terça-feira, 10 de abril de 2012

"A SEPARAÇÃO" NO CINE ESTAÇÃO

“A Separação”(Jodaeiye Nader az Simin) foi o justo vencedor do Oscar para filme estrangeiro. Em se tratando o Irã, país teocrático, espanta por mostrar uma liberdade de expressão incomum. Quando a mulher se prepara para viajar o marido alega a doença do pai e a rusga encaminha o casal ao divorcio. Enquanto se discute os direitos das partes ele, marido, contrata uma empregada para tomar conta do velho doente. Só que a empregada assume o cargo sem dizer ao marido dela. E está gestante. Um acidente faz com que aborte e culpe o patrão (que a teria empurrado numa escada). O caso vai parar no tribunal. E a esposa que já saíra de casa reaparece para ver o circo pegar fogo. Ela quer ao menos que a filha do casal se decida por sua guarda (estava com o pai). Mas o filme termina com a garota falando ao juiz, sem que a objetiva (e nós espectadores, obviamente) tenham ingresso à essa conversa.
No caso de um filme de autor como este, de Asghar Farhadi, tudo deve funcionar. E funciona. O espectador parece estar diante de um documentário legal. E nele se insere elementos culturais específicos. A religião é evocada pelo marido da empregada, por ela e até mesmo pelo casal que se está separando. Os pecados diante de Alá ficam, aos olhos de quem está no cinema, sem culpados específicos. Quem é responsável pela situação dramática que envolve pelo menos 5 personagens (marido,mulher, filha,empregada, marido da empregada)? Todos têm as suas razões e o roteiro prudentemente não fecha. O filme é um questionamento. E pode ganhar foros estrangeiros se descontadas posturas especificas levantadas pela serviçal que acaba sendo alvo de reclamos violentos do esposo. Separar, na receita iraniana, é doer.E na linguagem cinematográfica especifica é ao mesmo tempo riqueza e modéstia, um exemplo de como fazer cinema sem efeitos especiais e sem gastar muito.(Pedro Veriano)

"IRENE, A TEIMOSA" NO CC ALEXANDRINO MOREIRA DIA 14/04/12

"IRENE, A TEIMOSA"
Original: My Man Godfrey/EUA,1936
Direção de Gregory LaCava
Roteiro de Morrie Ryskind,Eric Hatch e La Cava baseado no romance de Hatch.
Elenco: William Powell, Carole Lombard, Alice Brady, Eugene Paletti e Mischa Auer.
Argumento: Na época da grande de depressão econômica jovens ricas concebem uma brincadeiras que é “adotar” um mendigo. Saem às ruas e acham o ideal em Godfrey(Powell) sem saber que ele é um excêntrico intelectual que estuda a pobreza. O que acontece quando o “mendigo”conhece a família Bullock culmina quando se sabe que o patriarca está em dificuldades financeiras e no fim das contas é o visitante quem vai tirá-lo da situação e até candidatar-se a seu gênro.
Importância Histórica : A chamada “comédia sofisticada”(ou “screwball”) gerou muitos filmes mais que divertidos. Gregory LaCava era um especialista no gênero e começou carreira como desenhista tendo participado de animações de Walter Lantz. Apesar de se dar melhor em comédias fez alguns filmes de outros gêneros como “No Teatro da Vida”(Stage Door). Fez cerca de 170 títulos entre curta e longa metragem. Este “Irene” foi um dos que soube explorar os desvios do sistema capitalista lembrando os trabalhos de seu colega Frank Capra. Morreu aos 60 anos depois de ter começado “Venus,a Deusa do Amor”(Touch of Venus/1948) que acabou nas mãos do colega William A. Seiter.

SESSÃO ACCPA/IAP
"IRENE, A TEIMOSA"
AUDITÓRIO DO IAP (INSTITUTO DE ARTES DO PARÁ)
SEGUNDA DIA 16/04/12
HORÁRIO : 19H
ENTRADA FRANCA
LIVRE
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA (ASSOCIAÇÃO DE CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"UM BURGUÊS MUITO PEQUENO" NA SESSÃO CULT DIA 14/04/12

UM BURGUÊS MUITO PEQUENO
Original: Un Borghese Piccolo Piccolo-Itália, 1977
Direção de Mario Monicelli
Roteiro de Sergio Amidei, Vicenzo Cerami e Mario Monicelli.
Elenco: Alberto Sordi, Shelley Winters, Vicenzo Crocitti, Romolo Valli, Renzo Carboni.
Argumento: Giovanni Vivaldi(Sordi) ambiciona um futuro brilhante para seu filho. Ele, escriturário de uma firma, incita o jovem a estudar e se candidatar a um posto num banco. Mas na hora de se apresentar ao emprego o rapaz é morto por assaltantes. A mulher de Giovanni resta inválida em cadeira de rodas e ele só tem um objetivo na vida: vingar a morte do filho, perseguindo o assaltante.
Importância Histórica : Mario Monicelli, um dos grandes nomes do cinema italiano em pelo menos 3 décadas, suicidou-se em 2010 aos 95 anos. Fez muitas comédias como “O Incrível Exército Brancaleone”, mas em muitas dessas comédias transpirava amargura. Um de seus últimos trabalhos demonstrava isso: ”Parente, Serpente”. E neste “Um Burguês...” as expressões hilárias de Alberto Sordi acabam demonstrando o desespero de uma classe social. O filme, o diretor e o ator ganharam os prêmios David di Donatello, o maior da Itália, e Monicelli chegou a ser candidato ao Oscar do ano.

SESSÃO ACCPA/CINE LÍBERO LUXARDO
SESSÃO CULT
"UM BURGUÊS MUITO PEQUENO"
CINE LÍBERO LUXARDO
SÁBADO DIA 14/04/12
HORÁRIO : 16H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS

"JOGOS VORAZES"

Não lembro de filmes que mostrassem o futuro da humanidade de modo lisonjeiro. Há visões de guerras nucleares (“O Planeta dos Macacos”, ”Os Últimos Cinco”, ”Eu Sou a Lenda”), há ditaduras dramáticas (“1984”,”THX”), há conflitos interplanetários (“A Guerra dos Mundos”,”Independence Day”) , há desastres siderais (“Impacto Profundo”, “O Fim do Mundo”) enfim, há uma aposta firme no apocalipse, não necessariamente o descrito por São João mas, de alguma forma, evidencia-se o destino triste da humanidade. “Jogos Vorazes”(The Hunger Games/EUA,2012) se insere neste quadro. O cenário é pós-conflito nuclear (ou o que possa ter destruído civilizações). No que resta dos EUA, um país chamado Panem (de “panem et circus”), o povo é brindado com um tipo de diversão que visa minorar o sentimento de revolta contra o passado belicoso que fez um abismo maior entre ricos e pobres. Este “circo”, à maneira do romano antigo, chama-se “jogos vorazes” (hunger games). Cada distrito elege dois representantes (um homem e uma mulher) para a competição. E a competição nada mais é do que uma caça acompanhada pelas câmeras de TV para um tipo de “reality show”(uma espécie de Big Brother ou do que se viu em “O Show de Truman”). Um componente tem que matar o outro para ganhar ponto. E os representantes dos distritos vão afunilando o processo, com o grande final disputado entre os dois sobreviventes. O jogo é renovado anualmente com muitos patrocinadores e uma grande plateia, mesmo distante das telas de TV.
A ideia partiu da escritora Suzanne Collins, que ajudou no roteiro do filme dirigido por Gary Ross (de “A Vida em Preto e Branco”). Ela é a nova campeã de venda de livros no mercado norte-americano, ganhando o terreno da conterrânea Stepheny Meyer autora da franquia “Crepusculo” (Twilight). Este seu “Jogos...” mereceu 3 volumes e o filme ora em cartaz internacional é baseado no primeiro. Focaliza a jovem Katniss (Jennifer Lawrence, atriz candidata ao Oscar pelo desempenho em “Inverno da Alma”-Winter’s Bone/EUA, 2010), voluntária na participação para substituir a irmã mais nova que foi sorteada e não tem recursos físicos para a luta. Competindo com ela no distrito de numero 12 está Peeta (Josh Huttcherson), colega de escola, que exibe um temperamento tímido e logo mantém uma relação amistosa com a colega amargando a ideia de que pode ser seu algoz ou sua vitima.
O espectador não tem dificuldade em imaginar que o casal evidenciado é quem vai ficar para a prova final do jogo. Mas apesar de se vislumbrar um romance entre eles, embora Katniss tenha deixado um namorado na sua terra, há sempre a expectativa de que possa ser diferente esse novo horizonte.
O enredo, apesar de enquadrado no pessimismo que alertei antes, não deixa de ser mais imaginoso do que os vampiros e lobisomens de Meyer. E o filme ganhou um bom elenco (Jennifer é ótima atriz), uma direção de arte esmerada, e uma narrativa dinâmica que faz o espectador não sentir a metragem além de duas horas de projeção. Isso em se tratando de um enfoque que privilegia a aventura e um idílio previsível é muito louvável. Ate os tipos extremamente delineados como o do presidente de Panem, (Donald Sutherland) e o apresentador do teleprograma (Stanley Tucci) colaboram para um resultado acima da média. O que salta no rol das falhas passa primeiro pela falta de explicação em muitos momentos. Mas está claro que muita coisa faz parte do jogo, como a ajuda dos patrocinadores aos seus favoritos e que pode mudar o rumo da aventura de seus beneficiados. Há feras virtuais jogadas no cenário que, apesar de fantasias, parecem atacar personagens como animais verdadeiros. E na parte pitoresca, correndo bem com a presença de tipos cariatos como o interpretado por Elizabeth Banks, falta a publicidade que o diretor do programa tanto persegue. Mas a analogia com o circo romano é muito boa, apresentando a sintonia com os nomes de personagens como Caesar, Claudius, Sêneca, Cinna, Flavius e Octavia. O que não se sabe é se a filmagem dos outros livros vai manter o patamar da qualidade deste primeiro. Afinal, ”Jogos Vorazes” surpreendeu.(Luzia Álvares)

FESTIVAL DO CENTENÁRIO DO CINE OLYMPIA

O cinema Olympia comemora seu centenário. Está entre os mais antigos do mundo se contabilizado os fatos de que jamais saiu do lugar (ou mesmo sofreu ampliações), não mudou o nome e nem parou por mais de 8 meses. Esta recorde que orgulha os paraenses culminará no próximo dia 24, a data do invejável aniversário.
Um programa especial de exibições de filmes foi marcado para festejar o centenário. E o critério da escolha dos títulos foi baseado no que cada um representou na história da casa. Os organizadores não vão se limitar a isso. Depois haverá um programa com base na escolha feita pelos frequentadores desse cinema, seguindo-se uma semana de filmes mudos, sugestão também de frequentadores, exibindo-se algumas produções com interpretações de astros como Rodolfo Valentino, Pola Negri, Douglas Fairbanks, sem esquecer os comediantes imortais como Max Linder, Charles Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd ou o Gordo (Oliver Hardy) e o Magro (STan Laurell). Tudo com base em programas exibidos pelo próprio Olympia em várias épocas.
Na mostra atual, iniciada na 3ª feira última com “Alvorada do Amor”(por ser o primeiro filme sonoro a ser lançado em Belém), foi exibido em caráter especial por se tratar da Semana Santa, “O Evangelho Segundo S. Mateus”(Il Vangello Secondo Mateo/Itália, 1964) de Pier Paolo Pasolini. No sábado será a vez de “A Volta ao Mundo em 80 Dias”(Around the World in 80) Days/EUA/ 1956) de Michael Anderson, escolhido por ter sido o filme que inaugurou as poltrinas estofadas e ar condicionado da sala. Em seguida será a vez de “Sinfonia de Paris”(An American in Paris/EUA, 1951) musical muito aplaudido e vencedor do Oscar com direção de Vincente Minnelli e Gene Kelly. Os demais programas são: “Neste Mundo e No Outros”(A Matter of Life and Dead/Ingl 1946) de Michael Powell e Emeric Pressubuger, cativante sátira inglesa à própria cultura do país na visão de um soldado que teria de morrer na 2ª Guerra e, por ter escapado e ser inglês, merece uma perseguição espiritual. Finalmente, serão exibidos “Viridiana”, primeiro filme das matinais “cinema de arte”ocorridas nos sábados de manhã entre 1997/98, “O Império dos Sentidos” (Taho no Akaba/Japão, 1973) de Nagisa Oshima, o titulo que marcou o fim da censura exacerbada no governo militar, e “Syriana”(2005) de Stephen Gagham titulo que seria o ultimo do tradicional cinema se o prefeito da cidade não interferisse (em 2006).
A mostra dos espectadores, composta de títulos sugeridos pelos que frequentaram as sessões do Olympia ao longo dos anos, está composta dos seguintes títulos: “Rocco e seus Irmãos”(Rocco i suo Fratelli/Itália, 1960); “Rebeca, a Mulher Inesquecivel” (Rebecca/EUA,1940) de Alfred Hitchcock; “O Sexto Sentido”(The Sixth Sense/EUA,1999) de M.Night Shyamalan; “La Violetara”(Espanha, 1958) de Luis Cesar Amadori; ”A Noviça Rebelde”(The Sound of Music/EUA,1965) de Robert Wise; “Quanto Mais Quente Melhor”(Some Like it Hot/EUA,1959)de Billy Wilder; “Pacto Sinistro”(Stranger in a Train/EUA, 1951) de Alfred Hitchcock; “Macunaíma”(Brasil, 1970) de Joaquim Pedro de Andrade; “A Rosa Púrpura do Cairo”(The Purple Rose of Cairo/EUA, 1985) de Woody Allen, “Zelig”(EUA,1983) de Woody Allen,”Romeu e Julieta”(Romeo i Giulietta/Itália 1953)De Renato Castellani,e “O Cangaceiro”(Brasil, 1953) de Lima Barreto.
Além dessas mostras haverá uma especial dedicada aos filmes do período silencioso. Devem figurar: “Os 4 Cavaleiros do Apocalipse”(The Four Horsemen of the Apocalpse/EUA,1921) de Rex Imgram com Valentino e Alice Terry; “A Mulher na Lua” (Women in the Moon/Alemanha, 1928 )de Fritz Lang, “Ben Hur”(EUA/1923) de Fred Niblo com Ramon Novarro; “Casamento ou Luxo”(A Woman of Paris/EUA,1923) de Charles Chaplin; e “Lirio Partido”(Broken Blossons/EUA,1921) de David Grifith com Lilian Gish.
Mas nem só de filme estrangeiro será festejado o centenário do Olympia. Está sendo ppreparada uma semana de filmes paraenses, onde os longa metragens de Líbero Luxardo e documentários e ficção dos nossos curtametragistas farão a nossa presença cinematográfica nessa festa cultural e do coração. Aguardem.(Luzia Álvares)

"CARMEM" DE CARLOS SAURA NA SESSÃO ACCPA/SESC DIA 11/04/12

"CARMEM"
Direção : Carlos Saura
Ano de produção : 1983
Sinopse : Filme que integra a trilogia musical sobre o flamenco do diretor. Um grupo de dançarinos flamencos prepara uma versão da ópera Carmen, de Bizet. O coreógrafo acaba se apaixonando pela dançarina principal e a romance do casal encontra se confunde com a história de Bizet.

SESSÃO ACCPA/SESC
"CARMEM"
CINE SESC BOULEVARD
(em frente à ESTAÇÃO DAS DOCAS)
DIA 11/04/12 (QUARTA-FEIRA)
HORÁRIO : 19H
ENTRADA FRANCA
APOIO : ACCPA

"ELSA E FRED" NA SESSÃO ACCPA/SARAIVA DIA 10/04/12

"ELSA E FRED"
Original: Elza y Fred- Argentina 2005.
Direção de Marcos Carnevale.
Roteiro de Marcela Guerty e Marcos Carnevale.
Elenco: Manuel Alexandre, China Zorilla, Blanca Portillo.
Argumento: Com 75 anos o hipocondríaco Fred muda-se para um apartamento em Madrid e através da filha conhece a vizinha Elza com quem passa a conviver e compartilhar suas manias e afeição.
Importância Histórica : O cinema argentino é prodigo na abordagem de temas relacionados a idosos. Este é um dos mais cativantes. Vencedor de 7 prêmios, incluindo o Condor de Prata(o maior do cinema portenho) à atriz China Zorilla, foi candidato a mais 7 troféus além de receber boas criticas nos EUA e Europa. É um dos mais sensíveis a tratar personagens que procuram se desvencilhar de memórias e enfrentar a vida presente.

SESSÃO ACCPA/SARAIVA
"ELSA E FRED"
DIA 10/04/12
ESPAÇO BENEDITO NUNES (LIVRARIA SARAIVA)
HORÁRIO : 19H
ENTRADA FRANCA
APOIO : ACCPA

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