terça-feira, 29 de novembro de 2011

'TIO BOONME" NO CINE OLYMPIA É UM DOS MELHORES FILMES DO ANO

"Tio Boonmee que pode recordar suas Vidas Passadas” de Apichatpong Weerasethakul.
É cada vez mais raro ver no cinema de hoje um filme que procura encontrar na narrativa cinematográfica uma magia e um significado mais abrangente e complexo. Às vezes, tenho impressão que para a maioria dos cineastas, o cinema já esgotou todo o seu potencial e o melhor a fazer e se repetir, fazendo mais do mesmo. Mas felizmente, bons filmes ainda estão sendo feitos, os cineastas ainda podem arriscar e o público pode/deve alcançar as novas idéias/intenções/objetivos dos cineastas que arriscam. Por isso, “Tio Boonmee que pode recordar suas vidas Passadas” é tão importante pois resgata esta esperança de que o cinema como arte ainda está apenas começando. Ao mostrar a história do Tio Boonmee (Thanapat Saisaymar), que resolveu passar os últimos dias de sua vida ao lado de seus amigos e parentes recolhido em uma casa perto da floresta,o diretor escolhe o caminho do surreal, do delírio, valorizando a vida e a natureza e ao mesmo tempo questionando seus paradigmas. Tio Boonmee não apenas está morrendo nesta vida que conhecemos, mas consegue ver suas vidas passadas, entrando em contato com seu filho e esposa, já falecidos, que vem lhe ajudar a fazer a passagem deste mundo real para outro mundo, desconhecido.
Neste contato com sua família, a relação com sua história de vidas passadas, a morte à sua frente, a natureza mostrando o seu equilibro, Tio Boonmee delira e pacientemente aceita este caminho de vida/morte/real/imaginário que agora vive. O diretor reforça esta passagem do personagem com longas cenas, mostrando a paz da natureza versus a ansiedade de ser humano como Tio Boonmie. E esta naturalidade que o personagem principal tem de lidar com o que está lhe acontecendo, nos é mostrada sem mêdos. Tudo é natural. Ver o filho de Boonmee aparecendo em outra forma que não humana, é natural. Ver a história de uma princesa que dialoga com um peixe, é natural. Por isso, o olhar do espectador ao ver este filme, não pode ser o mesmo olhar de sempre.
Em “Tio Boonmee” somos forçados a ver o filme, o cinema, com outros olhos, outra interpretação, quebrando nosso paradigma pessoal em relação à sétima arte. Ao procurar entender essa viagem do Tio Boonmie, mudamos e de alguma forma, entendemos mais uma vez a força que o cinema tem de nos impressionar, surpreender. “Tio Boonmie” é isso e muito mais. É um filme sobre a vida e a morte, que valoriza a nossa passagem neste mundo e revela novas visões e siginificados do que é a vida e o que e a morte. É um filme que nos provoca com estas questões e nos pertuba com suas intenções. Os bons filmes são assim. Resta-nos alcançá-los. Basta querer. (Marco Antonio Moreira)

domingo, 27 de novembro de 2011

"ENTRE DEUS E O PECADO" NA SESSÃO CULT DIA 03/12/11




"ENTRE DEUS E O PECADO"
Original:Elmer Granty-EUA, 1960.
Direção e roteiro de Richard Brooks da peça de Sinclair Lewis.
Elenco; Burt Lancaster, Jean Simmons, Arthur Kennedy, Shirley Jones.
Argumento: Um oportunista falastrão encontra um acampamento de uma seita religiosa e se diz pastor, conseguindo com a sua oratória fácil empolgar multidões. Ele assume um romance com a jovem líder da seita, mas o estimulo às demonstrações de fanatismo não dura muito.
Importância Histórica : Sinclair Lewis (1885-1951) um dos grandes nomes da literatura e teatro americanos foi muito adaptado pelo cinema (34 roteiros de suas obras). Este filme dirigido por Richard Brooks(de “À Sangue Frio”) é das mais felizes adaptações de Lewis. Deu o "Oscar" de ator a Burt Lancaster, de atriz a Shirley Jones e de roteiro a Brooks. Também ganhou mais 5 prêmios e 8 candidaturas em mostras internacionais. É um libelo contra o fanatismo religioso e o oportunismo que gera ao deixar que apareçam os exploradores da boa fé do povo. Neste quadro o tipo representado por Lancaster está excelente, marcando a carreira do ator antes ligado aos filmes de aventuras e “gangster”.



SESSÃO ACCPA/CINE LÍBERO LUXARDO
SESSÃO CULT
"ENTRE DEUS E O PECADO"
SABÁDO DIA 03/12/12
HORÁRIO : 16 H
ENTRADA FRANCA
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA
PROGRAMAÇÃO : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

"TIO BOONMEE E OUTRAS VIDAS"


Filmes da estatura de “Tio Boonmee que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” (Lung Boonmee Raluek Chat, 2010) do tailandês Apichatpong Weetasethakul dificilmente chegam ao circuito comercial. Narrativa não concessiva, em que a argumentação e o desfecho não são conclusivos, deixa o/a espectador/a livre para diversas opiniões sobre o que vê. E, da mesma forma, pode ser amado e/ou rejeitado. Amado se for compreendido na sua extrema solicitação à natureza, explora uma trilha de ruídos de pássaros e o som do vento, as luzes aparentemente naturais, a floresta e as cavernas sendo convividas entre os animais e as pessoas, tudo, enfim, significando a unidade da vida física e imaterial do ser humano.
O fio condutor do enredo pode-se dizer que evidencia o cotidiano de um ex-combatente da guerra no Laos amargando ter “morto muitos comunistas”, se vê doente dos rins, num constante tratamento pela hemodiálise, e na expectativa de sua partida para um outro plano da existência. E justamente este plano, além da vida material, que é abordado com substância de uma cultura especifica, virtualmente quebrando os limites da existência terrena e das lendas ancestrais. Reunido com alguns parentes, certo dia, Boonmee vê chegar à mesa de jantar, sua esposa falecida há mais de dez anos e o filho que desaparecera há 9, surgindo como um símio de olhos vermelhos. Recebem estas figuras a cunhada de Boonmee e seu sobrinho, afinal quem cuida da sua enfermidade. Todos se admiram da juventude perene da Huay, a mulher que morrera há muitos anos e que aparece como se mantivesse a idade em que deixou o mundo dos vivos. Na conversa entre eles, ela descreve detalhes de seu sepultamento enquanto todos comentam sem espanto. E o jovem filho transformado em animal, expõe as origens de sua aparência quando por curiosidade capturou, em uma fotografia (ele era fotógrafo profissional), uma figura estranha a qual seguiu os passos e em contato com esse animal, veio a incorporar a estranha metamorfose. Todos conversam e só quem tem queixas é o próprio Boonmee, mesmo assim, construindo uma barraca na mata onde passa algumas horas com a cunhada e onde conta o seu passado.
As personagens decidem explorar uma caverna e é aí que o enfermo vai deixar seu corpo físico. Mas nada é “de graça”. Antes há a intervenção de uma lenda, como um sonho, onde uma princesa é despojada de seus bens e descobre o prazer sexual com uma figura mítica marinha. Na caverna, luzes e sombras atestam o mundo em que a lenda, a espiritualidade e a materialidade se mesclam em harmonia. Tudo o que se vê no filme é apresentado como muito natural, esvaziando a cisma de terror que uma abordagem desse feitio poderia causar em um tipo de cinema.
Formalmente é um projeto audacioso. A narrativa é constituída em sua maior parte de planos abertos e fixos. Só percebi um movimento (manual) de câmera e um plano próximo (não chega a ser um close). Há tomadas em que a câmera permanece no enquadramento enquanto os tipos focalizados saem de sua captação. Também não há travelling, não há efeito especial além de uma tomada inicial de Huay em que ela aparece só com a metade do corpo e depois se vai formando totalmente (ou quando simplesmente desaparece). Até a transformação do jovem em símio é suprimida, Nada que escandalize, que leve o folclore regional a um plano sensacionalista.
Creio que o público deve estranhar no filme sua opção pelo contemplativo, a demora das seqüências, a parcimônia dos cortes. É como um ritual tailandês. Impressionante e realmente novo em cinema exibido em gêneros ou formas.
O que dá substância ao filme é o tom comunicativo entre matéria e espírito traduzido na substância da natureza humana. Em certo momento, Tio Boonmee revela a existência integrada desses mundos, sem que isso leve a pensar numa dimensão religiosa, mas na complentação desses espaços vistos de forma unificada. Nesse aspecto, também, o/a espectador/a vai supor que o cineasta tailandês está tentando passar uma crença doutrinária sobre a concepção espírita, mas, na verdade, se trata de reverência à unicidade do ser humano como manifestação do modo de vida desse povo. Excelente! Imperdível. (Luzia Miranda Álvares)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O LADO "FAKE" DA ARTE SEGUNDO ORSON WELLES


O Lado "Fake" da arte segundo Welles
Cineasta realiza em seu último filme uma reflexão sobre autenticidade

Com a massificação cada vez mais consolidada da internet, está se tornando comum convivermos com ‘fakes’ – nome atribuído a quem se passa por outras pessoas nas redes sociais. Seja pelo fato de que pessoas fingem ser o que não são no mundo virtual, seja por reproduções indiscriminadas de obras de arte, fotos e outras imagens em perfis pelas redes sociais, estamos rodeados de cópias falsas.
Mas antes mesmo da evolução tecnológica invadir nossos lares, o diretor Orson Welles já refletia sobre o que há de realmente legítimo na arte. Em 1973, ele realizou “Verdades e Mentiras” – no original F for Fake-, que reflete sobre a autenticidade e a falsidade até em nossas próprias vidas e será exibido DIA 27/11 hoje no Cineclube Alexandrino Moreira, do IAP.
O filme acompanha Elmyr Hory, considerado por muitos um genial falsificador de quadros famosos. Também conhecemos o seu biógrafo, Clifford Living, famoso por fraudar a autobiografia de Howard Hughes, crime pelo qual chegou a inclusive ser preso e massacrado pela imprensa. Com o intenso fluxo de idéias de Welles conduzindo a narrativa, o filme promove uma reflexão sobre o papel da arte. O ator, diretor e criador de, talvez a obra mais importante do cinema, “Cidadão Kane”, aqui dá um banho estético com o seu estilo único de filmar e dirigir, concatenando cenas estáticas com outras sequencias frenéticas e quase sem corte, usufruindo do estilo documental e narrando o filme até em primeira pessoa em certas partes.

Final contundente
Este é o último longa-metragem de Welles, encerrando de uma maneira inusitada a brilhante carreira permeada ainda por filmes como “A Marca da Maldade”, “O Processo” e “Macbeth”. Por “Verdades e Mentiras”, eles foi acusado por seus detratores de ter falsificado o roteiro. Apesar disso, a obra é vista como uma resposta zombeteira a quem o acusa, e por meio da escolha de uma visão do que representa a autoria artística, faz o público tornar-se partidário da sua intenção autoral.
Numa era onde copiar e colar exige menos esforço do que criar, a reflexão presente no filme se faz contundente, semelhante a que fez Walter Benjamin no final do séc. XIX durante a ebulição industrial no mundo, através do artigo “A Obra de Arte na Era da Reprodutividade Técnica”. Porém, Welles amplia a discussão ao questionar a origem da arte, as mentiras e verdades que nela estariam contidas. (Lorenna Montenegro)

SERVIÇO
Sessão ACCPA/IAP apresenta: “Verdades e Mentiras”, de Orson Welles. Dia 28/11/11 às 19h no Cineclube Alexandrino Moreira (IAP - Praça Justo Chermont, 236, ao lado da Basílica de Nazaré). Entrada Franca.
Após o filme, haverá debate entre público e críticos da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA).

"DUMBO" NA SESSÃO FANTASIA DIA 27/11/11

O Elefantinho que podia voar
“Dumbo” comemora 70 anos de lançamento com exibição no Olympia
Quem não conhece a história do filhote de elefante nascido no circo, que com suas orelhas gigantes desafia o julgo do dono do lugar e tenta ser livre, acompanhado do fiel ratinha Timóteo? Quem consegue segurar as lágrimas quando a mãe do pequeno é aprisionada e separada de seu filho? Ou quem não se diverte com os desaforados urubus que vivem se espreguiçado na rede elétrica e ensinam “Dumbo” a perder o medo de voar? Pois todos esses ingredientes que transformaram o filme da Disney num clássico amado por gerações, e sucesso de crítica arrebatando prêmios no Oscar e em Cannes, poderão ser (re) vistos na tela do Cine Olympia neste domingo, na Sessão Fantasia promovida pela Associação de Críticos de Cinema do Pará.
“Dumbo” é daqueles personagens que sempre existiram. Um dos primeiros de um filme da Disney que se imortalizaram – mais até do que Bambi, cuja história é igualmente dramática – nas telas de cinema, fitas VHS e DVD. A história trata de preconceito, pois as orelhas grandes de “Dumbo” chamam tanto a atenção de todos no circo que ele acaba sendo excluído, como se tivesse um defeito. É o destemido ratinho Timotéo quem o ajuda a vencer as dificuldades quando ambos descobrem que o defeito lhe garante a incrível habilidade de alçar vôo.
Realizado em 1941, o filme completa 70 anos e ganhou uma edição especial com o desenho remasterizado e uma série de extras lançada no final do ano passado em Blu Ray e em DVD. Ela inclui uma sequência inédita sobre o porquê dos elefantes temerem os ratos, jogos, curiosidades e bastidores e depoimento de Walt Disney sobre o filme.
Na edição especial, o roteirista Dick Huemer conta que a inspiração para caracterizar “Dumbo” surgiu após a leitura de uma historia de Joe Grant. Aí ele criou o elefante com olhos tristonhos, roupa de palhaço e orelhas grandes e caídas. Também cartunista, Huemer criou diversos personagens célebres como a rainha má da Branca de neve e os sete anões.
O filme ainda brinca com diversas situações que deixam o espetáculo mais cômico e também triste. “Jumbo Jr” é o nome original do bebe elefante, que, por conta das orelhas grandes é apelidado de Dumbo - que em inglês significa ‘estúpido’. Dumbo foi a primeira animação lançada pela Disney em vídeo, o tornando especial para as mais novas gerações.
A animação arrebatou o Oscar de melhor trilha sonora e canção e um premio muito especial do festival de Cannes, tanto pela maneira como abordou um tema árduo – o preconceito – o tornando palatável para o público em geral, quando pelas sequencias surrealistas que mostram elefantes coloridos que plasticamente são incríveis. (Lorenna Montenegro)

Assista
Sessão Fantasia da ACCPA apresenta “Dumbo”. Domingo dia 27/11, às 16h no Cine Olympia (Avenida Presidente Vargas). Entrada Franca. Livre para todas as idades.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"VERDADES E MENTIRAS" DE ORSON WELLES NO CC ALEXANDRINO MOREIRA DIA 28/11/11


"VERDADES E MENTIRAS"
Original: Verités et Mensonges-França, 1973
Direção e roteiro de Orson Welles
Elenco: Orson Welles, Ojar Kodar, François Reinchembach, Joseph Cotten (participação especial).
Sinopse : Orson Welles (diretor do consagrado "Cidadão Kane") utiliza a história de um brilhante falsificador de quadros, o húngaro Elmyr de Hory, para levantar questões pouco indagadas, relativas ao sentido da mentira na arte. Elmyr fala sobre os caminhos que o levaram à pacata ilha espanhola de Ibiza e revela não se sentir mal pelos artistas que copia. Entre estes, estão Modigliani, Picasso e Matisse. Taxado pela imprensa de inimigo da arte, parece manter-se tranqüilo quanto à própria posição. Nesse ponto, somos levados a tomar partido de um dos lados, por meio da escolha de uma visão do que representa a autoria artística.
Importância Histórica: Último longa-metragem de Orson Welles(Cidadão Kane/A Marca da Maldade/O Processo) apresentado por ele como um prestidigitador que apresenta a lendária figura do falsário Elmyr, divagando sobre o que é original e o que é copia de uma obra de arte. Welles se diz um “canastrão” e lança varias ironias sobre o mundo moderno realizando um filme polêmico que encerrou sua brilhante carreira de diretor.

SESSÃO ACCPA/IAP
"VERDADES E MENTIRAS"
CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA
(AUDITÓRIO DO IAP - INSTITUTO DE ARTES DO PARÁ)
SEGUNDA-FEIRA DIA 28/11/12
HORÁRIO : 19 H
ENTRADA FRANCA
*APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

domingo, 20 de novembro de 2011

"A MORTE DO BOOKMAKER CHINÊS" NA SESSÃO ACCPA/SESC DIA 23/11/11

"A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS"
Original:The Killing of the Chinese Bookie-EUA,1976
Direção e roteiro de John Cassavettes
Elenco: Ben Gazzara,Timotyhy Carey,Seymour Cassel, Robert Phillips.
Argumento:Para pagar uma divida de jogo em um cassino,um homem é obrigado a matar um bookmaker chinês.
Importância Histórica : John Cassavettes firmou-se mais como diretor do que como ator (embora tivesse feito bons filmes). Sua obra é considerada autoral, desafiante do cinema que se fazia nos EUA em seu tempo. Este exemplar que levou dois anos para ser terminado é dos mais ilustrativos do cinema introspectivo do cineasta. Excelentes desempenhos e uma fotografia com câmera manual ajudam no resultado que mereceu elogios da critica.

SESSÃO ACCPA/SESC
"A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS"
CINE SESC BOULEVARD (SESC EM FRENTE A ESTAÇÃO DAS DOCAS)
QUARTA-FEIRA DIA 23/11/11
HORÁRIO : 19 H
ENTRADA FRANCA
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS
PROGRAMAÇÃO : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"A ÁRVORE DA VIDA" EM DEBATE NO CINE LÍBERO LUXARDO DIA 19/11




Existência Repleta de Significados
“Arvore da Vida”, um dos filmes mais vistos e comentados do ano, será exibido e debatido neste sabádo, dia 19/11, no Cine Líbero Luxardo com a participação de críticos da ACCPA.O debate acontecerá após o término da sessão deste sabádo.
Um homem de setenta anos que em quarenta de carreira fez seis filmes, pode não ser um exemplo de operário padrão do cinema, mas é, pela natureza e qualidade das obras que se propôs realizar, um dos grandes cineastas americanos da história. E com “Arvore da Vida” o texano Terrence Malick escreve mais um capítulo – quem sabe o último – na sua filmografia. Desta feita um capítulo mais ambicioso, perturbador e espiritual do que tudo que havia feito antes.
Ter arrebatado uma Palma de Ouro em Cannes dá a esse filme o status de obra-prima? Não necessariamente. Cannes pode ser um festival badalado, mas dificilmente premia os melhores filmes em competição de uns anos para cá. A cancha de ‘termômetro’ para o que de mais relevante e interessante vem sendo produzido na cinematografia mundial repousa em Veneza e Berlim.
Porém, “Arvore da Vida” merece os louros dourados e todas as críticas entusiasmadas. É um filme maduro, contundente, ainda que em alguns momentos pareça um ‘loop infinito e filosófico’ sobre a vida, o amor, a família e o sentido de existir, ele faz sentido e mexe com alguma coisa lá dentro, no âmago do nosso ser. Por mais que não se saiba explicar, não tem como negar.

Vã Filosofia
“Existem dois caminhos na vida: o caminho da natureza e o caminho da graça. Você precisa decidir qual dos dois seguir”. Assim é o início, com a narração da mãe (Jessica Chastain) que nos leva até uma típica família classe média do Texas em meados dos anos 50, que dá frutos, floresce e cresce como a árvore localizada no quintal. O fio condutor da trama é o filho mais velho, Jack (Hunter McCracken) e através dele vamos descobrindo os pequenos dramas da infancia e as mazelas da vida adulta, tendo como ponto fundamental a morte de um ente querido.
Nesse retrato particular, reside uma das maiores virtudes do filme. Brad Pitt e Jessica Chastain entregam atuações magistrais e os três irmãos dão a exata medida entre melancolia, alegria, inocência e o conflito entre o bem e o mal que repousa neles. É angustiante ver Jack e os irmãos quebrando a vidraça do vizinho sabendo que podem sofrer as conseqüências nas mãos do pai. Assim como a cena do almoço onde o patriarca tem um ataque de fúria e a mãe parece uma frágil criança.
Ali tudo ganha sentido e permanência, com a vida da família sendo desenhada e comungando com as nossas percepções de o que é a vida e o que estamos fazendo nesse mundo. Jack adulto procura as respostas a essas perguntas e uma forma de ficar em paz e fazer as pazes com suas origens, sua família.

Graça ou perdição?
Jack menino descobre a vida entre dois pilares, o pai e a mãe, o amor e a rigidez sacralizados. “É preciso muita determinação para se conseguir o que quer nessa vida”, tenta ensinar o pai (Brad Pitt). Para a mãe, “a menos que você ame... sua vida passará rapidamente”.
A nostalgia e o remorso que inundam os planos de “Árvore da Vida” quando Jack lembra de sua família, de seu irmão morto e aparecer na praia em busca de respostas para o quebra cabeças emocional que o aflinge, é algo que Malick já havia explorado em “Além da Linha Vermelha”. O toque suave das mãos, a água molhando os corpos, o bater de asas da borboleta, o tremular das folhas da árvore no quintal da família, são fragmentos de memórias e sensações que muitos de nós já compartilhamos.
Malick buscou uma reflexão filosófica e teológica que, apesar da carcaça ‘épica’, comunica com muita simplicidade. Intenção de um cineasta livre, cujas ideias, sentimentos e mensagens encontram uma porta aberta na consciência de cada um que se deixa permitir envolver por esse “Árvore da Vida”. Esse objetivo também é alcançado não só pelas atuações e enredo, mas também por elementos como a trilha sonora de Alexandre Desplat, que havia sido indicado ao Oscar por “O Discurso do Rei”. Aqui ele faz o seu melhor trabalho, se igualando as melodias climáticas e grandes composições que arrebatam o público em momentos dramáticos, como o fez em “O Despertar da Paixão” – filme pelo qual ganhou o Globo de Ouro. A música de Desplat, que ainda ganha o reforço de composições de Bach, Mahler e Brahms, entra em sincronia com a rotação do nosso planeta, a hora de trazer uma vida ao mundo, fazendo o casamento entre som e imagem absolutamente fascinante.
Outro que colabora muito para o deslumbramento da platéia com o que se apresenta na tela é o fotografo Emmanuel Lubezki (que trabalhou com Malick em “O Novo Mundo”), que desenha imagens acrescidas em alguns momentos dos efeitos especiais de produzidos artesanalmente por Donald Trumbull e Dan Glass, nas sequencias que tratam do universo. Esse material produzido com excelência foi levado para a ilha onde foi montado por seis editores e Malick, que deram a ordenação impressionante da história de Jack, um adulto perdido num mundo moderno por ter sua alma pressa no passado, em suas origens. O recado do filme, poderia se resumir simplesmente a “veja e sinta”, nada menos e muito mais do que isso. (Lorenna Montenegro)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

"TERRA DE NINGUÉM" NA SESSÃO CULT DIA 19/11/11

"TERRA DE NINGUÉM"
Original: Badlands-EUA-1973
Direção e roteiro de Terrence Malick
Elenco: Martin Sheen, Sissy Spacek, Warren Oates, Ramon Bieri.
Sinopse : Kit Carruthers (Martin Sheen) é um jovem com problemas mentais aparentes, que mata o pai de Holly Sargis (Sissy Spacek), sua namorada de 15 anos, pois ele não aprovava o relacionamento deles. Depois disso, o casal foge junto para Montana, e no decorrer dessa fuga, Kit acaba matando mais pessoas, tornando-os um casal de criminosos famoso e caçado pela polícia de vários estados.
Importância Histórica: O roteiro foi inspirado no lendário matador Starkweather que aterrorizou a zona rural norte-americana nos anos 1950. É o primeiro longa-metragem de Malick, um diretor perfeccionista que em 40 anos fez apenas 6 filmes entre curtos e longos (há dois em andamento) incluindo a obra-prima “A Árvore da Vida”. Também um dos primeiros desempenhos notáveis de Martin Sheen entre 226 títulos no currículo. Malick e Sheen foram premiados no Festival de San Sebastian.
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE CRÍTICOS DA ACCPA E O PÚBLICO PRESENTE.

Trailer de "Terra de Ninguem":
http://www.youtube.com/watch?v=lcFx06cBmbk


SESSÃO ACCPA/CINE LÍBERO LUXARDO
SESSÃO CULT
"TERRA DE NINGUÉM"
SABÁDO DIA 19/11/11
HORÁRIO : 16 H
ENTRADA FRANCA
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS
APOIO : ACCPA

VENCEDOR DA PALMA DE OURO EM CANNES NO CINE OLYMPIA

"TIO BOONMEE QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS"
Título original: (Lung Boonmee Raluek Chat)
Lançamento: 2010 (Tailândia, Inglaterra)
Direção: Apichatpong Weerasethakul
Atores: Thanapat Saisaymar, Sakda Kaewbuadee, Jenjira Pongpas.
Duração: 114 min
Gênero: Drama
Sinopse : Sofrendo de insuficiência renal, Tio Boonmee (Thanapat Saisaymar) resolveu passar os últimos dias de sua vida recolhido em uma casa perto da floresta, ao lado de entes queridos. Durante um jantar com a família, o espírito de sua esposa falecida aparece para ajudá-lo em sua jornada final. A eles se junta Boonsong, filho de Boonmee, que retorna após muito tempo metamorfoseado em outra forma de existência. Juntos, eles percorrerão o interior de uma caverna misteriosa, onde Boonmee nasceu em sua primeira vida.
Premiações
FESTIVAL DE CANNES : Palma de Ouro de Melhor Filme

CINE OLYMPIA
"TIO BOONMEE QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS"
DE 22 À 27/11/11
HORÁRIO : 18:30 H
ENTRADA FRANCA
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS

sábado, 12 de novembro de 2011

PREMIADOS DA 3ª EDIÇÃO DO FESTIVAL AMAZÔNIA DOC.


Terminou nesta sexta-feira, dia 11, a terceira edição do Festival Amazônia Doc. que permitiu ao público paraense a exibição de filmes inéditos e de alta qualidadde. A ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará) foi convidada para participar da premiação. Confira a relação dos premiados :

JÚRI OFICIAL
MELHOR FILME - LONGA
Sem Ti Contigo (Venezuela)
MELHOR DIREÇÃO
A Terra da Lua Partida (Brasil)
MELHOR ROTEIRO
De Panelas e Sonhos (Peru/Brasil)
MENÇÃO HONROSA
Leite e Ferro (Brasil)
MELHOR FILME - CURTA - FICÇÃO
Matinta (Brasil) (foto)
MELHOR FILME - CURTA - DOC
Sucumbios – Terra Sem Mal (Espanha)
MELHOR DIREÇÃO - CURTA FICÇÃO
A Fábrica (Brasil)
MELHOR ROTEIRO - CURTA
Cine Camelô - Clarissa Knoll (Brasil)
MENÇÃO HONROSA
Crônicas de uma Morte Anunciada (Brasil)
PRÊMIO ESPECIAL
Adriano Barroso - Pelo conjunto de sua obra como dramaturgo, ator, e roteirista

PRÊMIO ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará)
Melhor Filme - Longa - A Terra da Lua Partida (Brasil)
Melhor Filme Curta – Matinta (Brasil)
Mençao Honrosa – A Fábrica (Brasil)

JÚRI POPULAR
MELHOR FILME - LONGA - A Terra da Lua Partida (Brasil)
MELHOR FILME CURTA Ficção - Matinta (Brasil)
MELHOR FILME CURTA Documentário - Soldados da Borracha (Brasil)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"A ÁRVORE DA VIDA" NO OI CINE ESTAÇÃO



"A Árvore da Vida" no OI Cine Estação
Em novembro, o OI Cine Estação apresenta o grande vencedor da Palma de Ouro de Melhor Filme na última edição do Festival de Cannes: A Àrvore da Vida, de Terrence Malick. No elenco, Brad Pitt, Sean Penn e Jessica Chastain.
O filme mostra as origens e o significado da vida através dos olhos de uma família da década de 1950 no Texas, tendo temas surrealistas e imagens atráves do espaço e o nascimento da vida na Terra. O projejto do filme, elaborado desde os final dos anos 70, quando Malick dirigiu ‘Cinzas no Paraíso”, só foi desenvolvido décadas depois, depois de ter sido adiado várias vezes.
‘A Árvore da Vida’ abre com uma citação do Livro de Jó, quando Deus pergunta: "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? ... Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?"
O filme corta para uma dramatização da formação do universo. Enquanto as galáxias se expandem e os planetas se formam, a voz de Jack (Sean Penn) pode ser ouvida perguntando várias questões existênciais.
O supervisor de efeitos especiais, Douglas Trumbull, usou uma grande variedade de materiais para criar as sequências mostrando o universo: produtos químicos, pinturas, corantes fluorecentes, fumaça, líquidos, CO2, chamas, pratos giratórios, fluídos dinâmicos, luzes e fotografia em alta velocidade. Procedimentos usualmente identificados em clips e produções experimentais de artistas visuais, como jogar leite através de um funil em uma calha estreita e filmá-lo com uma câmera de alta velocidade e lentes dobradas, iluminando-o com cuidado e usando uma taxa de quadros para garantir o efeito cósmico, galático, proposto pelo roteiro.
Considerado por especialistas como um dos grandes lançamentos do ano, ‘A Árvore da Vida’, possui o estilo contemplativo, épico e deliberadamente autoral que marca a produção de filmes de Terrence Malick.

Sinopse
A relação entre pai e filho de uma família comum, ao longo dos séculos, desde o Big Bang até o fim dos tempos, em uma fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios.

Serviço
A Árvore da Vida
Título original: (The Tree of Life)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Terrence Malick
Com: Brad Pitt, Sean Penn e Jessica Chastain.
Duração: 138 m. 14 anos
Cine Estação/Datas:
09 (quarta): às 18h e 20h30
10 (quinta): às 18h e 20h30
13 (domingo): às 10h, 18h e 20h30
16 (quarta): 18h e 20h30
17 (quinta): 18h e 20h30

domingo, 6 de novembro de 2011

"CÓPIA FIEL"

Sob uma aparência de simplicidade romântica, permite vários níveis de leitura. Um casal em crise se encontra casualmente (?) numa aldeia bucólica da Toscana (a natureza como fonte de inspiração).Esse fio de estória romântica é apenas um pretexto para os personagens discutirem vários temas filosóficos, psicológicos mas, principalmente o conceito polêmico de originalidade da obra de arte; razão e emoção, ilusão na arte, mistificação na percepção da obra de arte, inclusive o cinema, revisão na concepção do Belo desde Platão até a contemporaneidade. Orson Welles em seu magnífico F for fake analisa o mesmo tema através do pintor holandês Elmyr de Hory, que copiava o estilo dos clássicos, enganando até críticos renomados.
A narrativa é hábil, fluente, e apesar de abusar do diálogo, o roteiro supera o perigo do diálogo sofisticado, destacando-se a sensível interpretação de Juliette Binoche. Roteiro e estilo destoam do modelo de outras obras do autor como Close-up, Dez, Onde é a casa do meu amigo?, A vida continua, O vento nos levará e principalmente Gosto de Cereja e Através dos olivais. Kiarostami declara seu desamor à narrativa, suas obras têm longos tempos mortos, a ação privilegia os espaços fechados (o Huis clos de Sartre), filma muito dentro de carros sem mostrar os rostos das personagens, seqüências não se completam para demonstrar como na vida a Lei do acaso, o princípio da indeterminação da Física quântica ocorre, permitindo assim múltiplas leituras e percepção do fenômeno abordado e tornando importante o papel do espectador como co-autor da obra, até o ponto de quase anular a figura do diretor.
Seguramente razão e emoção se completam em Cópia Fiel, enfim a obra de Kiarostami se situa no contexto cultural da rica literatura persa que vai desde as iluminuras até a rica poesia epicurista de Omar Khayyām (Rubayat) e Háfez (Onde está a casa do meu amigo?).

MAIOLINO DE CASTRO MIRANDA
Psiquiatra, Professor do Curso de Psicologia (UFPA) – aposentado
Membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA)

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