domingo, 24 de novembro de 2013

"AMOR PLENO" DE TERRENCE MALICK




O cineasta Terrence Malick pensa o cinema como uma arte com caminhos ainda a serem explorados e provavelmente por isso seu trabalho pode ser interpretado de várias formas, agradando ou não crítica e público. Mas não se pode deixar de perceber que sua intenção como artista é de desafiar o espectador com seus temas e meios de fazer um cinema de exploração, de investigação. O cinema de Malick nos leva sempre a busca do equilíbrio do homem com relação a natureza, elemento real e significativo que prova a sua existência através da sua beleza e complexidade, como se esse fosse o início de uma outra vida, uma outra harmonia, um outro padrão de descoberta humana. Seus filmes direta ou indiretamente revelam esta busca através de histórias de amor, de conflitos, de dúvidas, de perguntas e respostas.
Desde os primeiros filmes de Malick, “Terra de Ninguém”(1975) e “Cinza do Paraiso”(1978), esta busca já tinha sido revelada de forma intensa evoluindo progressivamente até “A Árvore da Vida” (2011) quando o diretor reforçou não somente este seu caminho como artista como também elaborou uma estética cinematográfica única para suas histórias criando uma narrativa muito pessoal para o seu tipo de cinema. A câmera de Malick acompanha seus personagens como se fosse algo místico, uma alma, uma entidade, uma testemunha em comunhão com a natureza, com os personagens e com uma religiosidade que cerca à todos em seus dramas, caminhos, escolhas, encontros e desencontros. A narração dos personagens, dividida constantemente com o espectador, cria uma intimidade clara e proposital. É como se nós fossemos estes personagens de alguma forma. E essa intimidade, esta forma de narrar seus filmes redimensiona seus temas principais: o amor, a fé, a religiosidade, o ser ou não ser e a eterna busca por respostas.
Todos estes temas estão em “Amor Pleno”, onde o cineasta atinge uma maturidade extrema e constrói seu filme/arte com uma maestria, personalidade e sensibilidade raras no cinema de hoje. “Amor Pleno” é filme que em diversos momentos emociona, conquista e espanta com tanta complexidade, exigindo do espectador uma outra postura no seu entender, causando um sentimento de que esta se vendo mais do que um filme mas sim a uma obra de arte. E como em toda obra de arte, merece ser pensada, sentida, refletida, nunca deixando o espectador indiferente. Malick faz um cinema de reflexão e cabe ao espectador seguir ou não sua proposta.
Por essas razões Terrence Malick faz o tipo de cinema que me interessa. Um cinema de exploração, de reflexão, de busca e de elevação do próprio significado do cinema como arte no mundo de hoje. Para muitos, isso pode parecer muita pretensão mas na realidade, Terrence Malick é um grande artista que felizmente escolheu o cinema para expor seu talento. Sorte nossa que admiramos e cultuamos o cinema que ainda prova que pulsa com o talento de cineastas como ele. (Marco Antonio Moreira)

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