quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dieta de Cinema



Antigamente eu via mais filmes nos cinemas do que os dias do ano. Hoje eu vejo a média de 4 filmes por mês. Em compensação vejo 2 ou 3 dvds por dia. Cinema passou a ser caseiro. E para mim não é muita novidade: na juventude tinha o meu Cine Bandeirante, na garagem de casa, onde exibia películas de 16mm na base de 3 ou 4 por semana.
Cinema deixou de ser um prazer que se podia ver pela metade (entrar no meio da sessão), sem filas, com muitas opções de cartazes, deixando apenas de ônus as poltronas dispostas na horizontal que impediam a visão de espectadores atrás de pessoas muito altas. O problema maior é que os filmes são reciclagens. Lembro de Gloria Swason em “Crepúsculo dos Deuses”: “os filmes encolheram”. De fato, a dieta de “blockbuster”, como uma imposição de bilheteria (até porque o custo operacional das salas aumentou bastante) , é um circulo vicioso: o público paga para ver os vampiros galãs e os distribuidores privilegiam mais filmes dessa espécie. E não se diga que um episódio de franquia difere do conjunto: da primeira seqüência você tira a ultima. E nem se fale de inteligência artesanal ou no roteiro. A mesmice dispensa originalidade: quanto mais copiado melhor, o que me leva a diagnosticar a “síndrome do déja vu”, ou seja, o público gosta de ver de novo.
Só no DVD se vê, por exemplo, um filme de arrepiar como o húngaro “Opium” e uma versão de peça de Noel Coward sem ranço de teatro e com o toque inglês das antigas produções do Ealing Studio de Michael Balcon (aquela fabrica de boas comédias dos anos 50).
Felizmente programa-se sessões extras. O Cine Estação é que agora é um zumbi. Morreu e não sabe. Cortou as deliciosas matinais de domingo, não paga operador nem programador, passa filme que está sobrando nas distribuidoras em meio de semana e só à noite. Eu penso: sair de casa depois do sol se recolher, na Belém d’agora, só de táxi. O assaltante de cada dia pode nos dar hoje o quinhão de violência.Mas há corajosos que vão à luta, ou à rua, como o colega e amigo Maiolino Miranda que dos altos de seus 75 ainda pega ônibus para ir ver filme dito de arte.
Por tudo o que foi escrito sempre afirmo: viva o DVD. E nem penso em bluray. Vale até o corsário conhecido que faz download.

terça-feira, 27 de julho de 2010

"MÚSICA E FANTASIA" NA SESSÃO CULT DIA 31/07/10

"MUSICA E FANTASIA"
Original: Allegro, Non Troppo-Italia, 1976
Direção de Bruno Bozzetto
Roteiro de Bozetto, Guido Manuli e Maurizio Nichetti.
Elenco:Mariluisa Giovannini, Nestor Garay, Maurizio Micheli.Maurizio Nichetti, Mirella Faleo.
Argumento: Um produtor apresenta o seu novo filme, um desenho animado com base em temas musicais clássicos. Na hora de anunciar a produção ele sabe, por telefone, que um produto semelhante já foi feito nos EUA. Mas não se importa e ajudado por um desenhista tímido, um maestro fanfarrão, uma orquestra de senhoras bem idosas e uma servente que desperta paixão do desenhista, faz desfilar os números que se baseiam em composições de Dvorak, Ravel, Debussy e Stravinsky.
Importância Histórica: Sucesso internacional que mistura comédia e animação sem deixar o tom satírico. A comicidade pode lembrar as chanchadas (não só as brasileiras), mas se encaixa no espírito critico que segue a concepção dos trechos de composições clássicas como se o conjunto rebatesse as opiniões negativas que recebeu o clássico “Fantasia” de Walt Disney.É o filme mais conhecido do diretor, um milanês de 72 anos que tem 48 títulos em sua filmografia sendo o último, “Army Su Strada”, um curta de animação rodado em 2008.

SESSÃO CULT
"MÚSICA E FANTASIA"
Cine Líbero Luxardo
Sabádo Dia 31/07/10
Horário : 16 h
Entranda Franca
Após o filme, debate entre o público e críticos da ACCPA
PROGRAMAÇÃO : ACCPA(Ãssociação dos Críticos de Cinema do
Pará)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

CINECLUBE OI ESTAÇÃO DIA 28/07/10

CINEMA NA ORLA
28 de julho, às 19h
Curta:O Rapto de Peixe Boi
Direção: Cássio Tavernard Roteiro: Rodrigo Aben-Athar Produção executiva: Central de Produção – Cinema e Vídeo na Amazônia Animação, 15’, cor, digital, PA, 2009.
Sinopse:O Caranguejo tá organizando mais uma festa e o Peixe Boi responsável pelo transporte da aparelhagem, desapareceu e a turma da pororoca tenta desvendar esse mistério.Uma aventura divertida com trilha sonora de compositores paraenses, interpretadas pela Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz e participação especial do Mestre Vieira.
Longa:Sete Homens e Um Destino
Titulo original: (The Magnificent Seven)
Lançamento: 1960 (EUA)
Direção: John Sturges
Atores: Yul Brynner, Steve McQueen e Charles Bronson
Furação: 126 min
Gênero: Faroeste
Sinopse:Em um vilarejo mexicano, os habitantes sofrem constantes ataques de um bando de pistoleiros liderados pelo temido Calvera (Eli Wallach). Cansados de serem saqueados, alguns moradores locais que não têm armas e muito menos temperamento violento viajam até a fronteira, onde encontram Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen), dois pistoleiros desempregados que estão dispostos, não pelo dinheiro mas pela aventura, a reunir mais cinco outros foras-da-lei, que concordam por motivos diversos, a defendê-los de Calvera.
CINEMA NA ORLA
CINECLUBE OI ESTAÇÃO
LOCAL : ORLA DA ESTAÇÃO DAS DOCAS
DATA :DIA 28/07/10 (QUARTA-FEIRA)
HORÁRIO : 19 H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"SOLARIS" DE A. TARKOVSKI NO CC CLUBE ALEXANDRINO MOREIRA DIA 26/07/10

"SOLARIS"
Original: "Solaris"-URSS -1972
Direção de Andrei Trakovski
Roteiro de Tarkovski e Friedrich Gorenstein baseado no livro de Stanislaw Lem
Fotografia de Vadim Yusov
Música: Peludio em fá menor de Bach e Eduard Artemiev
Elenco: Donata Banionis, Natalia Bondartchuk, Anatoli Solonitsyn.
Argumento: Situações estranhas acontecem na sonda espacial que órbita o planeta Solaris, um mundo aquático.Um astronauta é enviado para observar o problema e acaba se envolvendo na fantástica capacidade do planeta materializar os pensamentos das pessoas e com isso fazer ressurgir figuras familiares já mortas, como a mulher deste astronauta.
Importância Histórica : O filme é uma das mais caras produções da antiga União Soviética e a sua concepção cinematográfica muito pessoal gerou criticas dos produtores que esperavam concorrer com as “science-fictions” americanas. Mudando radicalmente o roteiro a ponto de desagradar o autor do livro original, Tarkovski imprimiu a sua característica de diretor e ampliou a idéia da materialização dos pensamentos para dar margem à sua pesquisa de cinema introspectivo e poético. Gerou um filme inteligente e fascinante que recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes e o BAFTA (prêmio inglês).

SESSÃO ACCPA/IAP
CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA
(AUDITÓRIO DO IAP - INSTITUTO DE ARTES DO PARÁ)
"SOLARIS"
SEGUNDA-FEIRA DIA 26/07/10
ENTRADA FRANCA
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA
PROGRAMAÇAO : ACCPA

terça-feira, 13 de julho de 2010

"OS IMPERDOÁVEIS" NA SESSÃO CULT DIA 17/07/10

"OS IMPERDOÁVEIS"
Homenagem aos 80 anos do diretor Clint Eastwood
Original:Unforgiven-EUA,1992
Direção de Clint Eastwood
Roteiro de David Webb Peoples
Fotografia de James Green
Elenco: Clint Eastwood, Gene Hackman,Morgan Freeman, Richard Harris.
Argumento: O pistoleiro Murphy está regenerado graças à sua mulher,Claudia. Mas quando uma prostituta tem seu rosto cortado por um bandido e o xerife local não pune o autor do crime, as colegas dela contratam Murphy para a missão de vingança. Ele procura um velho parceiro para ajudá-lo na tarefa.
Importância Histórica: O filme ganhou o "Oscar" do ano e foi considerado uma obra-prima pela critica mundial. Seria uma renovação do western a partir do fato que se exime o máximo possível dos estereótipos do gênero, criando um clima de tensão que as imagens ajudam seja no enquadramento seja na concepção plástica como o uso da cor.Clint Eastwood foi ator de filmes B antes de ir para a Itália onde trabalhou em westerns “spaghetti” com Sergio Leone. De volta aos EUA uniu-se ao diretor Don Siegel e logo estava dirigindo os seus filmes, conseguindo uma filmografia longa e invejável por manter uma qualidade bem acima da média de Hollywood.

SESSÃO CULT
"OS IMPERDOÁVEIS"
Cine Líbero Luxardo
Sabádo 17/07/10
Horário : 16 h
Entrada Franca
Apoio : ACCPA

CINECLUBE OI ESTAÇÃO DE VOLTA DIA 21/07/10

Cine Clube Oi Estação – Filmes na Orla
Julho
21/07, 19h
Curta: Visagem, de Roger Ellarrat
Longa: Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho
Visagem
O filme é uma adaptação de sete contos do livro “Visagens e Assombrações de Belém” do escritor Walcyr Monteiro, livro este escrito a partir de causos e lendas sobrenaturais da cidade de Belém:
Na História, dois jovens entram clandestinamente em um antigo cemitério de Belém para fazer uma aposta: quem teria coragem de acender uma vela bem no centro do cemitério da Soledade, ao soar da meia-noite?Na medida em que a madrugada avança, eles se deparam cada vez mais com situações fantásticas e assustadoramente surreais dentro do cemitério. Mesmo não acreditando nas antigas histórias de visagens, os jovens agora vão protagonizar uma nova lenda urbana da cidade.
Ficha Técnica:Livre adaptação da obra de Walcyr MonteiroDireção e Produção de Roger ElarratRoteiro de Adriano BarrosoFotografia e câmera Adalberto JuniorTrilha original de Leonardo VenturieriDuração de 11 minutos.
Livre.
Roger Elarrat
Roger Elarrat é belenense, de 81. No currículo, uma faculdade de comunicação – habilitação em jornalismo – e anos de docência. No audiovisual, trabalha desde 2000, onde começou como assistente de direção e diretor de 2ª unidade em curtas metragens paraenses. Dirigiu o curta-metragem “Vernissage...” em 2006 e logo depois, o primeiro curta de animação em stop motion do Pará, “Visagem!”. É roteirista e diretor do documentário “Chupa-Chupa: a história que veio do céu”, projeto este que ficou em primeiro lugar no DOCTVIII no estado do Pará e, recentemente, da adaptação da minissérie, ainda inédita, “Miguel Miguel”, baseada na obra do escritor paraense Haroldo Maranhão.

Jogo de Cena
Gênero:Documentário
Duração:01 hs 45 min
Ano de lançamento:2007
Distribuidora:Videofilmes
Direção: Eduardo Coutinho
14 anos
Sinopse:Atendendo a um anúncio de jornal, 83 mulheres contaram sua história de vida em um estúdio. 23 delas foram selecionadas, em junho de 2006, sendo filmadas no Teatro Glauce Rocha. Em setembro do mesmo ano várias atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas por estas mulheres.
Elenco: Marília Pêra, Andréa Beltrão eFernanda Torres
Eduardo Coutinho, um dos mais importantes nomes do documentário brasileiro, teve uma formação que passou pelo cinema, teatro e jornalismo, tendo inclusive cursado a faculdade de Direito em SP. Seu trabalho é caracterizado pela profundidade e sensibilidade com que aborda problemas e aspirações da grande maioria marginalizada, seja em favelas, no sertão ou na boca do lixo. Político, sem ser panfletário, traz a emoção humana sem sentimentalismo nem truques. Apenas expõe a realidade com um olhar atento e compreensivo, dando a voz (ao invés de manipular) e concedendo, na montagem, o tempo necessário em cada plano para que a verdade das "personagens" possa se desvelar para a lente.

CURTAS DE ANIMAÇÃO NO CC PEDRO VERIANO DIA 13/07/10

Animação Made in Brasil em Exibição
10 curtas produzidos nos anos 80 galgaram o caminho para o desenvolvimento do setor e a criação do centro técnico audiovisual.Se Carlos Saldanha faz sucesso hoje com sua franquia “Era do Gelo”, muitos animadores brasileiros tiveram que batalhar durante anos para desenvolver o mercado nacional e conquistar espaço mundo afora. 10 curtas-metragem produzidos em 1986, no Rio de Janeiro, serão exibidos, dia 13, terça-feira, na tela do Cineclube Pedro Veriano, como exemplares que permitem visualizar os primeiros passos da profissionalização do cinema animado no país.
De uns anos para cá a animação brasileira fala de igual para igual com os principais centros produtores do mundo, contando com vários animadores brasileiros que trabalham atualmente em Hollywood e longas e curtas nacionais que têm constante presença em festivais internacionais. Esta coletânea de curtas realizados na década de 1980, partir de um acordo entre a extinta Embrafilme e o National Film Board do Canadá - o que levou à criação do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) -, com suas técnicas simples, representam um marco. Nela estão os trabalhos de Rodrigo Guimarães, César Coelho, Léa Zagury, Aída Queiroz, José Rodrigues Neto (Evoluz), Fábio Lignini (Quando os morcegos se calam), Telmo Carvalho, Marcos Magalhães, Patrícia Alves Dias (Presepe) e Daniel Schorr (Viagem de ônibus), que mostram algo novo, lúdico, poético, apontando o caminho para a animação brasileira conquistar seu espaço.
Filmes:
Em nome da lei (Rodrigo Guimarães);
Evoluz (José Rodrigues Neto);Informística (César Coelho);Instinto Animal (Léa Zagury); Noturno (Aída Queiroz);
O Músico e o Cavalo (Telmo Carvalho);
Presepe (Patrícia Alves Dias);
Quando os morcegos se calam (Fábio Lignini);
Tem Boi no Trilho (Marcos Magalhães);
Viagem de Ônibus (Daniel Schorr).
Sobre o CCPV - O ponto de exibição Cineclube Pedro Veriano é uma parceria da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Pará (ABDeC-Pa) com a Fundação Curro Velho, através do projeto do Governo Federal Cine Mais Cultura.Por se tratar de uma iniciativa da ABDeC-Pa, entre suas prerrogativas está a predileção por filmes em curta-metragem (antes dos longas), documentários e produções brasileiras. O ponto de exibição conta ainda com a parceria da APCC – Associação Paraense dos Críticos de Cinema, que uma vez por mês promove uma sessão em seu espaço.As sessões do ponto de exibição Cineclube Pedro Veriano são sempre às terças-feiras as 18h30, na Casa da Linguagem.

Sessão Núcleo de Animação do CTAv, nesta terça-feira, 13/07/2010, 18h30, no ponto de exibição -Cineclube Pedro Veriano, que fica na Avenida Nazaré, prédio da Casa da Linguagem, s/n, esquina com Avenida Assis de Vasconcelos.

sábado, 10 de julho de 2010

"OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE" NO CINE LÍBERO LUXARDO

O Cine Líbero Luxardo estreiou dia 08/07 o filme “Os Famosos e os Duendes da Morte”. O primeiro longa de Emir Filho (dos curtas Tapa na Pantera, Saliva entre outros), traz um adolescente de uma cidade minúscula que quer apenas ser livre e encontrar seus pares. As exibições acontecem sempre de quinta a domingo (08 a 18/07), às 19h30, com ingressos a R$ 5,00. Ás quintas estudantes com carteira de meia entrada não pagam.
Em seu primeiro longa Esmir nos mostra como o cinema consegue estimular nossos sentidos primários, a ponto de o filme se transformar em uma experiência completamente sensorial e intimista, e ainda nos remete a uma nova e empolgante tendência nas produções brasileiras: investigar os conflitos universais.
Baseado no livro homônimo de Ismael Caneppele, o longa conta a história de uma cidade em que cada um sonha em segredo. Ambientado em uma cidadezinha gaúcha habitada por descendentes de alemães, o filme mostra um jovem sem nome e sem rumo que conhece uma garota. Ela lhe mostra um mundo no qual ele embarca como alguém que nunca mais deseja voltar à realidade. Para o menino, a vida virtual é a única verdade. Assim, Mr. Tambourine Man, codinome com o qual ele se apresenta na internet, expressa seu descontentamento com a vida e procura se abrir com contatos virtuais que compartilham de sua angústia, sempre guiado pela música de Bob Dylan.
Ganhador do Troféu Redentor no Festival do Rio 2009 e destaque em vários outros eventos ao redor do mundo, o filme segue criteriosamente o estilo de Esmir. A maioria dos planos é realizada lateralmente ou de costas, preferindo os frontais geralmente nas externas, que são poucas, causando um maior deslocamento das personagens com o mundo em que vivem.
Ao falar das distâncias que separam e aproximam o protagonista de seus problemas, Esmir Filho opta por construir um filme que, apesar da narrativa linear e da estrutura comum, consegue transmitir com naturalidade as “alucinações” desencadeadas pelos pensamentos do garoto. Com isso, a mistura entre realidade e ilusão não se torna forçada ou irregular, e a inserção de devaneios como a visão de Dylan em um palco deserto contribui para a identificação entre espectador e personagem. Como não pretende focar seu filme em nenhuma ação ou acontecimento específico, o cineasta entende que precisa concentrar seus esforços em retratar toda a aflição que arrebata o menino e que é, no fim, o grande elemento perturbador de sua obra
A trilha sonora original, produzida por Nelo Johann e orientada pela famosa canção de Dylan que carrega a essência do filme, é um instrumento fundamental para o efeito que o longa exerce sobre seu espectador, além de corroborar com a estética nostálgica escolhida por Filho. O clima retrô se junta ao uso de imagens digitais com pouca resolução, explicitando que o deslocamento do protagonista não é só espacial, mas também temporal. “Os Famosos e os Duendes da Morte” nos faz entender porque estar perto não é físico, e estar longe não é definitivo. Enfim, é o espelho de uma juventude desnorteada que precisa do auxílio das bebidas e das drogas para extravasar seus anseios.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

PRISÃO E FOME




Filmes sobre prisão são muitos e alguns bem produzidos. Lembro de “Alcatraz, Fuga Impossível” (Escape from Alcatraz) que revi recentemente em DVD. Clint Eastwood está excelente como um dos únicos presos a fugir da ilha onde ficava (foi desativada) uma prisão que se dizia à prova de fugas. Agora assisto ao muito bom “Cela 211”(Celda 221/Espanha,2009) de Daniel Monzón, detentor de 22 prêmios e 16 candidaturas a maioria em seu país de origem (ganhou quase todos os Goya, tidos como Oscar espanhol). O assunto é uma rebelião de presos que faz de reféns membros da resistência basca, tidos como terroristas. As autoridades se apavoram: se invadirem o presídio de qualquer maneira os bascos podem morrer dando margem a uma vingança dos rebeldes. E entre os presos está um candidato a guarda carcerário que tinha se apresentado para trabalhar na hora em que começa a revolta. Casado com uma jovem que está grávida de 6 meses que ao saber dos acontecimentos procura o marido, enfrentando a multidão que se coloca diante dos portões do presídio em busca de noticias de seus familiares, ganhando com isso a violência dos policiais. Ela morre e quando o guarda carcerário sabe pela televisão do que está acontecendo assume a condição de preso e passa a lutar contra os policiais matando um dos agentes prisionais. O final é trágico.

A direção consegue um clima angustiante. Todos os atores criam seus tipos e desempenham suas performances a altura, especialmente Luis Tosar, o intérprete do excelente filme “Pelos Meus Olhos”(Te Doy Mis Ojos/2003, de Icíar Bollaín), e que protagoniza o líder dos presos rebelados, conhecido como Malamadre.
O filme não esteve nos cinemas da cidade (e provavelmente não estará). Mas está em DVD.

Também só em DVD pode-se encontrar uma rara co-produção de 3 países: Noruega, Dinamarca e Suécia: “ Fome” (Sult/1966) de Henning Carlsen. O roteiro, do próprio diretor, foi adaptado de um romance escrito no final do século XIX pelo noruguês Knut Hamsem, vencedor do Prêmio Nobel de literatura em 1920. Focaliza um escritor que passa a morar em Christânia (Noruega) onde acha campo para editar seus trabalhos. Mas a falta de dinheiro para se manter e a morosidade dos editores em dar-lhe resposta sobre seus textos leva-o a peregrinar pelas ruas, surrando a roupa (paletó, gravata, chapéu), e chegando a disputar um osso com um cão.

O ator Per Oscarsson está em quase todos os planos e traduz muito bem o drama do personagem. Também a excelente direção de arte joga a história no tempo, único meio de ser aceita pelos espectadores da segunda metade do século XX.
Importante a entrevista (bastante longa, aliás) do diretor como bônus do DVD. É uma aula de cinema. Ele narra as dificuldades que teve em conseguir os direitos do livro e modular a produção entre 3 nações, cada uma solicitando uma forma de interferência. Também cita o comportamento de Ingmar Bergman quando ele quis que para o papel principal fosse um ator da companhia estatal sueca que Bergman dirigia.

O famoso diretor sueco disse que atendia ao pedido do norueguês, mas o seu ator, com isso, perderia um importante representação na peça que estava para encenar. De qualquer forma, Per Oscarsson, premiado nos palcos suecos desde sua interpretação de Hamlet, conseguiu superar-se e apresentou um desempenho que foi premiado e ainda hoje pode ser considerado impressionante.

O filme não chegou aos cinemas brasileiros. Resta conhecê-lo nas locadoras de vídeo. É a forma de se driblar os blockbusters das férias que estão nos cinemas, naturalmente para quem já assistiu a “Toy Story 3”, uma animação que nasceu clássica.

A novidade da semana, se não histórica, é o lançamento, nesta sexta, pela manhã, da sessão em 3D de “Shrek para Sempre”, no Moviecom Pátio 2, para convidados. Em seguida, as sessões serão normalizadas para o público em geral.

"MAMÃE FAZ 100 ANOS" NO CC ALEXANDRINO MOREIRA DIA 12/07

"MAMÃE FAZ 100 ANOS"
Original:Mamá Cumple Cien Anos-Espanha, 1979
Direção e roteiro de Carlos Saura
Fotografia de Teodoro Escamilla
Elenco: Geraldine Chaplin, Amparo Muñoz,Fernando Fernan Gómez, Rafaela Aparício.
Argumento: Ana, com o marido Antonio, vão morar na casa de campo da família dele, ela fazendo tarefa de babá. A ocasião reúne todos os familiares para a festa do centenário da matriarca. Mas esses familiares mostram-se imersos em problemas íntimos que definem uma crise social.
Importância Histórica: O filme segue “Ana e os Lobos” na obra de Carlos Saura, um dos mais expressivos cineastas espanhóis surgidos nos últimos anos da ditadura Franco. Como em “Cria Cuervos”, situações e personagens servem de metáfora à situação política do país na época. São grandes intérpretes em desempenhos marcantes, especialmente Rafaela Aparício que faz a “mamá” centenária. O filme foi candidato ao "Oscar" de película estrangeira e ganhou o prêmio maior do Festival de San Sebastian.

SESSÃO ACCPA/IAP
"MAMÃE FAZ 100 ANOS"
Cineclube Alexandrino Moreira
(Auditório do IAP - Instituto de Artes do Pará)
Segunda-feira Dia 12/07/10
Horário : 19 h
Entrada Franca
Após a exibição do filme, debate entre o público e críticos de cinema da ACCPA

Programação : ACCPA

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