quarta-feira, 31 de março de 2010

O Segredo da Caixa

William Friese-Greene, inglês que descobriu o cinema no seu país, ganhou um filme em sua homenagem chamado “A Caixa Mágica”(The Magic Box/ 1951). Realmente o cinema nasceu numa caixa. Tanto o Vitascope de Edison como o Cinematographo dos Lumiére, eram caixas. O Kinetoscopio, então, era não só produzido, mas visto em uma caixa.
O filme “A Caixa”(The Box) evoca esta e outras coisas. Um personagem diz que nós vivemos numa caixa, quando morremos somos colocados dentro de uma caixa, e passamos em seguida para outra caixa. Sabe-se que Pandora trazia a caixa onde estavam os males do mundo. Quando esta caixa abriu, a inveja, a violência, as taras diversas, tudo apareceu. E é numa caixa que se mede, segundo o roteiro do diretor Richard Kelly e do escritor Richard Matheson, o tamanho da ambição do ser humano. No filme vindo das cabeças dos dois roteiristas (Matheson desta vez foi só autor do conto “Bottom Bottom” publicado em 1970 visando a série “Além da Imaginação”), uma caixa é oferecida a um casal “modelo”, ela professora ele funcionário da NASA desejando ser astronauta, com um estranho jogo. Se eles apertarem no botão inserido na parte superior ganharão um milhão de dólares e deixarão que morra uma pessoa desconhecida. Se recusarem , tudo bem, o remetente, chamado Steward, vem buscar o objeto.
Mas a caixa chega no momento em que a jovem professora perde o seguro saúde do filho e o marido é reprovado no exame psicológico para ir ao espaço. Nada mais certo do que a mulher apertar o botão. E se morre uma desconhecida, outras desgraças vão cercar o casal que evoca, desta forma, o “pecado da ambição”.
O filme está cheio de insinuações. Até se vislumbra a vida depois da morte para abrir um espaço menos traumático que não vale a pena ser contado aqui.
Não é à toa que se chama “caixa alta” para os ricos, “caixinha” pra quem angaria dinheiro e “caixa dois”para uma maracutaia tão conhecida de nós, brasileiros. Também não é à toa que as coisas difíceis a gente ache que devam Ir “para a caixa prego”.
A idéia de Matheson se inseria na conquista do espaço e naquele sermão de Klaatu, ou seja, o aviso dos ets de que os humanos precisam primeiro a aprender a viver em paz na Terra antes de se aventurar pelos planetas alheios. Kelly foi além, e dissertou sobre a vingança (do dono da caixa, que também foi funcionário da NASA) , a cobiça(capaz de desestabilizar um lar perfeito) e o papel bíblico da Eva que age na frente de Adão (se a primeira mulher colheu a maçã, a do filme aperta o botão da caixa).
O problema é que todo esse corolário de símbolos, com aspectos semelhantes aos sonhos de David Lynch, não ganha uma linguagem de cinema à altura. Mas se ganhasse é possível que não víssemos o filme. Nada melhor para uma charada cinematográfica do que se contar o desfecho. Afinal,“A Caixa” é uma exceção no panorama dos blockbusters. Mas será que o leitor apertaria o botão se o prêmio fosse uma coleção de filmes. De Godard ?(Pedro Veriano)

sábado, 27 de março de 2010

DOIS FILMES

Dois gêneros cinematográficos chamam a atenção o chamado cinema de autor de Pedro Almodóvar em “Abraços Partidos”, exibido no cinema Centur; e o drama “O Solista”, de Joe Wright, exibido no Cine Estação.
“O Solista”, esnobado no mercadão do Oscar 2010, respeita a métrica clássica do cinema americano, tem a presença de Robert Downey Jr., e o respeito adquirido por Wright nos filmes “Orgulho e Preconceito” e “Desejo e Reparação”, dois dramas pontuados com belos planos longos e o uso certeiro do flash back.
Enquanto o filme de Almodóvar é uma verdadeira declaração de amor ao próprio cinema por meio da metalinguagem, duplicação de personagens e afirmação do princípio de montagem (mesmo às cegas) numa arte necessariamente visual, “O Solista” investe na narrativa clássica no sentido de não deixar nenhuma dúvida quanto ao pacto lúdico (ou da imaginação visual) a ser trabalhado pelo espectador e filme.
As cores de Almodóvar estão na tela com o vermelho dos saltos altos, das roupas femininas, dos tomates com as lágrimas; o laranja da natureza morta que preenche o quadro fílmico. Há também o embaralhar do tempo com ações em 1992, 1994 e 2008.
Em O “Solista” estamos diante de um filme de personagens. O repórter Steve Lopez e esquizofrênico Nathaniel Ayers são solistas, egoístas, individuais e solitários convictos sob a regência de Joe Wright, o que resulta em plano sequência do alto de Los Angeles, gruas impecáveis, com direito a momentos de pura informação visual e sonora, colorida e musical. Filme de narrativa clássica, com música de Beethoven e com momentos de epifania, o que remete ao cinema mais sensorial.
Enquanto “O Solista” e “Abraços Partidos” chegam ao circuito alternativo da cidade (uma força-tarefa, diga-se), o circuito comercial ainda exibe exemplares como Avatar, Alvin & Esquilos e similares, lembrando sempre que o espectador é o maior responsável por idas e não idas a sala escura do cinema, o que acaba se traduzindo em números que nunca mentem, ao contrário da frivolidade desonesta e desinformada.
Cuidado! Há filmes que lotam e não são cinema. Há filmes que não lotam e são puro cinema. Há filmes que lotam e são a afirmação desta arte marcada pela pelo corte e montagem. Maldita e bendita Revolução Industrial.
Por fim, o descaso e o ócio das férias continuam a obstruir a passagem de “Aconteceu em Woodstock”, “A Fita Branca”, entre outros.

Augusto Pacheco

sexta-feira, 26 de março de 2010

"A ILHA DO MEDO" DE SCORSESE

"A ILHA DO MEDO” de Martin Scorsese. Com Leonardo CiCaprio.Uma carreira tão longa e tão boa como do diretor Martin Scorsese (Taxi Driver/Touro Indomável) acaba sempre transformando seus novos filmes num evento. Afinal, poucos tem o estilo e o domínio da linguagem do cinema como Scorsese e mesmo quando ele não está em seus melhores momentos, sabemos que estamos vendo um bom filme. Desta vez, Scorsese muda um pouco de gênero e se volta ao suspense numa adaptação da obra de Dennis Lehane num trabalho enigmático cheio de referências e pistas falsas no roteiro para lentamente conquistar o espectador numa trama inteligente mas cheia de labirintos. Aqui, o agente federal Teddy Daniels (muito bem interpretado por Leonard Di Caprio) vai investigar o desaparecimento de uma prisioneira de um hospital psiquiátrico com a intenção de revelar também as reais intenções do hospital com relação as suas experiências com os pacientes. Mas o que já é aparentemente complicado, se torna mais confuso com Daniels se envolvendo cada vez mais numa rede de informações e alucinações que lhe acompanham, transformando-o lentamente num personagem frágil onde sua sanidade mental começa a ser colocada em dúvida na medida em que ele enfrenta novas situações. “A Ilha do Medo” não é um filme padrão do gênero assim como Scorsese não é um cineasta qualquer. No filme, temos sequências magistrais de direção e roteiro que impressionam mas que na verdade são pistas falsas que procuram deixar o espectador em dúvida sobre o que realmente está acontecendo e principalmente, sobre o que realmente poderá acontecer no final que mais do que enigmático, é revelador e surpreendente. Por mais que alguns tenham percebido no decorrer do filme a real situação do personagem, a questão é que o filme não se prende a isso somente. Contar com inteligência essa história, filmar com maestria essa trama, criar imagens com uma tensão incomum , usar a fotografia e a direção de arte como elementos fundamentais da narrativa do filme, isso sim, é Scorsese. Como ele mesmo declarou, o filme tem várias referências de outros filmes que ele admira e respeita dentro do gênero e isso surge em cada momento do filme de forma avassaladora. Brilhante? Uma obra-prima? Pode ser que “A Ilha do Medo” não chegue a tanto mais o filme é um trabalho de um mestre que sabe como pouco filmar uma história, sendo original ao não, mas sendo fiel ao seu estilo que cada vez mais é rico e influente.
Marco Antonio Moreira

quarta-feira, 24 de março de 2010

"O FANTÁSTICO SR. RAPOSO" NO CINE ESTAÇÃO

Depois que Coraline e o mundo secreto foi solenemente ignorado pela Academia de Artes (?) e Ciências de Hollywood em favor de “Up - nas alturas” no Oscar 2010, eis que o Cine Estação programa para a o final de março outro preterido na festa da indústria na categoria de melhor animação: O Fantástico Sr. Raposo, de Wes Anderson.
O filme, com animação em stop motion propositadamente desacelerada para passar de qualquer semelhança com a velocidade dos pixels de seus similares, esta animação para adultos pede passagem para se filiar no grupo de animações não destinadas necessariamente ao público infantil, como Wall-e, As Bicicletas de Belleville, A Viagem de Chiriro, Calorine, A noiva cadáver, entre outros. Se pensarmos numa proposta mais radical: Planeta Selvagem, o Homem Duplo, e Valsa com Bashi e Fantasia. E se a proposta for anarquista: Wood & Stock – sexo, orégano e rock and roll, Re bordosa e outros trabalhos disponíveis na rede, o que também vale para os radicais.
Filmes com atores em cena, que podem até se valer de uma suposta perspectiva infantil, chamam atenção pela opção narrativa que dá ênfase aos conflitos psicológicos do duro adolescer e o perigoso (e por rico em símbolos) reconhecimento ou não das fronteiras da imaginação. Aqui, o que vale é a imaginação e capacidade de transpor em imagens a narrativa fabular sob o comando do regente, no caso, o diretor e sua equipe (num paralelo com o maestro e a sinfônica) na realização de filmes como História sem fim e Onde vivem os monstros. São filmes que chegam sob a pretensão do mercado total, ratificando que o cinema não pode ser engessado na direção unívoca do puro e mero entretenimento. É sempre bom pensar que os realizadores, produtores, público sempre querem mais que o mesmo para a própria continuidade e sobrevivência do cinema industrial, este dinossauro onipresente que hoje enfrenta o processo inexorável de downloads e provoca novas discussões sobre o direito autoral e o acesso gratuito à produção cultural.
Wes Anderson é um diretor que sabe muito bem do que estamos falando, pois parece não ter pretensões (pode ser que mude) de ser mais um funcionário das grandes produtoras deslumbrado com o avanço tecnicista impregnado de pretensões demagógicas, num enfeitiçamento da técnica pela técnica, espécie de neo-iluminismo de quinta categoria que embota os olhos do cinéfilo. Há necessidade de provocação que vai além da técnica em Os Excêntricos Tenenbaums, assim como as metáforas visuais de A vida marinha de Steve Zissou.
Depois de O Fantástico Sr. Raposo, é bom ficar com os olhos bem abertos para outro lançamento que se vale do imaginário infantil por meio da fabulação ao afirmar o poder do cinema como arte total: Alice, de Tim Burton.

Augusto Pachêco

terça-feira, 23 de março de 2010

"O ENIGMA DE KASPAR HAUSER" NO CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA DIA 29/03/10


"O ENIGMA DE KASPAR HAUSER"
Título Original: Jeder für Sich und Gott Gegen Alle
Alemanha,1974
Diretor:Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog e Jakob Wassermann
Com Bruno S., Walter Ladengast, Brigitte Mira e Willy Semmelrogge.
Argumento: Kaspar Hauser é um jovem que foi trancado a vida inteira num cativeiro, desconhecendo toda a existência exterior. Quando ele é solto nas ruas sem motivo aparente, a sociedade se organiza para ajudar Kaspar, que sequer conseguia falar ou andar, mas este logo acaba se tornando uma atração popular.
Importância Histórica: Baseado em fato real, este filme consagrou definitivamente o diretor alemão Werner Herzog como um dos grandes nomes do cinema novo alemão. Neste filme, Herzog questiona através dos olhos e pureza do personagem Kaspar Hauser, as convenções sociais e o que se chama de normal dentro da estrutura de uma sociedade contraditória que não sabe como reagir ao entrar em contato com um homem inocente, puro, sem cultura e sem regras a seguir. Além da genial direção de Herzog, é destaque do filme Bruno S. , que não era ator profissional e passou toda sua juventude em instituições para doentes mentais e foi visto por Herzog em um documentário para logo em seguida ser convidado para fazer “O Enigma de Kaspar Hauser”, trazendo uma naturalidade na sua interpretação que foi determinante para a construção do personagem. O filme ganhou o grande prêmio especial do júri em Cannes em 1975 e tem como título original, em português, “Cada um por si e Deus Contra Todos”, tirado do filme “Macunaíma” (1969), filme brasileiro de Joaquim Pedro de Andrade.

SESSÃO ACCPA/IAP
"O ENIGMA DE KASPAR HAUSER"
Cine Clube Alexandrino Moreira
Auditório do IAP (ao lado da Basílica de Nazaré)
Segunda-feira Dia 29/03/10
Horário : 19 h
Entrada Franca
*Após o filme, debate entre o público presente e críticos da ACCPA

"VAMPIROS DE ALMAS" NA SESSÃO AVENTURA DIA 28/03/10


"VAMPIROS DE ALMAS"
Original: Invasion of Body Snatchers- EUA, 1956
Direção: Don Siegel
Roteiro de Daniel Mainwaring
Fotografia de Ellsworth Fredericks
Elenco: Kevin McCarthy, Dana Wynter, Larry Gates, Carolyn Jones.
Argumento: O médico chamado Miles acha estranho o comportamento de muitos de seus clientes quando ele volta à clinicar na sua terra natal, Santa Mira, na California.. Um menino chega a dizer que a pessoa que está com ele não é a sua mãe. E Miles observa certa distancia sentimental de alguns conhecidos como alguém que não exibe a menor emoção ao ver um cachorro ser atropelado. Com o tempo descobre que vagens vindas do espaço moldam os corpos dos que estão por perto e de noite os substitui. O mundo estaria sendo lentamente dominado por uma sociedade homogênea, mas sem sensibilidade.
Importância Histórica: Feito em plena “guerra fria” o filme foi visto como uma critica ao comunismo. Contra essa idéia surgiu uma corrente que afirma que o filme primeiramente denuncia o cerceamento de opinião, a ação nefasta de doutrinas como a propagada pelo senador McCarthy que não aceitava qualquer argumento fora das regras estabelecidas pela sociedade tradicional. Curioso até porque não se rende ao “happy end” e outras formas do cinema comercial da época, “Vampiros de Almas” acabou gerando duas refilmagens, todas mais caras e, portanto, sem a simplicidade artesanal de uma “B Picture” como esta que Don Siegel, o patrono do ator/diretor Clint Eastwood, dirigiu para a Allied Artists.
No programa, serão exibidos episódios do seriado “FLASH GORDON NO PLANETA MONGO” (Flash Gordon/1936) com Buster Crabbe

SESSÃO AVENTURA
"VAMPIROS DE ALMAS"
Cine Olympia
Domingo Dia 28/03/10
Horário : 16 h
Entrada Franca

terça-feira, 16 de março de 2010

"O COLECIONADOR" NA SESSÃO CINEMATECA DO CINE OLYMPIA DIA 21/03/10

"O COLECIONADOR"
Original: The Collector –EUA, 1965
Direção de William Wyler
Roteiro de John Fowles (novela original), Stanley Mann e John Kohn com participação de Terry Southern
Fotografia de Robert Krasker e Robert Surtees
Música de Maurice Jarre
Elenco: Terence Stamp, Samantha Eggar, Mona Washbourne, Maurice Dallimore.
Argumento: Freddie caça borboletas. Ele acha na linda estudante Miranda, um exemplar para a sua coleção. Seqüestra a jovem e procura dar-lhe certo conforto embora não a deixe se comunicar com o exterior de um pequeno aposento. Ela seria a espécie mais rara que conseguiu capturar.
Importância Histórica : O filme ganhou prêmios no Festival de Cannes inclusive para os dois intérpretes estreantes. A crítica mundial viu como um desafio do veterano Wyler em seguir a linha do cinema novo mundial. Foi o seu último grande trabalho. Wyler conseguiu reproduzir o cenário claustrofóbico do original de John Fowles com uma criativa fotografia de dois mestres da especialidade. Ainda hoje o filme impressiona como se constata em novas apreciações publicadas em sites específicos.

SESSÃO CINEMATECA
"O COLECIONADOR"
Cine Olympia
Dia 21/03/10
Horário: 16 h
Entrada Franca
Programação : ACCPA

"OSCAR" 2010

O que escrever sobre o “Oscar” 2010? Premiações justas se confundem com premiações erradas e de repente, todo ano, é a mesma coisa, a mesma crítica . Este ano, surpresa foi ver Sandra Bullock ganhando o “Oscar” concorrendo com atrizes de alto nível como Meryl Streep e Helen Mirren. Bullock é uma atriz limitada e sempre se repete. Ela sempre interpreta Sandra Bullock em seus filmes. Mas ganhou por “Um Sonho Possível”. Outro prêmio surpresa foi para “O Segredo dos seus Olhos”, “Oscar” de melhor filme estrangeiro. Filme argentino, filmes sul-americanos, quase nunca são lembrados. Acredito que o filme seja interessante mais “A Fita Branca” é excelente e era o favorito. Já “Guerra ao Terror” ganhar o “Oscar” de melhor filme e mais 5 prêmios, não foi surpresa. Afinal , é um filme politicamente correto que enxerga a guerra no Iraque de forma limitada, parcial e reticente, mas que acaba levantando o espírito de luta de quem está lá para “salvar” o mundo do terror : os soldados americanos. Mas afinal, qual terror? Uma guerra não pode ser filmada levando em conta somente um lado. Que o diga o excelente documentário “Corações e Mentes” de Peter Davis.
“Avatar” ser premiado em 3 categorias foi normal. O maior prêmio que o filme teve foi sua bilheteria mundial . Agora, por favor, é cada coisa que a gente lê e ouve. Quando se fala de prêmios do “Oscar”, estamos falando dos filmes, mas uma parte da imprensa ficou insistindo na “guerra” entre ex-marido e ex-mulher, James Cameron e Kathryn Gigelow, colocando que ela ao ganhar os melhores prêmios se vingou dele, etc. e etc. Coisas caseiras, bobas se propagaram pela internet sobre isso mas comparar os filmes que ambos dirigiram, foi raro. Que bobagem, que perda de tempo. De repente, cinema ficou como a televisão com suas fofocas semanais provocando mais atenção que o trabalho de quem realiza.
Voltando ao prêmio: “Up – Altas Aventuras” ganhar o “Oscar” de melhor animação e trilha sonora foi memorável. “Up” é um grande filme e tem uma bela trilha sonora. “Preciosa” acabou levando apenas dois prêmios: melhor atriz coadjuvante (Mo´nique) e melhor roteiro adaptado. Foi pouco para a qualidade do filme mais o suficiente para chamar a atenção do grande público para este trabalho.“The Cove” como melhor documentário foi um prêmio oportuno. É um bom filme que denuncia a matança de golfinhos no Japão de forma inteligente e refelxia. O ator Jeff Bridges finalmente levou o “Oscar” de melhor ator. Não vi o filme “Crazy Heart” mais na pior das hipóteses é um prêmio pelo conjunto de sua obra como ator. Christopher Waltz ganhando o prêmio de melhor ator coadjuvante é premiar indiretamente Quentin Tarantino por “Bastardos Inglórios”, filme que dificilmente ganharia algo de maior importância numa noite onde o politicamente correto era necessário e “Bastardos Inglórios” não é um filme politicamente correto, felizmente.
A cerimônia como sempre foi longa, mas não desagradável. Steve Martin e Alec Baldwin estavam bem, sem exageros, mas “amarrados” demais, sem inspiração para criar alguma coisa inteligente fora do roteiro que lhes deram. A homenagem aos artistas falecidos ano passado foi um dos melhores momentos com uma bela montagem ao som de James Taylor cantando ao vivo o clássico “In My Life” dos Beatles de forma emocionante. De qualquer maneira, o “Oscar” 2010 mostrou o que queria. Premiar um filme americano politicamente correto e lembrar a qualidade de filmes como “Up” e “Preciosa”. O que mais podemos querer? Talvez o Festival de Cannes poderá responder essa pergunta até o “Oscar” 2011 que certamente, nos trará o mais do mesmo.

Marco Antonio Moreira

quarta-feira, 10 de março de 2010

"O FIM DO MUNDO" NA SESSÃO AVENTURA DIA 14/03/10

"O FIM DO MUNDO"
Original: When Worlds Collide=EUA,1951.
Direção : Rudolph Mate
Produção de George Pal.
Roteiro de Sydney Boehm bas, no livro de Edwin Belmer e no de Phil Wylie.
Fotografia de W.Howard Green e John Seitz
Música de Leith Stevens
Elenco: Richard Derr, Bárbara Rush, Peter Hansen,John Hoyt.
Argumento: Cientistas percebem que uma estrela deslocou-se de sua órbita e dirige-se no caminho da Terra seguida de um planeta de sua orbita. O aviso, com um ano de antecedência, não é levado a sério.Só um gangster paraplégico resolve pagar a construção de uma nave espacial que voaria para o planeta quando este se estabilizasse em órbita depois da estrela se chocar com o nosso mundo. Com as proximidades da tragédia muitas pessoas procuram um modo de sobreviver e faz-se um sorteio para embarque na espécie de Arca de Noé.
Importância Histórica: O filme ganhou o "Oscar" de efeitos visuais. Na época inovava com as miniaturas e edição que fazia seqüências de desastres hoje moldadas em computador.O apelo bíblico é básico e a fuga para um novo mundo surge como um desejo de Deus.O diretor, Rudy Mathé, é o fotografo do clássico “A Paixão de Joana D’Arc” de Dreyer e o produtor George Pal foi quem deu impulso a “science-fiction” e fantasia depois da 2ª.Guerra Mundial. Dele, clássicos como “Destino à Lua”(1949), a primeira versão de “A Guerra dos Mundos”(1954), idem a de “A Máquina do Tempo”(1960).Atualmente está se fazendo uma nova versão do filme.
No programa: FLASH GORDON NO PLANETA MONGO (Flash Gordon/1936) com Buster Crabbe. Episódios 2 e 3.

SESSÃO AVENTURA
"O FIM DO MUNDO"
Cine Olympia
Domingo dia 14/03/10
Horário : 16 h
Entrada Franca
Programação : ACCPA

terça-feira, 2 de março de 2010

"PAISAGEM NA NEBLINA" NO CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA DIA 22/03/10

"PAISAGEM NA NEBLINA"
Título Original: Topio Stin Omichli, Grécia-1988
Diretor:Theo Angelopoulos
Roteiro:Theo Angelopoulos, Tonino Guerra, Thanassis Valtinos
Música: Eleni Karaindrou
Com Tania Palaiologou e Michalis Zeke.
Resumo do Argumento: Duas crianças, uma menina de 11 anos e um menino de cinco, decidem fugir de casa. Deixando a mãe para trás, sem dinheiro ou referência, saem de Atenas em busca do pai, que emigrou para a Alemanha. Os dois não sabem que esse pai na realidade não existe, e que nem mesmo são filhos do mesmo homem. Assim, sua jornada torna-se uma entrada perigosa e dramática no mundo adulto. Prêmio da Crítica na 15ª Mostra de Cinema de SP.
Importância Histórica: “Paisagem na Neblina” é um dos maiores filmes do cineasta grego Theo Angelopoulos, que tem na sua filmografia trabalhos importantes como “Um Olhar a Cada Dia”(1995) e “A Eternidade e um Dia”(1998). Com um cinema reflexivo, com longos planos-sequência mostrando o estado emocional de seus personagens, Angelopoulos mostra nos seus filmes dramas humanos da busca do homem pela sua razão de ser, entrando em conflito com suas ideologias, seus sonhos e desejos que vão se transformando na medida que o seu olhar sobre o mundo vai ficando mais revelador e desconcertante. Póetico, sensível e humano, Angelopoulos é um dos maiores diretores do cinema atual.

SESSÃO ACCPA/IAP
"PAISAGEM NA NEBLINA"
Cineclube Alexandrino Moreira
(Auditório do IAP - Ao Lado da Basílica de Nazaré)
Segunda-feira Dia 22/03/10
Horário: 19 h
Entrada Franca
Após o filme, debate entre os críticos da ACCPA e o público presente
PROGRAMAÇÃO : ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará)

Próximo Programa:
“O ENIGMA DE KASPAR HAUSER” de Werner Herzog – Dia 29/03

"O TÚMULO DOS VAGALUMES" NA SESSÃO CINEMATECA DIA 07/03/10

"O TUMULO DOS VAGALUMES"
Original: Hotaru no Haka- Japão 1988
Genêro:Animação
Direção de Isao Takahata
Roteiro de Akyuki Nosaka e Isao Takahata
Vozes de Tsutomu Tatsumi(Seita), Ayano Shirashi(Setsuko),Yoshiko Shinohara(Mãe)
Resumo do argumento: No Japão durante a 2ª,Guerra Mundial um menino de 12 anos e sua irmã de 6 vivem com a mãe em uma casa modesta enquanto o pai está participando do conflito. Quando sabem que vai acontecer um grande bombardeio aliado a mãe se dirige a um abrigo e pede aos filhos que a sigam. A menina reluta e quando ela e o irmão chegam ao abrigo deparam com destruição. A mãe morre e eles ficam também sem casa, destruída pelas bombas. Passam a viver em coberturas improvisadas e a sofrer as maiores necessidades. As coisas ganham um clima ainda mais dramático quando a pequena Ayano, a menina de 6 anos, adoece e morre. O próprio irmão produz o funeral (cremação), e segue pelos escombros sabendo que o seu destino não é alvissareiro.
Importância Histórica : O filme é considerado não apenas uma das melhores animações japonesas como um dos mais dramáticos “filmes de guerra”. Três vezes premiado, elogiado pela unanimidade dos críticos americanos, reflete o drama do Japão antes de Hiroshima, focalizando as pessoas humildes e em especial as crianças. É uma obra comovente que por problemas de distribuição não chegou aos cinemas brasileiros.

SESSÃO CINEMATECA
"O TÚMULO DOS VAGALUMES"
Cine Olympia
Domingo Dia 07/03/10
Horário : 16 h
Entrada Franca
Programação : ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará)

PROGRAMAÇÃO "VIVA GLAUBER" NO CINECLUBE PEDRO VERIANO

PROGRAMAÇÃO "VIVA GLAUBER"
Durante o mês de março, o cinema brasileiro comemora a data de nascimento do seu principal expoente: Glauber Rocha. Se estivesse vivo, o cineasta completaria 71 anos no próximo dia 14. Para saudar a figura de Glauber Rocha e com o objetivo de reforçar a relevância histórica e cultural da produção glauberiana para o cinema brasileiro e mundial que a Fundação Curro Velho preparou a programação “VIVA GLAUBER”. A cada terça-feira do mês será exibido um filme e fechando o ciclo, o documentário de Silvio Tendler chamado “Glauber- O Filme – Labirinto do Brasil”. No dia 2, será exibido o filme “Terra em Transe” (1967). Foi com esta produção que Glauber se tornou reconhecido, conquistando o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes, o Prêmio Luis Buñuel na Espanha e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano, no Rio de Janeiro. O escritor Waly Salomão define os filmes “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), “Terra em Transe” (1967) e “Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1969), todos de Glauber Rocha, como sendo a base moderna do cinema brasileiro em termos de estética, linguagem e conteúdo. Esta trilogia é uma crítica social feroz aliada à forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo importado dos Estados Unidos da América. Essa pretensão era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente artística nacional liderada principalmente por Rocha e influenciada pelo movimento francês Nouvelle Vague.
PROGRAMAÇÃO – Os filmes serão exibidos na programação do Cine Clube Pedro Veriano, na Casa da Linguagem. Antes da sessão de cinema os longas serão apresentados por pessoas ligadas à produção cinematográfica paraense.O cineclube Pedro Veriano tem a função de fomentar a cultura da sétima arte no Pará. Por isso, desde outubro do ano passado, quando foi criado, apresenta curtas, longas, documentários e todos os tipos de produção cinematográfica local, nacional e mundial, gratuitamente.Pedro Veriano é um dos primeiros cineclubistas do Pará, em atividade constante desde a década de 1950, com uma vida dedicada à difusão, à pesquisa e ao ensino da sétima arte. Ele continua na ativa até hoje, como presidente-fundador da Associação de Críticos Cinematográficos do Pará (ACCPA).
FILMES :
TERRA EM TRANSE (1967).
Apresentação: Luiz Arnaldo Campos. Na fictícia República de Eldorado, Paulo Martins é um jornalista, idealista e poeta ligado ao político conservador em ascensão e tecnocrata Porfírio Diaz e sua amante meretriz Silvia, com quem também mantêm um caso fomando um triângulo amoroso. Quando Porfírio se elege senador, Paulo se afasta e vai para a província de Alecrim, onde conhece a ativista Sara. Juntos eles resolvem apoiar o vereador populista Felipe Vieira para governador na tentativa de lançarem um novo líder político, supostamente progressista, que guie a mudança da situação de miséria e injustiça que assola o país. Ao ganhar a eleição, Vieira se mostra fraco e controlado pelas forças econômicas locais que o financiaram e não faz nada para mudar a situação social, o que leva Paulo, desiludido, a abandonar Sara e retornar à capital e voltar a se encontrar com Sílvia. Se aproxima de JúlioFuentes, o maior empresário do país, e lhe conta que o presidente Fernandez tem o apoio econômico de uma poderosa multinacional que quer assumir o controle do capital nacional. Quando Diaz disputa a Presidência com o apoio de Fernandez, o empresário cede um canal de televisão para Paulo que o usa para atacar o candidato. Vieira e Paulo se unem novamente na campanha da presidência até que Fuentes trai ambos e faz um acordo com Diaz. Paulo quer partir para a luta armada, mas Vieira desiste. No elenco estão nomes como Paulo Autran, Paulo Gracindo, Francisco Milani e Hugo Carvana. A direção de fotografia é de Luis Carlos Barreto e Dib Lufti; música de Sérgio Ricardo; e a montagem de Eduardo Escorel. Luís Carlos Barreto, Cacá Diegues, Carlos Diegues e Raimundo Wanderley, juntos a Glauber Rocha, foram os produtores associados no filme. A exibição será no dia 02.
DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964). Apresentação: Januário Guedes e Célia Maracajá. O Sertanejo Manoel e sua mulher Rosa levam uma vida sofrida no interior do país, uma terra desolada e marcada pela seca. No entanto, Manoel tem um plano: usar o lucro obtido na partilha do gado com o coronel para comprar um pedaço de terra. Quando leva o gado para a cidade, alguns animais morrem no percurso. Chegado o momento da partilha, o coronel diz que não vai dar nada ao sertanejo, porque o gado que morreu era dele, ao passo que o que chegou vivo era seu. Manoel se irrita, mata o coronel e foge para casa. Ele e sua esposa resolvem ir embora, deixando tudo para trás.Manoel decide juntar-se a um grupo religioso liderado por um santo (Sebastião) que lutava contra os grandes latifundiários e em busca do paraíso após a morte. Os latifundiários decidem contratar Antônio das Mortes para perseguir e matar o grupo. O elenco é formado por Geraldo Del Rey ,Yoná Magalhães, Maurício do Valle e outros. Este filme será apresentado no dia 09.
DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO (1969). Apresentação: Rogério Parreira. Antônio das Mortes é contratado para matar um novo líder cangaceiro que surge no interior do Brasil. Ele realiza sua missão, ao mesmo tempo que entra em confronto com jagunços e um velho coronel que domina a região. Apesar da história simples, o diretor Glauber Rocha a conta de uma forma alegórica, misturando Literatura de cordel e ópera, priorizando a música e os ritos folclóricos próprios da população (Região Nordeste do Brasil).Glauber envolve a narrativa dentro do olhar metalinguistico comum ao cinema novo. A câmera arrastada e a música vibrante nordestina dão quase uma impressão de continuação a Deus e o Diabo. Por muitos é considerado a obra prima do “mestre Glauber”, que mistura o ritual antropofágico do nordeste, sua 'seita' e seu folclore ao encontro apoteótico com uma forma diferente de se fazer cinema, seguindo os parâmetros docinema novo, já passada a fase experimental da primeira leva de filmes. Desta produção participam Maurício do Valle, Odete Lara, Othon Bastos, Hugo Carvana e outros. Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro deu a Glauber Rocha o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes. Este será o terceiro filme a ser exibido pelo cineclube Pedro Veriano e a sessão será no dia 16.
GLAUBER, O FILME - LABIRINTO DO BRASIL (2004). Apresentação: Augusto Pacheco. Em mais de uma hora e meia este documentário retrata a vida e a morte de Glauber Rocha, o polêmico cineasta baiano que revolucionou o cinema, promovendo uma radical revisão na cultura brasileira. Imagens do enterro, depoimentos recentes de quem acompanhou sua trajetória, seus pensamentos e idéias explodem na tela num filme-tributo à memória de um artista que idealizava um cinema independente e libertário. A direção é de Sílvio Tendler. O documentário encerra a programação “Viva Glauber” do Cineclube Pedro Veriano no dia 23.

Serviço:
Programação “Viva Glauber”.
Exibição dos filmes “Terra Em Transe (1967)”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), “Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969) e “Glauber, O Filme - Labirinto do Brasil”. Toda terça-feira de março, a partir do dia 2, às 18h na Casa da Linguagem (Av. Nazaré, 31).
Entrada Franca

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