sexta-feira, 31 de maio de 2013

Música e charme ao piano: artista francês se apresenta em Belém

Música e charme ao piano: artista francês se apresenta, em Belém
Laurent Couson se apresenta em apenas 3 cidades brasileiras para lançar novo disco

As notas sonoras do piano e a voz aveludada do francês Laurent Couson prometem envolver o público paraense. Pela primeira vez no Brasil, o músico vai se apresentar em apenas 3 cidades: Rio de Janeiro, Niterói e Belém para lançar o Concerto “Enfin Seul!” (Por fim sozinho). Além de cantor e pianista, o músico tem uma sólida experiência como compositor, arranjador, escritor e diretor musical. No repertório, Couson apresenta composições próprias e sucessos de Serge Gainsbourg, como: La javanaise, Mon légionnaire e L’eau à la bouche. O concerto é uma realização da Aliança Francesa de Belém com o apoio doCentro Cultural Sesc Boulevard. A apresentação acontece no dia 07 de maio, às 18h, no espaço Café Bar do Sesc Boulevard. O show conta ainda com a participação especial dos cantores paraenses Olivar Barreto e Alba Maria, artistas que já viveram na França e encantaram ao público com suas interpretações de Gainsbourg. A entrada é franca e sujeita à lotação. Na capital paraense, Laurent Couson participa também da exibição do filme “Ces Amours là” (Esses amores), na trama além de ser o ator principal, o artista é também responsável pela trilha musical do longa. Na comédia romântica, a atriz Audrey Dana vive a romântica e heroína, Ilva, uma mulher moderna que vive intensamente suas paixões sem deixar que as regras sociais a impeçam de sonhar. Na história Couson vive um soldado alemão que se envolve com Ilva numa história surpreendente. O filme atinge a profundidade certa quando se trata da paixão, não só pelo outro, mas sim pela vida. As cenas são emocionantes, o enredo e a música são cativantes. A trama é a mais recente produção do renomado diretor francês Claude Lelouch, que já faturou prêmios como a Palma de Ouro de Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, com o filme Um Homem, Uma Mulher, de 1966. A película “Ces Amours là” será exibida no dia 8 de junho, às 18h, no Sesc Boulevard. Após a exibiçãoLaurent Couson participa de um bate papo com o público. O artista vai revelar curiosidades sobre o cinema francês e falará sobre o trabalho como ator e compositor da trilha musical do longa de Claude Lelouch. Uma parceria que deu tão certo que em breve vem novidades por aí. Para os amantes da sétima arte, a programação é um verdadeiro prato cheio.

Serviço: Concerto de Laurent Couson Data: 07/06/2013, às 18h
Local: Café Bar do Sesc Boulevard (Boulevard Castilhos França, 522 – Campina)
Exibição do filme “Ces Amours là” e bate papo com Laurent Couson
Data: 08/06/2013, às 18h
Local: Sesc Boulevard (Boulevard Castilhos França, 522 – Campina). Informações: 3224 3998 oucontatos@afbelem.com
Apoio : ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

"NUVEM 9" ESTREIA NO CINEMA OLYMPIA

Ao que consta, o cinéfilo paraense está vivendo momentos de descobertas da cinematografia internacional. Vejam-se os recentes filmes exibidos no Cine Olympia (com o aval da ACCPA), no “Líbero Luxardo” e em outros espaços dessa linha para avaliar que se trata de um momento esplêndido do chamado “cinema extra” (como intitulamos esse itinerário há mais de trinta anos, na então APCC). A vez da indicação dessa linha de filmes é para "Nuvem 9”(Wolke Neun/Alemanha, 2008). Trata de um casal de idosos, há 30 anos unido, que aos poucos vê diluir essa norma de convivência quando a esposa, uma costureira de pequenos consertos, ao entregar um trabalho a um freguês contumaz, apaixona-se por este, poucos anos mais novo do que seu marido (mesmo assim na casa dos setenta anos). Depois de vários encontros ela não sabe o que fazer, mas decide ir morar com o namorado mesmo sabendo que o antigo companheiro ficará sozinho em casa, pois a única filha visita a mãe e o padrasto esporadicamente. “Nuvem 9" é um impacto. Na exibição em Paris alguns espectadores se escandalizaram e deixaram a sala de projeção. Mas a critica exaltou o filme, que recebeu 8 prêmios incluindo no Festival de Cannes (“Um Certain Regard”). E as plateias cultas o prestigiaram internacionalmente. Afinal, poucas vezes o cinema se aventurou a um tema tão difícil, ou tão raro. Comparando com “Amor”(Amour) de Michael Haneke, aqui não é o casal de idade avançada que se cuida quando um deles adoece e morre. No enfoque, é um rompimento espontâneo, um caso de desejo, sexualidade e pulsão que espanta a quem pensa que esses sentimentos terminam quando o ser humano chega a certa idade. Ursula Wener, aos 69 anos (fará 70 em setembro), tem um dos mais intensos desempenhos que vi em cinema. Protagoniza Inge, a pacata costureira de ocasião, convivendo com Werner (Horst Rehberg) que está num momento de buscas, não hesita em abandonar o marido pelo solteiro Karl (Horst Whestphal). O relacionamento extraconjugal começa numa das visitas profissionais à casa do fregues, ao entregar-lhe uma calça, implicando em um momento de sexo. Daí a relação toma impulso para vários outros encontros. Ao saber do fato, o marido não a despreza. Mas ela deseja o outro. E este desejo não requer explicação do roteiro do diretor Andrea Dresen e mais Jorg Haushild, Leila Stieler e Cooki Ziesche. “-Isto aconteceu” diz ela ao marido. E não importa como ele receba a noticia da esposa. Sentindo-se culpada, a mãe não hesita em procurar a filha para confidente, que se mostra compreensiva, mas pede que a mãe silencie. Werner, silenciosamente amarga a solidão entre baforadas de cigarro e assistindo, de sua janela, o que mais gosta de fazer: o trem passar por perto de sua casa (ele que é apaixonado por viagens sem rumo). E Inge, se olhando no espelho, sentindo o peso do tempo, mas sem esmorecer. O filme não conclui em um prisma de pretenso moralismo. O “aconteceu” é tratado como um fato possível, e Inge vai viver com Karl. O destino de Werner só ele mesmo decide, mas não insinua uma apoteose. O desamado perde a vontade de viver e não se tenha isso como uma apologia ao suicídio. Ninguém sabe como ficou ou terminou o ancião que achava muito forte o laço de união com a mulher que conheceu no passado já distante. A câmera é tão discreta e “voyeurista” quanto a de Michael Haneke em “Amor”. Quando o casal ou um dos casados sai de um aposento, o enquadramento permanece e se vê os moveis e a parede em demora de alguns segundos. A casa de Inge e Werner é observada quase sempre em silencio e não denuncia qualquer inovação formal. Em outro momento, o apartamento de Karl está em mudança. Ele prepara aposento para Inge. E a mobilidade da câmera é evidente. Ali há vida nova mesmo que os habitantes desse espaço não sejam novos. Mas tudo seria supérfluo sem a atuação de um magnifico elenco e de uma câmera que traduz exemplarmente os elementos que captura pelos significantes. A direção é impecável e indaga-se sobre cineastas criativos cujas obras não ciirculam em países como o nosso (especialmente em nosso estado). “Nuvem 9” é um exemplo de cinema adulto e criativo. Não assistí-lo (estará no Olympia a partir desta sexta feira 10/05 ) é perder um dos excelentes programas deste ano.(Luzia Álvares)

PROGRAMAÇÃO DA SEMANA

O Festival Varilux, promoção anual de divulgação do cinema francês chega esta semana a várias cidades brasileiras inclusive Belém. Aqui, como no ano passado, os filmes estarão numa das salas Moviecom Castanheira. São muitos horários para cópias digitais legendadas. As estreias das salas comerciais são: ”O Último Exorcismo Parte 2” e “Uma Ladra sem Limites”. Na área especial exibe-se no cinema Olympia até 5ª Feira o excelente “Nuvem 9”. Na Sessão Cinemateca de domingo estará o clássico “Peter Pan” de Walt Disney que este ano comemora o seu jubileu de diamante (60 anos de produção). As 16 horas. No Cine Libero Luxardo estará até 5ª Feira o muito bom “E Se Vivessemos Todos Juntos”. De 6ª em diante começa um programa de filmes voltados para a região amazônica. “O Último Exorcismo Parte 2” (The Last Exorcism ,The Beginning of the End/EUA,2013) segue a jovem Neil Sweetzer (Ashley Bell) que no passado esteve vulnerável a demônios. Agora ela busca a paz numa cidade interiorana, mas não demora a receber a “visita” de entidade maléfica. Roteiro de Damien Chazelle e Ed Gass-Donnely com direção deste último. Para quem ainda se assusta com as imitações do clássico “Exorcismo” de William Friedkin. “Uma Ladra sem Limites”(Identity Thief/EUA 2013) parte do roubo da identidade do executivo Sandy Patterson( Jason Bateman) pela esperta Diana (Melisa McCarthy) a quem ele passa a procurar na rota de Miami. Comédia de Seth Gordon(“Surpresas do Amor”, “Quero Matar meu Chefe”) com roteiro de Craig Mazin (de “Todo Mundo em Panico 3 e 4”)segundo uma historia de Jerry Eeten. “Peter Pan” é uma das mais trabalhadas animações dos estúdios Disney. O fundador desse estúdio, Walt Disney, tinha preferencia pela historia de J.M.Barrie desde criança. Se interessou pelo desenho para ser lançado depois de “Branca de Neve e os 7 Anões”(1937) o primeiro longa dele e da história do gênero. Mas uma série de fatores adiou o projeto em cerca de quase 15 anos. Com 3 diretores(Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske) e um enorme grupo de técnicos foi um sucesso aplaudido por todos e que vem atravessando os anos com aval de gerações. No Brasil, o lançamento foi em 1953 e agora, portanto, está comemorando o fato de ser sexagenário. A história foi escrita para adultos seguindo o que disse o autor: “O que acontece depois dos 12 anos não tem muita importância”. Alguns dos filmes do programa VARILUX, estão abaixo. Procurem em outro lugar neste jornal (ou no site da empresa Moviecon), a relação completa com os horários. A DATILÓGRAFA 1958. A jovem Rose Pamphyle tem um dom: bater à máquina numa velocidade vertiginosa. Ela desperta o esportivo ambicioso adormecido em Louis Echard, dono de um escritório de seguros. ACONTECEU EM SAINT-TROPEZ O enterro da esposa de Zef cai bem na hora errada, no momento em que Ronie casa sua filha! Esse acontecimento inesperado agrava os conflitos já existentes entre os dois irmãos. ADEUS MINHA RAINHA Em 1789, quando a notícia da tomada da Bastilha chega à Versalhes, o castelo esvazia. Mas Sidonie, jovem leitora inteiramente dedicada à Rainha, não quer acreditar nos rumores que ouve. ALÉM DO ARCO-IRIS Uma variação sobre o casal e o amor que alegremente desmistifica o fim tradicional dos contos de fadas. ANOS INCRÍVEIS Quando as câmeras de vídeo substituíram as câmeras, um grupo de amigos decidiu criar seu próprio canal de televisão e, sobretudo, fazer uma revolução. Assim nasceu TV Liberdade, anarquista e provocadora. CAMILLE CLAUDEL 1915 Internada por sua família num manicômio - onde ela não vai mais poder esculpir- essa é uma crônica da vida reclusa de Camille Claudel que aguarda a visita do irmão, Paul Claudel. FEITO GENTE GRANDE Dividida entre pais que a enchem de amor e de almôndegas, Rachel, 9 anos, conta os minutos que a separam da liberdade. Até o dia em que seu caminho cruza o da intrépida Valérie. O HOMEM QUE RI Ursus, um showman pitoresco, acolhe dois órfãos em sua caravana: Gwynplaine, um jovem marcado no rosto por uma cicatriz que dá a impressão de estar permanentemente rindo, e Déa, uma menina cega. O MENINO DA FLORESTA No coração de uma grande floresta, habitada por animais e espíritos, vive um jovem selvagem de dez anos. Seu pai, um bronco caçador e comedor de carne fresca, sempre disse a ele que o mundo acabava nos limites da floresta. Um dia, porém, para salvar seu pai ferido, o rapaz se aventura num mundo desconhecido.(Luzia Álvares)

ANTONIO SILVA

Na 4ª Feira, 24 de abril, perguntei ao Marco Antonio sobre o Silva. Doente, prestes a completar 90 anos, o amigo distribuidor de filmes era um relicário que eu sabia encaminhado, como escreveu Getulio Vargas, da vida para a história. Pois o Silva se foi logo no dia seguinte. Lembro-me do muito que ele deixou marcado nas andanças pelo mundo do cinema regional. O começo dessa lembrança passa por uma conversa que eu e Luzia tivemos com ele no antigo Pará Boliche, ocasião em que contou a sua participação na 2ª.Guerra Mundial como soldado da Força Expedicionária Brasileira(FEB) em campanha na Itália. “-A gente andava engatinhada para trás até chegar à casamata onde estava o comandante. Chovia bala e o comandante pensava que era ação dos aliados. Dissemos que na frente só tinha alemão. Ele foi conosco, de gatinho, para um lugar seguro.” Em 1945,de volta à sua Recife, o praça Antonio enterrou explicitamente a farda. Casou e passou a funcionar como vendedor (distribuidor) de filmes da Columbia Pictures. Seu primeiro trabalho: lançar nos cinemas do nordeste e norte o famoso “Gilda” com Rita Hayworth (a imagem dela no papel chegou a figurar na bomba atirada em Hiroshima). Surgiu o “Silva da Columbia”. Os exibidores tinham medo dele. Rigoroso, lutou muito com os dirigentes da Empresa Cardoso & Lopes de Belém (cinemas Moderno, Independência. Vitória)para que eles exibisse, de per si os episódios dos muitos seriados de aventuras. Victor e Arthur Cardoso faziam de tudo para passar a exibir o seriado de uma só vez quando corresse no circuito a última série(dois episódios). Nos anos 50ª a Columbia havia deixado de programar para Severiano Ribeiro e em Belém só atuava nas salas da Cardoso & Lopes. Na época o estúdio ganhava o patamar das grandes produtoras, mesmo assim com um grande acervo de filmes B e C. O método de venda era “da produção do ano”com os títulos mais pretensiosos encabeçando uma lista que seria alugada. Só os títulos “da cabeça” eram negociados em percentual sobre a renda na bilheteria. Quando eu me meti a passar filme, Silva foi logo contratado. O amigo José Maria Lopes, que tinha sido fiscal de distribuidoras, apresentou-me a ele. De uma feita eu o experimentei Meu cunhado havia perdido o certificado de censura de uma copia em 16mm alugada para o cineclube. Quando eu devolvi o filme veio a cobrança. Exorbitante. Fui imediatamente à sede da censura onde em plenos anos de chumbo se tinha de liberar qualquer programa. O censor, que já me conhecia, ao ler a cobrança se revoltou: “-Deixe isso aqui que eu mando prender o cara”. Mas eu pedi que não fizesse isso. Mandei uma carta para o Silva dizendo que a Policia Federal daria de graça uma segunda via do certificado. Foi o bastante para ganhar a amizade do distribuidor. E daí em diante sempre me ajudou nas tarefas de cineclube e depois nos cinemas 1,2 e 3. Quando fui a Recife tratar do I Festival do Cinema Brasileiro de Belém, em 1974, Silva fez questão que eu e Luzia ficássemos em sua casa na praia de Boa Viagem. Muitas vezes nos encontramos tratando de cinema. Alexandrino brincava que Silva era namorado de Miss Liberty a marca da Columbia. Dedicado a essa empresa jamais a deixou ou ela o deixou. Criando uma firma domestica que chamou de Sétima Arte, foi sempre da Columbia. Com a morte do Silva acabou uma fase do cinema que eu conheci. Outros distribuidores como Werneck Sereno, Barbosa, Josué, Arlindo Gusmão, todos já se foram. Eles lançavam os filmes em 35 mm (alguns também em 16mm) no setor que ia do Recife ao Acre. E ajudavam bastante na divulgação, contando com os jornalistas. Eu e Luzia como parte desse grupo ganhamos a confiança deles. Hoje os cinemas de rua ficaram restritos a salas especiais, os borderôs (relatório das exibições para computo da locação) foram levados à Internet. Tudo mudou menos o amor que a gente tinha pelo que via como arte. O Silva está nesse passado que nos sensibiliza.(Pedro Veriano)

"NUVEM 9"

Os velhos também transam. O titulo poderia ser imaginado por aquele “tradutor” que botou “Os Brutos Também Amam” em “Shane”. Mas no caso de “Nuvem 9”, filme alemão da safra de 2008, ele procede. Uma senhora saindo da casa dos 60 deixa seu marido beirando a de 80 por um freguês de suas costuras com a idade aproximada de 70. A tal senhora chega a se olhar no espelho e, com senso critico observar o desgaste que o tempo fez no seu corpo. Mas a sensibilidade baixa ainda propicia orgasmo. E ela parece que não sente, ou se sente é pouco, no desgastado marido. O sabor de uma aventura também serve para sair da rotina. O filme dirigido e escrito por Andreas Dresen é pungente. Não pelo fato de se ver as pessoas enrugadas e pesadas se rolando numa cama ou mesmo desnudas na frente da objetiva. É assim porque mostra a separação de quem pensa estar unido como disse na hora de casar “até que a morte separe”. E no caso de criaturas que já estão perto da morte. Nunca no cinema o sexo quase “hardcore”, ou explicito, deixa tanta impressão no espectador. Não é pela ousadia, mas pela constatação do desgaste que se vê nos corpos. E como a mulher do enfoque pretende esquecer esse desgaste já que o outro a aceita, e uma aceitação fora de casa parece uma gloria de quem não concebe envelhecer. Desde “Amor” eu não via um filme tão denso. E se parece com o trabalho de Michael Hanek, Oscar de filme estrangeiro este ano. Até nos enquadramentos, deixando os objetos e a sala vazia pontuar o vazio das vidas focalizadas. É duro mas extremamente real.(Pedro Veriano)

TRANSE NO CINEMA INGLÊS

Existem alguns diretores que me provocam um certo frisson quando estou indo assistir sua mais nova película, um deles é Danny Boyle, inglês (Quem quer ser um Milionário, 127 Horas...). O cara consegue ser criativo sempre sem deixar escapar por nada sua verdadeira essência, é assim em “EmTranse”, seu mais recente filme.Como emquase todos os seus filmes, Boyle é sintético no argumento, sem firulas que possam empanar o brilha da sua direção. Aqui, um ‘profissional ligado aos leilões de peças de arte acaba envolvido com uma gangue responsável pelo roubo de quadros. Para se livrar destas pessoas, ele deve se unir a uma hipnoterapeuta, mas logo a relação entre desejo, realidade e sugestão hipnótica começa a colocar todos em perigo. O transee entrelaçado em real, imaginário e hipnótico transporta o espectador a mil “viagens” juntos com os personagens. Taí uma cartada tipica do cinema do inglês, sempre somos colocados como coadjuvantes na trama e melhor, nos surpreendendo com nossa participação, que mesmo cine-guiada, pode nos levar a caminhos nunca pensados. “EmTranse” é nervoso, criativo, hipnótico, divertido e tenso. Não há como fugir da trilha imaginada por Boyle, com suas contumazes montagens, suas musicas que beiram um lirismo sinistro e melhor, com o mais puro divertimento , mesmo que nervoso, que dá um prazer quase maso-cinemaniáco pra quem gosta de bom cinema. Corra ! - Existem alguns diretores que me provocam um certo frisson quando estou indo assistir sua mais nova película, um deles é Danny Boyle, inglês (Quem quer ser um Milionário, 127 Horas...). O cara consegue ser criativo sempre sem deixar escapar por nada sua verdadeira essência, é assim em “EmTranse”, seu mais recente filme.Como emquase todos os seus filmes, Boyle é sintético no argumento, sem firulas que possam empanar o brilha da sua direção. Aqui, um ‘profissional ligado aos leilões de peças de arte acaba envolvido com uma gangue responsável pelo roubo de quadros. Para se livrar destas pessoas, ele deve se unir a uma hipnoterapeuta, mas logo a relação entre desejo, realidade e sugestão hipnótica começa a colocar todos em perigo. O transee entrelaçado em real, imaginário e hipnótico transporta o espectador a mil “viagens” juntos com os personagens. Taí uma cartada tipica do cinema do inglês, sempre somos colocados como coadjuvantes na trama e melhor, nos surpreendendo com nossa participação, que mesmo cine-guiada, pode nos levar a caminhos nunca pensados. “EmTranse” é nervoso, criativo, hipnótico, divertido e tenso. Não há como fugir da trilha imaginada por Boyle, com suas contumazes montagens, suas musicas que beiram um lirismo sinistro e melhor, com o mais puro divertimento , mesmo que nervoso, que dá um prazer quase maso-cinemaniáco pra quem gosta de bom cinema. Corra ! (Ismaelino Pinto)

"NO"

A importância de não estar de acordo O publicitário René Saavedra (Gael García Bernal) sabe exatamente o discurso para vender bem uma campanha. Ele começa sempre dizendo “O que vocês vão ver pode parecer diferente, mas acredito que o Chile esteja preparado para as mudanças e o que elas trazem de moderno”. René, então, mostra o comercial para o lançamento de um novo refrigerante. O estranhamento ocorre porque no meio do jingle alegre e das imagens vibrantes aparece um mímico. O cliente reclama: “Por que um mímico no meu comercial?”. René sorri e recomeça a sessão de convencimento. A ação se passa no Chile de 1988 e o general Augusto Pinochet, em face à forte pressão da opinião internacional, decidiu que o Chile deve passar por um plebiscito que irá escolher se ele fica no poder ou não. Pinochet estava no poder desde 1973, quando um golpe de estado, liderado por ele, derrubou o governo de Salvador Allende. Agora, o povo chileno poderá escolher sim ou não.
O filme “No”, direção de Pablo Larraín, em cartaz no Cine Líbero Luxardo, do Centur, dias 2 e 3 de maio, às 21h, e 4 e 5, às 16h30, com ingressos a R$ 8,00 (e meia entrada), mostra como René, a princípio arredio à ideia, aceita fazer a campanha do “não”. A produção foi indicada a Melhor Filme Estrangeiro em 2013, representando o Chile, mas perdeu a estatueta para “Amor”, de Michael Haneke. Exílio - René havia sofrido na pele a pressão política do golpe militar de Pinochet. Seu pai fora perseguido e a família dele teve que exilar-se. Mas René voltou a Santiago e a única coisa que quer é trabalhar, cuidar do filho de 9 anos e tentar entender como a ex-mulher dele ainda continua envolvida com a militância política e, volta e meia, está presa. Tudo o que René não quer é se envolver com política seja de direita ou esquerda. Mas depois de não atender aos muitos telefonemas de José Tomás Urrutia (Luis Gnecco), o líder dos partidos que fazem oposição a Pinochet, René não pode deixar de atendê-lo quando Urrutia o procura na agência de publicidade. E a proposta de Urrutia é simples: quer a assessoria de René para a campanha do “não”. René se nega, mas não deixa de dar uma olhada no material já pronto. E o que vê, René não gosta. A campanha é cheia de ressentimentos e evoca as vítimas da ditadura de Pinochet. É cheia daquilo do que hoje se convenciona chamar nas redes sociais de mi mi mi. Ainda relutante, René faz uma proposta de campanha, e quem estranha são os integrantes dos partidos, afinal a proposta é de alegria, pra cima e um pouco do clipe “We are the world”. Afinal, o que René quer com aquilo tudo? E as pessoas que desapareceram, que foram mortas, torturadas? Aí entra a sessão de convencimento a qual todo publicitário saber de trás pra frente. Na verdade, a oposição acredita que a campanha do plebiscito é apenas “para inglês ver”, que o governo Pinochet já está com a eleição ganha. E assim também pensa a situação. Mas as surpresas estão apenas começando. Vibrante - Quando a campanha começa na televisão, com 15 minutos para o sim e o não, o que se vê na campanha do “não” é alegria e esperança de que dias melhores chegarão ao Chile. “Chile, a alegria está chegando”, diz o jingle principal da campanha. E apesar da pouca esperança, a semente foi lançada e a campanha “não” começa a incomodar. René passa a ser vigiado. O muro de sua casa aparece pichado. Telefonemas na madrugada perguntam pelo filho dele. Ameaças veladas partem de todos os lados, inclusive do patrão dele, Lucho Guzmán (Alfredo Castro). Mas a campanha continua. Lucho passa assessorar o “sim” e como conhece o trabalho de René começa um início de reação à bem bolada campanha de seu empregado, reforçando as conquistas econômicas do Chile nos 15 anos de governo Pinochet. Reação um tanto tardia.
O roteiro de “No” partiu de uma peça inédita de Antonio Skármeta, "El Plebiscito", mas também dependeu muito de pesquisas adicionais e entrevistas com as pessoas que viveram aqueles dias. Uma grande sacada do filme é a fotografia que remete diretamente aos filmes em 16 mm e até 8 mm, bem comuns à época, com a cor em sépia e o quadro reduzido. O filme se comporta como se fosse um documentário. Para quem ainda lembra que o Brasil passou por uma longa (e terrível) ditadura, “No” toca em pontos doloridos que ainda incomodam. O Chile pós-plebiscito se mostrou corajoso e se lançou, sim, num novo momento político, onde a truculência da polícia e as perseguições políticas não tinham mais vez. “No” mostra isso com maestria e, alguns momentos, carregados na emoção. Um belo filme que merece ser visto.
Dedé Mesquita

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