eles Vieram do Espaço Sideral”. O segundo, da Amicus, empresa inglesa rival da Hammer em filmes de terror, tinha Freddie Francis na fotografia e direção – o que exprimia certa qualidade. Mas o primeiro, de um senhor chamado Don Dohler, me fez rir como poucas comédias. Imaginem um campo-e-contra-campo com uma só câmera pesada. Imaginem atores amadores exigindo posturas trágicas. Imaginem efeitos especiais de apenas luzes e alguma animação.
Mas tudo isso é pinto para a permitividade da narrativa, uma das muitas historias de ets chegados em campos com más intenções e posturas de animais. Um desse ets ganharia em escola de samba. O filme é hilário da primeira a ultima sequencia.Pensei em nos, amadores da época em que ele foi feito. Filmávamos em 16mm ou Super 8mm com filme positivo e edição na marra. E dava certo. Faziamos o que nos era possível fazer. Hoje, comparando com essa coisa, fiquei orgulhoso de meu passado de câmera na mão. Pelo menos quando podia fazer rir não era para gargalhadas continuas. A comédia era outra. (Pedro Veriano)

"MAD MAX"



O norte-americano chama "machine gun cut" a edição de filme repleta de planos próximos e de rápida apresentação na tela. Uma metralhadora de imagens. Em "Mad Max Estrada da Furia" há disso.Muito disso. São quase duas horas de planos diversos que passam correndo, uns sobre os outros, detalhando uma viagem pelo deserto australiano de mocinha perseguida por bandidos. Ela ganha o nome de Furiosa, e é um adjetivo a mais para Charlize Theron, atriz que no inicio de carreira viveu uma mineira (não nascida no Brasil mas uma empregada no embrutecido meio de mineiros do norte dos EUA) no "Terra Fria" de Nick Caro. Ali a moça era conhecida por Monstro. Aqui, numa corrida australiana, por Furiosa. Se ela for fazer uma de nossas neochanchadas saiam da frente.
O filme dirigido pelo sessentão George Miller é um moto-continuo e se salienta por isso. Vendo-o em 3D sente-se pedaços dos carros voando por sobre as cabeças dos espectadores, O fino para cinema-espetáculo. Mas, felizmente, deixa se pensar em substancia. Não só o poder feminino (mulher dá leite e criança para os neo-trogloditas do futuro) . Pugna-se pela luta por espaços adquiridos e o herói se mistura na multidão quando podia ser ovacionado. Populismo mais aberto, sem frescuras de panfletos pretéritos.Vale espiar.(Pedro Veriano)

"O BALÃO BRANCO" NO CC ALEXANDRINO MOREIRA

CINECLUBE DA ACCPA APRESENTA :


"O Balão Branco"(1995) 
Direção:Jafar Panahi
Sinopse : Razieh é uma garotinha de sete anos que insiste que sua mãe lhe compre um outro peixinho dourado para a celebração do ano-novo iraniano. Apesar de a família estar sem dinheiro, Razieh acaba conseguindo a quantia para comprar o peixinho com a ajuda de seu irmão. Só que a caminho da loja, ela perde o dinheiro duas vezes, e então os dois irmãos não medem esforços para recuperá-lo, saindo pelas ruas de Teerã. Sessão às 19h. Entrada franca e debate após a exibição.

Local : Cineclube Alexandrino Moreira (Casa das Artes)
Data : Dia 22/06/15
Horário : 19 h
Entrada franca
Debate após a exibição

domingo, 7 de junho de 2015

"NO MUNDO DE 2020" NO CC ALEXANDRINO MOREIRA



CINECLUBE DA ACCPA APRESENTA
"No Mundo de 2020" (1973)
Direção : Richard Fleischer
Com Charlton Heston, Edward G. Robinson
Sinopse : Em 2022 a face da Terra está bem modificada. Em Nova York há 40 milhões de habitantes e o efeito estufa aumentou muito a temperatura, deixando o calor ficar quase insuportável. Somente os ricos e poderosos têm acesso a comidas raras, como carnes, frutas e legumes. Quando um empresário das indústrias Soylent é assassinado em seu luxuoso apartamento, o detetive Robert Thorn é designado para investigar o caso.

Local : Cineclube Alexandrino Moreira (Casa das Artes)
Dia : 08/06/15
Horário : 19 h
Debate após a exibição
Coordenação do debate : Marco Antonio Moreira

A ARTE DE SAMUEL FULLER




A ARTE DE SAMUEL FULLER
A Arte de Samuel Fuller” é um dos grandes lançamentos em DVD do ano, O digistack com 2 DVDs reúne quatro obras de Samuel Fuller (1912-1997) incluindo versões restauradas de “O Beijo Amargo”' e “Paixões que Alucinam”. Nos extras, um documentário sobre o diretor, com depoimentos de Tim Robbins, Jim Jarmusch, Martin Scorsese e Quentin Tarantino. “O Beijo Amargo” foi realizado em 1964 e tem no elenco Constance Towers. O filme mostra a história de uma mulher que resolve mudar de vida e vai trabalhar como enfermeira de um hospital infantil numa cidadezinha. Mas, logo descobre que a perfeição e tranqüilidade do lugar escondem um mundo hipócrita e mesquinho que não tem limites. Grande roteiro e direção num filme fundamental para o cinema norte-americano dos anos 1960. “'O Quimono Escarlate” foi produzido em 1959. Dois amigos, veteranos da Guerra da Coréia, trabalham juntos como detetives e estão encarregados de resolver o assassinato de uma dançarina. Mas durante a investigação se apaixonam por uma misteriosa mulher. “Paixões que Alucinam” é uma de suas obras-primas. Realizado em 1963, o filme mostra a ambição de um respeitado jornalista que se compromete a resolver um assassinato cometido num hospício. Para tanto, ele se interna como louco na própria instituição, mas lentamente vai se envolvendo com a loucura dos pacientes e perde o controle. Uma obra-prima repleta de metáforas políticas, sociais e raciais. “Casa de Bambu” foi dirigido em 1955 e tem no elenco Robert Ryan e Robert Stack. No Japão, ex-soldados americanos integram uma gangue violenta envolvida em assassinatos, jogos e assaltos. A morte de um sargento estadunidense coloca a polícia do exército americano no caso e, assim, um militar se infiltra na quadrilha. Samuel Fuller era um subversivo no cinema norte-americano. Sua obra foi esteticamente provocante e os temas de seus filmes eram polêmicos, fugindo do “american way of life” que reagia aos seus trabalhos pela sua coragem em tratar temas intocáveis como racismo. Filho de imigrantes judeus, seus pais alteraram o sobrenome da família de Rabinovitch para Fuller. Aos 17 anos já era repórter policial em Nova Iorque. Serviu no Exército dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, chegando a ser codecorado. Estreou na direção em “Matei Jesse James” de 1949. Muitas vezes, Fuller teve problemas com a produção de seus filmes por querer uma independência raramente permitida nos padrões de Hollywood. No final de sua carreira, dirigiu o excelente “Cão Branco”(1981) com tema racial, baseado em romance de Romain Gary, porém o estúdio Paramount não o lançou. Após o ocorrido, passou a residir na França, falecendo em outubro de 1997. Sua obra merece ser conhecida e debatida por aqueles que gostam de estudar o cinema.(Marco Antonio Moreira)

THOMAS EDISON E ANGELA DAVIS EM DVD



THOMAS EDISON E ANGELA DAVIS EM DVD
 Dois lançamentos em DVD merecem total atenção do cinéfilo. O primeiro é “Edison: A Invenção dos Filmes”, coleção em quatro dvds com cento e quarenta filmes arquivados de uma das figuras mais influentes da história do cinema. Em 1894, Edison era o único produtor de cinema do mundo e suas contribuições para a história do cinema merecem ser evidenciadas após trinta anos de trabalhos e investimento. Em breve, será produzido um filme sobre a sua vida que deverá divulgar seu nome e sua obra. Na coleção, excelente material para estudo: dos testes de câmera nunca lançados no século XIX até o último longa-metragem lançado pela Thomas A. Edison Studios em 1918 (O Descrente), novas trilhas sonoras, documentos históricos e entrevistas com arquivistas e historiadores do cinema, entrevistas com arquivistas e estudantes de cinema: e muito mais.
Outro lançamento é o documentário “Libertem Angela Davis” que mostra a vida da professora universitária Angela Davis, e como seu ativismo social implicou na fracassada tentativa de sequestro que terminou em troca de tiros e quatro mortos. Seu nome esteve na lista dos dez mais procurados do FBI nos anos 70, tornando-se a mulher mais procurada dos EUA e símbolo de luta pelos direitos dos negros e das mulheres. Ângela Davis foi uma figura política importante que chamou atenção da mídia e nomes como John Lennon que fez uma música em sua homenagem em 1972. Com muitas imagens históricas, “Libertem Ângela Davis” revela a politização de grande parte dos jovens americanos dos anos 70 e provoca ricas discussões. O filme é uma co-produção Estados Unidos e França e levou oito anos para ser finalizado. Participou da competição oficial dos festivais de Toronto, Londres e Estocolmo. Imperdível! (Marco Antonio Moreira)

'VAMPIROS DE ALMAS" EM BLU-RAY



Foi lançado em Bluray o filme “Vampiros de Almas”(Invasion of Body Snatchers)de Don Siegel, um dos marcos da ficção-cientifica dos anos 50/60. Em caixa atrativa o lançamento contou com o bônus de um dvd com dois filmes pouco conhecidos: “O Invasor Galactico”e “Eles Vieram do Espaço Sideral”. O segundo, da Amicus, empresa inglesa rival da Hammer em filmes de terror, tinha Freddie Francis na fotografia e direção – o que exprimia certa qualidade. Mas o primeiro, de um senhor chamado Don Dohler, me fez rir como poucas comédias. Imaginem um campo-e-contra-campo com uma só câmera pesada. Imaginem atores amadores exigindo posturas trágicas. Imaginem efeitos especiais de apenas luzes e alguma animação. Mas tudo isso é pinto para a permitividade da narrativa, uma das muitas historias de ets chegados em campos com más intenções e posturas de animais. Um desse ets ganharia em escola de samba. O filme é hilário da primeira a ultima sequencia.Pensei em nos, amadores da época em que ele foi feito. Filmávamos em 16mm ou Super 8mm com filme positivo e edição na marra. E dava certo. Faziamos o que nos era possível fazer. Hoje, comparando com essa coisa, fiquei orgulhoso de meu passado de câmera na mão. Pelo menos quando podia fazer rir não era para gargalhadas continuas. A comédia era outra (Pedro Veriano).

IMAGENS SALGADAS



Há pouco eu tinha visto um documentário curto sobre o fotografo Sebastião Salgado. Agora vejo o filme de Win Wenders, associado ao filho de Sebastião, o também fotografo Juliano . Os dois filmes ressaltam a habilidade do brasileiro em captar imagens com suas câmeras,o que o levou a correr o mundo registrando imagens de diversos tons (não só com referencia ao apanhado da luz). “O Sal da Terra” ganha o termo bíblico para expressar o trabalho de uma objetiva que andou flagrando tragédias e acabou mergulhando no que a natureza tem de resistente. Basicamente o filme conta como Sebastião se amargurou com os cadáveres insepultos nas guerras africanas e como através da esposa descobriu que apesar do homem o ambiente pode mudar para melhor(a mata reciclada que traz flores e aves). É um filme sensível como a descoberta do biografado. E é difícil um documentário ser capaz de provocar lagrima na plateia. Sei de quem chorou ao ver o que Wenders e Juliano fizeram. De minha parte achei que Wenders superou o tedio deixado naquele registro de uma bailarina famosa usando a 3D (“Pina”). Mereceu os prêmios ganhos e talvez o que perdeu(o Oscar). (Pedro Veriano)

METRALHADORA MAX


O norte-americano chama "machine gun cut" a edição de filme repleta de planos próximos e de rápida apresentação na tela. Uma metralhadora de imagens. Em "Mad Max Estrada da Furia" há disso.Muito disso. São quase duas horas de planos diversos que passam correndo, uns sobre os outros, detalhando uma viagem pelo deserto australiano de mocinha perseguida por bandidos. Ela ganha o nome de Furiosa, e é um adjetivo a mais para Charlize Theron, atriz que no inicio de carreira viveu uma mineira (não nascida no Brasil mas uma empregada no embrutecido meio de mineiros do norte dos EUA) no "Terra Fria" de Nick Caro. Ali a moça era conhecida por Monstro. Aqui, numa corrida australiana, por Furiosa. Se ela for fazer uma de nossas neochanchadas saiam da frente. O filme dirigido pelo sessentão George Miller é um moto-continuo e se salienta por isso. Vendo-o em 3D sente-se pedaços dos carros voando por sobre as cabeças dos espectadores, O fino para cinema-espetáculo. Mas, felizmente, deixa se pensar em substancia. Não só o poder feminino (mulher dá leite e criança para os neo-trogloditas do futuro) . Pugna-se pela luta por espaços adquiridos e o herói se mistura na multidão quando podia ser ovacionado. Populismo mais aberto, sem frescuras de panfletos pretéritos.Vale espiar.(Pedro Veriano)

SEBASTIÃO SALGADO - O ANJO FOTÓGRAFO



SEBASTIÃO SALGADO – O ANJO FOTÓGRAFO
Quem é esse brasileiro nascido em Aimorés, Minas Gerais , único homem entre nove irmãs, filhos de um fazendeiro e uma dona de casa e que, bem jovem, deixa uma vida tranquila e sai caminho afora passando a olhar o mundo e os homens através das lentes de uma câmera Leica nas mãos? A resposta podemos encontrar no filme “O SAL DA TERRA” (2014), dirigido por Juliano Salgado e Wim Wenders que já biografou para o cinema nomes como Nicholas Ray, Pina Bausch e agora o fotógrafo Sebastião Salgado.
O documentário, que propõe um tributo de filho para pai, ultrapassa o formato e traduz com poesia, sensibilidade e imagens grandiloquentes o resultado de anos de um ofício que começou quase que por acaso na vida do jovem “Tião” quando esteve fora do Brasil durante os anos da ditadura militar. De início, somos surpreendidos com a imagem fixa de uma fotografia e a voz em off de Wim Wenders narrando sua comoção diante de uma das fotos do autor até então desconhecido, em seguida, no mesmo plano entra a fusão do rosto de Sebastião com sua fotografia. Isto é só o começo das emocionantes histórias e depoimentos do próprio artista, seu trabalho, sua família e suas inquietações sobre a vida.  A partir daí, o filme mostra os comos e porquês de vários trabalhos fotográficos reunidos em livros como “TRABALHADORES” (1996), “OUTRAS AMÉRICAS” (1999), “ÊXODO”(200) e “GÊNESIS” (2014).
É impossível qualquer espectador ficar indiferente à emoção revelada na arte fotográfica de Sebastião Salgado. Como bem coloca Win Wenders em sua fala sobre a etimologia da palavra fotografia: Salgado se expressa por meio de uma “ escrita de luz”. Aos poucos, vamos descobrindo o olhar desse homem brasileiro, cidadão do mundo que mais assemelha-se a um destemido anjo fotógrafo que parece estar onipresente nos confins do mundo observando e captando momentos que ninguém quer ou não consegue enxergar. Com o tom predominantemente humanista e social, o documentário expressa os questionamentos de um homem que busca um mundo melhor por meio de sua obra, nem que para isso seja preciso captar a crueza e o sofrimento de homens, mulheres e crianças fugindo de conflitos na região do Sahel na África, massacrados pela fome e esquecidos em campos de refugiados.
Os fluxos migratórios forçados pelas guerras étnicas e raciais e disputas políticas em países divididos. Há lugar também para a natureza em seu estado bruto, selvagem e intocado. Passamos a entender e ver o Sebastião Salgado por trás da câmera, o homem cujas retinas se confundem com a própria lente de sua máquina fotográfica.  O filme “O SAL DA TERRA” foi indicado ao Oscar de melhor documentário em 2015, e tem conquistado plateias ao redor do mundo,principalmente aqueles que admiram o trabalho de Sebastião Salgado e a importante participação de Wim Wenders no roteiro e na direção. Essa parceria só poderia resultar num trabalho de pura beleza revelada além da fotografia. O filme estreia em Belém no Cine Líbero Luxardo no dia 27 de Maio com sessões em horários diversos. Um filme urgente e necessário para ser visto. (Elias Neves Gonçalves)

quinta-feira, 4 de junho de 2015

PROGRAMAÇÃO ACCPA - Junho/2015

PROGRAMAÇÃO ACCPA (Associação de Críticos de Cinema do Pará) - Junho/2015 

Cineclube Alexandrino Moreira (Casa das Artes) - 19 h 


Dia 08 - "No Mundo de 2020" (1973) de Richard Fleischer


Dia 22 - "O Balão Branco" (1995) de Jafar Panahi
*debate após a exibição


Cine Líbero Luxardo (Sessão Cult) - 16 h 


Dia 06 - "Um Tiro na Noite" (1981) de Brian de Palma
*debate após a exibição


Casa da Linguagem (Oficinas Curro Velho) - 18 h 
Dia 25 - "Universo Elegante" (documentário)
*debate após a exibição

SESC Boulevard - 18 h 
Dia 10 - Palestra com o crítico Augusto Pacheco e exibição do filmes "Elefante" de Gus Van Sant 

Cineclube da UEPA 


Dia 18 - "Síndrome da China" (1979) de James Bridges
*debate após a exibição

Entrada Franca
Programação sujeita a alteração

domingo, 10 de maio de 2015

PROGRAMAÇÃO ACCPA - MAIO/2015

PROGRAMAÇÃO ACCPA - MAIO/2015


CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA (Casa das Artes) - 19 h
DIA 04/05 - UM FILME FALADO (2003) - Homenagem ao diretor Manoel de Oliveira
DIA 25/05 - ÚLTIMO TANGO EM PARIS (1972) de Bernardo Bertolucci




CINE LÍBERO LUXARDO - SESSÃO CULT - 16 h
DIA 09/05 - O HOMEM DE ALCATRAZ (1962) com Burt Lancaster
DIA 30/05 - O GRANDE GOLPE (1956) de Stanley Kubrick


CASA DA LINGUAGEM (Curro Velho) - 18 h
DIA 28/05 - HIROSHIMA MEU AMOR (1959) de Alain Resnais


ENTRADA FRANCA
DEBATE APÓS EXIBIÇÃO

quarta-feira, 1 de abril de 2015

PROGRAMAÇÃO CINECLUBE DA ACCPA - ABRIL/2015

PROGRAMAÇÃO CINECLUBE DA ACCPA - ABRIL/2015 


CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA (Casa das Artes) - 19h
Dia 06/04 - E LA NAVE VA de Federico Fellini (1983)
Dia 20/04- BONNIE E CLYDE de Arthur Penn (1967)


Cine Líbero Luxardo - Sessão Cult - 16 h
Dia 11/04 - ASSIM ESTAVA ESCRITO de Vincent Minelli (1953)
Dia 25/04 - AMAR FOI MINHA RUÍNA de de John Stahl (1948)


CINECLUBE DA CASA DA LINGUAGEM - 18 h
Dia 30/04 - UNIVERSO ELEGANTE de Joseph McMaster (documentário)
Parceria com a Academia Paraense de Ciências



CINECLUBE DA UEPA - 16 h
Dia 23/04 - SÍNDROME DA CHINA de James Bridges (1979)

Entrada Franca
Debate após a exibição

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