"OPERAÇÃO VALQUÍRIA"
Em 20 de julho de 1944 oficiais alemães executaram um atentado contra o ditador Adolf Hitler, chefiados pelo coronel Claus Von Stauffenberg, uma vitima da guerra (perdera um olho e uma das mãos em um bombardeio aliado) e um avaliador das ações bélicas negativas tomadas pelo “fueher” em nome do povo alemão. O plano apossava-se da Operação Valquiria ordenada pelo próprio Hitler para usar tropas alternativas quando fosse necessário. Na versão dos oficiais rebeldes, aproveitando ordens assinadas pelo “fueher”, seria um modo de imediatamente após o atentado mudar radicalmente as rédeas do governo.
A organização do atentado previa a elaboração de uma bomba acondicionada em uma maleta e levada pelo coronel Stauffenberg para o local de uma reunião ampliada onde Hitler e auxiliares discutiriam o fracasso das tropas nazistas na frente russa. Numa encenação inicial, houve instabilidade no mando entre os “cabeças” do atentado. A ação visava deixar a bomba sob a mesa, bem próxima do objetivo – Hitler – seguindo-se a saída de Stauffenberg alegando que precisava telefonar. No segundo momento, o plano deu certo e, da cabine telefônica, o coronel presenciou a explosão. A magnitude dava margem a pensar no sucesso do plano e imediatamente foram acionados os militares que aguardavam impacientes o resultado. Mas Hitler não morreu. Nem ficou gravemente ferido. Com a roupa rasgada e ligeiras escoriações partiu, imediatamente, para a revanche. O corte da linha de comunicação com todos os líderes no comando identificou o informante de sua “morte”. Além do que, os autores já montavam o novo governo em Berlim e as tropas já estavam divididas, dados que levaram aos oficiais suspeitos do golpe, com a prisão e execução de todos.
O fato histórico já foi alvo do cinema em pelo menos um filme marcante: “Aconteceu em 20 de Julho” ( Es Geshachah am 20 Juli/Alemanha, 1955) de G. W. Pabst. A dispendiosa produção atual, bancada pelo ator Tom Cruise com poucas inclusões para um acabamento comercial recebeu a direção de Ryan Singer (de “X-Men”) e o roteiro preso ao assunto, de Christophe McQuarrier.
“Operação Valquiria” (o nome vem de uma ópera de Wagner e há uma citação da preferência de Hitler pelo compositor) é uma obra de indústria, bem administrada, com o cuidado de não fugir dos fatos históricos. Essa perspectiva, não deixa de ser um elogio posto que não houve outra pretensão além da evidenciada. E as criticas, no caso, caberiam ao “mais”, que foi omitido, como o fenômeno do nazismo em si, aos motivos que levaram o povo alemão a seguir de forma apaixonada um ditador paranóico, ao balanço dos atentados que Hitler sofreu na sua carreira política, apenas um deles, dentre os conhecidos (o filme cita 15 embora outras fontes só mencionem 4 importantes) cometido por um civil: um carpinteiro de nome Georg Elser que em 1939 planejou explodir uma cervejaria freqüentada pelo já chanceler alemão (o plano falhou porque um discurso de Hitler, esperado para terminar às 22 horas, acabou mais cedo). Também não foram especulados os motivos que levaram a oficialidade a tentar o golpe antes do previsível fim da guerra (que ocorreu dez meses mais tarde). Em julho de 1944, os aliados já haviam invadido o front de guerra pela Normandia, fato ocorrido em junho, e os exércitos nazistas estavam em retirada em várias frentes. Precipitar o fim das coisas seria uma forma de salvar Berlim de um desastre total, o que aconteceria com a entrada das tropas russas ou norte-americanas na capital do país. Mas as falas do filme deixam reticências, preferindo jogar a idéia para o coronel mutilado, a seu ver o herói (elogiado pelo “fueher”) que já cumprira a sua missão de soldado e passara a achar tudo aquilo um sacrifício em vão.
O roteiro prefere, como o filme de Pabst, concentrar-se no atentado de 20 de julho. E a condução narrativa não furta o espectador de um suspense, mesmo que saiba como a história terminou. Pode-se dizer que Tom Cruise fez um grande esforço no papel, embora o seu tipo físico não se enquadre com Stauffenberg que era alto e sem o porte de galã do ator de “Missão Impossível”.
Curioso é que “Operação Valquíria” não fez uma boa carreira comercial nos EUA. Lançado no final do ano passado ocupou na primeira semana o 4º lugar nas bilheterias e logo caiu vertiginosamente. O prejuízo foi evitado no mercado externo, com boas rendas, inclusive na Alemanha. Cruise veio ao Brasil ajudar na divulgação de seu trabalho. E deve ter conseguido alcançar seus objetivos, a julgar pela procura de ingresso nos cinemas lançadores.
Quanto ás filmagens, foram feitas na cidade de Brandemburgo, na Alemanha, com alguns planos em estúdio. O governo alemão colaborou na cessão de “extras”, mas, mesmo assim, o projeto saiu por US$ 60 milhões, quase um orçamento de “blockbuster”.
Sem que haja evidente referência nos pôsteres e material de divulgação do filme, observa-se o ator-cineasta Kenneth Branagh (“Henrique V”, “Hamlet”, ”Frankenstein e Mary Shelley”) no papel do Major General Henning Von Treskow. Também está no elenco um bom ator inglês que tem demonstrado a sua versatilidade em dramas (“Sonho de Cassandra”), romances (“Razão e Sensibilidade”) e comédias (“A Importância de Ser Ernesto”): Tom Wilkinson (interpreta o Major Friedrich Fromm).Um programa interessante, especialmente para os que gostam de filmes de guerra.
Cotação: *** (Bom).
A organização do atentado previa a elaboração de uma bomba acondicionada em uma maleta e levada pelo coronel Stauffenberg para o local de uma reunião ampliada onde Hitler e auxiliares discutiriam o fracasso das tropas nazistas na frente russa. Numa encenação inicial, houve instabilidade no mando entre os “cabeças” do atentado. A ação visava deixar a bomba sob a mesa, bem próxima do objetivo – Hitler – seguindo-se a saída de Stauffenberg alegando que precisava telefonar. No segundo momento, o plano deu certo e, da cabine telefônica, o coronel presenciou a explosão. A magnitude dava margem a pensar no sucesso do plano e imediatamente foram acionados os militares que aguardavam impacientes o resultado. Mas Hitler não morreu. Nem ficou gravemente ferido. Com a roupa rasgada e ligeiras escoriações partiu, imediatamente, para a revanche. O corte da linha de comunicação com todos os líderes no comando identificou o informante de sua “morte”. Além do que, os autores já montavam o novo governo em Berlim e as tropas já estavam divididas, dados que levaram aos oficiais suspeitos do golpe, com a prisão e execução de todos.
O fato histórico já foi alvo do cinema em pelo menos um filme marcante: “Aconteceu em 20 de Julho” ( Es Geshachah am 20 Juli/Alemanha, 1955) de G. W. Pabst. A dispendiosa produção atual, bancada pelo ator Tom Cruise com poucas inclusões para um acabamento comercial recebeu a direção de Ryan Singer (de “X-Men”) e o roteiro preso ao assunto, de Christophe McQuarrier.
“Operação Valquiria” (o nome vem de uma ópera de Wagner e há uma citação da preferência de Hitler pelo compositor) é uma obra de indústria, bem administrada, com o cuidado de não fugir dos fatos históricos. Essa perspectiva, não deixa de ser um elogio posto que não houve outra pretensão além da evidenciada. E as criticas, no caso, caberiam ao “mais”, que foi omitido, como o fenômeno do nazismo em si, aos motivos que levaram o povo alemão a seguir de forma apaixonada um ditador paranóico, ao balanço dos atentados que Hitler sofreu na sua carreira política, apenas um deles, dentre os conhecidos (o filme cita 15 embora outras fontes só mencionem 4 importantes) cometido por um civil: um carpinteiro de nome Georg Elser que em 1939 planejou explodir uma cervejaria freqüentada pelo já chanceler alemão (o plano falhou porque um discurso de Hitler, esperado para terminar às 22 horas, acabou mais cedo). Também não foram especulados os motivos que levaram a oficialidade a tentar o golpe antes do previsível fim da guerra (que ocorreu dez meses mais tarde). Em julho de 1944, os aliados já haviam invadido o front de guerra pela Normandia, fato ocorrido em junho, e os exércitos nazistas estavam em retirada em várias frentes. Precipitar o fim das coisas seria uma forma de salvar Berlim de um desastre total, o que aconteceria com a entrada das tropas russas ou norte-americanas na capital do país. Mas as falas do filme deixam reticências, preferindo jogar a idéia para o coronel mutilado, a seu ver o herói (elogiado pelo “fueher”) que já cumprira a sua missão de soldado e passara a achar tudo aquilo um sacrifício em vão.
O roteiro prefere, como o filme de Pabst, concentrar-se no atentado de 20 de julho. E a condução narrativa não furta o espectador de um suspense, mesmo que saiba como a história terminou. Pode-se dizer que Tom Cruise fez um grande esforço no papel, embora o seu tipo físico não se enquadre com Stauffenberg que era alto e sem o porte de galã do ator de “Missão Impossível”.
Curioso é que “Operação Valquíria” não fez uma boa carreira comercial nos EUA. Lançado no final do ano passado ocupou na primeira semana o 4º lugar nas bilheterias e logo caiu vertiginosamente. O prejuízo foi evitado no mercado externo, com boas rendas, inclusive na Alemanha. Cruise veio ao Brasil ajudar na divulgação de seu trabalho. E deve ter conseguido alcançar seus objetivos, a julgar pela procura de ingresso nos cinemas lançadores.
Quanto ás filmagens, foram feitas na cidade de Brandemburgo, na Alemanha, com alguns planos em estúdio. O governo alemão colaborou na cessão de “extras”, mas, mesmo assim, o projeto saiu por US$ 60 milhões, quase um orçamento de “blockbuster”.
Sem que haja evidente referência nos pôsteres e material de divulgação do filme, observa-se o ator-cineasta Kenneth Branagh (“Henrique V”, “Hamlet”, ”Frankenstein e Mary Shelley”) no papel do Major General Henning Von Treskow. Também está no elenco um bom ator inglês que tem demonstrado a sua versatilidade em dramas (“Sonho de Cassandra”), romances (“Razão e Sensibilidade”) e comédias (“A Importância de Ser Ernesto”): Tom Wilkinson (interpreta o Major Friedrich Fromm).Um programa interessante, especialmente para os que gostam de filmes de guerra.
Cotação: *** (Bom).
Luzia Miranda Álvares
luziamiranda@gmail.com
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