segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O GAROTO PRODIGIO

Não se trata de Robin, o amiguinho (se o morcegão não for pedófilo) de Batman. É Vitus, o menino suíço que imita Mozart tocando piano como gente grande aos 6 anos de idade e pilotando avião aos 13. Ele é "filho" do diretor-roteirista Fredi Murer, estrela de um filme em que todo mundo presta, mesmo um patrão que despede o pai desse geniozinho, homem capaz de inventar um novo aparelho para surdez. Os pais do garoto superdotado formam um modelo de casal, esbanjando carinho aos tantos anos de vida em comum. O avô dele tem uma serraria, mas adora voar, comprando um simulador de vôo e graças ao neto, que aos 13 mexe com informática e joga forte na Bolsa de Valores, e em seguida um monomotor que lhe concretiza um sonho de juventude. Outras personagens, como a babá Isabel por quem o menino se apaixona, e a professora de piano, famosa, mas suficientemente humilde para aturar a má vontade do menino demonstrar à ela seus pendores artísticos, também são flores cheirosas. Na linha Frank Capra, cada um faz o que quer, pois do mundo nada se leva (embora a felicidade, no caso, seja parcialmente comprada).
É raro um filme tão otimista no cinema moderno. Penso na coragem de Murer em filmar para quem acredita na vida e diz, como o avô de Vitus, que os vivos são mais espertos do que os mortos.
Excelentes interpretações fazem um conto de fadas sem fadas com vinhetas realistas. Vendo, pensa-se que tudo aquilo que está na tela aconteceu ou pode acontecer.Desde “O Homem de Duas Vidas” e “O Oitavo Dia” do belga Jacó Van Dormael eu não via um cinema tão alegre, tão cativante e desafiador (podia ser um melodrama insuportável ou uma dessas comédias de crianças geniais como as que Shirley Temple protagonizou nos idos de 40). Com musica compatível, como fez Dormael. Gostei mesmo, embora saiba que a coisa não pretendeu voar muito alto (como aliás não voa seu herói). E não é de surpreender:foi a primeira sessão Moviecom Arte com uma média de público superior e que não apresentou quem deixasse a sala em meio à projeção. Isso um dia depois do público ter aplaudido no Centur “Do Mundo Nada se Leva” chega a lavar o peito. Nem tudo está perdido. (Pedro Veriano)

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