sábado, 24 de março de 2012

FANTASIA E TERROR

A empresa Disney amarga o prejuízo da produção de “John Carter” seu filme mais caro (US$250 milhões) que só ganhou a pole-position do box office semana passada (a sua 2ª em cartaz), mesmo assim com apenas US$ 123.35 de soma. Isto sem contar a publicidade milionária que o filme recebeu.
“John Carter-Entre 2 Mundos” é dirigido por Andrew Stanton (48) diretor vindo da animação (trabalha na PIXAR), responsável por sucessos na área como “Procurando Nemo” e “Wall E” (ganhadores do Oscar). O roteiro, do próprio diretor associado a Mark Andrews, vem de uma historia de Edgar Rice Burroughs, o criador de Tarzan. Antes de esse autor criar “o rei das selvas” escreveu algumas novelas de ficção e esta viagem de um combatente da guerra civil norte-americana em mundos distantes (inclusive Marte) ganhou guarida em jornais do inicio do século passado em estilo folhetim. Certamente Andrew Stanton achou que a tecnologia atual, inclusive o uso de 3D, seria o meio para se mostrar numa tela o que a imaginação doe escritor produziu quando nem televisão existia. Ainda não vi o filme, mas certamente vou assistir e comentar neste espaço. Hoje me detenho nessa questão de sucesso popular. Por aqui, “Motoqueiro Fantasma 2” (Ghost Rider: Spirit of Vengeance) faz sucesso. Estreou em seu país de origem dando lucro de U$ 22 milhões quando seus custos alcançaram U$ 75 milhões. Está se pagando, portanto. E teve continuação devido o primeiro filme do personagem, realizado há 4 anos, ter tido sucesso financeiro. O autor da idéia é David S. Goyer e o tipo assemelha-se ao Tocha Humana, personagem dos quadrinhos. Esse tipo deu sua alma em troca de um poder que o faz um guerreiro atuante em sua motocicleta. Um guerreiro em chamas, sem que o fogo lhe macule o corpo. Agora, ele está no leste europeu (antes morava nos EUA) gozando de uma espécie de aposentadoria. Mas recebe um pedido de atuar contra forças demoníacas influentes sobre seres humanos. E quando é o próprio diabo o vilão já se espera prodígios de CGI (efeitos especiais).

Nicolas Cage, alvo do comentário de outra coluna, a propósito de “O Pacto”, outro filme seu em cartaz, ganha mais um ponto negativo numa carreira problemática. O verdadeiro astro do filme é a equipe dos efeitos especiais e, também, dos visuais (há distinção nessas categorias). São 8 técnicos de efeitos e cerca de 208 na parte visual. Muita gente trabalhando para o diretores Mark Neveldine e Brian Taylor organizarem sua encomenda comercial que vai dos quadrinhos ao “filme de terror” . Nada a agradar o cinéfilo exigente. E nem se pensa nesse pessoal. Este cinéfilo, onde se situa a critica especializada, revê “O Artista”, aqui em uma única sala, projetado na sessão em que estive com um desfoque incomodativo (a imagem em preto e branco mostrava-se borrada num quadro menor como se objetivou pensando no cinema antigo) ganha publico reduzido. Apesar dos 5 Oscar e de tantos prêmios internacionais, a grande platéia prefere tecnologia, ação e som em alto volume. Isso valeria para mais e mais fantasia.
Mas não sei se a fórmula está dando resultado no mercado nacional com “John Carter”. É de supor que a fantasia pura está sendo trocada por sustos como o que foi visto em “A Mulher de Preto”. No caso, susto até pela qualidade, pois, o filme incomoda quem apostou no carisma de Daniel (Harry Potter) Radcliffe.

Mas o gosto é algo democrático. E a expectativa do público por filmes não tão interessantes merece respeito. O que tenho muito.(Luzia Álvares)

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