domingo, 22 de janeiro de 2012

AS DESVENTURAS DE AGAMENON

Filme que mostra a saga do personagem inventado por Cassetas é um tremendo papelão.
Um falso documentário que contará momentos marcantes da história brasileira e mundial, com a participação do colunista Agamenon, do jornal O Globo, criado por Marcelo Madureira e Hubert Aranha na década de 80. Essa é a premissa do longa metragem de ficção As Aventuras de Agamenon, o Repórter e por sinal é muito enganosa.
Tendo estreado na semana passada em 242 telas nacionais, a performance do filme tem se configurado até agora numa notícia muito boa para o nosso cinema. Agamenon acumulou, até o dia 12 de janeiro, um público de mais de 360 mil pessoas e renda bruta de R$ 3.718.333,00. Não desmerecendo os números acima, o sucesso do filme me deixa realmente discrente no tipo de filme nacional que boa parte do público aprecia.
Explico-me: Agamenon é, sem dúvida, um dos piores filmes – brasileiros ou não – que já vi desde o Cilada. O arrependimento que me bateu quando entrei na sala de cinema para assistir ao filme de Bruno Mazzeo, se repetiu logo no princípio desse filme roteirizado pelos Cassetas Madureira e Hubert, e dirigido pelo talentoso documentarista Victor Lopes.
É um arremedo de Forrest Gump, é uma miscelânia das gags e esquetes dos dois filmes anteriores dos Cassetas, que são sim programas televisivos de 2 horas, mas ao menos eram aceitáveis como entretenimento. Ou seja, é uma tentativa vã de fazer uma comédia histórica apoiando-se num bom personagem, o sagaz, colunista fictício que já me arrancou boas risadas folheando o segundo caderno de O Globo.
Não foi a escatologia que me incomodou profundamente, ou mesmo a profusão de palavrões, mas sim a total falta de um fio condutor, de um enredo. Agamenon vai pululando pelos fatos históricos sem provocar risos ou alguma reação positiva. O filme não tem ritmo, não tem unidade, a edição é um desastre. Tudo é muito gratuito e despropositado. Acho que nem a platéia masculina consegue achar graça do melhor amigo do protagonista, o psicoproctologista Dr. Jacinto Leite Aquino Rego e suas piadinhas retais.
Narrado por Fernanda Montenegro – indicada ao Oscar, dama da atuação e agora nessa roubada, coitada -, o filme tem participações especiais de Fernando Henrique Cardoso, Caetano Veloso, Suzana Vieira, Paulo Coelho, Jô Soares e outros, dando depoimentos ‘verdadeiros’ sobre Agamenon.
Confesso que apostei minhas fichas no Marcelo Adnet, que adoro, mas parece que ele não teve espaço ou mesmo vontade de exercitar sua verve humorística no filme. Nem as frases de efeito engraçadinhas que usa a torto e a direito no seus programa na MTV, nem mesmo as paródias funkeiras musicais com citações de Einstein a Cabral, nada deu certo na telona. A paródia que ele tenta fazer durante a cena no navio que leva Agamenon para cobrir a Segunda Guerra Mundial na Europa, é pálida e não tem boas rimas.
É um dos momentos mais constrangedores ao longo dos 74 minutos de projeção, ao lado das participantes de Pedro Bial como ele mesmo e de Luana Piovani, muito canastrona no papel da esposa safada de Agamenon, Isaura. Agamenon tem alguma qualidade? Os efeitos sonoros e visuais são bem feitos, os momentos de inserção histórica também, a reconstituição de época é caprichada, mas nem com a maior boa vontade do mundo dá para dizer que o filme é ‘passável’, por que isso não é. (Lorenna Montenegro)

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