
Wenders foi extremamente feliz em colocar a dança de Pina nas ruas. Assim, ele dimensionou o trabalho da coreógrafa, entrando em contato com o dia a dia das pessoas, coisas, lugares sem vida que cercam nossa rotina. A dança, aqui, dá vida as coisas, lugares. A simplicidade e complexidade das coreografias emocionam. Assim como emociona os depoimentos dos parceiros/dançarinos de Pina no decorrer de todo o documentário. Wenders, cineasta experiente no gênero documentário, mostra os depoimentos com a câmera captando a imagem das pessoas e deixando uma narração em “off” destas pessoas expressar seus sentimentos por Pina. Assim, nós espectadores começamos a entender o que Pina era, é e sempre será. Uma artista inspiradora que procurava tirar o melhor de cada um de forma que esse melhor explodisse com toda a força na hora da dança. “Dancem, dancem, do contrário estamos perdidos”. É isso. A dança é vida. E Pina fazia todos acreditar nisso.
Trabalhando à exaustão as cores, movimentos, cenários e enquadramentos para captar a essência do trabalho de Pina, Wenders foi realmente feliz em usar a tecnologia 3D de forma técnica mais acima de tudo, sensível, funcional, poética, exploratória, inspirando-se na imagem captada e não mentindo/forjando um efeito visual do nada para lugar nenhum como normalmente os filmes fazem com este nova tecnologia. Aqui, a força da tecnologia 3D nasce, nos inspira e nos faz acreditar que é muito mais do que simplesmente forma. O 3D pode ser parte do conteúdo, da construção estética de um filme e usado como foi em “Pina”, só podemos esperar o melhor dos futuros projetos e diretores que vejam este recurso com uma visão menos comercial e mais interativa dentro da narrativa. Ao final, o filme nos conquista ao ponto de nos sentirmos como um dos dançarinos e parceiros de Pina com uma imensa saudade e sentimento de perda desta artista inspiradora mas principalmente com uma enorme vontade de viver, compreender e aceitar o mundo através da beleza da dança. (Marco Antonio Moreira)
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