quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

ENQUADRAMENTO DISCUTIVEL

A gente aprende até por intuição que os planos próximos pedem que o olhar do espectador se dirija ao objeto. É aquilo que se vê na tela, sem que as laterais importem. Por causa disso, o normal em closes é a tela pequena, do velho “fullscreen” ao panorâmico atual (widescreen) sem ser anamórfico, ou seja, sem usar as lentes que aquele francês criou e chamou de “cinemascope”. Pois Selton Melo, na sua estréia de diretor, usa o plano próximo como Dreyer usou em “A Paixão de Joana D’Arc” e anos depois Patrice Chéreau usou em “A Rainha Margot”. Por quê ?
O enfoque de Darlene Gloria como mãe alcoólica parece uma pesquisa microscópica de tecido epitelial. Há evidencia de maquilagem nos clilios, de rugas, de suor, enfim, detalhes que acabam subtraindo as expressões faciais da atriz. Também há uma opção pela fotografia sem spots que acaba por prejudicar ao invés de auxiliar a narrativa. Compreende-se que o diretor quis usar o escuro de forma funcional, mas o aspecto “dark” generaliza de tal forma que não se dimensiona um hiato de humor quando o principal personagem encontra os amigos de outros tempos.
“Feliz Natal”(Brasil/2008) sofre de uma ambição de genialidade que cerca muitos primeiros filmes. Mas ainda assim tem bons momentos, e apesar de eu achar de extremo mau gosto o suicídio de uma criança, o final (como o inicio)é criativo, e no caso do final a analogia de cortinas que abrem e fecham em dois tempos.
O cinema nacional precisa de mais humor e mais simplicidade. Não é à toa que as comédias bobas atraem mais platéia. É ruim para a cultura mas é o remédio para a industria. (Pedro Veriano)

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