quarta-feira, 2 de julho de 2008

WALL-E:DEPOIS DO FIM DOS TEMPOS

A “verdade inconveniente” do ex-presidente norte-americano Al Gore, diz que a Terra está fadada a ser um mundo morto. Gore não gera “mau agouro”, apenas promove a sua pessoa, não sei se inadvertidamente, seguindo cientistas que temem por sérios desvios ecológicos.
O “fim do mundo” volta ao cinema depois de ter sido o prato principal do menu da guerra-fria, e, antes dela, das primeiras explosões atômicas. Se o tema serviu de forma livre, mais como muleta de uma criação que envolve a alma humana (para não dizer a mente), como em “O Fim dos Tempos”, o “acontecimento’(happening) de M. Night Shyamalan, agora serve a um poema desenhado, ao surpreendente” WALL-E”“de Andrew Stanton e a turma da PIXAR, companhia que inaugurou a animação tridimensional e hoje é quem faz a festa na casa do Mickey Mouse(a Walt Disney Productions).
Segundo Stanton, em 2700 a Terra virou um lixeiro. Não se pode dizer que o mar não ficou para peixe, pois simplesmente deixou de existir. Os navios estão apodrecendo no seco. As grandes cidades acumulam detritos que são limpos, na medida do possível por uma raça de robôs. Enquanto isso, o gênero humano, ou o que sobrou dele (vê-se que a maioria foi para o brejo) passou a viver numa estação espacial imensa, onde tudo é automático, de tal forma que não se precisa nem andar atrás das coisas( as pessoas movem-se em carrinhos que as levam pelos diversos corredores e as “despejam” na pérgula de uma piscina onde a moda é ficar boiando (nem pensar em nadar). Este mundo novo é comandado por máquinas. E as máquinas são supervisionadas por outras máquinas. O comandante humano é um senhor obeso que vive comendo e já desaprendeu a mover as pernas. Por outro lado, periodicamente esses moradores do espaço mandam sondas à Terra para ver se o cenário mudou. E uma dessas sondas vai encontrar o Wall-E do titulo, robô que sobrou dos tantos garis deixados a fazer pirâmides de latas amassadas.
É desnecessário dizer que o filme esbanja técnica. O pessoal da PIXAR criou o desenho animado de longa-metragem tridimensional com “Toy Story”. Hoje é dono da bola. Mas o que vale exaltar é que essa turma não pára de criar, de inventar histórias, de produzir animação que não seja apenas pandas que lutam caratê.
“WALL-E” é um poema. Numa hora em que tocam “La Vie em Rose” a emoção vai às lágrimas. E quando se ouve “Assim Falou Zarastruta” sente-se a homenagem ao filme maior da sci-fi, “2001, Uma Odisséia no Espaço”. Aqui, os computadores maus apanham dos computadores bons. Não se desmerece a conquistas tecnológica em nome de política correta, seja ecológica seja novelesca. O que se quer dizer é que os homens podem estar no céu (e estão), mas sentem uma profunda nostalgia da Terra e não se furtam à uma viagem de volta quando sabem que do lixão nasceu uma planta.
O filme também é um romance. O pequeno Wall-E parece se apaixonar pela sonda que o visita. Há uma seqüência em que ele está virtualmente quebrado e ela vai à velha oficina de sua raça atrás de peças para reconstituí-lo. Feito o serviço, há um interregno de desmemoria para uma recuperação pelo toque (máquina com máquina).De comover!
Há inspiração de “Daqui a Cem Anos” (Things to Come/;1936) de H. G., Wells e William Cameron Menzies, de A Ùltima Esperança da Terra”(The Omega Man), história de Richard Matheson refilmada como “Eu Sou a Lenda”,e, como eu mencionei, de “2001”. Esses filmes ajudam um roteiro muito bom, com um final que emenda no primeiro plano (a Terra devastada vista do alto a simular uma foto de Marte feita agora por uma sonda) com o mesmo tipo de plano seguido de um travelling por sobre o que começa a florescer. Não tenham duvida que é outro gol da PIXAR. E penso que desta vez foi gol de placa, coisa que vai ficar na memória da cinematografia mundial. Não só de “cartoon”: é cinema-criação, aquilo que faz a gente gostar tanto dessa arte. (Pedro Veriano).

4 comentários:

Ronaldo Passarinho disse...

Fiquei com vontade de ver o filme depois do teu texto, Pedro. Vejo só um problema aqui no blog, que é o mesmo que via no blog pessoal do Pedro. Ninguém responde aos comentários. Isso não funciona em blog. Blog não é coluna de jornal. A interatividade com o público é o que faz ou desfaz um blog. Todos os comentários feitos no blog devem ser respondidos, o mais cedo possível. Beijos e abraços.

Mark disse...

Partilho da mesma opinião que meu confrade Ronaldo. É chato, chato demais, deixar a discussão ficar apenas dentro do 'fungo-mental' do leitor. Leio os textos do Pedro Veriano, mas não vejo essa troca carinhosa dele com o público. Querido Marco, vocês querem discussões, opiniões, vamos começar a fazer essa mudança, necessária, por aqui. Clamo por 'limparmos' a casa juntos.

Abraços, Marco. Abraços a todos da ACCPA. E parabéns pelo blog.
(Aerton Martins)

Laércio Barbosa disse...

Eu vi Wall- E ontem.
É uma obra prima feito com um cuidado e carinho especial pelos seus feitores,não é a toa que o filme vem sendo aclamado.

ACCPA disse...

Ronaldo e amigos, estamos melhorando o blog. Fiquem atentos.

Pedro Veriano

Arquivo do blog