Como fazer da cidade o cenário ideal para o seu filme?Bem ou mal sucedida, a tentativa sempre marca presença no jogo da arte & indústria, redesenhando cidades como personagens autônomos. A “Paris” de Cédric Klapisch é narrada em tramas e sub-tramas que podem remeter ao cinema de Altman, este sim o mestre dos plots múltiplos e das reviravoltas inesperadas, aquelas sacadas de roteiros complexos que só os grandes diretores sabem proceder na hora mágica do corte e montagem.
Os primeiros de Almodóvar captaram bem o hype de uma Madri louca e contemporânea. Luis Sérgio Person filma estradas, prédios e indústrias no paredão cinzento de “São Paulo S/A”. De fato, Wim Wenders ama o céu sobre Berlim em “Asas do Desejo”, assim como Sokurov se perde nos bondes de Lisboa em “Pai e Filho”. Fellini, que sabia o amargo e a doce vida, é o diretor da mais perfeita tradução de “Roma”.São cidades sincronizadas pela técnica do cinema, fruto de ações municipais que souberam investir profissionalmente em um produto não poluente chamado cultura. A cena cultural da Londres de Antonioni em “Blow up”, com sua rebeldia, contracultura, mini-saia e vários estímulos sensoriais, embota a profundidade de campo do fotógrafo que deveria ver mais. A mesma Londres, sob o rigor de Woody Allen (que se ausenta de julgamentos), também passeia pela teoria da incomunicabilidade num outro tom, mais trágico, com direito a cortes frios e sem castigos, sem moral da história em “Ponto Final”.Temos ainda o Rio de Janeiro como Faixa de Gaza em “Cidade de Deus”, de Fernando Meireles; Paris duplicada de “Femme Fatale”, de Brian De Palma; a São Paulo antípoda e indiferente em “Vera”, de Sérgio Toledo; a Recife imunda e tensa de “Amarelo Manga”, de Claudio Assis”; e recentemente a viagem rumo a Belém (auto-conhecimento e redenção em “O Sol do Meio-Dia”), de Eliane Caffé.Muito pouco para uma cidade que pouco investe em infra-estrutura e as demandas mais básicas.
Augusto Pacheco
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
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