terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ana e o Caos

Caótica não é só Ana, a personagem de Manuela Vellés no filme de Julio Medem. Caótico é o filme todo. O roteiro (do diretor) misturam psiquiatria de almanaque com Terapia das Vidas Passadas(TVP), ou seja, Freud com os credos orientais adquiridos hoje no ocidente.
A personagem-título mora com o pai, um alemão, em uma região praiana da Espanha. Eles vivem do que vendem numa feira de artesanato, e a moça, dedicada à pintura, acha-se no céu quando uma turista (Charlotte Rampling) a convida para seguir com ela até Madri, onde terá campo para desenvolver seu talento artístico. Na capital Ana encontra, antes desse estabelecimento profissional, o sexo. Mas o amante, um árabe, não demora muito em sua cama. Segue para a sua região onde é morto. Estressada e relatando visões, Ana é alvo da hipnose feita pelo amigo de ocasião, um americano conhecido como Anglo. Mas a sua amizade maior é com Linda(Bebe), uma enigmática morena que acaba se infiltrando nas vidas (e são muitas) que a garota vem a recordar.
A narrativa vai de 10 a 0 como na hipnose clássica. Mas não adianta essa pontuação. Como não é crível a técnica de hipnotismo realizada. A comparar, a de Woody Allen em “Spot” é melhor. Bem, o que importa é que Medem quer dizer muito de suas figuras a partir de uma seqüência em que se testa aptidão de falcões. Parece um detalhe gartuto no filme. Mas é uma das chaves para tentar absorvê-lo. Os falcões são aves bonitas que voam alto e descem para matar. Ana é vista relaxada do fundo de um lago azul e daí passa para papéis diversos em diversas regiões nas voltas carnais pelo tempo. Como tragada por falcões, ela sempre morre de forma violenta. E sempre tenta fugir da tragédia, adentrando pelas políticas cruentas de diversos países. Acaba(pelo menos no filme) cagando na cabeça de um norte-americano belicoso. Medem engrossa para fechar uma fabulação que envolve literalmente mundos e fundos. Cabe no seu trabalho aquele ditado antigo: “quem tudo quer, tudo perde”. Ou “mais vale um passaro(no caso um falcão) na mão do que dois voando”. (Pedro Veriano)

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