Violetas para Violeta...
Muito interressante é o resultadode uma cinebiografia quando a biografado já de antemão se mostra maior que qualquer material que vai tentar decifra-lo ou desvendá-lo. Assim é em “Violeta se Fue a los Cielos” (Vileta foi para o céu) do Chile. O filme de Andrés Wood, do interressante "Machuca" narra de formar não linear a
a vida da cantora Violeta Parra e tras na bagagem o Grande Prêmio do Júri Internacional no Sundance Film Festival 2012. Viloleta Parra, foi uma mulher a frente de seu tempo. De temperamento dificil, com um engajamento natural pra politica sem ser "politica", fez de sua vida e sua obra uma espécie de grito contra o conformismo latino. Dela conhecemos pelo menos muito bem duas composições, "Gracias a la vida" que foi gravada por Elis Regina e "Volver a los 17", cantada por Milton Nascimento e Mercedes Sosa, sua maior divulgadora. No filme, a infancia de Violeta de mostrada e falsh-back, onde o diretor subverte o roteiro e a montagem numa desconstrução da narrativa clássica cronológica e com o tradicional começo, meio e fim. Wood faz, sim, um filme organicamente cronológico e com começo, meio e fim, mas despedaçado e unido pela fragmentação dos eventos e, principalmente, da narrativa. Tudo mostrado com as andaças de Parra pelo mundo, que de forma muito natural é levada pela força de suas composições a ser reconhecida no mundo inteiro, principalmente pelo momento vivido na America Latina com a subida da esquerda puxada por Fidel e Che Guevarra. A interpretação da atriz Francisca Gavilán, é forte e imprimi densidade dramática a esta mulher, que repetimos, fez politica como ordem natural dos oprimidos. Cantora, compositora, ceramista, tapaceira, folclorista e artista plástica foram algumas das profissões de Violeta del Carmen Sandoval (1917-1967), a chilena Violeta Parra. Mas, ainda assim, esse conjunto de artes seria ínfimo para definir uma das mulheres mais brilhantes da história das nações ao sul da América. Daí, acrescente-se que foi ela a fundadora da música popular do Chile. Filha de camponeses – o pai professor de música e a mãe guitarrista e cantora -, Violeta nasceu e conviveu com a miséria, superou as tragédias familiares e através das artes aprendeu a amar o seu país com um fervor tão nacionalista quanto anti-estadunidense, não aceitando e rejeitando com veemência o sistema capitalista. O filme é forte e fundamental quando se discute o papel da arte como objeto de transformações e lutas. Corra ! (Ismaelino Pinto)
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