domingo, 27 de junho de 2010
"KHAMSA" EM EXIBIÇÃO NO CINE OLYMPIA
“KHAMSA” de Karim Dridi. Com Marc Cortes, Medhi Laribi e Raymond Adam.
O cinema francês atual mantém a tendência de mostrar os conflitos de povos e raças que se misturam no país e que vivem num constante estado de choque que muitas vezes gera uma violência e uma desigualdade social graves e sem solução imediata. Alguns dos filmes de produção francesa exibidos no Cine Olympia em parceria com a Cinemateca da França no Brasil, tem nos dado a oportunidade de perceber essa preocupação com o tema. Em “Khamsa”, o diretor Karim Dridi mostra este conflito somado a questões sociais focando o dia a dia de uma garoto que deslocado socialmente e sem nenhuma estrutura familiar para lhe dar apoio, acaba caindo na rotina das ruas e da marginalidade, como uma única forma de sobrevivência. A perda da sua inocência e o rápido aprendizado em pequenos furtos, vão transformando este garoto num homem cada vez mais amargo e cada vez mais sem saída. Mas ao ver suas possibilidades de vida cada vez piores e sem apoio famíliar, ele luta com as armas que tem nas ruas de sua cidade e mesmo assim, sonha com um futuro diferente mas tudo se complica num acidente que envolve a morte de seu amigo, obrigando-o a fugir como única saída. Aqui, o diretor Karim Dridi usa uma narrativa onde não existe espaço para sentimentalismos e somente a dura realidade que aos poucos vai consumindo todos os personagens que desajustados e sem alternativas, vão encarando a vida da forma mais cruel e racional possível. Sem ser um filme original ou definitivo do gênero, “Khamsa” levanta questões interessantes que nos fazem refletir mostrando uma realidade que está nas ruas da França mais que com certeza pode ser encontrada nas esquinas de ruas de qualquer país. Não é o caso de comparar o filme com a abordagem de “Cidade de Deus” de Fernando Meireles, ótimo filme mais que agora é sempre visto como referência para realizações que tenham temas parecidos (o que é um exagero pois outros filmes importantes foram feitos sobre o tema antes do filme brasileiro e nem sempre são lembrados pelo grande público). Mas assim como “Cidade de Deus”, “Khamsa” revela um problema social latente que precisa de solução imediata. E o cinema, como arte de reflexão, está aqui fazendo a sua parte, denunciando e chamando a atenção do grande público para o problema. Veja sem falta.
Marco Antonio Moreira
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