quarta-feira, 29 de junho de 2016

Cineclube da ACCPA apresenta:

A ÚLTIMA ESPERANÇA DA TERRA. Com Charlton Heston.


A calmaria deste mundo desolado permite ao cientista alguns momentos quase surreais, como andar sem destino com seu Cadillac vermelho por avenidas totalmente vazias ou, só porque furou um pneu, trocar seu “modesto” automóvel por um clássico Mustang azul conversível.

Contudo,Neville é atormentado pelo silêncio absoluto, pela solidão e pela loucura iminente. Ao cair da noite, o cientista passa de caçador a caça, quando religiosamente é perseguido pela “Família” – o nome do grupo de mutantes é uma alusão bizarra ao caso Charles Manson (o filme foi lançado poucos meses após o julgamento de Manson e seus seguidores, que se autodenominavam “A Família”). Leia mais em http://bocadoinferno.com.br/…/a-ultima-esperanca-sobre-a-t…/

No Cineclube da Casa da Linguagem (Assis de Vasconcelos com Av. Nazaré). Dia 30 de junho, às 6 da tarde. Entrada franca. Debate após a exibição. Parceria com a Academia Paraense de Ciências.

segunda-feira, 20 de junho de 2016


O automóvel, interrompido em seus fluxos, em seu deslocamento, equipara-se ao tempo da casa. Quando o transporte do modelo para a exposição supera os problemas mecânicos, depara-se com os congestionamentos ou sofre colisões. 

Dessa maneira, o personagem Hulot faz parte, ainda que de forma um tanto quanto distanciada, da falência do projeto moderno: a máquina que conduz o homem, como metáfora do progresso, é impedida de prosseguir. Talvez a cena mais memorável do filme seja o momento em que, no cruzamento entre vias por onde passa o caminhão da Altra, ocorre um grande engavetamento. Leia mais em


Cineclube da ACCPA apresenta: TRAFIC, de Jacques Tati 
Cineclube Alexandrino Moreira – Casa das Artes. Nesta segunda, às 7 da noite. Entrada franca. Debate após a exibição
Trailer https://www.youtube.com/watch?v=-S2hRXV41S0

domingo, 5 de junho de 2016

CIRCUITO CINECLUBISTA COM A OBRA DE JACQUES TATI



O Cineclube da ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará) programou dois filmes do cineasta Jacques Tati(1907-1982) em Junho. Tati é um dos grandes diretores do cinema. Sua carreira de cineasta começou em 1947 com "Jour de Fête" que lhe rendeu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, na Itália e o Grande Prêmio do Cinema Francês em 1950."As Férias de Mr. Hulot", lançado em 1953 é um de seus melhores filmes e foi seu maior sucesso de público. 
Com “Meu Tio”(1957), Tati conquistou definitivamente o cinemaníaco pelo seu talento e criatividade. 
Apesar de seus sucessos, Tati ficou muitos anos sem filmar. Quando retornou com "Playtime", uma superprodução que lhe rendeu grande prejuízo, ficou em dificuldades financeiras que dificultaram novas produções. Em 1970 ele tentou se recuperar com "Trafic", mas apesar do relativo sucesso de público, ele anunciou o encerramento de sua produtora e promoveu um leilão dos negativos das suas obras. 
Jacques Tati morreu vítima de uma embolia pulmonar semanas após completar 75 anos em 1982. Em sua homenagem, “Playtime – Tempo de Diversão”(1967) e “Traffic”(1971) serão exibidos no cineclube Alexandrino Moreira nos dias 06 e 20/06 às 19 h com entrada franca e debates após a exibição. Confira! (Marco Antonio Moreira)

JODIA FOSTER POR TRÁS DAS CÂMERAS



Vivendo as experiências do cinema e de séries de tevê desde os anos 1960, Jodie Foster tem, em sua cinebiografia, atividades de atriz, de produtora, roteirista e diretora, sendo que em alguns desses trabalhos ganhou prêmios entre os quais dois Oscar – por “Acusados (1988) e “O Silêncio dos Inocentes (1991).
Como diretora comparece com quatro títulos, estreando em “Mentes que Brilham” (Little Man Tate, EUA, 1991), seguindo-se “Feriados em Família” (Home for the Holidays, EUA, 1995), “Um Novo Despertar” (The Beaver, EUA/Emirados Árabes, 2011) e o atual, “Jogo do Dinheiro”(Money Monster, EUA, 2016), ainda em exibição em Belém.
Apresentado no 69º Festival de Cannes, em maio de 2016, o filme tem um texto interessante em que o suspense e a crítica dialogam no tema que explora: o papel do âncora de um programa de televisão, Lee Gates (George Clooney) tratado como o “mago das finanças” do programa Money Monster cujo conhecimento é visto na perspectiva da certeza do jogo no mercado financeiro, estimulando os/as telespectadores a investirem nesta ou naquela empresa que ele aponta como segura. Sua auxiliar é a diretora de TV e produtora do programa, Patty Fenn (Julia Roberts) cujas atitudes decisivas repercutem nas posições do âncora frente às câmeras. Principalmente num momento trágico com a entrada em cena de umoutsider, Kyle Budwell (Jack O’Connell), que de arma em punho obriga o apresentador a vestir dois coletes com explosivos exigindo saber as artimanhas desse mercado que explodiu como uma bolha levando 800 milhões de dólares dos investidores e onde se achavam as economias do jovem. A justificativa do mercado é uma suposta falha dos computadores da tal empresacomandada por Walt Camby (Dominic West). Embora a emissora queira recolher-se para tratar do caso entre bastidores, o outsider precisa que a sua ferida seja escancarada e venha à tona a verdade sobre os responsáveis pela crise que submete milhares de pessoas. E prosseguem as cenas entre o sequestro do âncora, as buscas para chegar à verdade do fato através da explicação da empresa até o ato final da descoberta do real responsável pela crise.
Como se vê, há eixos importantes que Jodie Foster explora com a lógica da tensão de um filme de suspense. O primeiro, pode-se avaliar através da representação de uma mídia que hoje é vista como dominante na rede de intrigas das informações dadas em tempo real e disseminando o que quer e como quer em notícias que deixaram de ser simples entretenimento e passaram a subordinar o cenário jornalístico. A busca de novos espectadores e a necessidade de aumentar a atenção de outros, projeta os programas que tendem a garantir a audiência das classes sociais mais altas. A tendência, também é, principalmente, não deixar fugir os financiadores dos programas, ou seja, manter a submissão a estes a qualquer preço.
Outro eixo se observa no poder do apresentador de um programa. Seus tiques, entonações e captura de outras estratégias para garantir a audiência se objetificam, mas o centro motor da informação – no caso do filme – é tratado de forma omissa, pois, a notícia que é dada por Lee/Clooney em meio aos malabarismos cenarizados sobre a supressão da empresa do mercado de capitais que viabilizaria o processo de capitalização e que deixou na mão os investidores é repassada somente com a informação de que o CEO - Chief Executive Officer – estava viajando e os funcionários não tinham outro informe salvo a ocorrência de um transtorno nos algoritmos do processo de ampliação do capital. Nesse caso, qual a responsabilidade de quem dá uma notícia sendo esta uma meia-notícia? A informação devida ao público e em especial ao investidor que confiou nas certezas do apresentador torna-se um anexo e não é tomada com a responsabilidade devida pelo jornalista. Essa inversão de valores de certo jornalismo é confirmado por uma conversa da personagem de Julia Roberts quando diz aos seus auxiliares (considerando a situação do programa que se desenrola ao vivo): "faz tempo que não fazemos jornalismo".
Outro eixo é o formato da narrativa. O roteiro de Jamie Linden, Alan DiFiore e Jim Kouf constrói um cenário de ações bruscas, diálogos recortados entre os três personagens centrais e os que são, aos poucos, escalados para sintonizar na situação extrema do enredo. Os funcionários da empresa de tecnologia que misteriosamente entra em colapso, os operadores de imagens e áudio da tevê, as estratégias para entender o clima dooutsider na família, o uso de hakers para chegar à tecnologia que motivou o colapso, tornam “O Jogo do Dinheiro” um desenho mais forte do que se propõe no enredo. Não se trata apenas de construir o suspense mas aproveitar toda a ação para fortalecer a crítica. Se o mundo dos bastidores revela a superficialidade a denúncia às corporações de capitais que enganam o público explorando o mundo real evidencia a ganância em que estas vivem. E não só no mercado de ações, mas na mídia que não se interessa em enfrentar o caso que noticia.
Usando a estratégia narrativa de um programa de tevê, até o final, exibe os pontos abertos pelo roteiro deste a primeira sequência estabelecendo, através do diálogo – telespectadores que são capturados assistindo ao programa, o cenário & personagens da ação e os novos ambientes introduzidos para levar ao eixo final – o vínculo entre o que era visto como real e o desmoronamento deste pela pressão do outsider.
“O Jogo do Dinheiro” pode não ser um filme perfeito, mas constrói sua parte crítica explorando o entretenimento o que já lhe dá uma qualidade exemplar de ser inteligente.
Palmas para Jodie Foster. Valeu! 
(Luzia Álvares)


Programação Cineclube da ACCPA - Junho/2016

Programação Cineclube da ACCPA - Junho/2016

Cineclube Alexandrino Moreira - 19 h*
"O Cinema de Jacques Tati"
Dia 06/06 - Playtime - Tempo de Diversão (1967)
Dia 20/06 - Traffic (1971)


Cine Líbero Luxardo - Sessão Cult - 14:30 h*

Dia 04/06 - Rocco e seus Irmãos (1960) (Luchino Visconti)




Cine FIBRA - 19 h
Dia 25/06 - Os Inocentes (1961) (Jack Clayton)



Casa da Linguagem - 18 h*
Dia 30/06 - A Última Esperança da Terra (com Charlton Heston) 



Entrada franca
*Programação sujeita a alterações

quarta-feira, 1 de junho de 2016

CINEMA EUROPEU



A mostra de filmes europeus é uma dadiva ao espectador local que deseja fugir do esquema de filme-diversão das salas dos shoppings onde se qualifica o cinema como espetáculo de feira com mercadoria destinada a menores mentais.
                “Ocidente”(Westen), representante da Alemanha, é um raro exemplo de se mostrar como a Berlim Ocidental, do tempo em que a capital alemã estava dividida, não era o paraíso apregoado  em  tantos filmes de Hollywood. Em 1978 a cientista com doutorado em Química, Nelly Seniff(a ótima Jördis Tribel), deixa a Berlim Oriental acompanhada do filho quando o companheiro é dado como morto em outra cidade. Ela pensa que seu titulo escolar e sua neutralidade politica podem gerar um bom emprego na praça capitalista. Mas é um engano e o drama que sofre realça um quadro que a mídia, especialmente a americana propagou de forma diversa. Direção de Christian Schwochow detentor de 12 prêmios internacionais com base em um livro de Julia Franck, autora de um documentário biográfico.
                “Alabama Monroe” foi candidato a Oscar de filme estrangeiro(é belga). A origem é teatral mas a direção de Feliz Van Groeninger dá uma dinâmica cinematográfica no drama de um casal, ele musico especializado em canções “county”,que luta pela filha doente.
                “O Idealista”(Idealisten) é dinamarquês. Longe da linguagem de um Lars Von Trier trata em tom documental a investigação de um repórter sobre a queda de um avião americano na fronteira com a Groenlândia portando uma bomba de hidrogênio. Informações escassas tentam esconder um desastre ecológico ainda palpável. Dinâmica direção de Christina Rosendahl.
                “O Limpador”(Cistic),  da Eslováquia, focaliza um jovem faxineiro que se diverte como “voyeur” e nisso encontra o amor em uma jovem maltratada pelo amante. O romance foge da linha melodramática e tem um final atípico. Direção de Peter Bebick.
                “Feliz Para Morrer”(Srecen za Umret) é da Eslovênia e me pareceu o mais sensível dos filmes da mostra. Colocado pelo filho num asilo, um homem de 76 anos, depois de perder a mulher e a casa, compra uma sepultura e só pensa em se preparar para o fim. Mas ao frequentar aulas de informática encontra uma viúva que lhe dá um alento apesar de seu gênio difícil. O final pode parecer enigmático mas o filme sempre procura ser original dentro de um tema gasto pelo uso. Direção de Matevz Luzar.
                “As Ovelhas Não Perdem  Trem”(Las Ovejas no pierden el tren) é da Espanha  e tem um toque “buñueliano”nas pitadas surrealistas de um grupo de quarentões que tenta se acomodar na moda atual. Direção de Alvaro Fernandez Almero.
                “Hope”, filme francês do argelino Boris Lojkin trata de um argelino que foge de sua terra levando consigo uma nigeriana em péssima situação(inclusive alvo de estrupo). O objetivo é chega a Paris mas as dificuldades de seguirem juntos é bem caracterizada nos planos amplos do deserto por onde caminha. Impressionante.
                “Aglaja” da Hungria acompanha uma menina filha de gente de circo: um palhaço e uma equilibrista. A juventude da personagem se faz num ambiente dramático onde os pais se separam e a mãe ganha um emprego simbólico para seu estado de vida: seguir pendurada pelos cabelos à grande altura. Direção de Kriszalina Deck. Tudo funciona gerando emoções.
                “Boas Vibrações”(Good Vibrations), da Irlanda, é a luta do dono de uma loja que vende discos na Belfast dos anos 70 quando estava acirrada a luta entre católicos e protestantes e ainda o sentimento de revolta pela dependência inglesa. Ele atende a uma banda de jovens apostando no rap em uma plateia que pague seus custos. O ideal sempre é maior. Direção de Lisa Barros D’as e Glenn Leyburn.
                “Só o Melhor para os Nossos Filhos”(Haf Beste Voor Kees), da Holanda, centra-se num menino autista, depois um homem preocupado com os pais idosos que sempre o tratam. Um docudrama muito bem realizado por Monique Nolte.
                “Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul de Bordéus” representa Portugal e trata do que foi uma espécie de Schindler luso: um embaixador que recusa a ordem de ditador Salazar em recusar a entrada de judeus na Lisboa do tempo da 2ª Guerra Mundial, quando muitos fugiam do nazismo. Mendes arriscou posição e vida ajudando muitos refugiados.Direção de Francisco Manso e João Correa.
                “Uma Separação”(A Separation) é um documentário sueco sobre como um casal desfeito planeja o seu futuro, desde a arrumação da casa. Direção de Karin Ekberg.

                Um ´programa a ser visto por quem realmente gosta de cinema,(Pedro Veriano)

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