“GRAN TORINO” de Clit Eastwood. Com Clint Eastwood. Walt Kowalski é um veterano da guerra da Coréia que tem uma postura intolerante diante do mundo e das pessoas. Ao ficar viúvo e sozinho, ele é obrigado a lidar com a realidade que lhe cerca e apesar de racista, tem que se acostumar com os novos vizinhos, em especial um adolescente asiático. Quando este adolescente faz uma tentativa frustrada de roubar seu carro Gran Torino 1972, ele acaba entrando no mundo deste adolescente e começa se envolver com os perigos e preconceitos que cercam seu bairro, sua cidade, seu país. O ator Clint Eastwood durante muito tempo esteve ligado a personagens e filmes violentos onde a solução de todos os problemas era a violência. Com uma longa carreira como ator, muitos se lembram de seu papel como o policial Dirty Harry onde a arma valia mais do que a palavra. Já como diretor, Eastwood seguiu outro caminho. Seguindo uma linha mais tradicional na construção e narrativa de seus filmes como diretor, Eastwood vem realizando filmes de alta qualidade onde a palavra é a chave mestra das respostas, das soluções. Foi assim em filmes brilhantes como “Bird”(1987), “Coração de Caçador”(1991), “A Conquista da Honra”(2006), “Cartas de Iwo Jiwa”(2007), “A Troca”(2008) e agora em “Gran Torino”. Num papel perfeito para seu tipo, aqui Eastwood aproveita o perfil de um personagem preconceituoso e tolerante para olhar para seu passado como artista e fazer as pazes com o seu presente, mostrando a intensa transformação de um homem intolerante para um homem antes de tudo humano, que se revela frágil e preocupado com a sua realidade. É claro que além disso, Eastwood aproveita e faz no seu novo filme um chamado para a situação política e social de seu país onde cada bairro, cada canto da cidade está sitiada pela violência e ao mesmo tempo, pela boa vontade e fragilidade de um povo que busca formas de sobrevivência. “Gran Torino” tem além disso o mérito de ter um roteiro que não cria santos e demônios, ambientando os personagens marginais ou não, dentro de um claro contexto de abandono social e educacional que aparentemente não tem solução. Envolvendo o espectador em assuntos tão diversos e importantes como a religião, o preconceito, o racismo, a intolerância, o artista Clint Eastwood constrói uma obra consistente, com uma narrativa brilhante, direta, inteligente, revelando que um diretor cada vez melhor e que neste caso, aproveitou o tema do filme para fazer uma espécie de redenção de sua carreira como ator, tão marcada pela violência. A sequência final, é uma aula de cinema, com os elementos da linguagem cinematográfica (fotografia, música, montagem) sendo convergidos para um grande momento de paz do personagem e do ator Clint Eastwood.Digno dos melhores filmes de sua longa carreira, “Gran Torino” é um filme que retrata nossos tempos modernos sem olhar para o passado e indicar possíveis novos caminhos para o futuro. Por isso, merece ser visto, discutido e analisado. “Gran Torino” é o cinema em estado mais puro de reflexivo e provocação. Veja sem falta.
Marco Antonio Moreira
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