sábado, 28 de janeiro de 2012

THEO ANGELOPOULOS



Memória/Theo Angelopoulos
No Dia 24/01/12 o mundo do cinema teve uma triste notícia: a morte do grande cineasta grego Theo Angelopoulos. Nome fundamental no cinema contemporâneo, Angelopoulos foi um diretor que respeitou o cinema como uma arte em busca de perguntas e respostas ao universo humano. Seus filmes tratavam da busca do homem pela harmonia, pela felicidade, pelo sonho de ser. Usando a imagem como elemento estético de poesia tanto quanto os diálogos, seus filmes são marcados pelas longas sequências sem cortes que dimensionam o roteiro e permitem que o espectador sinta a cena com toda a força dramática que tem. Outro elemento básico no seu cinema,é o silêncio que muitas vezes significava mais do que mil palavras dentro da cena criada. Sua sensibilidade de equilibrar longas sequências sem cortes, com diálogos cheios de poesia, silêncios com significação, gerou inúmeras cenas antológicas para o cinema. E assim, seu nome e cinema, foram conquistando a crítica mundial especialmente a partir de “A Viagem dos Comediantes” realizado em 1975 e ainda inédito no mercado brasileiro. Mas a evolução de sua proposta de cinema não parou, elaborando temas humanistas e também políticos em seus próximos trabalhos. Em 1980, ele realiza outro grande filme, “Alexandre, O Grande”, onde ele mistura referências mitológicas com a dura realidade da civilização moderna que diminui a construção do aprendizado, do pensamento. Com “Paisagem na Neblina” de 1988, ele realizou uma obra-prima sensível ao acompanhar a busca de casal de irmãos pelo pai que nunca conheceram. Jamais esquecerei a primeira vez que vi este filme no cinema, impressionado com a estética do diretor e a enorme sensibilidade de contar uma história tão humana e tão real. Com “Um Olhar a Cada Dia”, Angelopoulos realizou uma metáfora sobre a busca humana em ser, em existir, homenageando ao mesmo tempo a importância do cinema como arte de transformação, de referência ao descobrimento de novos caminhos da saga humana. Muitas vezes transmitindo uma melancolia sem fim em seus filmes, Angelopoulos queria provocar e ao mesmo tempo conquistar o espectador com seus temas e seu estilo. A calma e a paciência que ele criava e instalava em cada cena, permitia uma conexão absoluta com o espectador que sentia cada momento, cada diálogo, cada sequência registrada. Ao conhecer melhor sua obra, senti similaridades com o cinema de dois grandes gênios do cinema, Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, que em toda a sua filmografia, também desenvolveram um cinema de introspecção, de reflexão, de respeito à arte. Por isso, a perda de Angelopoulos agora é muito significativa. O cinema de hoje ainda precisava do gênio de Angelopoulos para nos lembrar da sua força e significância. Ao meu ver, poucos cineastas modernos enxergaram na sétima arte um meio de comunicação com as questões humanas de uma forma tão particular, poética e sensível. Felizmente, a obra deste genial diretor é eterna e sempre servirá de referência. Como indicação aos leitores, relaciono abaixo os filmes deste grande cineasta disponíveis em DVD para que sejam vistos como uma homenagem a obra deste gênio do cinema:
- “Paisagem na Neblina” (1988)
- “O Passo Suspenso da Cegonha”(1991)
- “Um Olhar em Cada Dia”(1995)
- “A Eternidade e um Dia”(1998)
- “Cada um com seu Cinema”(2007)(episódio)
(Marco Antonio Moreira)

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