quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O CAVALEIRO DAS TREVAS

O cinema norte-americano ressente-se da falta de vilões. Com o fim da guerra fria, a opção para lutar contra os super-heróis ficou nos extraterrestres e nos diversos terroristas. Por isso, surpreendeu a imagem de Bane, a figura enjeitada que se vinga do mundo em “Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (The Dark Knight Rises/EUA,2012). Ele age como um revolucionário de esquerda quando, ao sentir que está ganhando a luta, espera transformar Gothan City numa cidade“socialista” onde a população é como que amparada pelo Estado e as grandes marcas do capitalismo são, simplesmente, destruídas como a Bolsa de Valores e as grandes corporações. Bane (Tom Hardy) era um garoto filho de prisioneiros do sistema de Pietra Dura, nascido num poço onde viviam seus pais desde que banidos da sociedade. Sua figura surge em primeira aparição na revista “Batman: The Vengeance of Bane”, em janeiro de 1993, tornando-se conhecido, entretanto, por ter sido o único inimigo de Batman a causar-lhe sérios dados físicos quebrando-lhe a espinha, deixando-o paraplégico, relato feito na história “Batman Knightfall” (edição nº 497 da revista “Batman”, julho de 1993). Sua presença nesse novo filme tem o tom de vingança após sair da Prisão Blackgate, para onde fora enviado ao ser derrotado e preso por Azrael ou Jean Paul Valley- que assumiu o posto do homem-morcego (escolhido por este) após a desdita que se abateu sobre o herói. Bruce Wayne (Christian Bale) é visto no início do filme abatido, machucado (sem poder mover direito uma perna) e preocupado com a crise econômica que atinge sua firma. Ao seu lado está o sempre assistente Alfred (Michael Caine) e, no laboratório de uma de suas indústrias, o também veterano Fox (Morgan Freeman). Com o cenário ruim, inclusive porque o comissário Gordon (Gary Oldman) está hospitalizado, a presença de Batman se torna importante. Mesmo porque Bane está atuando e não se pode contar com a fidelidade da Mulher Gato (Anne Hathaway). Para piorar a situação, uma funcionária da firma de Wayne não é pessoa de confiança, Miranda (Marion Cottilard). O espectador já se acha ansioso, quando Batman reaparece. Com nova máscara (segundo a produção a que se ajusta melhor facilitando o ator mexer o pescoço), ele não demora em encontrar seu adversário Bane e com este sair para a briga. Mas, para decepção dos que sempre torcem pelo “mocinho”, o Homem Morcego apanha feio na série de socos. E acaba sem a máscara, muito batido, no fundo do poço da prisão de onde teria saido o adversário. Todo quebrado ouve deste: “Quando Gothan virar cinzas, aí sim você terá a minha permissão para morrer”. A história em nada surpreende. Nem mesmo no final, quando o herói viaja no seu “batplano”carregando uma bomba atômica que jogará no meio do mar. Nessa hora, a idéia é de que o “cavaleiro das trevas” foi mesmo eliminado. Engano? Não vou cometer m spoiler e deixar que a aventura se torne menos estimulante para quem vai assistí-la. No roteiro de Nolan, seu jovem irmão Jonathan e por David S.Goyer (autor do argumento junto com o diretor do filme), o mundo que Bane idealiza é pontilhado de uma tentativa de reversão da era capitalista por uma sociedade popular (explodem-se as grades da prisão e a multidão se liberta), procurando romper as ordens da padronização a que fora levada pelo Comissário Gordon (Gary Oldman) que após a morte de Harvey Dent (desfecho de O Cavaleiro das Trevas), instituiu uma lei zerando a criminalidade local, daí, supostamente, Gotham vive dias de paz. Há uma seqüencia emblemática: uma criança canta o hino norte-americano na abertura de uma partida de rugby (ou futebol americano). Nessa hora, o vilão ataca a explode o campo. O pânico se instala e ele aparece numa atitude demagógica dizendo-se o defensor do povo. O filme é uma superprodução cheia de CGI(efeitos especiais) seguindo as que são rentáveis hoje em dia nesse campo. Mas deixa muitos temas para o debate, como a questão da cidade. Gothan City capitalista é para ser arrazada pela corrupção que campeia. Mas é a cidade que Batman ama e defende. Daí... O final sugere outra aventura embora Chris Nolan diga que é a última de Batman. Mas tudo é calculado: forma bem estruturada, fecho ambíguo (aparentemente) e até um suposto Robin se apresentando. Presentemente, Christian Bale informa que não fará um Batman com Robin. Quem assistir a este Batman com certeza terá outra perspectiva.(Luzia Álvares)

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