“O MILAGRE EM SANTA ANNA” de Spike Lee. Com Derek Luke, Michael Ealy, Laz Alonso e Omar Benson Miller. Na Região da Toscana, Itália, durante a 2ª Guerra Mundial, quatro soldados negros se perdem até que um deles resolve arriscar sua própria vida para salvar um garoto italiano com traumas de guerra. Baseado no livro de James McBride, este filme está longe de ser apenas mais um filme sobre a segunda guerra. Nas mãos do bom diretor Spike Lee (que tem em sua filmografia bons trabalhos como “Faça a coisa Certa”, “Malcom X”, “Irmãos de Sangue” e “O Plano Perfeito”), “Milagre em Santa Anna” é um trabalho complexo sobre fatos que transitaram durante a segunda guerra mundial e que levaram homens, mulheres e crianças ao extremo. Com uma história central, o relacionamento de soldado americano com um menino italiano perdido, o filme tem várias vertentes de reflexão através de inúmeros personagens que vão surgindo. Aqui, temas como o preconceito racial, a importância da solidariedade, a morte de inocentes, a traição, a união, a sobrevivência e a religiosidade vão se misturando através dos personagens, criando um grande painel sobre o ser humano e suas angústias que vão se revelando na medida que enfrentam a vida e a morte. O clímax de todas as situações se revela no fato real do massacre de Sant'Anna di Stazzema, em agosto de 1944, articulado por soldados nazistas, quando homens, mulheres e crianças de uma vila foram sacrificados em retaliação a atividade política italiana da região. Numa cena dramática mais não apelativa, Spike Lee revela os horrores da guerra e mais do que isso, questiona o que aprendemos com tantas mortes. A figura do menino salvo pelo soldado, ganha em vários momentos um tom de misticismo, equilibrando os sentimentos dos soldados negros que em muitos momentos, se sentem melhor ali em outro país do que no seu próprio país de origem, devido ao preconceito. Nesse momento, Spike Lee toca mais uma vez, no assunto do racismo na América. Rascismo este ainda vivo em guerras do passado e do presente quando soldados negros vão em grande número para os conflitos. Alguns podem opinar que “O Milagre de Santa Ana” é um filme longo e muitas vezes melodramático demais, mas acredito que o diretor e o roteirista souberam escolher na versão cinematográfica destes fatos, o que era realmente impactante ao público para que no final, não ficasse a sensação de ter visto apenas mais um filme de guerra. Reflexivo, com cenas muito bem dirigidas e um roteiro que provoca questionamentos, este filme nos faz olhar para o passado da guerra com pesar, nos deixando um olhar crítico sobre nosso presente e nosso futuro, buscando respostas as perguntas que seus personagens nos fazem no decorrer da trama. Num período em que o cinema está precisando de ser mais critico sobre as histórias da humanidade, este filme de Spike Lee veio em muito boa hora. Resta ao público descobrir a sua proposta de reflexão.
Marco Antonio Moreira
Um comentário:
PARABÉNS pelo blog. Afinal, cinema aqui no interior da selva amazônica, não é a melhor diversão para muitos... Atualmente trabalho a 200 km de Belém e fico bravo pela dificuldade que tenho de ver um bom filme NO CINEMA mesmo. Por exemplo, BORAT terá alguma dia a possibilidade de ser exibido aqui? Ou teremos que aguentar Se beber, não case? será que a ACCPA não poderia "exigir" uma sala especial para filmes especiais? rsrsr Abraçao, João Melo, direto da selva
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