quarta-feira, 29 de julho de 2009

"QUEM MATOU LEDA ?" NA SESSÃO CINEMATECA HOMENAGEANDO OS 50 ANOS DA NOVELLE VAGUE


"QUEM MATOU LEDA ?"
Homenagem aos 50 anos da Nouvelle Vague

Original: À Doublé Tour
França, 1959
Direção de Claude Chabrol
Roteiro de Chabrol e Paul Gégauf baseado no romance de Stanley Ellin “The Key of Nicholas Street”
Fotografia de Henri Decae
Música de Paul Misraki
Elenco: Madeleine Robinson, Antonella Lualdi, Jean- Paul Belmondo.
Argumento: Leda, amante do sr.Marcoux, aparece morta. O suspeito é o leiteiro amigo da empregada da casa. Mas o namorado da filha de Marcoux, um tipo libertário que não é benquisto pela mãe da moça,conhecendo o ambiente corrupto em que vive a família, não acredita na história.
Importância Histórica: O primeiro filme a cores de Claude Chabrol, e o terceiro longa-metragem que dirige, é também o primeiro em que o diretor, um dos fundadores da “Nouvelle Vague”, inspira-se no seu mestre Alfred Hitchcock (por sinal também o cineasta preferido de François Truffaut, outro ícone do movimento). Aqui Chabrol aborda um caso criminal com implicações sociais que leva ao melhor Hitchcock, ressaltando além da intriga o ambiente em que vive as personagens, uma classe social que esconde a sua face deprimente no luxo que pode comprar.O filme está entre os preferidos do diretor.

Veja cenas do filme :


SESSÃO CINEMATECA
"QUEM MATOU LEDA ?"
Cine Olympia
Dia 02/08/09
Horário : 16:00 h
Entrada Franca
Programação : ACCPA (Associação de Críticos de Cinema do Pará)

Sessão Cinemateca - Próximos Programas :
Domingo Dia 16/08 – “MONSIEUR VINCENT” com P. Fresnay
Domingo Dia 30/08 – “A PAIXÃO DE JOANA D´ARC” de Carl Dreyer

segunda-feira, 27 de julho de 2009

"INIMIGOS PÚBLICOS"

Johnny Dillinger viveu intensamente seus relativamente poucos anos nos Estados Unidos da pós-Primeira Grande Guerra, época da crise econômica, da lei seca, do banditismo que desafiava os policiais e, muitas vezes, ganhava a simpatia de certo público. É possível dizer que Dillinger foi um dos mais afamados gangsteres mundiais. Por isso deu motivo a muitos filmes. A primeira versão conhecida data de 1945, com Lawrence Tierney vivendo o personagem, sendo dirigido por Max Nosseck. Não conheço essa versão, mas a dirigida por John Milius, protagonizado por Warren Oates enquanto Martin Sheen vivia o policial John Purdy.
Creio que o trabalho de Mann está acima das comparações. Não só em termos de produção, que recria os EUA dos anos 30, como na posição de não reforçar os tradicionais estereótipos, chegando a pintar um Dillinger “nem bom nem mau”, apontando muito mais para o ardiloso que consegue não só fugir de prisões tidas como inexpugnáveis como até mesmo de zombar da policia, “passeando” por uma delegacia enquanto os policiais estão nas ruas atrás dele.
O filme de Michael Mann, “Inimigos Públicos” (Public Enemies, EUA, 2009, 140 min.), com roteiro do próprio diretor e de Ronan Bennett e Ann Biderman, se baseia no livro de Brian Burroughs. A argumentação não está preocupada com a gênese do criminoso, ou seja, não focaliza a sua origem e as possíveis dificuldades que encontrou na sua formação. Interessa a caça ao homem. E nesta caça se incorpora a visão critica da base do FBI, o “Bureau Investigation” de J. Edhar Hoover (Billy Crudup). O organismo governamental esbarra na astúcia dos gangsteres e seu condutor é repreendido (e afastado da subvenção do Estado) quando Dillinger afronta a sociedade norte-americana com os seguidos assaltos a bancos. A figura de Hoover é posta como o de um administrador que se julga onipotente, enquanto Melvin Purvis (Christian Bale), seu devotado auxiliar é repreendido por deixar Dillinger escapar embora em uma perseguição tenha eliminado o gangster Pretty Boy Floyd (Chaning Tatum). São focos de tensão que acirram os ânimos da corporação policial na caçada ao chamado “inimigo público n° 1”, com a decisão de trazê-lo vivo ou morto.
Segundo a narrativa, Dillinger enamorou-se de Billie Frechette (Marion Cotillard), a ponto de arriscar-se a encontrá-la. Billie teria escrito ao namorado para afastar-se dela pelo perigo que o mesmo corria. Mas ele insistia. Presa e torturada serve de trunfo nas mãos da polícia. Depois disso, há dois caminhos para o personagem: um novo assalto e a persistência em reencontrar a amada. As armadilhas são sempre inevitáveis e só assim Purvis consegue seu intento através de uma amiga do gangster. Á saída de um cinema onde é exibido um filme “de gangster”, com Clark Gable (“Vencido Pela Lei”/ Manhattan Melodrama,1934) de W. S. Van Dyke, Diligger é alvejado e morto.
Tratando a vida de um personagem famoso, de uma época conturbada, de um cenário (seja no aspecto cinematográfico seja no teatral) muitas vezes abordado pelo cinema, “Inimigos Públicos” podia muito bem se acomodar nos “clichês” e ser “mais um” titulo de uma linha que se confunde com um gênero (há livros publicados detendo-se nos chamados “filmes de gangsters”). Mas Michael Mann consegue ir um pouco além. Sem sair do que se sabe sobre o tipo-chave, ele procura dinamizar a abordagem do tempo e ampliar a odisséia do bandido para um quadro em que se vê a força do crime ao desafiar a lei. Também mostra o companheirismo existente em certas falanges do crime, como a fidelidade e preocupação de Dillinger com seus “colegas” e o modo como ele se arrisca gastando tempo para que muitos saiam da prisão na hora em que ele consegue dominar a guarda e sair “pela porta da frente”. Por fim, o filme não se detém na moldagem da dupla romântica como uma nova Bonnie & Clyde. Nem reforça o melodrama a dizer que o herói-vilão morreu por amor. A linha é mais documental, mais tangente ao realismo, mesmo que isso torne a biografia reticente.
Trabalho interessante de um diretor muito talentoso.
Cotação: Muito Bom (****)

Luzia Miranda Alvares

SOMENTE EM DVD

Antes do comentário sobre os lançamentos de filmes em DVD respondo aos leitores e leitoras que me têm enviado e-mails reclamando o exíguo espaço da coluna e a conseqüente omissão da lista dos melhores vídeos da semana: Por favor, acessem os blogs: http://www.accpara.blogspot.com/ e http://luziaalvares.blogspot.com/ pois nesses espaços, a partir de agora, encontrarão o texto integral da coluna em todos os dias, inclusive aos sábados.
Voltando aos DVDs: continuam chegando às locadoras, filmes não lançados nos cinemas locais. Um destes é “Por Amor” (Personal Effects/EUA,2009), de David Hollander com a veterana Michelle Pfeiffer e Ashton Kutcher. De certa forma uma surpresa. Kutcher interpreta Walter, um jovem treinador de luta livre que se desorienta quando sua irmã gêmea aparece assassinada de forma brutal. O provável assassino é preso e levado a julgamento. Ele torce, assim como sua mãe, Gloria (Kathy Bates), para que este homem seja condenado. Mas não há provas suficientes e o veredicto contraria a expectativa dos parentes da vitima. Por outro lado, o jovem conhece a viúva de homem também assassinado, Linda ( Michelle Pfeiffer), outra pessoa que clama por justiça, alimentando o drama ao criar um filho deficiente de audição e fala. O garoto Clay (Spencer Hudson) ao receber ajuda de Walter através do desporto, se torna visceralmente ligado ao apoio moral e afetivo que este lhe dá. E sensibiliza-se tanto a ponto de tentar associar-se a dor do amigo, vingando-se da não condenação do homicida.
O diretor e roteirista David Hollander adapta convenientemente uma história curta de Rick Moody, usando uma fotografia com predominância de tons sombrios e um sublinhamento musical bastante sóbrio. Mas é nos atores que o diretor consegue firmar o seu trabalho, dando o cunho de realismo (mesmo com um final “arranjado”), que faz do filme um dos bons programas deste ano. Michelle Pfeiffer aos 50 anos demonstra que nada perdeu de talento e charme; o novato Spencer Hudson impressiona no difícil tipo do surdo & mudo. E o mais difícil cabe a Ashton Kutcher, saído de um papel cômico em “What Happens in Vegas”, com Cameron Diaz. Neste filme o ator se esforça para deixar a imagem de um jovem marcado pela morte da irmã, incapaz de tirar da memória a cena do crime. O seu desempenho ganha uma dimensão patética quando ele surge vestido de frango, na rua, divulgando as qualidades de um restaurante. O tipo de publicidade humilha e lhe cai bem na forma como a tragédia familiar o marca, tentando liberar-se no relacionamento com Linda, muito mais madura, mas a lhe dar, até por isso, a necessária experiência.
De um modo geral um bom filme. Podia muito bem ter alcançado o público nos cinemas, mas a distribuição tem razões que a razão, de fato, desconhece. E a prova disso está em outro DVD lançado agora: “Território Restrito” (Crissing Over/EUA, 2009), dirigido por Wayne Kramer. Harrison Ford interpreta um inspetor alfandegário, responsável pela vigilância da imigração. No inicio do filme ele flagra uma adolescente numa fabrica e quer poupá-la de um flagrante, mas um colega também percebe a situação da jovem e leva-a para a prisão até posterior deportação. Este caso tem d desfecho trágico com a morte da personagem, sensibilizando o policial. Há outros casos, cada um deles reforçado por drama íntimo que traduz a esperança que os imigrantes ilegais mantêm em melhorar de vida no novo país. A narrativa é dinâmica embora o acúmulo de personagens e situações a deixe um pouco dispersiva (nem todo mundo tem o mérito de agregar “short-cuts” com dezenas de tipos a exemplo de Robert Altman). Mas há bons momentos e uma visão amarga do que seja a busca por um lugar na sociedade norte-americana.
Somente em DVD o documentário vencedor do Oscar da categoria este ano: “O Equilibrista”(Man on Wire), de James Marsh. Trata do francês que atravessou em uma corda bamba as duas torres do World Trade Center, na década de 1970. O filme concorreu com “Encontro no Fim do Mundo” de Werner Herzog, a meu ver bem melhor.
Outro título que ficou longe dos cinemas foi “A Viagem do Balão Vermelho” (Le Voyage du Balon Rouge/França, 2007) do chinês Hsiao-Hsien Hou. O filme é uma homenagem ao curta-metragem “O Balão Vermelho” (Le Balou Rouge) de Albert Lamorisse (1923-1970) de 1956. O roteiro do diretor e de François Mogolin trata de um menino que passa a ser como que perseguido por um balão vermelho e deixa a sua impressão também com a empregada tailandesa encarregada de lhe tomar conta. O tom poético do filme de Lamorisse não se transfere para este longa, mas há muitas seqüências interessantes que exploram o realismo fantástico. Um verdadeiro campeão de prêmios internacionais.
Apesar de antigo “Mulheres No Front” (Le Soldatesse/Itália, 1965) de Valério Zurlini, diretor de muitos filmes consagrados como “A Moça com a Valise”, “Duas Vidas”(obra-prima que ainda não foi editada em DVD) e “Deserto dos Tártaros”) , não conseguiu distribuição para os cinemas brasileiros. O roteiro de Leonardo Benvenuti, Piero de Bernardi, Franco Solinas e do próprio Zurlini aborda os últimos anos da 2ª.Guerra Mundial quando um grupo de prostitutas é convocado para “distrair” soldados italianos na frente grega. As mulheres tentam se ajudar umas as outras e contam com a generosidade de um tenente interpretado por Tomas Milian. Mas a maioria morre em ataque dos “partisans” (resistentes ao fascismo). No elenco, Lea Massari, Ana Karina, Marie Laforêt e Mario Adorf. Com todas essas estrelas, conhecidas na época, o filme foi ignorado. Hoje pode estar um pouco envelhecido, com detalhes incômodos como a maquilagem das mulheres intocável no meio hostil. Mas é muito interessante e com um ritmo ágil convidativo à qualquer público.
“Legalmente Morto” (Dead Cool/Inglaterra, 2007) é outro inédito nas telonas. Uma comédia bem inglesa (a começar pelas falas), mostrando apenas o quanto o humor britânico difere, hoje, do que era no passado quando empresas como o Ealing Studio de Malcom Balcon produzia comédias como “As 8 Vitimas” (Kind, Hearts and Coronets), e “O Quinteto da Morte”(The Ladykillers). Neste exemplar, escrito e dirigido por David Cohen, um advogado especializado em imigração morre em um desastre deixando dois filhos adolescentes. O mais velho passa a ver o espírito do pai e vai sendo guiado por ele. Nessa condição, o então jovem se opõe firmemente ao novo relacionamento amoroso da mãe com um homem separado e pai de duas meninas. As situações nem sempre se situam como comédia, deixando um teor dramático predominar. Com isso, o objetivo é distorcido e uma visão real dos acontecimentos torna-se anacrônica. Embora também se estenda nas observações de intrigas familiares, mesmo assim há um certo interesse a permanecer nas quase duas horas de narrativa. O elenco tem apenas uma atriz conhecida dos espectadores locais: a norte-americana Rosana Arquette.

OS MELHORES VIDEOS DA SEMANA:
Gran Torino
Por Amor
O Equilibrista-
Território Restrito-
Paixão de Ana-
Mulheres no Front-
O Lutador-
Vergonha-
Kapó
Sargento York.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
Presságio
Frost/Nixon
Gran Torino
Os Delírios de Consumo de Becky Bloom
O Casamento de Rachel
The Spirit - O Filme
Coração de Tinta - O Livro Mágico
Por Amor
A Pantera Cor-de-Rosa 2
Passageiros

Luzia Miranda Alvares

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O NOVO CINEMA DE VICENTE FRANZ CECIM


Vicente Cecim voltou a filmar. Seus dvds “Fonte dos que Dormem” e “A Lua é o Sol” trazem peculiaridades não encontradas em nenhum exemplo de cinema. Não vejo nada semelhante nem mesmo nos clássicos surrealistas. Citando que são “Kinemandara”, ou seja, Cinema de Andara, a terra do intimo do autor, mais do que uma Shangri-ka ou Passárgada, ele tenta se expor da forma que lhe chegam as idéias. O máximo que se pode concluir de uma temática é a frase que pesca de Franz Kafka: “Por impaciência perdemos o paraíso”, e, a seguir, “por impaciência não voltamos ao paraíso”. Escrevendo as frases, “A Lua é o Sol” pontua com uma visão panorâmica da cidade atrás de grades. Em seguida, em stopmotion, pessoas andando para uma parada de ônibus em uma praça. Não se queira identificar coisa alguma, embora se possa. As “silhuetas na paisagem” evocam o que disse Joseph Losey. E os filmes divagam por imagens paradas que devem dizer a Cecim muito de sua sensibilidade exuberante.
O cinema introspectivo é aquilo que Jean Cocteau falou: aquele em que a câmera faz a vez de uma caneta. Na época de Cocteau isso era um recurso poético. Hoje é real, com as minúsculas gravadoras digitais cumprindo roteiros imaginados diretamente para elas, sem passar pelo papel.
Em “Fonte dos que Dormem” há longos travellings pela mata, tomados de um automóvel em movimento. É crepúsculo (ou aurora). O papel do sol pequeno (poente ou nascente) persegue o autor. A lua parece um sol ou ele a ela nas primeiras cenas de “A Lua é o Sol”. Até que a luz difusa ilumine toda a tela e nada mais deixe que se veja.
Também há signos, como uma bola azul, correntes, gravuras que sugerem o paraíso perdido ou um inferno alcançado. Mas ninguém deva discernir o que há de material na obra de Cecim. Ele precisava do cinema para prosseguir a sua experiência literária. E adentra na poesia das imagens com intercessões de palavras. A força dessas palavras não precisa ser ilustrada sob ou sobre. Tudo é a casa do ego, ou a fonte do id, ou a alma de um poeta que tenta emergir do corpo. Se a gente se impacienta com o que vê, nada mais natural. Perdemos o paraíso e não temos força para voltar.A impaciência embota a percepção do outro e as pessoas, que não são iguais, não tentam se comunicar inteiramente. É assim que Cecim passa do romance ao filme/disco. Um criador que se completa.

Pedro Veriano

segunda-feira, 20 de julho de 2009

"ASSASSINOS" NO CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA SEGUNDA-FEIRA DIA 27/07/09 ÀS 19 H


"ASSASSINOS"
Original: The Killers-EUA,1946
Direção de Robert Siodmak;
Roteiro de Anthony Veiller, Richard Brooks e John Huston baseado no texto de Ernst Hemingway.
Fotografia de Elwood Bredell
Música de Miklós Rozsa
Elenco: Burt Lancaster, Ava Gardner, Edmond O’Brien, Albert Dekker, Sam Levene
Resumo: Boxeador aposentado conhecido como “Sueco”(Lancaster)é assassinado e deixa uma fortuna para a empregada de um hotel que mal o conhecia. O detetive Jim Reardon(O’Brien) investiga o caso e tudo converge para Kitty Collins (Gardner) e uma gangue ligada a um assalto milionário.
Importância: Exemplo de “film noir”, ressaltado na fotografia contrastada, na trilha sonora e principalmente na postura das personagens, levando ao clima policial que se tornou básico no gênero.O nome “film noir” veio dos críticos franceses às produções norte-americanas de baixo orçamento que se caracterizavam por histórias de detetives, cinegrafia que explorava o contraste de luz e um realismo desafiador do Código Hayes, a censura da época que limitava a expressão dos realizadores. Mesmo assim, neste clássico de um cineasta que se deu bem no gênero, os ferimentos não exibem sangue. Era proibido mesmo no imediato após-guerra.
Os cineastas Richard Brooks (que faria “À Sangue Frio” e “Os Profissionais”) e John Huston (considerado “pai” dos “noir” com o seu “Relíquia Macabra” ou “O Falcão Maltês”) trabalharam no roteiro sem assinarem.



SESSÃO ACCPA/IAP
CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA
(Auditório do IAP ao lado da Basílica de Nazaré)
"ASSASSINOS"
SEGUNDA-FEIRA DIA 27/07/09
HORÁRIO:19 H
ENTRADA FRANCA
PROGRAMAÇÃO : ACCPA
Após o filme, debate entre os espectadores e críticos da ACCPA

"A NOIVA DE FRANKENSTEIN" NA SESSÃO CULT SABÁDO DIA 25/07 ÀS 16:30 H


"A NOIVA DE FRANKENSTEIN"
Original:The Bride of Frankenstein=EUA, 1935
Direção de James Whale
Roteiro de William Hurlbut baseado no romance Mary Shelley
Fotografia de John M. Mescall
Música de Franz Waxman
Elenco: Boris Karloff, Colin Cleeve, Valerie Hobson, Elsa Lanchester, Ernst Thesiger, Gavin Gordon, Douglas Walton.
Argumento: Mary Shelley , a autora do livro “Frankenstein ou o Moderno Prometeu”, conta que o monstro (ou A Criatura) não morreu. Mas o dr, Henry Frankenstein quer agora viver em paz com a sua nova eleita., Surge, porém o Dr Pretorius, um ambicioso cientista que foi professor de Henry e usa de chantagem para que o inventor faça uma companheira para o monstro.
Importância histórica: Os críticos e historiadores acham que esta seqüência de “Frankenstein” acabou se transformando no melhor filme sobre a trama imaginada por Mary Shelley. Registraram que é uma obra-prima de James Whale (biografado no filme “Deuses e Monstros”) e que hoje se percebe como fere “temas antes censurados como o homossexualismo, a necrofilia e o sacrilégio”.A atriz Elsa Lanchester, mulher de Charles Laughton, faz o papel de Mary Shelley, E Boris Karloff aprimora o seu monstro com um desafio que é a expressão do desejo. Um filme que na sua época fez sucesso comercial sem que se medisse a sua profundidade artística. É interessante observar que Whale só concordou em fazer a seqüência quando a Universal lhe deu plena liberdade criadora. Ele modificou o roteiro original e trabalhou a seu modo, afirmando sempre que é o seu melhor trabalho no cinema.
SESSÃO CULT
"A NOIVA DE FRANKENSTEIN"
Sabádo Dia 25/07/09
Cine Líbero Luxardo
Horário: 16:30 h
Entrada Franca
Programação : ACCPA
Após o filme, debate entre os espectadores e críticos da ACCPA

CURTAS DE ANIMAÇÃO NO CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA SEGUNDA-FEIRA DIA 20/07/09

O Cineclube Alexandrino Moreira, do Instituto de Artes do Pará (IAP), exibe nesta segunda-feira, dia 20, mais uma sessão de curtas de animação, dando continuidade à programação do dia 13, que teve grande participação do público. O programa reúne sete curtas, feitos em diversas técnicas, dando ao espectador um interessante panorama da produção no gênero. A sessão começa às 19h, com entrada franca e censura livre, e após a exibição haverá um bate-papo com o Cássio Tavernard, realizador dos curtas “A Onda – Festa na Pororoca”, e “A Turma da Pororoca”.
Integram a programação os seguintes curtas: “Alma Carioca - Um Choro de Menino”, de William Côgo (RJ, 2002); “Disfarce Explosivo”, de Mário Galindo (SP, 2000); “Historietas Assombradas (Para Crianças Malcriadas)”, de Victor-Hugo Borges (SP, 2005); “Isabel e o Cachorro Flautista”, de Christian Saghaard (SP, 2004); “Mitos do Mondo: Como Surgiu a Noite?”, de Andrés Lieban (RJ, 2005); “O Nordestino e o Toque de sua Lamparina”, de Ítalo Maia (CE, 1998); e “O Tamanho que Não Cai Bem”, de Tadao Miaqui (RS, 2001).
Segundo a Programadora Brasil, responsável pelo acervo exibido, mesmo não se configurando uma definitiva síntese da animação brasileira dos últimos anos, o programa aponta as virtudes e singularidades da cinematografia brasileira dirigida ao público infantil. Na animação paulista “Disfarce Explosivo”, há um clima próximo às situações cômicas que Mazzaropi ambientava no meio rural brasileiro. Tecnicamente bem produzido, o filme remete à animação "A Fuga das Galinhas", preservando um humor que, às vezes, soa ingênuo.Em “O Tamanho que Não Cai Bem” vemos um ótimo resultado de uma oficina realizada com crianças de uma escola de Porto Alegre. Esta animação tem na ingenuidade e no aspecto lúdico suas maiores forças. Outra qualidade: os desenhos dos personagens se alternam em alguns momentos, criando uma espécie de fluxo interno proporcional à transitoriedade da vida.“Isabel e o Cachorro Flautista” mistura imagens em 35mm e desenhos animados. Sob um tom de fábula, o espectador mergulha em um universo fantástico com certa facilidade, graças à interpretação singela da estreante Júlia Freitas. O filme tem na inocência sua principal virtude.Uma das animações brasileiras mais premiadas nos últimos anos, “Historietas Assombradas (para crianças malcriadas)” é composta por três histórias livremente adaptadas do folclore brasileiro. Produzido com uma técnica mista, o curta apresenta uma fluidez narrativa encantadora, fortalecida pela voz sóbria de Mirian Muniz. Com uma estética próxima aos filmes de Tim Burton, trata-se de um ótimo exemplo de como apresentar temas de nossa cultura sob uma narrativa dinâmica e não-didática.Em “Alma Carioca: Um Choro de Menino”, além da trilha sonora impecável, há também a evocação de um Rio nostálgico, sem a violência e a pobreza dos dias atuais. O excessivo idealismo, porém, se revela um mecanismo didático, ignorando contradições e controvérsias tão naturais a uma narrativa dramática.Produzido pela TVE Brasil, “Mitos do Mondo: Como Surgiu a Noite” unifica as diversas raízes que formam o que se poderia chamar de "civilização brasileira". A animação tem como principal mérito apresentar a cultura indígena de forma não-depreciativa, ainda que, em alguns momentos, o conteúdo se revele um tanto caricato.“O Nordestino e o Toque de sua Lamparina” foi produzido pelo Núcleo de Animação da Casa Amarela, no Ceará. Mostra o inusitado encontro de um sertanejo e um daqueles gênios típicos das histórias contadas no lendário “As Mil e Uma Noites”. Com um toque de humor, e trilha sonora adequada, o filme oferece um tratamento mais lúdico a um tema tão associado às mazelas sociais.

Curtas de Animação
Dia 20/07
Segunda-feira
Horário : 19h
Cineclube Alexandrino Moreira(Instituto de Artes do Pará)
Entrada franca
Após a sessão, haverá um bate-papo com Cássio Tavernard
Apoio : ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

CORALINE ESTUDOU EM HOGWARTS ?

A animação “Coraline” de Henri Selick está nas locadoras longe da prateleira de “infantis”. Procede: quando exibido numa das salas Moviecom no shopping Castanheira, uma senhora mãe saiu soltando fumaça, reclamando que a sua pimpolha abriu no berro em meio à projeção. Mas eu vi o filme agora (não vi no cinema, pois não vejo cópia dublada) e, sinceramente, penso que a menininha chorona não deve ter visto “Branca de Neve e os 7 Anões”. Eu devia ter a idade dela quando estreei minha cinemania no finado Cine Iracema e fugi para ver por trás da cortina, no ambiente claro, aquela bruxa cara de cão, aqueles anões mais feios do que a desgraça e aquelas arvores que pareciam querer agarrar a jovem Branca quando ela foi mandada embora pelo piedoso caçador encarregado de matá-la. Ingmar Bergman, no seu livro de memórias aqui chamado “A Lanterna Mágica”, contou a mesma coisa. Tremeu de medo vendo “Branca de Neve”. E o filme de Walt Disney está entre os clássicos ditos infantis, figurante no cardápio dos bebês de três gerações.
“Coraline” é até moralista. Mãe e pai da menina não davam bola para as necessidades afetivas da filha única. Faziam parte da safra de pais que dizem “deixa pra depois menino chato” quando a criança pede alguma coisa (até informação)em hora que eles estão aperreados com agruras da rotina. Com essa carência a garota, à maneira de Alice (a de Lewis Carrol), descobre um espaço que lhe transporta para um outro “País de Maravilhas”, a réplica de sua casa com pai e mãe afetuosos, fazendo-lhes as graças sem rodeios. O senão desse estágio numa terra que não era de baralho (como na história de Carrol) era o pedido feito pela outra mãe para garota botar dois botões na cara: um de cada olho. Entendam: botão fecha casa de roupa, botão no olho fecha a visão para um espaço que não interessa a quem quer fechar. A menina se rebela, sabe de exemplos terríveis (meninos que morreram sem os olhos e cujos fantasmas perambulam pela casa dos pais postiços), e acaba abraçando papai e mamãe com todos os seus defeitos.
Claro que há do que ter medo. Mas um medo construtivo. A criança só deixa de pegar em fósforo aceso quando lhe queima o dedo. Mostrar que pai e mãe possuem copyright genético é base. Afinal, se a gente nascesse com defeito e valesse prazo de garantia a reclamação iria para os produtores...
Mas eu penso que a garotada medrosa não teme Hogwarts, a escola de bruxos onde estuda Harry Potter. Sei de gente bem miúda que se alistou no fã clube do herói de Joan K. Rowling. Então o que é que há? Talvez o traço do filme animado seja a causa do espanto. O universo de Potter é menos apavorante –apesar de dark. Não sei se no fim da série, quando a porrada com Lorde Valdemort deve surgir pra valer, a coisa continuará como umas férias num terreno onde se pode voar em vassoura. Se for, acredito, os personagens humanos garantirão o fascínio dos mirins. O velho Freud explicaria essa predileção. Como exemplo há o caso da garota inglesa que furou o bloqueio de idade e foi ver no teatro a peça “Equus” em que Daniel Radcliffe, o Harry Potter do cinema, aparece nu. Ela saiu nas nuvens. Efeito que nunca o príncipe beijoqueiro de Branca de Neve conseguiu. (Pedro Veriano_)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

"O HOMEM QUE CAIU NA TERRA" NA SESSÃO CINEMATECA DOMINGO DIA 19/07/09 NO CINE OLYMPIA


"O HOMEM QUE CAIU NA TERRA"
Original: The Man who Fall in Earth – Inglaterra,1976
Direção de Nicolas Roeg
Roteiro de Paul Meyersberg baseado no livro de Walter Tevis
Fotografia de Anthony Richmond
Música de John Phillps
Elenco: David Bowie, Rip Torn, Candy Clark, Buck Henry.
Argumento: Um alienígena chega à Terra em busca de água para seu planeta que está se transformando num deserto. Mas na chegada perde-se de seus familiares. Adotando a personalidade do terráqueo Thomas Jerome Newton, usa diamantes que trouxe consigo e passa a comprar meios para se comunicar com os parentes (mulher e filhos menores). Ele também pensa em comprar tecnologia para fazer a sua viagem de volta, mas desconhece a ganância e crueldade dos homens.
Importância: Com um esplêndido visual e uma interpretação marcante do cantor David Bowie o filme inova no gênero “science-fiction” apresentando não o estereotipo do “alien invasor” mas deixando ao homem da Terra o papel de vilão. Além disso o filme capta a sociedade e cultura ocidental dos anos 70 e a incompreensão e preconceito gerado em uma falange que não aceita mudanças.
É um dos melhores filmes do diretor australiano que também realizou “A Longa Caminhada” e “Inverno de Sangue em Veneza”.

SESSÃO CINEMATECA
"O HOMEM QUE CAIU NA TERRA"
Domingo dia 19/07/09
Horário : 16:00
Entrada Franca
Programação:ACCPA

"SIMPLESMENTE FELIZ" DE MIKE LEIGH NO CINE ESTAÇÃO


"SIMPLESMENTE FELIZ"
Título Original: Happy-Go-Lucky
Duração:118 minutos
Direção: Mike Leigh
Roteiro: Mike Leigh
ElencoSally Hawkins
Sinopse:Poppy é uma professora primária, que sempre se veste com roupas coloridas e tenta ver a vida pelo lado positivo. Isto faz com que ela seja em vários momentos irresponsável, por levar na brincadeira situações sérias. Uma das pessoas que a vêem deste modo é Scott (Eddie Marsan), seu professor da auto-escola, que não suporta os desvios de atenção que ela tem na direção.
Premiações :
- Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original.
- Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz - Comédia/Musical (Sally Hawkins), além de ser indicado na categoria de Melhor Filme - Comédia/Musical.
- Recebeu 2 indicações ao European Film Awards, nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz (Sally Hawkins).
- Ganhou o Urso de Prata de Melhor Atriz (Sally Hawkins), no Festival de Berlim.

"SIMPLESMENTE FELIZ"
Cine Estação
Dias 15 de julho, às 18h e 20h
16 de julho , às 18h e 20h
22 de julho: às 18h e 20h
23 de julho: às 18h e 20h


Apoio : ACCPA

terça-feira, 7 de julho de 2009

"NINOTCHKA" COM GRETA GARBO NO CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA DIA 13/07/09 ÀS 19 H

"NINOTCHKA"
Origem; EUA, 1939.
Direção de Ernst Lubitsch
Roteiro de Charles Brackett, Billy Wilder, Walter Reisch de um livro de Melchior Lengyel.
Fotografia de William H. Daniels
Música de Werner R. Heymann
Elenco: Greta Garbo, Melvyn Douglas, Ina Claire, Bela Lugosi,Sig Ruman.
Resumo do argumento: Três russos vão a Paris vender as jóias da Duquesa Swana. Mas os seus superiores na União Soviética mandam um emissário saber dos negócios e trazer de volta os vendedores. O emissário é a oficial Ninotchka (Garbo), comunista convicta que pretende resistir aos encantos da cidade capitalista, mas sucumbe aos galanteios de um garboso francês (Douglas). Importância histórica: O filme foi anunciado com a frase “Garbo ri”. Explica-se: a atriz sueca, uma das estrelas mais fulgurantes do cinema desde a fase muda, havia feito mais de duas dezenas de filmes dramáticos. O seu perfil de seriedade parecia imune à comédia. Mas assim, como a personagem do filme de Lubitsch, ela deixou-se seduzir pelo tema e, numa seqüência, dá uma prolongada gargalhada (quando Melvyn Douglas cai de uma cadeira num restaurante).
Lubitsch dizia que “ao menos duas vezes ao dia até mesmo o mais digno dos seres humanos banca o ridículo”. Desta forma defendia o que se conhecia como “Lubitsch touch” ou o seu modo de dirigir comédia. Ele, afinal, foi o professor de Billy Wilder, diretor de jóias do gênero como “Quanto Mais Quente Melhor”.Em 1957 a MGM refez o argumento em um musical chamado “Meias de Seda”(Silk Stockins) com música de Cole Porter e interpretações de Fred Astaire e Cyd Charisse. Foi o último filme do consagrado diretor de dramas Rubem Mamouliam.

SESSÃO ACCPA
"NINOTCHKA"
CINE CLUBE ALEXANDRINO MOREIRA
AUDITÓRIO DO IAP (ao lado da Basílica de Nazaré)
SEGUNDA DIA 13/07/09
HORÁRIO : 19 H
ENTRADA FRANCA
*Após a exibição do filme, debate entre o público e os críticos da ACCPA

"OS BOAS VIDAS" DE FELLINI NA SESSÃO CULT SABÁDO DIA 11/07/09 ÀS 16:30 H


"OS BOAS VIDAS"
Original: I Vitelloni- Itália, 1953.
Direção de Federico Fellini
Roteiro de Fellini, Ennio Flaiano e Tullio Pinelli.
Fotografia de Carlo Carlini, Otello Martelli e Luciano Trasatti.
Música de Nino Rota.
Elenco: Franco Interlenghi(Moraldo),Alberto Sordi(Alberto),Leopoldo Trieste(Leopoldo), Ricardo Fellini (Ricardo) , Franco Fabrizzi(Fausto),Leonora Ruffo (Sandra).
Resumo: Moraldo, Alberto, Fausto,Leopoldo e Ricardo são rapazes da classe média de Rimini, cidade do sul da Itália. Desocupados, eles passam o dia no bar jogando conversa fora e varando a madrugada nas ruas desertas. A história de cada um deles e a resolução de Moraldo em ir embora para Roma é a base do filme que muitos viram como biográfico do mestre Fellini.
Importância Histórica: Segundo longa metragem inteiramente dirigido por Fellini (o primeiro foi “Abismo de um Sonho”/Il Siecco Bianco, contando-se em separado a associação com Alberto Lattuada em “Mulheres e Luzes”/Lucci del Varietá).É um dos mais sinceros e simples que o cineasta realizou. Ele contaria fatos de sua época de jovem em sua cidade natal, e para isso usou os nomes dos interpretes para as personagens, exceto o Fausto de Franco Fabrizzi que surge como a “ovelha negra” do grupo.A narrativa começa na festa de “Miss Sereia” quando a eleita, Sandra Rubini, irmã de Moraldo, desmaia e se sabe que ela está grávida. O pai da criança é Fausto, que se aproveita da confusão para arrumar as malas e fugir da cidade. Mas é obstado pelos amigos e pelo pai. Acaba casando com Sandra e indo para a cidade grande passar a lua de mel. Na volta o pai lhe arranja emprego numa loja. Mas nada consegue transformar o “vitelloni”(bezerrão, boa-vida) em gente séria. Por outro lado, Alberto não impede que sua irmã fuja com um homem casado, Leopoldo tente vender uma peça de teatro sem sucesso e Ricardo se limite a ser cantor no coro da igreja. Só Moraldo pensa mais longe e acaba deixando o grupo. A música de Nino Rota ajuda na construção de um clima nostálgico, banhando de poesia o filme que ainda é considerado um dos melhores do diretor.

SESSÃO CULT
"OS BOAS VIDAS"
SABÁDO DIA 11/07/09
CINE LÍBERO LUXARDO
HORÁRIO : 16:30 H
ENTRADA FRANCA
PROGRAMAÇÃO : ACCPA
*Após a exibição do filme, debate entre o público presente e críticos da ACCPA

segunda-feira, 6 de julho de 2009

"O CASAMENTO DE RAQUEL"

O roteiro polifônico quebra todas as regras corretas dos engessados manuais de roteiro ainda vigentes em muitos cursos relâmpago que acontecem na cidade.
Polifônico pela liberdade e excesso narrativo (no melhor sentido estético) que pode movimentar dezenas de personagens, marcação com vários ângulos à disposição de corte documental que valoriza cada ponto recortado pela câmera, plots que se encontram e se distendem, tensões pontuais, algo meio epidérmico, e graças ao que se pode também denominar de roteiro de re-invenção, um certo desconforto emocional que remete à Bergman.
Não se trata de muitas tomadas destinadas a cartilha do cinema contemporâneo e seu abuso de corte (editite), que se torna um cacoete tanto em policiais televisivos, dramas, os filmes de gênero ou do circuito alternativo. Poucos cineastas entenderam tão bem o valor do corte como pedra fundamental da linguagem como Eisenstein, Griffith, Kubrick, De Palma, e Altman (a quem “ O Casamento de Rachel” presta tributo).
Se em “Cerimônia de Casamento” o roteiro polifônico de Jenny Lumet se desenvolve a partir de vários personagens cruelmente destratados pela mise-en-scène genial de Altman, “O Casamento de Rachel”, de Jonathan Demme, não deixa pontas soltas num roteiro que poderia muito bem se perder nas armadilhas fáceis e tentadoras que assolam dramas com tons de comédia.
No ponto alto do filme, a festa de casamento, a narrativa polifônica e visual (cinema em estado puro) utiliza a captação documental (como a câmera do irmão do noivo) para potencializar ainda mais o sentido de ficção que celebra a pluralidade de sons e imagens. É a vitória, pelo menos no cinema, da possibilidade multiétnica, multicultural das várias e infinitas formas e linguagens. Super 8, vídeo, película, digital, câmara na mão, samba, rap, folk, jazz, rock e o que vier, que seja bem vindo para expressar a possibilidade estética.
A festa também funciona como a coreografia do descontentamento, do estranhamento, da disfuncionalidade da estrutura familiar e o papel assumido por cada membro. Papéis como cargos em família, em que o sol que brilha nos vastos quintais dos subúrbios tranqüilos, definitivamente, não é para todos.

Augusto Pachêco

quinta-feira, 2 de julho de 2009

GARBO RI


Greta Garbo tinha realmente garbo (perdão: devia ter tudo). Mas não ria. Seu nome de batismo era Greta Gustavsson e desde criança passou a trabalhar, primeiro numa loja de confecções na Suécia posto que seu pai morrera cedo e a família não tinha como viver de herança.Ali foi descoberta pelo cinema, e o cineasta Mauritz Stiller, famoso em sua terra por filmes como “A Saga de Gosta Berling”(passou aqui no Cine Clube “Os Espectadores” em 1955), levou-a para Hollywood. Quando Stiller morreu, contam que a conterrânea e amiga desesperou-se. Foi o homem de sua vida, embora não o amante. No caso, o candidato a amante seria Johnn Gilbert, galã do cinema mudo que ela fez questão de botar para falar em “Rainha Cristina”, um fracasso para ele. Mas a paixão era mais de Gilbert por ela, sem correspondência. Garbo achava o seu papel em “A Dama das Camélias”(Camille), de George Cukor, o melhor de sua carreira. Mas apreciava em especial o talento do diretor alemão Ernst Lubitsch. Por isso aceitou fazer “Ninotchka” sob a sua direção. Uma comédia, gênero que ela nunca experimentara.
No filme de Lubitsch a então enigmática atriz (posto que não havia quem escrevesse nos jornais sobre a sua vida, um segredo que ela guardava sempre, até por não freqüentar encontros sociais) fazia uma soviética que vinha à capitalista Paris buscar conterrâneos corruptos. Representava a confiança dos bolchevistas. Mas na capital francesa acabava por se apaixonar por um executivo, reapresentado por Melvyn Douglas. Nessa porfia por um romance ela chegava a....rir. E o filme foi propagado como aquele em que “Greta Garbo ri”.
O riso foi o principio do fim. Embora “Ninotchka” fosse um sucesso, o filme seguinte dirigido por George Cukor, “Duas Vezes Meu”(Two Faced Woman), foi um total fracasso. Nessa altura a atriz repetiu a frase que deixou gravada em “Grande Hotel” um de seus sucessos: “I want to be alone”(Eu quero ficar só). E ficou, até morrer de causas naturais em 1990.
Rever Garbo rindo é hoje mergulhar na história do cinema. O mesmo roteiro serviria para um belo musical com Fred Astaire e Cyd Charisse (“Meias de Seda”) em 1957 com canções de Cole Porter. É de minha predileção. Mas “Ninotchka” tem o sabor de matriz. E é um pouco da história de Garbo, a sueca sisuda, a mulher que parecia sempre triste como a sua Camille de Dumas ou a sua Ana Karenina, de Tolstoi(dirigida no cinema por Clarence Brown), a que se atira nos trilhos do trem. O riso de Garbo deu até uma peça de teatro. O filme tem o “Lubitsch touch”, ou seja, o jeito sarcástico do grande cineasta alemão que fez também carreira no cinema americano.

Pedro Veriano

"O CASAMENTO DE RAQUEL"


“O CASAMENTO DE RAQUEL” de Jonathan Demme. Com Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Mather ZickDel e Bill Irwin. Depois de um periodo numa clínica de reabilitação, a jovem Kim retorna à sua casa para participar do casamento de sua irmã Raquel. Ainda fragilizada depois da reabilitação, Kim acaba provocando na família uma série de conflitos que estavam “esquecidos” e que são revelados através dos preparativos da festa de casamento que está sendo organizada. A relação protetora com o pai, o julgamento de todos ao seu comportamento, a lembrança inevitável de um acidente que acabou ocasionando a morte de seu irmão mais novo, a hipocrisia de sua relação com a sua mãe, enfim, tudo vem à tona de forma avassaladora e marcante. Dirigido com maestria por Jonathan Demme, cineasta do já clássico “O Silêncio dos Inocentes” com Anthony Hopkins e Jodie Foster, “O Casamento de Raquel” é um filme rico de diálogos e situações consistentes que ganharam força com a direção do filme e atuação brilhante de todos os atores do elenco. Com o roteiro de Jenny Lumet (filha do grande diretor americano Sidney Lumet), o filme mergulha fundo nos conflitos familiares revelando a fragilidade das relações, as mágoas, as carências, o amor e a indiferença de uma família aparentemente feliz e que inicialmente coloca a jovem Kim como grande vilã dentro da estrutura familiar mais que aos poucos se revela desestruturada e vulnerável à todos as contradições de seus membros. Não é fácil construir um bom roteiro sobre um assunto tão complexo e Jenny Lumet teve o talento de fazer um filme atual sobre um tema atemporal. Numa mistura de influências de Ingmar Bergman (Face a Face) e Robert Altman (Cenas de um Casamento), Jenny Lumet e Jonathan Demme conseguem evidenciar com sensibilidade um tema difícil. Além do roteiro extremamente inteligente e da direção magnífica de Demme, volto a evidenciar o elenco do filme como um todo, que provoca cenas fantásticas de atuação com diálogos expressivos e tocantes. Felizmente, mesmo que com um certo atraso, o filme está chegando aos cinemas locais. É, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano. Veja sem falta.
Marco Antonio Moreira

quarta-feira, 1 de julho de 2009

ACCPA FARÁ HOMENAGEM AOS 50 ANOS DA NOUVELLE VAGUE EM AGOSTO


Em agosto, a ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará) fará uma homenagem aos 50 anos da Nouvelle Vaggue, movimento importante do cinema francês que revelou talentos como Jean Luc Godard (foto) e François Truffaut, com a exibição de filmes deste movimento nas programações da Sessão ACCPA (Cineclube Alexandrino Moreira), Sessão CULT (Cine Líbero Luxardo) e Sessão CINEMATECA (Cine Olympia).
Em breve estaremos divulgando a programação completa.


"NAS CORDAS" EM EXIBIÇÃO NO CINE OLYMPIA DE 07 À 26/07/09


"NAS CORDAS"
Direção : Magaly Richard-Serrano
Com Richard Anconica e Maria Medeiros
Sinopse : O filme conta a história de Joseph, um treinador de boxe que ensinou o esporte para sua filha e sua sobrinha desde que elas eram crianças. Mas hoje aos 18 anos, Angie e Sandra, criadas como irmãs, vão se confrontar na final do campeonato francês de boxe. Os três vivem envolvidos na paixão pelo esporte, e agora uma rivalidade perigosa começa a surgir entre as duas no ringue e na vida, alterando todo o equilíbrio familiar.
Vencedor do Prêmio do Júri Júnior no Festival de Stuttgart.

"NAS CORDAS"
ESPAÇO MUNICIPAL CINE OLYMPIA
EM EXIBIÇÃO DE 07 À 26/07/09
DE TERÇA À DOMINGO
HORÁRIO : 18:30 H
ENTRADA FRANCA
APOIO : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

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