Vicente Cecim voltou a filmar. Seus dvds “Fonte dos que Dormem” e “A Lua é o Sol” trazem peculiaridades não encontradas em nenhum exemplo de cinema. Não vejo nada semelhante nem mesmo nos clássicos surrealistas. Citando que são “Kinemandara”, ou seja, Cinema de Andara, a terra do intimo do autor, mais do que uma Shangri-ka ou Passárgada, ele tenta se expor da forma que lhe chegam as idéias. O máximo que se pode concluir de uma temática é a frase que pesca de Franz Kafka: “Por impaciência perdemos o paraíso”, e, a seguir, “por impaciência não voltamos ao paraíso”. Escrevendo as frases, “A Lua é o Sol” pontua com uma visão panorâmica da cidade atrás de grades. Em seguida, em stopmotion, pessoas andando para uma parada de ônibus em uma praça. Não se queira identificar coisa alguma, embora se possa. As “silhuetas na paisagem” evocam o que disse Joseph Losey. E os filmes divagam por imagens paradas que devem dizer a Cecim muito de sua sensibilidade exuberante.
O cinema introspectivo é aquilo que Jean Cocteau falou: aquele em que a câmera faz a vez de uma caneta. Na época de Cocteau isso era um recurso poético. Hoje é real, com as minúsculas gravadoras digitais cumprindo roteiros imaginados diretamente para elas, sem passar pelo papel.
Em “Fonte dos que Dormem” há longos travellings pela mata, tomados de um automóvel em movimento. É crepúsculo (ou aurora). O papel do sol pequeno (poente ou nascente) persegue o autor. A lua parece um sol ou ele a ela nas primeiras cenas de “A Lua é o Sol”. Até que a luz difusa ilumine toda a tela e nada mais deixe que se veja.
Também há signos, como uma bola azul, correntes, gravuras que sugerem o paraíso perdido ou um inferno alcançado. Mas ninguém deva discernir o que há de material na obra de Cecim. Ele precisava do cinema para prosseguir a sua experiência literária. E adentra na poesia das imagens com intercessões de palavras. A força dessas palavras não precisa ser ilustrada sob ou sobre. Tudo é a casa do ego, ou a fonte do id, ou a alma de um poeta que tenta emergir do corpo. Se a gente se impacienta com o que vê, nada mais natural. Perdemos o paraíso e não temos força para voltar.A impaciência embota a percepção do outro e as pessoas, que não são iguais, não tentam se comunicar inteiramente. É assim que Cecim passa do romance ao filme/disco. Um criador que se completa.
O cinema introspectivo é aquilo que Jean Cocteau falou: aquele em que a câmera faz a vez de uma caneta. Na época de Cocteau isso era um recurso poético. Hoje é real, com as minúsculas gravadoras digitais cumprindo roteiros imaginados diretamente para elas, sem passar pelo papel.
Em “Fonte dos que Dormem” há longos travellings pela mata, tomados de um automóvel em movimento. É crepúsculo (ou aurora). O papel do sol pequeno (poente ou nascente) persegue o autor. A lua parece um sol ou ele a ela nas primeiras cenas de “A Lua é o Sol”. Até que a luz difusa ilumine toda a tela e nada mais deixe que se veja.
Também há signos, como uma bola azul, correntes, gravuras que sugerem o paraíso perdido ou um inferno alcançado. Mas ninguém deva discernir o que há de material na obra de Cecim. Ele precisava do cinema para prosseguir a sua experiência literária. E adentra na poesia das imagens com intercessões de palavras. A força dessas palavras não precisa ser ilustrada sob ou sobre. Tudo é a casa do ego, ou a fonte do id, ou a alma de um poeta que tenta emergir do corpo. Se a gente se impacienta com o que vê, nada mais natural. Perdemos o paraíso e não temos força para voltar.A impaciência embota a percepção do outro e as pessoas, que não são iguais, não tentam se comunicar inteiramente. É assim que Cecim passa do romance ao filme/disco. Um criador que se completa.
Pedro Veriano
Um comentário:
A Paixão pelo Cinema Segundo Pedro Veriano: é o que dá ao Pedro esse olhar sempre generoso e sempre fecundo sobre qualquer imagem da vida em movimento 24 x por segundo. Com amigos como ele, a gente quase fica inteiramente persuadido de que, apesar dos outros, it's a wonderful life. aVe,Pedro.vFcecim
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