quarta-feira, 20 de junho de 2012

REVER CHAPLIN


O programa do centenário do cinema Olympia abre espaço para quem tem todo o direito de ser isso: programa de cinema duradouro. Refiro-me a Charles Spencer Chaplin (1889-1977). Este inglês que sabia ser engraçado e ao mesmo tempo profundo atiçador de lágrimas, virou símbolo de sua arte em filmes que realizou em todas as áreas(produção, direção, roteiro, interpretação e “teco” na fotografia e enquadramento, além de fazer as músicas que acompanhariam as imagens mudas e mais tarde seriam inseridas nas cenas faladas).
O que Chaplin deixou de mais substancioso, os seus longas e alguns curtas, ganha uma semana de exibições sempre às 18,30 com ingresso livre. E eu penso no vagabundo Carlitos numa cabana em meio às nevascas de uma montanha, faminto a ponto de comer seu sapato, ele mesmo fazendo uma dança com miolos de pão agarrados em garfos (“Em Busca do Ouro”/The Golden Rush), ele deixando na tela o que se acha o equivalente da Giconda de Leonardo no plano final de “Luzes da Cidade”/Citylights, no momento em que confessa a ex-ceguinha que foi ele seu benfeitor (entre sorriso e lágrimas), ele dançando e cantando em língua própria no teimoso “Tempos Modernos”(Modern Times) onde criticava o advento do som nos filmes, e até mesmo como o matador de mulheres em “Monsieur Verdoux”,sua associação com outro gênio.Orson Welles(autor do roteiro original) e o corajoso critico dos governantes tiranos dos anos 30/40, de Mussolini a Hitler em “O Grande Ditador”(The Great Dictator).
Claro que há o Chaplin da origem circense no antológico “O Circo”(The Circus), rara vez que entrou no pareo do Oscar, e ainda o terno pai adotivo de “O Garoto”(The Child) ou ainda nos curtas mais festejados como “Vida de Cachoro”(Dog’s Life). Rever Chaplin é sempre ver cinema. O cinema puro, feito de imagens pronto para ativar nossas emoções. (Pedro Veriano)

Nenhum comentário:

Arquivo do blog