domingo, 19 de janeiro de 2014

JAMES DEAN EM BLURAY

A Warner Bros lançou no Brasil os três filmes que marcaram a carreira do ator James Dean (1931-1955), ícone de uma geração: “Vidas Amargas” (East of Eden, EUA, 1955), “Juventude Transviada”(Rebel Without a Cause, EUA, 1955) e “Assim Caminha a Humanidade”(Giant, EUA, 1956). O primeiro, dirigido por Elia Kazan, baseia-se na obra de John Steinbeck e focaliza um jovem que se quer afeiçoado pelo pai que sempre elege o outro filho. O texto faz alusão à Biblia e o rapaz se chama Cal e o irmão Aron (lembrando Abel e Caim). Contracenando com Dean está o já veterano Raymond Massey (1896-1983) que, segundo os observadores, detestava o ator e deixou sequencias em que isso se faz presente. Há um momento, segundo explicações em um dos bônus do disco, que Dean improvisa quando é repelido pelo pai. Essa cena não estava no script, mas foi aproveitada pelo diretor, sendo esse um dos melhores filmes de Kazan e um dos primeiros a aproveitar funcionalmente a estética do cinemascope. “Juventude Transviada”recebeu esse título no Brasil, pois assim era representada uma ala da juventude nos anos 1950 (os “rebeldes sem causa”, do original. Em Portugal recebeu o título de “Fúria de Viver”). O roteiro escrito por Irving Shulman extraido de uma peça de Stewart Stern, tem como protagonista central James Dean e, ao lado dele estão outros nomes marcantes da ala jovem na época: Natalie Wood, Sal Mineo, Dennis Hopper. Coincidentemente os dois primeiros tiveram, fins trágicos: Natalie morreu afogada e até hoje se discute sua morte, se acidental ou criminosa. Sal Mineo foi vitima de overdose. E Dean todos sabem que morreu em consequência de um acidente com seu carro e nem chegou a ver este filme, dirigido por outro nome cultuado, Nicolas Ray (1911-1979), como não viu o seguinte, de George Stevens (1904-1975). “Assim Caminha a Humanidade” é o “gigante” que o diretor de “Os Brutos Também Amam”, George Stevens, realizou com a estética monumental de “...E o Vento Levou”. Ìdolos da época, Elizabeth Taylor e Rock Hudson protagonizam os emergentes texanos que enfrentam o novo rico do petróleo, interpretado por Dean. Num documentário que se pode ver no mesmo disco ora editado há referências ao fato de que Rock Hudson se indispôs com o jovem colega. Hudson sempre foi um intérprete medíocre e esse pendor é confirmado nesta obra polemica que espelha qualidades de um período da indústria cinematográfica majoritária. Além da coleção dedicada a James Dean, as novidades em DVD são poucas. Há uma biografia do pintor Pierre Auguste Renoir (“Renoir”, França, 2012) exibida em Cannes. com direção de Gilles Bourdos. O principal intérprete, o veterano Michel Bouquet, apresenta um desempenho que impressiona. Muito interessante é saber do inicio da vida profissional de Jean, filho do pintor e, mais tarde, um cineasta famoso (autor de “As Regras do Jogo”, 1939). Também há um filme do mais idoso cineasta ativo que se conhece, o português Manoel de Oliveira, 108: “Singularidades de uma Rapariga Loura” (Portugal, 2009). O cineasta completou 105 anos em dezembro passado e seu filme mais novo data de 2012 (“O Gebo e a Sombra”). Neste trabalho que se pode ver em casa, o estilo do cineasta tem a mesma estética dos anteriores (ele quase não move a câmera). O enredo baseia-se num conto de Eça de Queiroz e trata de um homem que narra a uma passageira de um trem o drama de sua vida, como se apaixonou por uma mulher que conheceu da janela de seu escritório e se decepcionou com o relacionamento. Muito interessante apontando as decepções que se acumulam contra a amada e, no final, descobre que ela não tem o porte moral que imagina.(Luzia Álvares)

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