sábado, 26 de julho de 2008

O NOVO HERÓI

Batman é o único super-herói dos quadrinhos pertencente à elite da sociedade ocidental. O milionário Bruce Wayne criou o personagem para vingar a morte dos pais em um assalto. A idéia desse vingador de colarinho branco partiu do desenhista Bob Kane no final da década de 30. Os quadrinhos do “Homem Morcego” foram muito populares nas antigas revistas brasileiras “Suplemento Juvenil” e “Gibi”. Em 1943 o herói ganhou um seriado dirigido por Lambert Heillyer com roteiro do próprio Bob Kane e mais Victor McLeod. Só em 1989 a história chegou à produção classe A de Hollywood dirigida por Tim Burton.
É preciso observar o fato de Batman ser rico e não os seus “colegas” Peter Parker, um estudante (O Homem Aranha), Clark Kent um jornalista(o Super-Homem ou Superman), ou Billy Batson,um garoto metido a “foca” de jornal (Capitão Marvel).A exceção é Terry Stark, o industrial que fez “O Homem de Ferro”.
Neste “O Cavaleiro das Trevas”, o novo Batman que chegou a muitos países uma vez para desestimular a pirataria, o conceito de herói é discutido. Assim como o de vilão. Como Bob Kane já morreu (em 1998), passa a idéia de que, no mundo violento de hoje, um herói de verdade não precisa de máscara. E um malvado como “O Coringa” não precisa de explicações para a sua malvadeza. No caso, Bruce Wayne, ou Batman, sente que está na hora de mostrar a cara, ciente de que a violência urbana ceifou a vida de amigos próximos. E o perverso vilão sorridente explica que “é mau porque o mal não precisa argumentar por que é mau”.
Há uma seqüência em que o Coringa toca fogo numa montanha de cédulas roubadas. Os capangas se revoltam, mas ele mata quem demonstrar revanche físico. Explica que sente prazer em roubar como sente em matar. O diabo não precisa de documento para dizer quem é. No fim das contas, tanto o herói como o seu antagonista sai de cena sem que se possa dizer “para sempre”. O mal não tende a terminar se as pessoas não fizerem as suas partes (como acreditar na força divina). O bem percebe que a melhor atuação é não dizer o que fez (“Faça o Bem sem olhar a quem”).
Esse espasmo temático leva o filme para longe da rotina. E as imagens bem elaboradas fazem o resto. Com uma direção de arte impressionante, vê-se uma batalha noturna em que a própria penumbra diz de sua gênese. Nesse ponto o quadrinho de Bob Kane passa longe: o que se aproxima é o novo Batman ”dark”de “graphic novel”(não mais “comic book”). E o entrecho ganha ares de “O Poderoso Chefão” na lembrança da máfia, com uma derivação do texto para detalhes distantes do que antes era coisa de guri.
Christopher Nolan, o diretor e co-roteirista, é inteligente e hábil no seu oficio. Pena é que a pretensão comercial esvazie certas coisas como deixando um monólogo do Inspetor Gordon (Gary Oldman) no final, falando o que já se viu ou sugeriu só em imagens.
O ator Heath Ledger que faz o Coringa morreu dias depois de encerradas as filmagens. É o seu melhor papel em curta carreira. Creio que a sua presença (ou a sua morte prematura)é uma das causas do fenômeno de renda que o filme construiu E Christian Bale, como Batman, prova a versatilidade de quem antes foi o menino perdido dos pais em “O Império do Sol” e mais tarde “O Sobrevivente”(tem tudo em DVD), herói real da guerra no Vietnam levado ao cinema por Werner Herzog. Por sinal que o papo de Bale ter batido na mãe(dele) é mais um estimulo para se ver o filme. Afinal, morcego bater na mãe é mais difícil do que Dracula isentar a jugular desta senhora de uma chupada.
Mas vale a pena se meter na fila (e que fila!!) para ver “Batman, O Cavaleiro das Trevas”. Claro que se trata de filme comercial de verão, mas não se furta a um conteúdo, o que é raro no gênero e época. (Pedro Veriano)

Um comentário:

Laércio Barbosa disse...

Particularmente achei este novo filme um dos melhores filmes de super-heroi jah feitos.E ainda alcança outro patamar : consegue ser um ótimo filme de suspense, além de fazer refletir no final.

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