
Em “Um Homem Sério”, os Cohen criam um personagem que acredita na lógica, na matemática e que entende o universo como algo exato, e por isso, vive se perguntando porque certas coisas acontecem com ele, um homem sério e digno das tradições de sua familia.Mas sua mulher o abandona, os conceitos de sua religião acabam se tornando cada vez menos importantes, o acaso é cada vez mais freqüente e sua vida é cada vez menos previsível. Como ser sério e equilibrado com tudo isso? Os irmãos Cohen não têm essa resposta e muito menos pretendem que a religião ou o acaso apareçam e expliquem tudo. Ao contrário. Em “Um Homem Sério”, as perguntas mais uma vez ficam sem resposta, até porque, no universo dos Cohen, respostas exatas não existem. Existe sim o caos, que todos os personagens têm que saber lidar, mesmo que para isso tenham que derrubar seus dogmas, especialmente os religiosos. “Tudo é Matemática” diz o personagem principal. Ledo engano que ele vai percebendo aos poucos e refazendo os seus conceitos na “marra”, como todos nós. Só falta ao personagem principal do filme entender que a vida não é uma ciência exata. Como um furacão, um acidente de carro, uma morte, uma separação, nada é exato e em “Um Homem Sério”, nos surpreendemos com esta afirmação a cada cena “nonsense” que inevitavelmente nos remete a cenas de outros filmes dos Cohen.
Fundamentais para o cinema moderno americano, os Cohen a cada filme realizam um cinema de autor, livres para discutir o que quiserem, o que sentem e o que é relevante. Os filmes dos Cohen nos falam da vida como ela é, como nós gostaríamos que fosse e fatalmente, nos revela que tudo é diferente do que imaginado mais que isso não deve ser razão para a infelicidade. Caos, ordem, desordem, falta de lógica, confusão. A vida é assim e ninguém tem mais propriedade para falar sobre isso no cinema de hoje que os irmãos Cohen
Marco Antonio Moreira
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