quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"BASTARDOS INGLÓRIOS" - TARANTINO FAZ OBRA-PRIMA E CONFIRMA QUE É UM DOS GRANDES DO CINEMA

No plano final de Bastardo Inglórios, o tenente Aldo Raines (Brad Pitt) deixa sua marca definitiva na testa de mais um nazista. Ele não consegue esconder a felicidade por estar, nas suas próprias palavras, completando sua obra-prima. Coincidência ou não, as mesmas palavras poderiam ser aplicadas ao diretor Quentin Tarantino.
Poucas vezes, no cinema narrativo recente, se viu um diretor/roteirista tão pleno de seu talento como ele em sua versão (personalíssima) da 2ª Guerra Mundial. Ele não escolheu esse gênero somente por gostar ou não de guerra, mas porque assim como o western ou os filmes de karatê, o filme de guerra faz parte da história do cinema. E assim como os filmes mais famosos, também existem inúmeros filmes B ou de diretores não tão queridos do mainstream, e por isso, mesmo a fonte das referências de Tarantino. Engana-se, no entanto, que ele tenha apenas os filmes B de ponto de partida, porque há deliciosas menções ao expressionismo, à Leni Riefenstahl, Emill Jannings, G. W. Pabst entre outras.
Mas importante para Tarantino do que a própria história, é a história do cinema: seus filmes, atores, atrizes, diretores, gêneros e subgêneros. O bom é que ele não quer apenas fazer homenagens, filmes metalingüísticos, mas sim um violentíssimo e engraçadíssimo filme de guerra. Uma película que só ele seria capaz de fazer com diálogos super afiados em inglês, alemão, francês e italiano. Conta ainda com um de seus melhores elencos, onde Brad Pitt encarna um típico americano, que tem sangue judeu e índio, e o coronel Landa, numa interpretação inesquecível de Christopher Waltz.
O melhor é que Tarantino não está a fim de seguir novos rumos ou coisa parecida. Ele continua sendo o mesmo aficionado por seqüências com muito sangue, diálogos que beiram o non-sense, belas mulheres, mas tudo aqui em suas mise-em-scene serve para contar melhor uma história. Ele tem sim um cinema acima da média, e cada vez continua apaixonada por essa forma de arte. Destaque para a seqüência da taverna que dura sufocantes 24 minutos de graça e, conseqüentemente, sangue.
È curioso que outro filme interessante do ano “Inimigos Públicos” tenha sido feito em digital em busca de uma “verdade cinematográfica” e que Tarantino tenha declarado ser contra qualquer tipo de cinema que não seja a película. Parafraseando o crítico Inácio Araújo “Com Bastardos Inglórios, Tarantino se inscreve de vez entre os grandes nomes do cinema”.
Conheça os Bastardos
No filme seja do lado dos aliados ou dos nazistas, ninguém é totalmente bandido ou mocinho. Veja quem são os “bastardos” a que o título do filme se refere.
Tenente Aldo Raines (Brad Pitt) - Líder do grupo de judeus que caçam nazistas durante a guerra. Descendente de índios apaches, adora escalpelar os alemães. Quando não mata, gosta de deixar sua marca na testa dos sobreviventes.
Coronel Hans Landa (Christopher Waltz) - Membro da SS que gostar de conversar longamente com suas vítimas, fala fluentemente vários idiomas. É conhecido como “O Caçador de Judeus”. Encontrar os Bastardos é uma obsessão para ele.
Sargento Donny Donowitz (Eli Roth). Conhecido como “Urso Judeu”, adora acertar suas vítimas com um taco de beisebol.
Shosanna Dreyfuss (Melanie Laurent) - única sobrevivente do massacre de sua família pelo coronel Landa. Shosanna vive agora em Paris onde é dona de um cinema. A sala acaba sendo escolhida para a premiére de um filme nazista. É a oportunidade para ela realizar sua vingança.
Bridget Von Hammersmack (Diane Kruger) - famosa estrela do cinema alemão é agente dupla a favor dos aliados. Será a principal personagem da operação Kino.
Frederick Zoeller (Daniel Bruhl) - herói nazista da guerra teve sua vida transformada em filme, com ele sendo o ator principal. A prémiere do filme acontece no cinema de Shosanna e terá a presença do próprio Führer.
Tenente Archie Hilcox (Michael Fassbender) - oficial inglês que fala fluentemente alemão e crítico de cinema antes da guerra. Seus conhecimentos sobre cinema serão úteis (até certo ponto) na já famosa seqüência da taverna.

Fernando Segtowick

Nenhum comentário:

Arquivo do blog