quarta-feira, 20 de novembro de 2013

AMOR PLENO - O ÉDEN REVISITADO DE MALICK



AMOR PLENO - O ÉDEN REVISITADO DE MALICK

Como fã de Terrence Malick que sou, fica difícil comentar sobre seu “Amor Pleno” (To the Wonder/EUA, 2012) sob pena de parecer indulgente demais, porém o que me tranquiliza é que o diretor de filmes como "Terra de Ninguém"(1973), "Cinzas no Paraíso" (1978) e "A Árvore da Vida" (2011) nunca foi uma unanimidade do cinema. Neste “Amor Pleno”, Malick mostra sua visão muito pessoal (e com toque autobiográfico) sobre o amor e suas contradições e tenta esmiuçar o significado dele através de seus personagens. Se no anterior “A Árvore da Vida”, Terrence Malick também discorreu sobre o tema amor e perda, neste seu “to the wonder” - numa tradução livre algo como “até a maravilha”- , ele volta ao assunto e propõe uma releitura do Éden mas sem cair no óbvio. Nos primeiros minutos do filme ainda sentimos a mesma atmosfera da sua “árvore”. É inevitável o aparente dejá vu no espectador, porém Malick não se repete, pelo contrário nos surpreende com o dilema do casal protagonista e do padre em conflito com a própria fé. Os enamorados passeiam por lugares de paisagens oníricas e de beleza ímpar. Parecem onipresentes através dos sucessivos takes rápidos e com edição ágil. Não é casual a escolha do Monte Saint-Michel como locação - a construção milenar, lugar-símbolo da cultura cristã ocidental erguido em homenagem ao arcanjo Miguel. A belíssima trilha sonora (com temas de compositores clássicos consagrados) embala o paraíso amoroso dos personagens reforçando a ideia de um jardim de delícias para o casal Neil (Ben Affleck) e Marina (Olga Kurylenko) que se conhecem em Paris, ponto de partida do amor entre ambos. No entanto, esse mesmo amor é colocado à prova com a convivência e as contingencias da vida a dois. A dúvida e a insegurança de ser estrangeira no país do companheiro fragilizam a relação entre Marina e Neil. Paralelamente, o conflito de convicções do padre Quintana (Javier Barden) expressa a sua busca pelo amor divino em meio à miséria humana e social .Suas boas obras e o exercício de misericórdia parecem insuficientes como demonstração de sua fé em Deus. É nesse contexto que o amor divino e o amor humano são colocados como discussão principal do filme. Interessante também notar a presença de elementos que remetem à narrativa bíblica do pecado original: a outsider Anna (Romina Mondello) surge de repente na história como a voz astuciosa que incita Marina a provar mais da liberdade, do sonho e do prazer de ser o que quiser, logo as consequências são desastrosas para esta. A própria caracterização do pecado da luxúria denota a ausência do belo. A natureza se degrada, o domo celeste que envolve o mundo perfeito quebra e se desfaz como no Éden. Todavia, a solução para o conflito ocorre através do perdão como forma de redenção para que o mundo e a ordem se restabeleçam – aspecto recorrente nos roteiros de Malick. É inegável que o filme dialoga com alguns trechos bíblicos e em consequência disso a abordagem de Terrence Malick sobre o amor corre o risco de ser equivocadamente taxada de limitada pelo seu forte teor cristão e ocidental. A temática é universal, atinge a todos independente de religião ou da falta dela. Não se esgota e deixa margem para outras reflexões. Cinema espiritual ou metafísico? Na verdade o amor pleno de Malick não é apenas um “filme cabeça” por assim dizer, vai muito mais além. É um filme para ser sentido e visto com os olhos do coração e não somente com a razão. (Elias Neves)

2 comentários:

reluzir disse...

Gostei muito dos aspectos abordados e conceitos nessa crítica q sintetiza bem p quem sei q conhece o obra filme/cinema T Malick. E acredito realmente q o crítico não foi indulgente, o cineaste é um exemplo d coragem e homem q pensa cinema como arte. Entretando, desde q assisti ao filme (ja 2X), não me saem da cabeça, embora eu deva estar completamente equivocada, as concepções (d ideal-tradicional) do sentimento Amor/Éden q o respeitadíssimo diretor apresenta no seu TO The Wonder...

reluzir disse...

Gostei muito dos aspectos abordados e conceitos nessa crítica (d quem sei q conhece) q sintetiza bem o obra filme/cinema d T Malick. Acredito realmente q o crítico não foi indulgente, o cineasta, hoje, é um exemplo d coragem e homem q pensa cinema como arte. Entretando, desde q assisti ao filme (ja 2X), não me saem da cabeça, embora eu deva estar completamente equivocada, as concepções (d ideal-tradicional) do sentimento Amor/Éden q o respeitadíssimo diretor apresenta no seu TO The Wonder...

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