terça-feira, 31 de março de 2009

DE MILLE

Cecil Bount De Mille (1881-1959)era visto há 50 anos como um diretor comericial de extremo mau gosto. E de mau gosto seria o critico que o elogiasse. Nesse tempo poucos falavam de filmes mudos do cineasta, como “Macho e Fêmea”(Male & Female/1919), reconhecido até por historiadores pouco condescendentes como Georges Sadoul. O malho ficava em cima de “Sansão e Dalila”(Samson and Delilah /1949), e eu lembro de Benedito Nunes numa aula para a minha turma no Colégio Moderno reclamando o leão empalhado que brigava com o gigante cabeludo do texto bíblico (no filme o canastrão Victor Mature que, mesmo assim, fez dois bons papéis respectivamente em “Paixão dos Fortes/My Darling Clementine e “O Beijo da Morte”/Kiss of Death).
Hoje se revisa tudo. E é bom que se faça isso. De Mille vendia ingresso, e era um dos raros diretores a ter o nome na marquize do cinema, atraindo público como alguns atores. Na sua ultima fase (a pior) chegou a ser mencionado numa chanchada da nossa Atlântida, o nome dado a Renato Restier (Cecilho B. De Milho) em “Carnaval Atlântida” de José Carlos Burle/;1952.
Alguns filmes de De Mille não podem ser julgados apenas como “caça níqueis”. “O Sinal da Cruz”(The Sign of the Cross/1932) merece uma revisão. O roteiro baseia-se no popular romance “Quo Vadis” de Henryk Sienkiewicz. Mas só em uma parte do livro (várias vezes filmado). Escrito (este roteiro) por Waldemar Young e Sidney Buchman, colaboradores do diretor por muitas vezes, vê a paixão de um centurião romano, Marcus (Frederich March) pela cristã Márcia (Elissa Landi). Pela garota ele enfrenta a corte do imperador Nero (Charles Laughton, excelente sempre), atiçando os ciúmes de Poppaea, a imperatriz (Claudette Colbert). No livro e no filme de Mervun Le Roy(1949) a moça vai para a arena ser devorada por leões, merecendo a intervenção de seu hercúleo criado. Em “O Sinal da Cruz” ela morre ao lado do amado romano que entre o prestigio e o amor prefere aderir à uma fé que não entende.Muito romântico ao sabor da época mas prudentemente realizado em estúdio, demonstrando como a velha Hollywood criava o mundo e o tempo nos seus domínios.
O filme marcou a volta de De Mille a Paramount do seu amigo Adolph Zukor depois de uma estada na Metro. Em 1944 houve uma reprise com um prólogo escrito por Dudley Nichols, mostrando bombardeios americanos voando sobre Roma e os militares comentando que se trata da Cidade Eterna e por isso as bombas deveriam ser cuidadosamente atiradas, livrando espaços históricos como o Coliseu. Este prólogo não persistiu. Na edição em DVD o filme está como nos anos 30. Mas a resolução de imagem dá para dimensionar o falso fausto desejado por De Mille e até mesmo alguns planos que o Código Hays, a censura da época, obrigou a cortar.
Vale a pena conhecer esta fase do cinema. (Pedro Veriano). Na edição em DVD o filme está como nos anos 30. Mas a resolução de imagem dá para dimensionar o falso fausto desejado por De Mille e até mesmo alguns planos que o Código Hays, a censura da época, obrigou a cortar.
Vale a pena conhecer esta fase do cinema. (Pedro Veriano)

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