Quando questionado sobre o motivo de abandonar filmes de tom político e nacional, além dos documentários, Krzystof Kieslowki disse: todo mundo tem dor de garganta, eu quero filmar a dor de garganta do mundo. O diretor polonês afirmava então que o processo político e documental de registrar a realidade podia muitas vezes ser mais forte pelo percurso da ficção.
Walter Salles também dirigiu inúmeros documentários. Levou esse projeto de entender cidades e países para seu cinema de ficção. Em seus filmes mais importantes como “Central do Brasil”, “Terra Estrangeira” e “Diários de Motocicletas”, o dispositivo documentário-ficção estava presente através dos elementos do road movie, do acaso como mecanismo dramático, da câmera na mão, dos atores não-conhecidos.
Em “Linha de Passe”, Salles (de novo na parceria com Daniela Thomas), dá um passe à frente nesse seu modelo de cinema. O uso do estilo documental não parece mais simplesmente um artifício, mas uma necessidade diante de uma nova dramaturgia, de um novo modelo narrativo, tão contemporâneo. Walter vai, à sua maneira, buscar o que melhor o cinema tem feito. Se não se aproxima do estilo de uma Lucrecia Martel ou de outros do cinema europeu ou asiático, ele se arrisca a propor um filme sem tantas amarras do cinema clássico, sem clímax, sem soluções forçadas.
É claro que ele se alicerça com o sabe melhor. Filma uma São Paulo sempre enquadrada pela arquitetura do concreto (prédios) ou da falta dele (favela). Seus personagens estão sempre em movimento, em busca de sonhos, sejam de moto, de ônibus, ou simplesmente correndo pelo campo de futebol.
E essa busca, caracterizada pela figura paterna, para muitos a figura da pátria, também registra um novo Brasil que surgiu nos últimos anos, em que muitos acessam um novo nível de consumo, mas que não é a solução para todos os problemas (provavelmente até crie outros). Salles e Daniela Thomas arriscam registrar um país em transição, ainda sem saber onde vai chegar.
É muito curioso que neste ano em Belém tenha sido exibido também “Santiago” (o filme é de 2007), do irmão de Walter, João Moreira Salles, que questiona o formato do documentário. Ainda bem que os sócios da Videofilmes continuam à procura de um novo cinema.
Walter Salles também dirigiu inúmeros documentários. Levou esse projeto de entender cidades e países para seu cinema de ficção. Em seus filmes mais importantes como “Central do Brasil”, “Terra Estrangeira” e “Diários de Motocicletas”, o dispositivo documentário-ficção estava presente através dos elementos do road movie, do acaso como mecanismo dramático, da câmera na mão, dos atores não-conhecidos.
Em “Linha de Passe”, Salles (de novo na parceria com Daniela Thomas), dá um passe à frente nesse seu modelo de cinema. O uso do estilo documental não parece mais simplesmente um artifício, mas uma necessidade diante de uma nova dramaturgia, de um novo modelo narrativo, tão contemporâneo. Walter vai, à sua maneira, buscar o que melhor o cinema tem feito. Se não se aproxima do estilo de uma Lucrecia Martel ou de outros do cinema europeu ou asiático, ele se arrisca a propor um filme sem tantas amarras do cinema clássico, sem clímax, sem soluções forçadas.
É claro que ele se alicerça com o sabe melhor. Filma uma São Paulo sempre enquadrada pela arquitetura do concreto (prédios) ou da falta dele (favela). Seus personagens estão sempre em movimento, em busca de sonhos, sejam de moto, de ônibus, ou simplesmente correndo pelo campo de futebol.
E essa busca, caracterizada pela figura paterna, para muitos a figura da pátria, também registra um novo Brasil que surgiu nos últimos anos, em que muitos acessam um novo nível de consumo, mas que não é a solução para todos os problemas (provavelmente até crie outros). Salles e Daniela Thomas arriscam registrar um país em transição, ainda sem saber onde vai chegar.
É muito curioso que neste ano em Belém tenha sido exibido também “Santiago” (o filme é de 2007), do irmão de Walter, João Moreira Salles, que questiona o formato do documentário. Ainda bem que os sócios da Videofilmes continuam à procura de um novo cinema.
(Fernando Segtowick)
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