Um dos mais importantes exemplares do Cinema Novo estréia neste domingo (8), no Oi Cine Estação, em versão restaurada. Vencedor de vários prêmios internacionais, brasileiro "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro", de Glauber Rocha, será exibido neste domingo (8) em duas sessões, às 10h e 18h. O filme volta em cartaz nos dias 15 e 28/2 e 1º/3, sempre no Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes, da Estação das Docas. A programação é uma realização da Organização Pará 2000, Secult e Governo do Estado, com patrocínio da Oi.
"O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro", primeiro filme colorido com som direto, é uma obra prima do cineasta Glauber Rocha. O filme conquistou inúmeras premições – dentre elas, se destaca o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes de 1969, entregue por Michelangelo Antonioni.
Rodado em som direto, "O Dragão..." impôs novos desafios a Glauber, que naquele momento lutava pela ampliação do mercado através da produção de filmes sintonizados com o universo mítico do homem latino-americano. Tamanha foi a repercussão na época que o filme tornou-se capa da prestigiosa revista francesa "Cahiers du Cinema" se tornando o maior sucesso de público da carreira do autor.
Os negativos originais do filme foram destruídos em um incêndio, dia 25 de junho de 1973, no Laboratório GTC em Paris. O restauro digital da imagem foi realizado a partir de uma cópia com versão sonora francesa no Laboratório Prestech, na Inglaterra, com curadoria de João Sócrates Oliveira e Supervisão de Fotografia de Affonso Beato. Por este motivo, as cenas das canções, que não foram dubladas, contêm legendas em francês. Na reconstrução da versão sonora em português feita na Cinemateca Brasileira e no Estúdio JLS, sob curadoria de José Luiz Sasso, foram utilizadas, contudo, cópias de diferentes suportes.
Responsável pelo projeto, a curadoria do Tempo Glauber, pelo valor documental, decidiu preservar o texto introdutório do filme existente na versão francesa que serviu de base para a restauração, traduzindo na íntegra, o seu conteúdo. Os créditos da equipe técnica e do elenco passam a constar nos letreiros finais do filme, devidamente traduzidos e corrigidos.
A história
Glauber transpôs de forma alegórica para o sertão nordestino sua paixão pelo cinema mítico de John Ford dialogando com a narrativa de cordel para refletir o embate entre o arcaico e o moderno, os cangaceiros, jagunços, beatos e o poder oligárquico dos coronéis. "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" (drama, Brasil, 1969) se passa em uma cidadezinha chamada Jardim das Piranhas. Lá, aparece um cangaceiro que se apresenta como a reencarnação de Lampião. Seu nome é Coirana. Anos depois de ter matado Corisco, Antônio das Mortes (personagem de "Deus e o Diabo na Terra do Sol") vai à cidade para ver o cangaceiro. É o encontro dos mitos, o início do duelo entre o dragão da maldade contra o santo guerreiro.
"O Dragão é inicialmente Antonio das Mortes, assim como São Jorge é o cangaceiro. Depois, o verdadeiro dragão é o latifundiário, enquanto o Santo Guerreiro passa a ser o professor quando pega as armas do cangaceiro e de Antonio das Mortes. Em suma, queria dizer que tais papéis sociais não são eternos e imóveis, e que tais componentes de agrupamentos sociais solidamente conservadores, ou reacionários, ou cúmplices do poder, podem mudar e contribuir para mudar. Basta que entendam onde está o verdadeiro dragão", comenta o diretor Glauber Rocha.
Outros personagens vão povoar o mundo de Antônio das Mortes. Entre eles, um professor desiludido e sem esperanças; um coronel com delírios de grandeza, um delegado com ambições políticas; e uma linda mulher, Laura, vivendo uma trágica solidão. O filme traz no elenco Maurício do Valle, Odete Lara, Othon Bastos, Hugo Carvana, Jofre Soares e Lorival Pariz. Com duração de 95 minutos, o longa-metragem tem classificação indicativa para 14 anos.
Serviço
"O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" estréia neste domingo (8), às 10h e 18h, no Oi Cine Estação (Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes, da Estação das Docas). O filme será exibido novamente nos dias 15/2, 28/2 e 1/3, sempre às 18h. Realização: Pará 2000, Secult e Governo do Estado. Patrocínio: Oi. Ingressos a R$ 5, com meia-entrada para estudantes. Informações: (91) 3212-5615/ 5660.
"O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro", primeiro filme colorido com som direto, é uma obra prima do cineasta Glauber Rocha. O filme conquistou inúmeras premições – dentre elas, se destaca o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes de 1969, entregue por Michelangelo Antonioni.
Rodado em som direto, "O Dragão..." impôs novos desafios a Glauber, que naquele momento lutava pela ampliação do mercado através da produção de filmes sintonizados com o universo mítico do homem latino-americano. Tamanha foi a repercussão na época que o filme tornou-se capa da prestigiosa revista francesa "Cahiers du Cinema" se tornando o maior sucesso de público da carreira do autor.
Os negativos originais do filme foram destruídos em um incêndio, dia 25 de junho de 1973, no Laboratório GTC em Paris. O restauro digital da imagem foi realizado a partir de uma cópia com versão sonora francesa no Laboratório Prestech, na Inglaterra, com curadoria de João Sócrates Oliveira e Supervisão de Fotografia de Affonso Beato. Por este motivo, as cenas das canções, que não foram dubladas, contêm legendas em francês. Na reconstrução da versão sonora em português feita na Cinemateca Brasileira e no Estúdio JLS, sob curadoria de José Luiz Sasso, foram utilizadas, contudo, cópias de diferentes suportes.
Responsável pelo projeto, a curadoria do Tempo Glauber, pelo valor documental, decidiu preservar o texto introdutório do filme existente na versão francesa que serviu de base para a restauração, traduzindo na íntegra, o seu conteúdo. Os créditos da equipe técnica e do elenco passam a constar nos letreiros finais do filme, devidamente traduzidos e corrigidos.
A história
Glauber transpôs de forma alegórica para o sertão nordestino sua paixão pelo cinema mítico de John Ford dialogando com a narrativa de cordel para refletir o embate entre o arcaico e o moderno, os cangaceiros, jagunços, beatos e o poder oligárquico dos coronéis. "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" (drama, Brasil, 1969) se passa em uma cidadezinha chamada Jardim das Piranhas. Lá, aparece um cangaceiro que se apresenta como a reencarnação de Lampião. Seu nome é Coirana. Anos depois de ter matado Corisco, Antônio das Mortes (personagem de "Deus e o Diabo na Terra do Sol") vai à cidade para ver o cangaceiro. É o encontro dos mitos, o início do duelo entre o dragão da maldade contra o santo guerreiro.
"O Dragão é inicialmente Antonio das Mortes, assim como São Jorge é o cangaceiro. Depois, o verdadeiro dragão é o latifundiário, enquanto o Santo Guerreiro passa a ser o professor quando pega as armas do cangaceiro e de Antonio das Mortes. Em suma, queria dizer que tais papéis sociais não são eternos e imóveis, e que tais componentes de agrupamentos sociais solidamente conservadores, ou reacionários, ou cúmplices do poder, podem mudar e contribuir para mudar. Basta que entendam onde está o verdadeiro dragão", comenta o diretor Glauber Rocha.
Outros personagens vão povoar o mundo de Antônio das Mortes. Entre eles, um professor desiludido e sem esperanças; um coronel com delírios de grandeza, um delegado com ambições políticas; e uma linda mulher, Laura, vivendo uma trágica solidão. O filme traz no elenco Maurício do Valle, Odete Lara, Othon Bastos, Hugo Carvana, Jofre Soares e Lorival Pariz. Com duração de 95 minutos, o longa-metragem tem classificação indicativa para 14 anos.
Serviço
"O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro" estréia neste domingo (8), às 10h e 18h, no Oi Cine Estação (Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes, da Estação das Docas). O filme será exibido novamente nos dias 15/2, 28/2 e 1/3, sempre às 18h. Realização: Pará 2000, Secult e Governo do Estado. Patrocínio: Oi. Ingressos a R$ 5, com meia-entrada para estudantes. Informações: (91) 3212-5615/ 5660.
APOIO :
ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará)
2 comentários:
Parabéns pela iniciativa do Cine Estação. Foi maravilhoso ver esse filme no cinema. O cinema de Glauber continua intacto e revigorante. A temática infelizmente permanece a mesma, talvez ainda pior já que nosso cinema não dialoga mais com a questão política da maneira de Glauber
(Fernando Segtowick)
Ótimo trabalho sobre Glauber Rocha.Me ajudou bastante na concepção de um trabalho sobre a Nouvelle Vague e o Cinema Novo;aproveitando as comemorações do ano da França no Brasil.Valew.
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