"Ao Lado da Pianista"
O sentimento de inveja já rendeu grandes clássicos no cinema como A Malvada, de Joseph L. Mankiewicz, que traz para a linguagem cinematográfica a transcrição certeira da obra "The Wisdom of Eve" de Mary Orr. Até a teledramaturgia brasileira se valeu do clássico de Mankiewicz para a criação de "Celebridade" de Gilberto Braga (dívida de sangue com "All about Eve" e "La Doce Vita").
O cinema francês contemporâneo revisita o gênero com o suspense “Ao Lado da Pianista”, praticamente uma estréia do diretor Denis Dercourt em telas brasileiras a exercitar o tema da inveja e da vingança contando com os desempenhos que marcam a retina do cinéfilo na composição das personagens Mélanie (Déborah François) e Ariane Fouchécourt (Catherine Frot).
No filme a inveja e a vingança são sentimentos trabalhados em etapas; prazer individual que aposta na paciência trabalhada a ser degustada sem pressa, ainda que o nível de tensão pontue a narrativa de Dercourt, que explora a paixão pela arte longe de qualquer sentimento altruísta ou compensador. A arte, no caso, a música, não engrandece a formação pessoal de Mélanie, sendo o pretexto moral (?) que não supera traumas nem aplaca dores mal resolvidas. Enfim, uma relação cruel com o processo artístico.
E é em nome do processo artístico que Dercourt se vale de uma ferramenta poderosa para a composição do filme: a trilha sonora elaborada pelo compositor Jérôme Lemonier, que parece ter dividido o filme em etapas: piano, sedução, tensão, vingança. Com um roteiro quase minimalista, a direção do filme consegue passar o clima sufocante que a partir de um certo momento toma conta da narrativa.
A condução de Dercourt segue a cartilha de um cinema francês que privilegia silêncios, evita excessos estéticos em nome de um estilo marcado pelo rigor (ver filmes de Luc e Jean-Pierre Dardenne). É só observar a precisão dos planos fixos, o uso da câmera lenta e as intervenções discretas da trilha sonora. Às vezes, o simples ato que desconcentra na hora de um teste pode fazer estragos que não estavam previstos na tênue relação arte/música/pessoas.
"Ao Lado da Pianista" rendeu mais de 700 mil ingressos nas bilheterias francesas, além da indicação de três prêmios César. Assista!
O sentimento de inveja já rendeu grandes clássicos no cinema como A Malvada, de Joseph L. Mankiewicz, que traz para a linguagem cinematográfica a transcrição certeira da obra "The Wisdom of Eve" de Mary Orr. Até a teledramaturgia brasileira se valeu do clássico de Mankiewicz para a criação de "Celebridade" de Gilberto Braga (dívida de sangue com "All about Eve" e "La Doce Vita").
O cinema francês contemporâneo revisita o gênero com o suspense “Ao Lado da Pianista”, praticamente uma estréia do diretor Denis Dercourt em telas brasileiras a exercitar o tema da inveja e da vingança contando com os desempenhos que marcam a retina do cinéfilo na composição das personagens Mélanie (Déborah François) e Ariane Fouchécourt (Catherine Frot).
No filme a inveja e a vingança são sentimentos trabalhados em etapas; prazer individual que aposta na paciência trabalhada a ser degustada sem pressa, ainda que o nível de tensão pontue a narrativa de Dercourt, que explora a paixão pela arte longe de qualquer sentimento altruísta ou compensador. A arte, no caso, a música, não engrandece a formação pessoal de Mélanie, sendo o pretexto moral (?) que não supera traumas nem aplaca dores mal resolvidas. Enfim, uma relação cruel com o processo artístico.
E é em nome do processo artístico que Dercourt se vale de uma ferramenta poderosa para a composição do filme: a trilha sonora elaborada pelo compositor Jérôme Lemonier, que parece ter dividido o filme em etapas: piano, sedução, tensão, vingança. Com um roteiro quase minimalista, a direção do filme consegue passar o clima sufocante que a partir de um certo momento toma conta da narrativa.
A condução de Dercourt segue a cartilha de um cinema francês que privilegia silêncios, evita excessos estéticos em nome de um estilo marcado pelo rigor (ver filmes de Luc e Jean-Pierre Dardenne). É só observar a precisão dos planos fixos, o uso da câmera lenta e as intervenções discretas da trilha sonora. Às vezes, o simples ato que desconcentra na hora de um teste pode fazer estragos que não estavam previstos na tênue relação arte/música/pessoas.
"Ao Lado da Pianista" rendeu mais de 700 mil ingressos nas bilheterias francesas, além da indicação de três prêmios César. Assista!
Augusto Pachêco
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