sexta-feira, 26 de março de 2010

"A ILHA DO MEDO" DE SCORSESE

"A ILHA DO MEDO” de Martin Scorsese. Com Leonardo CiCaprio.Uma carreira tão longa e tão boa como do diretor Martin Scorsese (Taxi Driver/Touro Indomável) acaba sempre transformando seus novos filmes num evento. Afinal, poucos tem o estilo e o domínio da linguagem do cinema como Scorsese e mesmo quando ele não está em seus melhores momentos, sabemos que estamos vendo um bom filme. Desta vez, Scorsese muda um pouco de gênero e se volta ao suspense numa adaptação da obra de Dennis Lehane num trabalho enigmático cheio de referências e pistas falsas no roteiro para lentamente conquistar o espectador numa trama inteligente mas cheia de labirintos. Aqui, o agente federal Teddy Daniels (muito bem interpretado por Leonard Di Caprio) vai investigar o desaparecimento de uma prisioneira de um hospital psiquiátrico com a intenção de revelar também as reais intenções do hospital com relação as suas experiências com os pacientes. Mas o que já é aparentemente complicado, se torna mais confuso com Daniels se envolvendo cada vez mais numa rede de informações e alucinações que lhe acompanham, transformando-o lentamente num personagem frágil onde sua sanidade mental começa a ser colocada em dúvida na medida em que ele enfrenta novas situações. “A Ilha do Medo” não é um filme padrão do gênero assim como Scorsese não é um cineasta qualquer. No filme, temos sequências magistrais de direção e roteiro que impressionam mas que na verdade são pistas falsas que procuram deixar o espectador em dúvida sobre o que realmente está acontecendo e principalmente, sobre o que realmente poderá acontecer no final que mais do que enigmático, é revelador e surpreendente. Por mais que alguns tenham percebido no decorrer do filme a real situação do personagem, a questão é que o filme não se prende a isso somente. Contar com inteligência essa história, filmar com maestria essa trama, criar imagens com uma tensão incomum , usar a fotografia e a direção de arte como elementos fundamentais da narrativa do filme, isso sim, é Scorsese. Como ele mesmo declarou, o filme tem várias referências de outros filmes que ele admira e respeita dentro do gênero e isso surge em cada momento do filme de forma avassaladora. Brilhante? Uma obra-prima? Pode ser que “A Ilha do Medo” não chegue a tanto mais o filme é um trabalho de um mestre que sabe como pouco filmar uma história, sendo original ao não, mas sendo fiel ao seu estilo que cada vez mais é rico e influente.
Marco Antonio Moreira

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