quarta-feira, 30 de maio de 2012

"À SANGUE FRIO" NA SESSÃO CULT DIA 02/06/12


"À SANGUE FRIO"
Original: In Cold Blood-EUA, 1967
Direção de Richard Brooks
Roteiro de Brooks baseado no livro de Truman Capote.
Elenco: Robert Blake,Scott Wilson, John Forsythe.
Argumento: O assassinato de uma família por ocasião de um assalto em uma casa da zona rural leva dois criminosos ao corredor da morte. A vista feita a um deles pelo escritor Truman Capote dá margem à versão do crime pelo criminoso.
Importância Histórica : O diretor Richard Brooks (1912-1992) notabilizou-se como roteirita tendo assinado 37 trabalhos incluindo o vencedor do Oscar “Entre Deus e o Pecado”(Elmer Granty/1960). Dirigiu 25 filmes chamando a atenção por “Sementes da Violência”(Blackboard Jungle/1955) e depois por “Gata em Teto de Zinco Quente”,uma versão de “Os Irmãos Karamazov” onde procurava usar a cor funcional, o citado “Entre Deus e o Pecado” e o intimista “Tempo Para Amar, Tempo Para Esquecer”onde discutia o seu casamento já no ocaso com a atriz Jean Simmons. Perfeccionista no uso de elementos de linguagem era o típico diretor de bons roteiros. Sua despedida se deu em “Fever Pitch” em 1985, um drama policial pouco festejado.

SESSÃO ACCPA/CINE LÍBERO LUXARDO
SESSÃO CULT "À SANGUE FRIO"
SÁBADO DIA 02/06/12
HORÁRIO : 16H
ENTRADA FRANCA
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS
APOIO : ACCPA"

"VIOLÊNCIA E PAIXÃO" DE VISCONTI NO CINE ESTAÇÃO


O Cine Estação das Docas orgulhosamente apresenta, em película, um dos melhores filmes de todos os tempos: “Violência e Paixão”, do mestre italiano Luchino Visconti, com Burt Lancaster, Silvana Mangano e Helmut Berger. A primeira exibição no dia 1º de junho (sexta-feira), com sessões às 18h e 20h30, e fica em cartaz até o dia 10/06. O filme foi realizado dois anos antes da morte de Visconti, ocasião em que se encontrava já com a saúde debilitada devido ao infarto sofrido durante as filmagens de “Ludwig”, que o prendeu a uma cadeira de rodas até a sua morte, em 1976.
“Violência e Paixão” narra a história de um professor aposentado que leva uma vida solitária, cercado de livros e de muitos quadros de pintores famosos. Certo dia, ao receber dois representantes da Galérie Blanchard, de Paris, conhece a marquesa Bianca Brumonti (interessada em alugar um apartamento do palazzo); Lietta, sua filha, acompanhada de seu namorado, Stefano; e Konrad, amante da marquesa. A despeito da resistência oferecida pelo professor, este termina sendo envolvido pela senhora Brumonti e seu grupo. Quando os quatro se instalam no tal apartamento, eles transformam a monótona vida do professor num verdadeiro inferno.
Espécie de testamento estético e moral de Visconti, “Violência e Paixão” (Gruppo di famiglia in un interno) deixa de lado a suntuosidade de “Ludwig”, mas não abre mão do intimismo que marca a carreira do diretor, aliado aos desconcertantes diálogos escritos em parceria com Enrico Medioli e Suso Cecchi d'Amico; diálogos e mise-en-scène apoiados no contraste entre a rebeldia da juventude e os dissabores da velhice. Como cenário, a Itália dos anos 70 representada num suntuoso apartamento em Roma, em confronto direto entre a tradição cultural e a vulgaridade dos novos ricos, juntamente com os supostos revolucionários de espírito livre e o terror fascista fora daquele espaço, representado pelo marido ausente.
“Violência e Paixão” venceu o Prêmio Nastro D'Argento em cinco categorias, levou o Prêmio David di Donatello de Melhor Filme e Ator, e ganhou o troféu de melhor filme no Prêmio David Europeu, todos em 1975.
Serviço
"Violência e Paixão (Itália/França, 1975)
De: Luchino Visconti.
Com Burt Lancaster, Silvana Mangano e Helmut Berger. 120m. Drama. 18 anos.
Exibições nos dias: 1º (sexta): 18h e 20h30 2 (sábado): 18h e 20h30 3 (domingo): 10h, 18h e 20h30 8 (sexta): 18h e 20h30 9 (sábado): 18h e 20h30 10 (domingo): 10h,18h e 20h30
Ingressos: R$ 7,00 (com meia-entrada para estudantes).
Realização: OS Pará 2000, Secretaria de Estado de Cultura – Secult e Governo do Estado.

terça-feira, 22 de maio de 2012

"CEREJEIRAS EM FLOR"

O melhor filme que assisti em DVD ultimamente foi “Cerejeiras em Flor”(Hanami/Alemanha ,2008) de Doris Dörrie. O roteiro da própria diretora trata de um homem com doença terminal que é levado por sua esposa a um passeio com destino ao Japão onde ela, especialmente, quer ver o Monte Fuji, cenário que admira de xilogravura e afinal uma cultura que evocava em dança na juventude. No caminho, o casal para em Berlim para visitar os filhos. Só um deles é ausente, morando justamente em Tóquio. A indiferença dos jovens (um rapaz e uma moça) é relevada pela mãe, como sempre. O agravante é que eles desconhecem o estado de saúde do pai. Nem o próprio doente tem conhecimento da gravidade de sua doença. Certo dia, a dedicada esposa amanhece morta. E resta aos filhos tomarem conta do pai que, muito abalado, resolve prosseguir viagem para o Japão. Ali, em contato com uma dançarina folclórica que exalta no ritmo a sua mãe já falecida ele ganha um alento que não consegue obter na companhia do filho, mais afeito à saudade da mãe e/ou muito ocupado para se deter nas idiossincrasias que o pai adota em busca de descobrir o paradeiro da esposa de quem sente saudades.
O tratamento narrativo é de uma sensibilidade extrema conseguindo deslocar a história do ritmo de um melodrama vulgar. Compara-se a vida de Rudi (Elmar Wepper) às flores de cerejeira que são fugazes e evocam a vida dos samurais, também curtas. A fotografia de Hanno Lentz consegue registrar a beleza ambiente e a música de Claus Bantzer acompanha a jornada cultural do principal personagem. Um filme brilhante em todos os sentidos. Ganhou 7 prêmios internacionais, mas não chegou aos cinemas de Belém. Está em DVD nas locadoras. É imperdível. Raridade cinematográfica ganha o mercado de DVD no Brasil com novos exemplares: “Ratos & Homens”(Of Mice and Men/EUA,1939) de Lewis Milestone e “A Noite Nupcial”(The Wedding Night/EUA,1935) de King Vidor. No primeiro observa-se um modelo de adaptação de um texto teatral (vindo de John Steinbeck), com a pintura da região rural do sul dos EUA nos anos da depressão, ressaltando-se, além da narrativa que aproveita enquadramentos e iluminação, desempenhos primorosos como o de Lon Channey Jr. como Lennie, o gigante de baixo QI que se apega ao amigo George (Burgess Meredith), mas não consegue medir a consequência de seus atos.
“A Noite Nupcial”(The Wedding Night/EUA,1935) assombra hoje se observado como um produto de uma fase casta do cinema americano. Baseado em um romance de Edwin Kopf com roteiro de Edith Fitzgerald apresenta Gary Cooper como um escritor em crise criadora que tenta inspiração no interior do país. Sua esposa, Helen (Dora Barrett), odeia isolamento e procura voltar para Nova York. Mas o escritor inspira-se, afinal, na jovem Manya (Ann Sten), aldeã prometida pelo pai polonês a casar-se com um homem rico (Ralph Bellamy). Surge um romance adúltero e termina em tragedia. Mas há muita sutileza na apresentação da história e a direção do mestre King Vidor (“A Turba”) consegue passar ao largo das armadilhas de dramalhões semelhantes.
E revi, ainda, “Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios”(Otaz na sluzbenom putu/Iugoslavia, 1960) de Emir Kusturika. O argumento trata da mudança que se processava na antiga e unida Iugoslávia na época do governo Tito. A narrativa é de uma criança, mas nem sempre se afina como tal. Esta falta de hegemonia pesa, mas a exposição dramática e cultural persiste como um bom momento de cinema.(Luzia Álvares)

domingo, 20 de maio de 2012

"A AVENTURA" DE ANTONIONI NO CC ALEXANDRINO MOREIRA DIA 28/05/12


"A AVENTURA"
Original: L’Avventura- Italia, 1960
Direção e roteiro de Michelangelo Antonioni 
Elenco:Gabrielle Ferzetti. Monica Vitti, Lea Massari.
Argumento: Uma mulher desaparece durante um piquenique numa ilha do Mediterrâneo e seu namorado inicia um romance com a sua melhor amiga.
Importância Histórica: O filme marca o inicio de uma trilogia que o diretor concebeu e que foi conhecida como “da incomunicabilidade”. Antonioni reforçava o comportamento de pessoas da classe média no após-guerra, com a crescente interiorização dos sentimentos, procurando traduzir em linguagem cinematográfica o que parecia ser privilegio da literatura. O filme ganhou um Globo de Ouro, um prêmio especial do cinema inglês e pela musica de Giovanni Fusco um do cinema italiano.

SESSÃO ACCPA/IAP
CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA(AUDITÓRIO DO IAP)
"A AVENTURA"
SEGUNDA-FEIRA DIA 28/05/12
HORÁRIO : 19H
ENTRADA FRANCA 
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA
APOIO: ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

"GIORDANO BRUNO" NA SESSÃO ACCPA/APC DIA 31/05/12


"GIORDANO BRUNO"
Original: Giordano Bruno –Italia 1973
Direção de Giuliano Montaldo.
Roteiro de Montaldo e Lucio De Caro
Elenco: Gian Maria Volonté,Hans Christian Blech, Mattieu Carrière.
Argumento: O filosofo e sacerdote Giovano Bruno(1548-1600) foi condenado pela Santa Inquisição por suas ideias incompatíveis com os ensinamentos religiosos especialmente na astronomia derrubando a ideia de um sistema geocêntrico. Foi condenado à fogueira por não voltar atrás em seus ensinamentos. Importância Histórica : O filme de Giuliano Montaldo ganhou aplausos não só pela abordagem clara do julgamento e suplicio do personagem-título como pela fotografia de Vittorio Storaro ,a musica de Ennio Morricone e a dedicação ao papel do ator Gian Maria Violonté.

"GIORDANO BRUNO"
DIA 31/05/12
LIVRARIA SARAIVA (BOULEVARD SHOPPING)
HORÁRIO : 17H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO PRESENTE E CRÍTICOS DA ACCPA E MEMBROS DA APC
APOIO : APC (ACADEMIA PARAENSE DE CIÊNCIAS) E ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

"TAXI DRIVER" NA SESSÃO CULT DIA 26/05/12


"TAXI DRIVER"
Origem: EUA, 1976
Direção de Martin Scorsese
Roteiro de Paul Schrader
Elenco: Robert De Niro,Jodie Foster, Cybyll Sheperd.
Argumento:Um ex-combatente do Vietnam passa a dirigir taxi nos EUA e expande a sua ferocidade herdada dos momentos de angustia que passou na guerra, atormentando personagens da noite de Nova York.
Importância Histórica: Vencedor de 24 prêmios, inclusive o do Festival de Cannes dado a Martin Scorsese o filme deu chance ao ator Robert De Niro que faria outros trabalhos com o diretor (ambos descendentes de italianos) como “O Touro Indomável”. Tido como um dos filmes onde a violência explicita apagou a memória do Codigo Hays, a censura que impedia a criatividade de muitos cineasta americanos, “Taxi Driver” marcou um tempo. E Scorsese passou a ser visto como um dos melhores diretores surgidos na segunda metade do século XX.


SESSÃO CULT
CINE LÍBERO LUXARDO
SÁBADO DIA 26/05/12
HORÁRIO : 16H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE CRÍTICOS DA ACCPA E PÚBLICO PRESENTE QUE TAMBÉM DISCUTIRAM SOBRE O FESTIVAL DE CANNES.
APOIO : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

MOSTRA CULTURA NO CINE OLYMPIA

MOSTRA CULTURA NO CINE OLYMPIA
 Dia 22/5: “Waldemar Henrique” (54 min, 1989) : Maestro relembra sua trajetória no Pará e no mundo. Documentário jornalístico. Direção: Marlicy Bemerguy.
Horário : 18:30h
 Dia 23/5: “Pavulagem do meu coração” (32 min, 2007): A origem do grupo musical até o seu arrastão popular em Belém. Documentário. Direção: Guaracy Junior. “Magalhães Barata: 100 anos depois” (26 min, 1989): A trajetória de Magalhães Barata com imagens históricas do político. Documentário jornalístico. Direção: Afonso Klautau.
Horário : 18:30h
 Dia 24/5: “Saias, Laços e Ligas” (33 min, 1990): A presença da mulher na política no início do século 20. Documentário jornalístico. Direção: Risoleta Miranda. “Encomendação das Almas (18 min, 1989): Velórios e enterros acompanhados por encomendadores de almas em Oriximiná. Documentário jornalístico.
 Horário : 18:30h
 Dia 25/5: “Haroldo Maranhão” (34 min, 2007): Bate-papo com o escritor paraense, seus amigos, admiradores e críticos. Documentário. Direção: Junior Braga. “Parceiros do Mar” (29 min, 1991): Histórias de barqueiros e construtores de barcos. Documentário jornalístico. Direção: Mauro Bonna.
Horário : 18:30h
Dia 26/5: “Wayana – Apalai” (26 min, 1988): A história de remanescentes das duas tribos indígenas. Documentário jornalístico. Direção: Lilia Afonso. “Guajá” (28 min, 1992): A história dos índios Guajá, em uma reserva na divisa dos estados do Pará e Maranhão. Documentário jornalístico. Direção: Mauro Bonna. Horário : 18h
Dia 27/5: “Maria das Dores” (50 min, 1987): Depoimentos e discussão sobre a violência contra a mulher no Pará. Documentário jornalístico. Direção: Lúcia Leão.
Horário : 18:30h

Mostra Cultura
Exibição de documentários da TV Cultura no Cine Olympia.
De 22 a 27 de maio.
Entrada Franca.

A GRAÇA DO BESTEIROL

Jonah Hill é desses comediantes que faz graça com a cara. Modelo de cara de besta.Já com 44 titulos no currículo este californiano é a arma do filme “Anjos da Lei”(21 Jump Street), replay de uma série de TV que catapultou Johnyy Depp. O filme tem 2 diretores, Phil,Lord e Chris Miller,e deve parir uma franquia. Faz sucesso. A plateia ri das sacanagens expostas sem preconceitos. Enfim Hollywood aprendeu a usar o que se chama de palavrão e tratar sexo como objeto de piada. No final desse “anjos...”, a perda de parte do pênis do vilão é irresistível. A plateia em peso gargalhou. Eu ri, mesmo com um frio polar que me batia na cabeça por conta de dois compressores desregulados (há salas no complexo Cinépolis Boulevard que um dia podem nevar). Não vale a pena falar do enredo, tão bobo como os tipos vividos por Hill e seu comparsa Channing Tatum. A coisa está na tela para divertir. E isso não é fácil como parece para alguns chanchadeiros (inclusive nacionais)a julgar por 3 trailers apresentados antes. Assumindo o besteirol o pessoal consegue um mínimo para se lembrar em casa. E afinal eu não sei se isto é bom: há filmes que a gente esquece quando a luz do cinema acende pois a nossa massa cinzenta sabe colocar a coisa no “spam”. Quando se guarda alguma anedota salta uma qualidade. Per cause, esses “anjos” como quer o titulo brasileiros, decolam. Mesmo rasteiros.(Pedro Veriano)

INIMIGOS SIDERAIS

O grande problema dos “blockbusters” atuais é a escolha do inimigo. Sem os russos do tempo da guerra fria, os terroristas nem sempre são bem-vindos a conta do trauma deixado no povo norte-americano pelo 11/09/2001. Ficam os ETs. E em “Battleship, A Batalha dos Mares”(Battleship/EUA,2012) são eles que chegam caindo no oceano (não só o Pacifico como se pode ver na sequencia em que caem perto de Pequim) e por isso desafiando a marinha dos EUA. No inicio do filme mostra-se a descoberta de um planeta semelhante a Terra na posição que ocupa com relação ao seu sol. Mas, com uma velocidade que só se explica pela reticência do roteiro, eles alcançam o nosso mundo. E um cientista diz a outro: ”-É como os índios; nós somos índios”. Um ligeiro apanhado de sequencias identifica alguns personagens, especialmente um jovem rebelde “de figurino”, ou seja, na linha que deriva da turma comandada por James Dean em “Juventude Transviada”(Rebel without a cause/1955). Este rapaz muda de comportamento ao entrar para a marinha. E acaba sendo um herói, como colegas que enfrentam os Ets, seja dentro d’água seja na luta corpo a corpo.
Há uma cena em que se abre a armadura de um alienígena ferido. Vê-se um ser de aparência disforme do que aqueles mostrados em filmes como “O Homem do Planeta X” (que no meu entender um dos mais feios concebidos pelos autores de cinema hollywoodiano). Dá para pensar no motivo de se estimar os vizinhos siderais de monstros. A verdade é que o próprio ser humano acha feio o que desconhece. Na história de “A Bela e a Fera” de Mme. Leprince de Beaumont, Fera é um príncipe encantado. Mas até se descobrir isso é um animal horroroso. Bem diz Jean Marais no papel :”-Pobre de nós as feras que só sabemos sofrer e morrer”. Já o Quasimodo de Victor Hugo interpretado por Charles Laughton dizia-se “feio como o homem da lua”. Creio que é mais difícil achar, na história do cinema, extraterrestres afáveis. Lembro-me do ET de Spielberg, do Klatoo de “O Dia em que a Terra Parou”, dos bem recebidos tripulantes de discos voadores em “Contatos Imediatos do 3º Grau”. O normal é inimigo feroz. E se em filmes como “Alien, o Oitavo Passageiro” isto é aproveitado para um ensaio do gênero “terror”, o mais freqüente é mediocridades como este “Battleship”, uma propaganda explicita do poder bélico norte-americano na época de intervenções do país em guerras diversas.
Um exemplo de cinema para perder tempo, afinal, um videogame sem a interatividade que movimenta o tipo de jogo. Melhor é rever ou conhecer “Drive”, de Nicolas Refn, que está sendo relançado no Cine Estação. Já opinei a respeito (cf. Blog da Luzia): são emblemáticos os closes do ator Ryan Goslin. E nunca se sabe o nome de seu personagem. Não é bem o “estranho sem nome” como o caubói vivido por Clint Eastwood num bom western que exigia esse tipo de interpretação. É um solitário que se vê nas máquinas que conserta e maneja. E afinal um dirigente de seu próprio destino, não à toa dando o nome de sua história ao trabalho de um condutor. Ele dirige carros que se despedaçam nas cenas de filmes, e em sua rotina é como se fosse um desses aparelhos que se podem despedaçar dependendo de como será levado. A narrativa fluente sustenta um equilíbrio que se alimenta da violência explicita e que não parece à tôa. Mas voltando ao “Battleship”, não perca tempo em assistir a mais esse blockbuster. A indigestão desse tipo de filme pode causar aversão ao cinema como arte.(Luzia Álvares)

MALUCO BELEZA


Cinema é feito de imagens, documentários de verdades. Sim para o primeiro e talvez para o segundo. Ao escolher um tema, um diretor de documentário, a principio, deve gostar muito do assunto/pessoa do argumento. Mas o tal distanciamento onde vai parar?. Como fica a verdade absoluta que cada um deve ter?. Em “Raul – O inicio, o fim e o Meio”, Walter Carvalho, conseguiu um grande feito. Se mostrar tiete do cantor, mas se manter distante do homem que fez da vida um mar de loucura e sonoridades. O que se vê no filme são imagens reais numa seleção assombrosa de pesquisa que inclui muita coisa inédita e do tempo quando Raul não era ainda o Seixas. Os entrevistados que conheceram o cantor é que dão o tom da persona e das situações, aí entra Carvalho com uma montagem correta que traça o perfil senão pretendido, mas fiel e verdadeiro do que homem que se dizia “a mosca que sentou na sopa”. Vale a cena de Paulo Coelho, o agora mago que antes fazia carnificina de oferendas pra uma seita satânica. Agora, o filme deveria se chamar “As mulheres de Raul”, quando ficamos sabendo que o “maluco beleza” teve tantas, mas tantas esposas em tem pouco tempo. Como deve ser um bom documentário, ao acender as luzes do cinema, tirem suas conclusões.(Ismaelino Pinto)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

FALAR DE KEVIN


A primeira imagem que surge na tela é a de uma cortina branca. A câmera aproxima-se lentamente até que a cortina se abre. O que se vê é uma multidão se comprimindo não se sabe em que tempo ou espaço. Logo surge uma mulher salpicada de vermelho (tinta? sangue?). Em seguida vê-se Eva (Lyne Ransay) despertando. Focalizam-se os seus pés descalços que pisam no chão. Nesse momento ela deixa cair algumas capsulas brancas. Encaminhando-se para a porta da casa ela abre e vê que picharam as paredes de vermelho. O enfoque seguinte é de um “travelling” da porta onde está a menina Celia (Ashley Gerasimovich ) que ao se virar em direção à câmera mostra uma venda no olho. A arquitetura desse inicio diz bem do cuidado artesanal de “Precisamos Falar sobre Kevin” (We Need to Talk About Kevin/EUA 2011), de Lynne Ramsay. A pretensão é dimensionar o relacionamento tempestuoso de mãe (Eva) com o filho Kevin/Ezra Miller. O contexto repousa nesse relacionamento. Afinal, quem é Kevin desde a infância, garoto de classe média criado com desvelo pelos pais, especialmente pela mãe, evidenciando rebeldia, sujando propositamente de fezes a cadeira quando a mãe lhe ensina fazer contas, depois, um adolescente que suga o cabelo da irmã com aspirador de pó e daí parte para atitudes extremas de violência? Nas primeiras imagens sabe-se que a mãe está deprimida, que toma remédios e exprime dor. Quando se vê a filha menor, a venda em um dos olhos quer dizer algum acidente. E nesses planos, as cores que começam no branco da cortina passam ao vermelho que antes de se ver a casa pichada é percebido em restos de comida diante do foco quando câmera e personagem encaminham-se para a porta de entrada da residência. Eva lava o rosto e a cena seguinte é do marido, Franklin (John C.Reilly) dançando com a pequena Celia. Daí em diante a narrativa é atemporal, e vê-se Eva procurando emprego, escrevendo ao marido registrando saudades dele (sem que se saiba logo para onde ele foi), sendo esbofeteada por uma pessoa que passa e antes fala com ela, e outra vez com o marido em um período feliz. Poucos filmes possuem uma pesquisa de linguagem como a que se vê neste trabalho da escocesa Lynne Ramsay de 42 anos. É o seu terceiro longa-metragem e o primeiro que chega até nós. Certamente influenciado pelos 16 prêmios que recebeu, inclusive da critica européia, além de candidaturas ao Globo de Ouro e ao Festival de Cannes. A complexidade do tema ganha correspondência na forma como é tratada. Mas a constante inclusão de flash-backs não impede que se acompanhe com certa emoção o drama do garoto rebelde e da mãe que se amedronta diante de seu temperamento e das suas atitudes. Apesar de não ser tratado em primeira pessoa, o filme pousa no papel de Eva em relação ao filho. Um grande esforço da atriz Lyne Ramsay. Admiráveis closes dizem o que ela sente em relação a um filho-monstro. E apesar da elegância narrativa não se exime a amostragem de um psicopata, de como uma criança assim representa para uma família, revelando-se num ente perigoso que acha muito natural mutilar e matar. Dessa forma, as questões ficam a frente da câmera quando o /a espectador/a se depara com as situações que observa naquela relação hostil do filho, desde criança, escamoteando sua personalidade e suas atitudes em relação á mãe para que esta perca a credibilidade junto ao pai, haja vista que o reconhecimento de um caráter hostil com todos a quem ela ama, está na pronta refrega ao mal e na manipulação da verdade. O que é preciso, então, “falar sobre” ou com Kevin, se a percepção dele das coisas se torna mutilada conscientemente e segue em frente destruindo os outros? Nas várias áreas do conhecimento, por exemplo, da psicologia, da sociopsicologia, essas atitudes de Kevin se estabelecem num quadro referencial de psicopatia ou sociopatia. Como estabelecer o enfrentamento a esse comportamento diante de outros padrões que também são apresentados como os modelos de pai e mãe? Nesse caso, a perspectiva do amor filial é o que vai estar nas mentes de quem se deparar com um caso desses. E o filme instiga a essa idéia, sem fechar conclusões. Um filme denso que certamente se inscreve entre os melhores exibidos em Belém este ano. No Cine Libero Luxardo, a partir desta quarta até domingo.(Luzia Álvares)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"FACE A FACE" DE BERGMAN NO CC ALEXANDRINO MOREIRA DIA 14/05/12


"FACE A FACE"
Original:Ansikte mot Ansikte-Suécia,1976
Direção e roteiro de Ingmar Bergman
Fotografia de Sven Nykvist
Elenco: Liv Ullman,Erland Josephson,Aino Taube.
Argumento: Um casal de psiquiatra trabalha intensamente até que a mulher,Jenny, comece a ter visões de seu passado, envolvendo-se em um trauma da infância que havia superado.
Importância Histórica : O filme encerra uma fase da filmografia de Bergman em que se estuda a psicologia de suas personagens, especialmente de heroínas (“Gritos e Sussurros”, “Persona”,”Paixão de Ana”). Ganhou Globo de Ouro para filme estrangeiro, foi candidato a 2 Oscar (incluindo filme estrangeiro) e os críticos da época viram uma exposição explicita de uma patologia o que valeu um esforço extraordinário de Liv Ullman. O filme será exibido como uma homenagem ao ator Erland Josephson, parceiro de Bergman em vários filmes, que faleceu recentemente.

SESSÃO ACCPA/IAP
CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA (AUDITÓRIO DO IAP)
"FACE A FACE"
SEGUNDA-FEIRA DIA 14/05/12
HORÁRIO : 19H
ENTRADA FRANCA
 APÓS O FILME, DEBATE ENTRE CRÍTICOS DA ACCPA E O PÚBLICO PRESENTE
APOIO : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DE CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

"ENIGMA DE UMA VIDA" NA SESSÃO CULT DIA 12/05/12

"ENIGMA DE UMA VIDA"
Título Original: The Swimmer- EUA 1968
Direção de Frank Perry
Roteiro de Eleanor Perry de uma historia de John Cheever
Elenco: Burt Lancaster, Janet Landgard, Janice Rule.
Argumento: Um homem resolve ir para casa atravessando as piscinas dos vizinhos que ficam no caminho. Em cada etapa vê e ouve desses vizinhos saudações e reclamos que ele parece não entender. Chegando a seu destino o cenário é desolação.
Importância Histórica : Frank e Eleanor Perry marcaram presença no “cinema novo” norte-americano nos anos 50/60. Frank (1930-1995) fez apenas 21 filmes entre cinema e TV. Foi premiado em Veneza por “David e Lisa”. Eleanor (1914-1981) escreveu 18 roteiros inclusive o premiado “David e Lisa”.Foi casada com Frank entre 1960-1971). Este “The Swimmer” figurou entre os melhores do ano da critica local em seu tempo de estreia. Foi tido como um raro exemplo de cinema introspectivo feito em Hollywood.

SESSÃO ACCPA/CINE LÍBERO LUXARDO
SESSÃO CULT
"ENIGMA DE UMA VIDA"
SÁBADO DIA 12/05/12
HORÁRIO : 16H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO PRESENTE E CRÍTICOS DA ACCPA
APOIO : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

"DRIVE" NO CINE ESTAÇÃO

No dia 13 de maio, o complexo Estação das Docas completa 12 anos de atividades ininterruptas de uma programação dinâmica e voltada para as atividades turísticas e culturais, como gastronomia, moda, teatro, música, cinema e uma série de eventos realizados nos 500 metros de orla fluvial do antigo porto de Belém. Como parte das atividades para celebrar esta data, será exibido “Drive”, de Nicolas Winding Refn, com Ryan Gosling e Carey Mulligan. O filme estreia nesta quinta-feira, 10 de maio, em sessões às 18h e 20h30. A entrada franca acontece no dia 13, para o público que sempre prestigiou o cinemão da Estação das Docas, inaugurado em dezembro de 2002 com o filme “O Poder vai dançar”, de Tim Robbins. Imagens sem fronteiras, pluralidade, diversidade e descoberta de novas poéticas. Estas são algumas das características conceituais que fazem parte da missão cultural do Cine Estação, em funcionamento no Teatro Maria Sylvia Nunes, com capacidade de 426 lugares e ingressos a preços acessíveis para dar continuidade à formação de novas plateias.
O filme O diretor Nicolas Winding Refn (da trilogia ‘Pusher’, ‘Bronson’ e ‘Guerreiro Silencioso’) chega com tudo com o longa de ação ‘Drive’, a partir do roteiro adaptado a partir do romance homônimo de James Sallis. Ryan Gosling estrela como um dublê de motorista para produções cinematográficas em Los Angeles durante o dia e motorista de fuga para assaltantes a noite. Apesar de sua natureza solitária, o motorista acaba se apaixonando por sua bela vizinha Irene (Carey Mulligan), uma mãe jovem e vulnerável, cujo marido e ex-presidiário Standard (Oscar Isaac), sairá da prisão em breve. Após acidentalmente perder o controle de um roubo intencionado a pagar o dinheiro de proteção de Standard, o protagonista acaba tendo de dirigir para salvar a vida da mulher que ama, sendo perseguido por um grupo de criminosos altamente perigosos (Albert Brooks e Ron Perlman). No entanto, quando descobre que os gangsters não querem só a bolsa de dinheiro que está carregando – eles realmente querem Irene e seu filho, ele é obrigado a atacar. O nome do diretor Nicolas Winding Refn figura no circuito cinematográfico desde sua estreia, aos 24 anos, com o violento e polêmico ‘Pusher’, em 1996. Em uma mistura brilhante e sofisticada de humor negro, tragédia e altas doses de ação, ‘Pusher’ não só iniciou um marco no gênero policial – uma franquia regravada pela Vertigo Films – como também mostrou a visão de um dos mais talentosos diretores da Dinamarca desde Lars von Trier. A reputação internacional de Refn vem recebendo elogios da crítica e um culto de seguidores desde o lançamento de ‘Bronson’, uma biografia nada convencional e ácida sobre o famoso criminoso inglês Charlie Bronson, que contou com a atuação de Tom Hardy no papel-título; e ‘Guerreiro Silencioso’ (Valhalla Rising), um épico medieval elevado ao status de arte sacra. Em vista dos feitos anteriores de Refn, Ryan Gosling abordou o diretor sobre uma futura adaptação do instigante romance pulp ‘Drive’, de James Sallis. Refn achou que o romance passado em Los Angeles sobre um dublê de motorista tinha um excelente potencial cinematográfico. Ele se interessou particularmente pela narrativa rápida e econômica de Sallis e pela dose de existencialismo negro, ocultada pelo humor cínico. Refn viu na figura do anônimo protagonista do livro (conhecido apenas como Driver) uma oportunidade de aprofundar seus interesses dramáticos e expandir sua audiência. “O protagonista é uma mistura dos personagens que compus para ‘Bronson’ e ‘Guerreiro Silencioso’. Eles são figuras impressionantes, meio que deuses. Interesso-me muito pelo lado negro do heroísmo, por como a atração e a fidelidade cega a um código que está acima de qualquer pessoa norma,l podem se tornar algo quase psicótico.”, respondeu o diretor por ocasião do lançamento do filme. Embora o sucesso de Ryan Gosling como ator mirim e em ‘Diário de uma Paixão’ o tenha tornado um talento versátil, o ator recusou diversos projetos mais comerciais em favor de papéis com maior carga emocional e técnica. Gosling se mostrou ser um dos atores mais ambiciosos da sua geração. “O personagem me intrigou porque a atuação exigiu um conflito dramático complexo. Por um lado, ele é muito independente e lacônico. Há um senso de economia de movimento na forma como ele vive; há uma economia de palavras na maneira como ele fala. Ele mantém suas cartas na manga e tem reações quase inexpressivas. Isso tudo acaba com o seu caráter, porque esse é o tipo de autocontrole mecânico que ele alcança quando está em estado de fluxo ao dirigir. É meio homem, meio máquina. Por trás de toda essa expressão calma existe uma abundância de energia pronta para explodir”, explica Ryan Gosling. ‘Drive’ é tenso porque a ameaça de violência é constante. Faz uso criativo da insinuação. As três sequências de perseguição foram criadas e editadas de formas diferentes. A primeira é como uma partida de xadrez, um jogo de inteligência que requer calma, e a trilha sonora de Johny Jewel para essa parte vai crescendo aos poucos. A segunda é uma sequência mais direta, pura adrenalina, pois não tem som, exceto pelo ronco dos motores e pelo barulho dos freios; a trilha sonora é mais enfática porque é precedida de um período de antecipação relativamente calmo. A terceira sequência é de caça, um ataque furtivo, e acontece ao som da misteriosa e inquietante ‘Oh My Love’, música que fez parte da trilha sonora do filme ‘Goodbye Uncle Tom’. O conteúdo dramático do filme combina com a precisão formal e estilística da direção de Refn. O design técnico cria justaposições entre as locações escuras e comuns nas quais se passa a história. O brilho hiperreal cria fotografias hipnotizantes, ângulos de câmera, efeitos de luz, cores intensas e artificiais. Estilização plástica enfatizada pela sincronização cuidadosa com a trilha sonora. 

Serviço: Drive (EUA, 2011)
Dirigido por Nicolas Winding Refn
Com Ryan Gosling e Carey Mulligan.
Ação, Suspense. 1h40. 18 anos
Dias  10 (quinta): 18h e 20h30 11 (sexta): 18h e 20h30 12 (sábado): 18h e 20h30 13 (domingo): 10h, 18h e 20h30 (com entrada franca, como parte das comemorações do Aniversário da Estação das Docas) 17 (quinta): 18h e 20h30 18 (sexta): 18h e 20h30 19 (sábado): 18h e 20h30 20 (domingo): 10h, 18h e 20h30 Ingressos: R$ 7,00 (com meia-entrada para estudantes).
Realização: OS Pará 2000, Secretaria de Estado de Cultura – Secult e Governo do Estado.

domingo, 6 de maio de 2012

"BODAS DE SANGUE" NA SESSÃO ACCPA/SESC DIA 09/05/12

"BODAS DE SANGUE"
Direção : Carlos Saura
Ano de Produção : 1981
Elenco : Antonio Gades, Cristina Hoyos Sinopse : A câmera mostra os camarins e o palco onde os dançarinos estão fazendo um ensaio corrido do espetáculo. Na peça, Leonardo (Antonio Gades) está apaixonado por uma jovem ­que está de casamento marcado. O filme se desenrola mostrando a paixão, os obstáculos e o encontro fatal entre os dois rivais que desejam a mesma mulher. "Bodas de Sangue" é o primeiro filme de uma trilogia flamenca que se completa com "Carmen" e "Amor Bruxo".

SESSÃO ACCPA/SESC
"BODAS DE SANGUE"
CINE SESC BOULEVARD (PERTO DA ESTAÇÃO DAS DOCAS)
QUARTA-FEIRA DIA 09/05/2012
HORÁRIO : 19H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA

sábado, 5 de maio de 2012

ALEXANDRINO

Meu amigo Alexandrino Moreira estaria festejando mais um ano de vida no dia 29 deste mês (abril). Deixou o cenário, mas o seu filho Marco Antonio está colocando na pauta do seu cineclube, no IAP, o último filme que o AGM (o G é de Gonçalves) viu: “Rastros do Ódio”de John Ford, Por sinal um dos preferidos do assíduo cinéfilo. Alexandrino fora projecionista na juventude, locutor de rádio falando de cinema, agente de artistas de rádio e teatro (e chanchadas) tudo na sua terra natal Itaúna (MG). Em Belém tornou-se banqueiro. E exibidor de filmes. Criou os cinemas 1,2, 3 e a locadora Cinema 4. Via de tudo, mantendo uma coluna, nomeando as estreias da semana, em “O Liberal”. Foi peça indispensável do Cineclube APCC e fazia parte da associação de críticos votando todos os anos nos melhores filmes & técnicos. Hoje, vendo as estrelas que antes via nas telas, é alvo das lembranças de tantos que o admiraram. Eu o encontrava quase que diariamente no escritório do Cinema 1, conversando sobre o que desse em cinema. Belém parecia mais afável e eu podia circular no meu fusca em dias de semana. Hoje só saio de carro aos sábados e domingos. A cidade não é mais a que conheci desde o berço e muitos amigos já a abandonaram. AGM vivia cinema. Gostava dos filmes de Raoul Walsh, de John Ford, de muito da velha guarda norte-americana afinal o que era servido a nós, espectadores brasileiros, no tempo em que TV era luxo ou ficção cientifica. Quando a coisa extrapolava para um cenário de Ray Bradbury ele dizia que “não será pro meu tempo”. Com razão. Na era digital a gente vê mais do que o telescópio Hubble. Penso no bando de amigos da velha guarda que ainda recusam o computador (como Maiolino Miranda e Acyr Castro). Eu fui o primeiro a aderir à nova tecnologia. Luzia veio depois e hoje me ensina coisas que surgiram e eu não acertei o passo para alcançá-las. Enfim o rastro da lembrança do AGM está sendo projetado. Vai ver que é ele quem surge quando abre a porta e o aposento escuro deixa entrar a luz com a silhueta de John Wayne.A luz da memória, de um tempo, de um prazer que se sentia renovado à cada projeção. Não era rastro de ódio porra nenhuma: era (e é) rastro de amor.(Pedro Veriano)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A CENA DA VIBE

O cinema brasileiro sempre teve um viés musical. Não são poucos os filmes que tem a musica como tema, subtexto ou pano de fundo. Uma das mais novas cenas da vertente musical é a eletrônica, que nasceu na era da tecnologia e ainda está em formatação, a cada nova mudança ou invenção tecnológica, surge um som novo. O cinema brasileiro pensado para o grande público ganha força com a estréia de um drama romântico de temática jovem: o filme “Paraísos Artificiais”, que mergulha na atmosfera das festas eletrônicas e discute a relação juventude e prazer.Para abordar esse universo, o trabalho investe em muitas cenas de sexo, nudez e mostra, sem disfarces, o consumo das drogas sintéticas pela juventude frequentadora de raves. Sem perder o olhar de documentarista, o diretor Morcos Prado (de Estamira) consegue neutralizar o discurso do filme ao tocar em temas atuais e polêmicos, escapando de uma visão moralista ao mesmo tempo em que não faz apologia ao consumo de drogas. Ambientado nos anos 2000 e rodado no Rio de Janeiro, no litoral de Pernambuco, e em Amsterdã, na Holanda, “Paraísos Artificiais” narra a história de amor vivida entre um frequentador de raves, e uma famosa DJ, interpretada por Nathalia Dill. Com uma narrativa não-linear, o filme mostra três momentos da vida dos dois jovens. Eles convivem em um mundo onde as drogas sintéticas podem ser um atalho para o prazer, ao mesmo tempo que precisam encarar seus dramas familiares e aprender a superar os erros e as perdas. São raros os filmes que conseguem ter uma temática jovem sem cair na comedia boba típica dos filmes pra esta faixa etária. A atmosfera sexo, drogas e rock’n roll está presente de maneira muito forte, mas não é só disso que o filme resiste. Corra ! (Ismaelino Pinto)

terça-feira, 1 de maio de 2012

"OS PALHAÇOS" DE FELLINI NA SESSÃO ACCPA/SARAIVA

“OS PALHAÇOS”
Direção : Federico Fellini
Ano de produção : 1970
Sinopse : Fellini re-visita o universo circense mas, aqui, produz um documento sobre a figura mais importante do espetáculo: o palhaço. Encomendado pela televisão italiana, “I Clowns” deixa transparecer pitadas de um estilo barroco e, num ritmo anárquico, mistura memórias do diretor com histórias verídicas sobre os palhaços mais importantes da Europa.

SESSÃO ACCPA/SARAIVA
“OS PALHAÇOS”
LIVRARIA SARAIVA (ESPAÇO BENEDITO NUNES)
QUINTA-FEIRA DIA 03/05/12
HORÁRIO : 19H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA

PRA CHINÊS VER

Como a gente já contou por aqui, "Ribeirinhos do Asfalto" de Jorane Castro foi selecionado para participar da mostra oficial de curtas metragens do Cine Festival Petrobras Brasil-Nova Iorquye.O cinema argentino, ao contrário do Brasil, não faz filmes olhando pro seu umbigo. Faz um cinema transcendental, universal. Com isso, e também por isso, tem recebido prêmios e mais prêmios como o Oscar e outros. Neles podemos até ver um tango ou uma citação que nos remeta imediatamente a terra de Péron, mas é pouco pra uma identificação mais direta com o país. Longe em achar que um cinema vigoroso possa deixar de não ter “uma cara” nacional, não é isto, mas as indicações ficcionais que pode dar a nacionalidade do produto, digamos assim, são universais, ou seja, acontecem em todos os lugares do planeta. Em “Um conto Chinês” a história de Roberto, um veterano da Guerra das Malvinas que vive recluso em sua casa há vinte anos e coleciona manias se junta a um chinês que apareceu quase do nada. Roberto não fala chinês e Jun não fala espanhol. Apesar das diferenças e dificuldades Roberto e Jun descobrirão o real motivo deste encontro inusitado: uma vaca que caiu do céu. O filme que dialoga com o surrealismo, também faz contato com outras nuances da vida real. A incomunicabilidade, a intolerância, o preconceito, a solidão, enfim inúmeros sentimentos ou atitudes que são comuns a todos os homens. Ricardo, Darin, o maior ator argentino da atualidade, mais uma vez imprimi sutileza ao personagem com uma interpretação contida e densa. A direção e roteiro de Sebastian Borensztein nos coloca na trama que com o tom às vezes de comédia de costume, provoca sensações multiplicas em todo o filme. Corra ! (Ismaelino Pinto)

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