quinta-feira, 29 de abril de 2010

"A ALEGRIA DE EMMA" EM ÚLTIMOS DIAS NO CINE ESTAÇÃO

O cinema alemão, este velho conhecido que pontua a história do cinema com o expressionismo, o manifesto de Oberhausen e seus desdobramentos (Werner Herzog, Fassbinder, Schlöndorff) entre outras manifestações isoladas; é um dos cinemas nacionais mais prejudicados com a hegemonia da distribuição e exibição operada pela produção americana nas chamadas áreas periféricas como a América Latina.
Filmes alemães de Fatif Akim (Contra a Parede), Caroline Link (Sem Lugar na África), Wolfgang Becker (Adeus, Lênin!) e Oliver Hirschbiegel (A Queda) não têm como competir de igual pra igual num mercado dominado pela distribuição ianque, ficando restritos a resistência do circuito alternativo ou lançamento em DVD, assim como as cinematografias de países como França, Canadá, Irã, Argentina, entre outros. É Davi contra Golias.
‘A Alegria de Emma’ aposta na possibilidade do circuito alternativo exibir cinema em várias frentes, cinema do mundo, ainda que as cópias em película estejam cada vez mais reduzidas em nome de uma tecnologia que não é necessariamente nova, mas que passa por momentos de transição, da projeção em película para o digital.
Dos poucos filmes internacionais que chegam ao circuito, ‘A Alegria de Emma’ (com base no livro de Claudia Schreiber) levou mais de 350 mil pessoas aos cinemas na Alemanha, onde o apoio do estado entra de forma maciça no tripé que produz, distribui e exibe, assim como vários países da União Européia. Terras onde as leis se cumprem.
Mas o que faz um filme de um diretor desconhecido como Sven Taddicken ganhar mais de 20 prêmios em mostras e festivais pelo mundo? Com certeza não só a performance dos atores Jördis Triebel e Jürgen Vogel, mas a crença de que um argumento simples pode render imagens que vão além do bucólico e criar uma espécie de releitura do mito da bela adormecida, reinterpretando as camadas fabulescas para a criação de uma outra história que, por deixar de lado alguns clichês (no caso, as possíveis e rápidas soluções narrativas), corre riscos justamente por não lançar mão dos procedimentos usuais do filme romance, do filme drama/comédia.
Eis o desafio: temos a construção narrativa do não clichê para um filme alemão que se utiliza da linguagem clássica, e assim provoca o espectador com um filme tocante, aparentemente simples. Uma raridade!

Augusto Pacheco
(obs.:o filme terá sua última exibição na matinal de domingo, dia 02/05, às 10 h)

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