“A Separação”(Jodaeiye Nader az Simin) foi o justo vencedor do Oscar para filme estrangeiro. Em se tratando o Irã, país teocrático, espanta por mostrar uma liberdade de expressão incomum. Quando a mulher se prepara para viajar o marido alega a doença do pai e a rusga encaminha o casal ao divorcio. Enquanto se discute os direitos das partes ele, marido, contrata uma empregada para tomar conta do velho doente. Só que a empregada assume o cargo sem dizer ao marido dela. E está gestante. Um acidente faz com que aborte e culpe o patrão (que a teria empurrado numa escada). O caso vai parar no tribunal. E a esposa que já saíra de casa reaparece para ver o circo pegar fogo. Ela quer ao menos que a filha do casal se decida por sua guarda (estava com o pai). Mas o filme termina com a garota falando ao juiz, sem que a objetiva (e nós espectadores, obviamente) tenham ingresso à essa conversa.
No caso de um filme de autor como este, de Asghar Farhadi, tudo deve funcionar. E funciona. O espectador parece estar diante de um documentário legal. E nele se insere elementos culturais específicos. A religião é evocada pelo marido da empregada, por ela e até mesmo pelo casal que se está separando. Os pecados diante de Alá ficam, aos olhos de quem está no cinema, sem culpados específicos. Quem é responsável pela situação dramática que envolve pelo menos 5 personagens (marido,mulher, filha,empregada, marido da empregada)? Todos têm as suas razões e o roteiro prudentemente não fecha. O filme é um questionamento. E pode ganhar foros estrangeiros se descontadas posturas especificas levantadas pela serviçal que acaba sendo alvo de reclamos violentos do esposo. Separar, na receita iraniana, é doer.E na linguagem cinematográfica especifica é ao mesmo tempo riqueza e modéstia, um exemplo de como fazer cinema sem efeitos especiais e sem gastar muito.(Pedro Veriano)
terça-feira, 10 de abril de 2012
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