A peça de Lorraine Hansberry “A Rising in the Sun” ganhou um filme em 1961 dirigido pelo então novato Daniel Petrie (1920-2004) com Sidney Poitier. O tema era o preconceito racial nos EUA. Lorraine morreu jovem e só deixou de marcante esta peça que via como um hino à sua gente (o negro americano). Agora (2008), surge uma versão para a TV dirigida por Kenny Leon, cineasta vindo do teatro universitário de Atlanta, atuando também como ator no cinema e na TV.
O novo filme (apesar de feito para o vídeo foi rodado em película) vai além da questão do racismo. O enfoque de uma família negra na Chicago de 1950 chega a ser atemporal em alguns momentos (mesmo com um negro, hoje, candidato a presidência dos EUA). Não é uma questão de etnia: é de dificuldade financeira. Walter (Sean Combs) vive com a mãe, a mulher, a irmã e um filho menor num cubículo. Ele é empregado de um homem rico na qualidade de motorista particular. É o único da família que trabalha. A mulher lava e passa roupa, cozinha, limpa o apartamento. A mãe aposenta-se de tarefas domésticas (era babá de uma menina branca). Todos esperam o dinheiro do seguro do patriarca, falecido há alguns anos.Walter pensa em aplicar esse dinheiro num bar, que montaria com amigos. A mãe, cautelosa, logo que recebe o cheque aguardado, compra uma casa para eles morarem. Mas a casa está localizada num bairro de brancos e logo a família recebe a visita de uma pessoa que oferece compra do imóvel com mais alguns trocados. Questão de “boa vizinhança”. Antes das coisas correrem para esse lado, a mãe socorre o filho em desespero por ela ter se negado a dar-lhe verba para a compra do bar, e ainda por cima a mulher espera outro filho, um fato que leva a ainda jovem futura mãe a procurar uma cabeleireira “curiosa” para praticar o aborto.Cedendo o apelo de Walter a mãe logo sofre outro drama: o tal sócio do bar desaparece com a verba dos comparsas. O primeiro impulso será atender ao racista e vender a casa. Mas a honra da família fala mais alto.
Ninguém está fora de foco numa narrativa ágil que evita que se sinta a origem teatral. Bons atores, sensíveis interpretações, cuidadosa direção de arte, afinal uma surpresa de bom cinema.
O DVD está na praça através da Sony. Não passou ainda nos canais brasileiros (abertos ou de assinatura). Ganhou muitos prêmios, todos justificáveis. Foi um prazer ver um filme inteligente de um tema gasto pelo uso. A meu ver, resultado muito melhor do que a versão de Petri, do mesmo titulo também em português: “O Sol Tornará a Brilhar”. (Pedro Veriano).
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
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