quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O MELHOR EM DVD

Com poucos filmes realmente bons nas telas dos cinemas comerciais resta ao cinéfilo o DVD e os títulos da programação extra. No DVD, ou cinema doméstico, está o tesouro enterrado na memória de tantos que elegeram o cinema como seu “hobby” ou a sua arte preferida. Esta semana, revi alguns títulos que me agradaram quando de uma primeira visão. O mais especifico não é nenhuma obra-prima, mas é desses filmes simples sobre gente simples que de alguma forma cativam o espectador. O caso de “Corações Enamorados” (Young at Heart/EUA, 1954) da dupla Henry Blank (produtor) e Gordon Douglas (diretor), a mesma que fez no ano seguinte “O Semeador de Felicidade”(Sincerily Yours/EUA,1955), único com o pianista Liberace (sucesso de público em Belém). Corações...”é o filme que reuniu duas vozes aclamadas: Frank Sinatra e Doris Day. No filme, Sinatra é um compositor amargurado e Doris a caçula de 3 irmãs filhas de um diretor de conservatório musical. O romance é tempestuoso (e surpreendente) mas, pelo menos duas canções marcaram: a que abre e fecha o filme (e lhe dá o titulo original) e a que Doris canta num piquenique na praia (creio que se chama “Hold me in your arms”).Minhas filhas ainda elegem o filme entre os seus preferidos. É “a cara” de um tempo (anos 50/60). Douglas era um diretor eclético tendo trabalhado diversos gêneros, até ficção cientifica(“O Mundo em Perigo”/Them, 1952). Vale a pena rever ou conhecer. “O Homem que Queria ser Rei”(The Man Who Would be a King/UK 1975) é uma aventura bem humorada que só subiu de conceito por ter John Huston na direção. Ele se dizia um aventureiro, e descreveu suas peripécias num livro de memórias. Aqui ele segue Rudyard Kipling, o autor de “Mogli” e de “Se...”(If), detalhando a historia de 2“vigaristas’ ingleses que vivem do trafico de armas e acabam conquistando a confiança de tribos do Kafristão seguindo para o Himalaia e um deles confundido com o filho de Alexandre Magno. Sean Connery e Michael Caine defendem muito bem os papéis e o final é de uma ironia sedutora. Uma superprodução meritória candidata a 4 Oscar. O que pretendeu Kipling foi fazer uma crítica ao imperialismo britânico. “Cova Rasa”(Shallow Grave/UK,1994) é o primeiro filme que Danny Boyle(“Quem quer ser um Milionario?”, “172 Horas”)dirigiu. Produção modesta que nos extras do disco se sabe em detalhes como conseguiu ser realizada, trata de 3 amigos que abrigam um estranho em seu apartamento, este morre e deixa maleta cheia de dinheiro. Obviamente se trata de roubo e não demora quem procure o “ladrão de ladrões”. Mas os donos do apartamento, dois rapazes e uma jovem, pensam em ocultar tudo, enterrando o morto com o cuidado de não deixar impressões digitais. Há muito de humor negro no roteiro de John Hodges e desempenhos corretos de Ewan McGregor, Kerry Fox e Christopher Eccleson. O ritmo ágil propicia um suspense digno de Hitchcock. “Conflito das Águas”(Tambien la Lluvia/Espanha,2010) mostra uma equipe de filmagem tentando rodar um longa-metragem sobre a descoberta da America em Cochabamba, na Bolívia. Mas nesse momento a água que serve à população, a maioria descendente de índios, é reclamada pelo governo. Há uma revolta e um dos protagonistas é preso. O diretor de produção tenta salvá-lo em meio ao caos que se instala na região. Nesse momento, não há como deixar de lado a visão de como o grupo de cinema procura intervir nas discrepâncias de tratamento dão pelos líderes do governo ao grupo minoritário. De uma visão sobre a arte, a arte de viver é o mote dos que têm consciência política e não conseguem deixar de se comprometer com a situação. Procede a escolha do personagem do diretor do filme em ajudar os seus “atores” em uma outra hora. Muito bom.Filme detentor de 16 prêmios, inclusive no Festival de Berlim do ano passado. Dos atores conhecidos destacam-se Gael Garcia Bernal e Luis Tosar. Inédito nos cinemas de Belém.(Luzia Álvares)

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