sexta-feira, 15 de maio de 2009

A PERMANENTE SUSPEITA

Hithcock veio da Inglaterra a convite do produtor David O. Selznick. O diretor consagrado em seu país pensara alto com a chance de trabalhar com, ou para, o homem que produziu “...E O Vento Levou” e comandava estúdios como a RKO. Mas logo se decepcionou. “Rebeca”, o primeiro filme, sofreu o despotismo de Selznick. Mas foi em “Suspeita”, o filme seguinte, que a coisa engrossou. Para se ter uma idéia, o final do filme imaginado por Hitchcock foi radicalmente mudado. O cineasta inglês fecharia a ação com o plano de uma carta caindo na caixa do correio onde a futura vitima do assassino traiçoeiro (tipo encarnado por Cary Grant) denunciava o crime. Selznick preferiu o que ficou: Cary dirigindo um carro conversível pela borda de um abismo com Joan Fontaine ao lado. Em dado momento a porta do carro, do lado de Joan, abre-se e ela tende a cair. Grant estende a mão. Há um close dessa mão. Empurrará a mulher? Na verdade a segura puxa-a para dentro do veiculo e sorri. Um “happy end” que não extingue a suspeita – pelo contrário, a endossa e faz prosseguir.
O que ficou melhor. O capricho de Hitchcock chegou ao ponto da cena em que Grant leva um copo de leite para a esposa(Fontaine), acamada, colocar uma lâmpada dentro do copo para realçar a luz branca. Em contraste, a sala, a escada por onde Grant sobe, tudo é escuro e entrecortado com sombras das grades que existem nas janelas. O efeito é claustrofóbico. Isto não foi tocado.
“Suspeita” também é o filme em que o diretor não aparece. Sabe-se que Alfred Hitchcock sempre surgia em algum plano de seus filmes feitos em Hollywood. Mas a norma só apareceu depois de “Correspondente Estrangeiro”, o filme a seguir.
Com um rigor estético incomum. “Suspeita” está entre os melhores trabalhos do “mestre do suspense” em qualquer fase de sua carreira.(PV)

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